Contra-exemplos à definição tradicional de conhecimento
Contra-exemplo formulado pelo filósofo inglês
Bertrand Russell (1872-1970)
“O relógio da igreja da tua terra é bastante
fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta manhã, quando vinhas
para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele marcava exactamente 8h e
20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m. O facto do relógio ter
sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o
relógio tinha avariado no dia anterior exactamente quando marcava 8h e 20m.
Assim, tens uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.”
Bertrand Russel - Conhecimento Humano
Contra-exemplo formulado por Jonathan Dancy (1946)
“Henry está a ver televisão numa tarde de Junho.
Assiste à final masculina de Wimbledon e, na televisão, McEnroe vence Connors;
o resultado é de dois a zero e ‘match point’ para McEnroe no terceiro ‘set’.
McEnroe ganha o ponto. Henry crê justificadamente que
1. Acabei de ver McEnroe ganhar a final de
Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2. McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam em Wimbledon
deixaram na realidade de funcionar, e televisão está a passar uma gravação da
competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe está prestes a
repetir a retumbante vitória do ano passado. Portanto, a crença 2 de Henry é
verdadeira, ele tem decerto justificação para crer nela. Contudo, dificilmente
aceitaríamos que Henry conhece 2.”
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