“A realidade, tal como
a paisagem, tem infinitas perspectivas, todas elas igualmente verídicas e
autênticas. A única perspectiva falsa é aquela que pretende ser única”.
Ortega
Y Gasset
1 – Mostre como o
conteúdo do texto serve à argumentação e não à demonstração.
2 – Complete as
seguintes afirmações:
A - Argumentar não
é .......
B – A argumentação
é própria dos sistemas democráticos porque.......
C – A argumentação
é um dos aspectos da comunicação porque.........
D – Os objectivos
de uma argumentação são........................................
E – O modelo
clássico de racionalidade defendia que...........................
3 – Afirma Perelman
que “Toda a argumentação desenvolve-se a
partir de acordos prévios”.
Interprete esta
afirmação à luz da Nova Retórica defendida pelo autor.
4 – Apresente cinco aspectos que contribuam e
dificultem uma boa argumentação.
5 – Atente no texto
argumentativo que lhe apresento (ver página seguinte)
Procure encontrar,
ao longo do seu conteúdo, a estrutura de um texto argumentativo evidenciando,
de modo claro, aquelas que lhe parecem ser as mais relevantes.
Correcção
1. Viver em sociedade implica
comunicar, dialogar, trocar pontos de vista diferentes e diversos sobre um
mesmo tema. As sociedades actuais, mercê de um grande desenvolvimento
cientifico e tecnológico deparam-se com problemas que só com um diálogo e uma
argumentação se podem tentar resolver. As grandes questões éticas (vida/morte,
afectos, adopção, transplante de órgãos…) são objecto de argumentação e não de
demonstração. E porquê?
É
que a demonstração chega a uma única verdade e é um moda de raciocínio
impessoal, não atento ao auditório, verdadeira ou falsa, é um calculo objectivo
em que a verdade é absoluta.
Como
resolver, pela demonstração, por exemplo, a fome mundial, o conflito no Darfur
ou a guerra Israel/Árabe?
2.
a) …ameaçar fisicamente, ordenar,
impôr ideias, demonstrar ou mesmo aceitar passivamente (=dogmaticamente) tudo.
b) …aí discute-se, partilha-se,
dialoga-se, escolhe-se, decide-se e relacionam-se os novos representantes
políticos.
c) …a todo o momento necessitamos
de apresentar razões a favor e contra uma determinada tese, Para quê? Para
provar, justificar, motivar, persuadir ou convencer, refutar e influenciar um
auditório.
d) …levar a que o auditório adira
à tese que apresentamos;
que aquilo que afirmamos (= as
nossas premissas sejam pertinentes);
que aquilo que afirmamos está
estruturalmente correcto e que tem fundamento;
que podemos sempre cativar, influenciar, levar à
adesão alterando comportamentos do auditório.
e) …a lógica era a única forma
possível de racionalidade; que a racionalidade é o exercício da razão mediante
regras e que a razão era um simples instrumento ao serviço da lógica. A
retórica era desvalorizada.
3. O discurso argumentativo, na
perspectiva da Nova Retórica de Perelman, deve ser feito em função do
auditório.
·
O
auditório é o conjunto…
·
O
auditório pode ser constituído por uma ou mais pessoas.
·
Há
diferentes tipos de auditórios.
·
Argumentação
e auditório interligam-se…
·
O
objectivo do orador é provocar a adesão do auditório.
·
Persuasão
e convencimento são conceitos diferentes.
·
Tem
de existir uma comunhão intelectual entre orador e auditório.
·
O
centro da argumentação deve ser o auditório.
·
Deve
existir um acordo prévio do auditório.
·
Tem
de existir o mesmo tipo de linguagem entre orador e auditório.
·
O
auditório é crítico e deve aceitar a base de argumentação.
·
A
argumentação é dinâmica e aberta - pode ser sempre refutada.
Perelman no séc.XX, reabilita a
retórica, conferindo um novo estatuto à argumentação. Daí podermos afirmar que
a Nova Retórica nos traz:
-
Uma
nova concepção de razão que, mediante uma troca de pontos de vista, é
uma razão dialógica, aberta ao diferente e paciente com outros modos de ver o
real.
-
Um
novo conceito de Homem, já não é um ser unicamente racional mas também
social, histórico e cultural. É um ser afectivo já que é por esta dimensão que
o auditório é condicionado (ou não) na adesão às teses do argumentador. É o
auditório o centro da argumentação.
-
Uma
nova concepção de Vida que agora é entendida como vida discutida em que
os problemas individuais e universais são partilhados (pelos mass-média) e
debatidos pelos responsáveis mundiais.
4. Uma boa argumentação Uma má argumentação
· Linguagem
clara ·
Raciocínios complicados
· Adequação
ao auditório · Discursos
longos
· Frases
curtas
·
Desconhecimento do auditório
· Argumentos
bem articulados ·
Vocabulário complexo
· Sintaxe simples e rigorosa ·
Autoritarismo, força, vidência
5. Ethos, Pathos e Logos são
aspectos fundamentais em qualquer discurso argumentativo. São, no dizer de
Aristóteles três estratégias de persuasão. Perelman valoriza o Logos, pois entende que os elementos
intelectuais são importantes no discurso argumentativo. Para este autor o que
verdadeiramente persuade um auditório são os argumentos racionais que servem de
base às conclusões. O Homem não é só um ser racional e por isso há outros
factores que são importantes para que o auditório adira às teses do orador. O
orador deve ser uma pessoa credível, de respeito- Ethos, mas também é importante que este mesmo orador consiga
despertar no auditório um conjunto de sentimentos positivos. O auditório exige
um argumentador credível, integro e sério (Ethos)
que diga a verdade ( Logos ), mas que
também esse conjunto de argumentos seja do seu agrado.
De notar que Perelmam apresenta
um conceito alargado de racionalidade, onde intervêm todos estes elementos- Ethos, Pathos e Logos, que não
são mais do que recursos ou razões de que o argumentador se serve para
conquistar o auditório: umas de carácter racional, outras de carácter afectivo.
6.
TEXTO
-
Referir o tema, a tese, os argumentos e a conclusão;
Lola
Sem comentários:
Enviar um comentário