terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Preparação Testes 11ºAno


Preparação Testes 
11ºAno - Lógica
(Actualmente  faz parte das aprendizagens essenciais do 10º ano) 

Estrutura 

·         Itens de escolha múltipla
·         Itens de resposta restrita
·         Itens de resposta extensa

Tempo : 90 minutos



Conteúdos

*Silogismo categórico
- Modos válidos e falácias

*Silogismo Hipotético
- Condicional
- Disjuntivo
- Modos válidos e falácias

* Estrutura de um texto argumentativo
- tema
- problema
- tese
- argumentos
- conclusão
- conceitos


Vamos testar os conhecimentos?


1Construa um modo válido diferente para cada um dos silogismos.
Se não sou cantor, sou músico.
Não sou cantor
Logo, sou músico.
Modo válido: Afirmação do antecedente.

Se o gato é preto, eu não sou branco


2. Construa uma falácia diferente para cada um dos silogismos.
Se esperar consigo o meu objectivo
Não espero
não consigo o meu objectivo
Falácia da negação do antecedente.

Se eu perder fico triste
Fico triste
logo, perdi
Falácia da afirmação do consequente.


3. Construa (Indicando as regras) os modos válidos para completar o seguinte silogismo:
Ou o teste é fácil, ou difícil.

4. Construa (Indicando as regras) os modos válidos para completar o seguinte silogismo:
Se não for a Paris, não gasto dinheiro

5. Avalie. a validade do seguinte silogismo: 
Nenhum político é amigo da verdade
Todos os amigos da verdade são filósofos

Logo, nenhum filósofo é político.

Inválido, falácia da ilícita  menor. 
O termo menor "Filósofos" ocorre distribuído na conclusão e não distribuído na segunda premissa, o que significa que na conclusão estamos a falar do conjunto de todos e na premissa de alguns. 


6. Mostre porque razão o seguinte silogismo não é válido:
O golfinho é animal
A vaca é animal
Logo,a vaca é golfinho.
O termo médio tem de estar, pelo menos uma vez, distribuído.


7.  Corrija o silogismo mantendo a figura. 


8. Complete (de modo válido) o seguinte silogismo. Justifique: 
Nenhum aluno é piloto da TAP
____________________           Alguns  pilotos da TAP são professores
Algum Professor não é aluno

Como justifica a sua validade?


O silogismo tem 3 termos e só 3 termos 
O termo médio está distribuído na premissa maior (que, por ser do tipo E, tem os dois termos distribuídos).
O termo maior está distribuído na conclusão (tipo O), estando distribuído na premissa maior (do tipo E, como já referido).
A conclusão segue a parte mais fraca: a premissa maior é negativa e a premissa menor, particular, pelo que a conclusão é particular negativa.
O silogismo não tem 2 premissas particulares, nem 2 premissas negativas (a premissa maior é universal e a menor, afirmativa) nem duas premissas afirmativas da qual se tenha extraido uma conclusão negativa.


9.  Invente um conteúdo para a seguinte forma lógica:

Se A então B

Não B

Logo, Não A

Se berrares, levas um estalo
Não levaste um estalo
Logo, não berraste

10. Escreva as duas premissas do silogismo que nos permitam obter a seguinte conclusão 

Nenhuma vaca é magra


11. Conclua, justificando, o seguinte silogismo:
Algumas alunas são elegantes
Alguns alunas são vaidosas
Logo,___________________ 
    Não é possível pois de duas premissas particulares nada se pode concluir,

12. Com os termos pianista, cantor e musico construa um silogismo de modo AAA. 

A- Identifique e justifique o seguinte raciocínio: 

Só aos alunos que estudam no 10º ano é permitido estudar Filosofia;
Scolari não estudará Filosofia porque não estuda no 10º ano.

Todos os alunos de 10º ano estudam Filosofia
Scolari não estuda filosofia
Scolari não é aluno de 10º Ano

2ª figura, modo AOO

13. Mostre porque razão o seguinte silogismo não é válido: 
O professor é racional
O aluno é racional
Logo, o aluno é professor.

Invalido porque infringe a regra que diz: o termo médio tem de ser tomado, pelo menos uma vez, universalmente.

14. Corrija o silogismo mantendo a figura.

Sabendo que é da segunda figura P/P...vamos construir um modo válido...pode ser o modo EIO

Nenhum Professor é racional
Alguns alunos são racionais
Alguns alunos não são professores.


15. Complete (de modo válido) o seguinte silogismo: 
Nenhum aluno é elefante
____________________
Nenhum professor é aluno

16. Porque é que o argumento seguinte não é válido?


Argumentar com correcção facilita a comunicação.
Estudar lógica desenvolve a capacidade de argumentar.
Logo, estudar lógica só tem utilidade para os programadores informáticos. 

Este argumento não é válido:
- Ambas as premissas são verdadeiras e a conclusão também pode ser, mas esta não decorre das premissas;
- As premissas não sustentam nem legitimam a conclusão;  


17. Escreva as duas premissas do silogismo que nos permitam obter a seguinte conclusão 

Nenhum gato é siamês.

Nenhum animal é siamês
Todos o gato é animal
logo, nenhum gato é siamês

1ª figura, modo EAE

18. Conclua, justificando, o seguinte silogismo:
Alguns astronautas são famosos
Alguns astronautas são aventureiros
Logo,___________________ 

19. Mostre porque razão o seguinte silogismo não é válido:

Todos os políticos são homens
Alguns políticos são corruptos
Logo, todos os políticos são corruptos. 

Viola a regra: o termo médio nunca pode estar na conclusão.

20.  Corrija o silogismo (mantendo a figura). 


Todos os políticos são homens
Alguns políticos são corruptos

Logo, alguns corruptos são homens.                       3ª figura, modo AII

OU

Todos os políticos são homens
Todos os políticos são corruptos

Logo, alguns  corruptos são homens                       3ª figura, modo AAI 


21. Complete o silogismo de modo a torná-lo válido:
________________________________
A funcionária é um mamífero
A funcionária respira por pulmões.

Todos os mamíferos respiram por pulmões             1ª figura, modo AII

22.  Identifique a figura e o modo do silogismo. 
23.  Verifique (justificando) a validade do silogismo. 

24. Escreva as duas premissas que permitam obter as seguintes conclusões:
Todos os alunos são desconcentrados
Alguns professores são loiros 


Tendo em conta o silogismo seguinte,:
Todo o Homem é racional.
Nenhum gato é racional.
Nenhum gato é homem.

25.  Identifique o termo maior, menor e médio. 
26.  Indique o modo do silogismo e justifique.          
 Modo AEE - o modo tem a ver com a quantidade e qualidade das proposições que constituem o silogismo.
27.  Identifique a que figura pertence e justifique.     
2ª figura (P/P)- a figura  tem a ver com a posição do termo médio nas premissas.


28. Identifique as regras que os seguintes silogismos infringem. 

Todos os répteis são animais de sangue frio.
Todos os caracóis são animais de sangue frio.
Todos os caracóis são répteis.

O termo médio tem de estar, pelo menos uma vez, distribuído.

Alguns canários não são cantores.
Todos os canários são animais de estimação.
Alguns animais de estimação são cantores.

A conclusão segue sempre a parte mais fraca.
Alguns animais de estimação NÃO são cantores.                       3ªfigura, modo OAO

29.  Identifique as regras que os seguintes modos de silogismo infringem: 
- I I I     De duas premissas particulares nada se pode concluir
- E E E  De duas premissas negativas nada se pode concluir
-A A O   De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa

30. Coloque o seguinte argumento na forma canónica do silogismo categórico
 Estudar lógica é útil para todas as pessoas porque aprender a argumentar com correcção facilita a comunicação e porque aprender lógica desenvolve a capacidade de argumentar.
 Argumentar com correcção facilita a comunicação
 Estudar lógica desenvolve a capacidade de argumentar
 Logo, estudar lógica é útil para todas as pessoas
  
Tendo em conta o silogismo seguinte:
Todo o filósofo é sábio.
Todo o filósofo é homem.
Algum homem é sábio.

31. Identifique o termo maior, menor e médio. 
32Indique o modo do silogismo.  
33. Identifique a  figura.


34. Identifique as regras que o seguinte silogismo infringem. 
Todos os lagartos são répteis.
Alguns animais não são répteis.
Alguns lagartos são animais.
A conclusão segue sempre a parte mais fraca


35. Identifique as regras que o seguinte silogismo infringe: 
Todos os manuais escolares são livros que exigem concentração. (ND)
Alguns romances são livros que exigem concentração. (ND)
Alguns romances são manuais escolares.
O termo médio (livros que exigem concentração) tem de ser tomado, pelo menos uma vez, universalmente.


36. Identifique as regras que os seguintes modos de silogismo infringem: 
E O O - De duas premissas negativas nada se pode concluir
I I A - De duas premissas particulares nada se pode concluir
I A O - De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa

Relembrando
1.
O silogismo só deve ter três termos (o maior, o menor e o médio).
2.
De duas premissas negativas nada resulta.
3.
De duas premissas particulares nada resulta.
4.
O termo médio nunca entra na conclusão.
5.
O termo médio deve ser tomado, pelo menos uma vez, universalmente
6.
Nenhum termo pode ser mais extenso na conclusão do que nas premissas.
7.
De duas premissas afirmativas não se pode  concluir uma negativa.
8.

A conclusão segue sempre a premissa mais fraca (se nas premissas uma delas for negativa, a conclusão deve ser negativa; se uma for particular a conclusão deve ser particular)


37. Coloque os seguintes argumentos na forma canónica do silogismo categórico
 O ensino deve privilegiar o desenvolvimento de competências, uma vez que, hoje em dia, o conhecimento está disponível on-line e os cidadãos só precisam de saber procurá-lo, seleccioná-lo e fazer a sua apropriação pessoal


 O conhecimento está disponível on-line.
Os cidadãos só precisam de saber procurar, seleccionar e fazer a  apropriação do conhecimento.    
 Logo, o ensino deve privilegiar o desenvolvimento de competências.

A minha irmã adora cinema, por isso tenho a certeza de que vai gostar do Matrix, dado que não há apreciador de cinema que não goste do Matrix.

Todos os apreciadores de cinema gostam do Matrix.
A minha irmã é apreciadora de cinema cinema.
Logo, a minha irmã vai gostar do Matrix 


38.  Tendo em conta o silogismo seguinte, responda às questões que se seguem:

Nenhum político é rico.
Alguns políticos são corruptos.
Alguns corruptos não são ricos.

39.  Identifique o termo maior, menor e médio. 
40.  Indique o modo do silogismo e justifique. 
41.  Identifique a figura
42.  Identifique as regras que o seguinte silogismo infringe. 


Todas as aves são velozes
Alguns aviões são velozes.
Todos os aviões são aves velozes.
A conclusão segue sempre a parte mais fraca.
O silogismo tem 4 termos. (aves, velozes, aviões e aves velozes)


43. Identifique as regras que os seguintes modos de silogismo infringem. 
 I O O -  De duas premissas particulares nada se pode concluir
 A I O  - De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa.

44. Construa o silogismo, a partir dos elementos dados
Termo Maior – exploradores
Termo Menor – romancistas
Termo Médio – sedentários

2ª figura; Modo: E I O

45. Identifique  os tipos de raciocínio presentes nos dois exemplos seguintes.

O cobre, o zinco e o ferro são bons condutores de calor. Ora, o cobre, o zinco e o ferro são metais. Logo, os metais são bons condutores de calor.’ 
Raciocínio Indutivo.

As portuguesas são bonitas. Maria Ana é portuguesa. Maria Ana é bonita.
Raciocínio Dedutivo.

  Tendo em conta o silogismo seguinte

Todos os gregos são sábios.
Nenhum sábio é filósofo.
Nenhum filósofo é grego.

46. Identifique o termo maior, menor e médio.
47.  Indique o modo do silogismo e justifique. 
48.  Identifique a que figura pertence e justifique. 4ª figura  P/S

49. Identifique as regras que o seguinte silogismo infringe. 
Todos os animais são reptéis.
Alguns lagartos são reptéis.
Todos os lagartos são animais reptéis.


A conclusão segue sempre a parte mais fraca
O termo médio tem de estar, pelo menos uma vez, distribuído.
O silogismo tem 4 termos. (animais, répteis, lagartos e animais répteis)

50.  Identifique as regras que os seguintes modos de silogismo infringem. 
 A A O -  De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa.
 E O O - De duas premissas negativas nada se pode concluir

51. Construa o silogismo, a partir dos elementos dados. 
Termo Maior – halterofilistas
Termo Médio - desportistas
Termo Menor – esquiadores

4ª figura; Modo: A A I

Observa com atenção os seguintes silogismos 

52. Classifica os silogismos.
53. Identifica os que são válidos e os que não são.
54.Nos  silogismos que consideraste válidos, explica a(s) regra(s) a que estão sujeitos.
55. Nos  silogismos  inválidos, identifica e explica a(s) falácia(s) em que incorrem.

Se estiver bom tempo, (então) vou passear.
Está bom tempo.
Logo, vou passear.
Válido. Afirma o antecedente. 
Modo Ponens.

Ou vou ao cinema ou estudo.
Vou ao cinema.
Logo, não estudo.
Válido. Afirma um aspecto da alternativa e nega o outro.
Modo Ponendo Tollens

Se estiver bom tempo, (então) vou passear.
Vou passear.
Logo, está bom tempo. 
Inválido. Falácia da afirmação do consequente.

56.  Identifica e explicita as falácias presentes nos seguintes silogismos. 

Ou danço, ou ando ou corro
Corro
Logo danço e ando 
Afirmando um dos aspectos da alternativa, têm de negar-se as demais

Se eu gostar, dou um abraço
Não gosto
Logo, não dou um abraço. Falácia da negação do antecedente.

Observa com atenção os seguintes silogismos:
57. Classifica os silogismos
58. Identifica os que são válidos e os que não são.
59.  Relativamente aos silogismos  válidos, explica a(s) regra(s) a que estão sujeitos.
60. Relativamente aos silogismos  inválidos, identifica e explica a(s) falácia(s) em que incorrem.


A) Se Joana come, então engorda.
Joana não come.
Logo, Joana não engorda.
Silogismo hipotético condicional
Não Válido. Falácia da negação do antecedente.

B) Se Alexia come, então engorda.
Alexia não engorda.
Logo,Alexia não come.
Silogismo hipotético condicional
Válido. Modo Tollens: negou-se o condicionado ou consequente.

C) O avião ou está no ar ou está no solo.
O avião está no ar.
Logo, o avião não está no solo.
Silogismo hipotético disjuntivo
Válido. Modo Ponendo-Tollens.

D) Se tivermos um governo estável, então o país prospera
O país não prosperou
Logo, não tivemos um governo estável.
Silogismo hipotético condicional
Válido. Modo Tollens.


61.Classifique os seguintes argumentos disjuntivos e diga se são válidos:
a) João folgou ou está doente. Ora, João não folgou. Logo, João está doente.
b) João folgou ou está doente. Ora, João folgou. Logo, João não está doente.
c) João folgou ou está doente. Ora, João não está doente. Logo, João folgou.
d) João folgou ou está doente. Ora, João está doente. Logo, João não folgou.

62. Identifique o seguinte argumento  e diga se é válido:
Se uma criança for sucessivamente frustrada, reagirá através da agressão. Esta criança sofreu frustrações sucessivas. Logo, esta criança vai reagir agressivamente.
Silogismo Hipotético Condicional.
Válido. Afirma o antecedente. Modo Ponens.

63. Detecte as falácias nos silogismos hipotéticos.
A) Se a teoria está certa, a previsão está correcta. Mas a teoria não está certa. Logo, a previsão não está correcta. 
Falácia da negação do antecedente
B) Se toda a matéria é divisível sem mudar as suas propriedades, então se divido a água nestes dois copos obtenho água. De facto obtive água. Logo, toda a matéria é divisível sem mudança de propriedades.
Falácia da afirmação do consequente


NOTA:

O que é a forma Lógica?

 Forma lógica: é a estrutura de um argumento expressa no modo como estão relacionadas as diferentes proposições que o constituem, independentemente do conteúdo ou do que se diz.

Todos os A são B.
Todos os C são A.
Logo, todos os C são B.

Exº:

Todos os portugueses (A) são europeus (B).
Todos os lisboetas (C) são portugueses (A)
Logo, todos os lisboetas (C) são europeus (B).


64. Analise o seguinte texto:

Estava naquele estado de espírito de incerteza e de dúvida que Descartes exige para a procura da verdade. Este estado não é feito para durar, é inquietante e penoso; deixa-nos apenas o interesse do vício e a preguiça na alma. Não tinha o coração tão corrompido para aí me comprazer; e nada preserva melhor o hábito de refletir que estar mais satisfeito consigo do que com o seu destino.

Meditava então na triste sorte dos mortais flutuando sobre um mar de opiniões humanas, sem governo, sem bússola, e entregues às suas tempestuosas paixões, sem outro guia que um piloto inexperiente que conhece mal a sua rota, e que não sabe nem de onde vem nem para onde vai. Dizia a mim próprio: Amo a verdade, procuro-a, e não posso reconhecê-la; que ma mostrem e ficarei a ela ligado: porque será preciso que ela seja roubada à espontaneidade de um coração feito para a adorar?

Apesar de ter provado muitas vezes grandes males, nunca levei uma vida tão desagradável como nesse tempo de desordem e ansiedade, onde, sem cessar, errando de dúvida em dúvida, só retirava, das minhas longas meditações, incerteza, obscuridade, contradições sobre a causa do meu ser e sobre a regulação dos meus deveres.

Como poderemos ser sistematicamente céticos e estar de boa fé? Não podia compreendê-lo. Estes filósofos, ou não existem, ou são os mais infelizes dos homens. A dúvida sobre as coisas que nos importam conhecer é um estado demasiado violento para o espírito humano: ele não resiste aí muito tempo; decide-se, apesar de tudo, de um modo ou de outro, e prefere enganar-se a não crer em nada.

O que redobrava o meu embaraço, era que tendo nascido numa Igreja que tudo decide, que não permite nenhuma dúvida, um único ponto rejeitado fazia-me rejeitar tudo o resto, e que a impossibilidade de admitir tantas decisões absurdas separava-me também das que não o eram. Ao dizer-me: Crê em tudo, impediam-me de crer em alguma coisa, e eu já não sabia onde me deter.

Consultei os filósofos, folheei os seus livros, examinei a sua diferentes opiniões; pareceram-me todos orgulhosos, afirmativos, dogmáticos, mesmo pretendendo ser céticos, não ignorando nada, não provando nada, troçando uns dos outros; e este ponto comum a todos pareceu-me o único onde todos tinham razão. Triunfantes quando atacavam, não tinham qualquer vigor quando se defendiam. Se pensarmos nas razões, só as têm para destruir; se contarmos as vozes, cada um está reduzido à sua; só entram em acordo para se disputarem; escutá-los não era a forma de sair da minha incerteza.

Conclui que a insuficiência do espírito é a primeira causa desta prodigiosa diversidade de sentimentos, e que o orgulho é a segunda.(…)

Quando os filósofos estiverem em estado de descobrir a verdade, quantos terão interesse nela? Cada um sabe bem que o seu sistema não está melhor fundamentado que o dos outros; mas mantém-no porque é o seu sistema. Não há um único que chegando ao conhecimento do verdadeiro e do falso, não prefira a mentira que descobriu à verdade descoberta por um outro.  Onde está o filósofo que pela sua glória não enganaria voluntariamente o género humano? Onde está aquele que , no segredo do seu coração, tem outro objetivo senão distinguir-se? Desde que se eleve por cima da vulgaridade, desde que apague o efeito dos seus concorrentes, que quer mais? O essencial é pensar de modo diferente dos outros. Para o crente é ateu, para o ateu será crente.

Jean-Jacques Rousseau, L’Émile ou de l’éducation,
 Flammarion,1966, Paris pág.347 e348

Tema - a Dúvida
Problema - 
Tese
Argumentos
Conclusão 
Conceitos


65. Analise o seguinte texto:

"Para convencer alguém de uma verdade ou desviá-lo de um erro (...), a primeira regra a seguir é fácil e natural: apresentar primeiro as premissas e em seguida a conclusão. E, contudo, esta regra raramente é respeitada, procedendo-se exatamente ao contrário. Um zelo impaciente e a necessidade de ter razão pressionam-nos a gritar bem alto a conclusão a quem erradamente defende o oposto. Este procedimento torna o nosso oponente respingão, e a partir daí a sua vontade mostra-se rebelde aos argumentos e às premissas de que ele, antecipadamente, conhece a conclusão.
Assim, devemos dissimular a conclusão e apresentar as premissas com clareza, e sob todos os seus aspetos. Se possível, não devemos sequer anunciar a conclusão. Ela acabará por se impor inevitavelmente, em virtude de leis necessárias, à razão dos auditores e a convicção que nasce assim espontaneamente neles, será mais sincera; além disso, em vez de os encher de confusão, ela será acompanhada de um sentimento de mérito pessoal.
Em casos difíceis, podemos mesmo fingir querer chegar a conclusões diferentes daquelas que realmente temos em mente (...)
Não devemos produzir argumentos excessivos. Por isso os chineses enunciam a seguinte máxima: "aquele que é eloquente e que tem a língua afiada só deverá enunciar metade de uma proposição; e aquele que tem a razão do seu lado pode voluntariamente sacrificar três décimas do seu discurso."

Shopenhauer, O mundo como vontade e representação


Tema - A verdade
Problema - Como convencer alguém de uma verdade?
Tese: A regra é - deve apresentar-se primeiro as premissas e depois a conclusão
Argumentos:
  • A regra nem sempre é respeitada;
  • A maioria das vezes procede-se ao contrário pela necessidade que temos de ter razão e apresentamos, de imediato, a conclusão;
  • O nosso opositor foge aos argumentos e premissas pois conhece, de antemão, a conclusão
  • Devemos apresentar, claramente,  as premissas e não apresentar a conclusão;
  • A conclusão acabará por surgir na sequência de um exercício racional e os opositores sentirão o esforço como espontâneo e meritoriamente seu.
  • Em casos mais difíceis podemos "fingir" chegar a conclusões diferentes do que efectivamente pensamos;

Conclusão - Há que não exagerar nos argumentos, ser sintético e claro no discurso. 
Conceitos: Verdade, erro, premissas, conclusão, leis da razão, argumento e discurso.


66. Analise o seguinte texto:

Ainda se pode objetar que a retórica só é útil para aqueles que querem enganar o público e ocultar os seus objetivos reais, já que alguém que apenas quer comunicar a verdade pode ser directo e não precisará de ferramentas retóricas. Isso, no entanto, não é o ponto de vista de Aristóteles: mesmo aqueles que apenas tentam estabelecer o que é justo e verdadeiro precisam da ajuda da retórica quando enfrentam uma audiência pública. Aristóteles diz-nos que é impossível ensinar essa audiência, mesmo que o falante tenha o conhecimento exato do assunto. Obviamente, Aristóteles considera que a audiência de um discurso público consiste em pessoas comuns que não conseguem seguir uma prova exata baseada nos princípios de uma ciência. Além disso, essa audiência pode ser facilmente distraída por fatores que não pertencem ao assunto; às vezes são recetivos a lisonjas ou apenas tentam estar em vantagem. Esta situação torna-se ainda pior se a constituição, as leis e os hábitos retóricos de uma cidade forem maus. Finalmente, a maioria dos tópicos que geralmente são discutidos em discursos públicos não permitem conhecimento exato, mas deixam espaço para dúvidas; especialmente em tais casos, é importante que o orador pareça ser uma pessoa credível e que o público esteja num clima de simpatia. Por todas essas razões, afetar as decisões de jurados e assembleias é uma questão de persuasão e não de conhecimento. É verdade que algumas pessoas conseguem ser persuasivas, seja ao acaso ou por hábito, mas é a retórica que nos dá um método para descobrir todos os meios de persuasão em qualquer assunto.

 Aristotle's Rhetoric Article First published Thu May 2, 2002; 
substantive revision Mon Feb 1, 2010
Stanford Encyclopedia of Philosophy



NOTA- A correcção  será, oportunamente,  concluída!



Bom estudo ao som de....


https://www.youtube.com/watch?v=Fd4mMcHiW64



Até Sempre, Zé Pedro!




                                            Lola

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