Deus - Que Deus?
Para o Monoteísmo (cristianismo, islamismo e judaísmo) há um só e mesmo Deus ainda que assuma nomes diferentes.
DEUS
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TEISMO
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DEISMO
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PANTEISMO
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Criador do mundo?
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Sim
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Sim
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Não
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É Pessoa?
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Sim
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Não
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Não
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Infinitamente bom?
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Sim
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-----------
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Sim
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Omnipotente?
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Sim
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-----------
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------------
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Omnisciente?
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Sim
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-----------
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-------------
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Omnipresente?
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Sim
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-----------
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Sim
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Transcendebte?
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Sim
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Sim
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Não
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Teísmo: Deus
existe e é o criador do mundo (logo, é transcendente), omnipotente (logo, é
omnisciente) e infinitamente bom.
Ateísmo: Deus
(incluindo o Deus teísta) não existe
Agnosticismo: Não há
razões para dizer que existe nem que não existe: suspender a crença quanto à
existência de Deus é a atitude mais razoável.
• o teísta acredita que Deus existe
• o ateu acredita que Deus não existe
• o agnóstico não acredita que Deus existe e também não acredita que não existe.
JUSTIFICAÇÃO DA CRENÇA EM
DEUS
Teísta - Há razões (provas ou argumentos) para acreditar que Deus existe.
Fideísta- Não é preciso razões para acreditar que Deus existe; trata-se
simplesmente de uma questão de fé (sentimento).
Porquê acreditar sem provas?
A aposta de Pascal
Mesmo sem provas, o mais razoável é
acreditar que Deus existe, pois é
a melhor aposta.
Não se pretende mostrar directamente que
Deus existe, mas apenas mostrar que
é melhor acreditar que existe do que
acreditar que não existe.
Objecção à aposta de Pascal
Objecção à aposta de Pascal
Apostamos na existência de Deus porque
nada podemos saber acerca dele. Mas,
em contradição com isso, pressupomos que
ele recompensaria o crente oportunista e
puniria o descrente honesto.
Argumentos teístas a favor da existência de
Deus ou Provas da existência de Deus
A. Argumento do sentido da vida
Tudo parece acabar quando morremos. Mas
se tudo se perde abruptamente com a
morte, nada do que fazemos em vida
vale realmente a pena e, assim, nada
faz sentido. Mas seria estranho que a
nossa vida não tivesse qualquer propósito
(ou sentido), a não ser que não
seja verdade que tudo acabe quando
morremos. Ora, ninguém a não ser Deus
nos pode garantir que nem tudo acaba
quando morremos. Logo, Deus existe e
tem um plano para cada um de
nós, que se prolonga para além da
morte sica.
A estrutura lógica
do Argumento do Sentido da Vida
(Tolstoi)
1. Se Deus não existir, tudo se
acaba com a nossa morte.
2. Se tudo se acabar com a nossa morte,
a nossa vida não tem sentido.
3. Mas a nossa vida tem de
ter sentido.
4. Logo, Deus tem de existir.
O Argumento do Sentido da Vida
simplificado
1. Se Deus não existisse, a vida
não teria sentido.
2. Mas a vida tem sentido.
3. Logo, Deus existe.
Objecções ao Argumento do Sentido da
Vida
Objecção 1
Se tudo se acabar com a nossa
morte, a nossa vida não tem sentido.
Mas algo que não faz sentido por
ser efémero, passa misteriosamente a fazer
sentido se permanecer para sempre?
Se uma coisa não tiver sentido, não
passa a tê-lo se a prolongarmos indefinidamente (não é por Sísifo empurrar o seu pedregulho
para sempre, que isso passa a ter mais sentido).
Assim, também uma vida sem sentido não passará a tê-lo se
ela for prolongada indefinidamente.
2. Se Deus não existisse, a nossa
vida não teria sentido. A nossa vida pode
ter sentido, mesmo que Deus não
exista. Se nós existíssemos apenas para
executar um plano que Deus tem para
nós, então aí é que a nossa
vida deixaria de ter sentido, uma vez
que não estaríamos realmente a viver
a nossa própria vida mas a executar
um plano alheio (aquilo que Deus tem
preparado para nós). Uma vida sem
autonomia é uma vida sem valor.
B. Argumento do desígnio
O mundo está cheio de coisas
maravilhosas e que descobrimos serem
incríveis quando pensamos nelas com
atenção. Considere-‐se o olho humano, por exemplo. É feito de
partes que funcionam conjuntamente de
formas intrincadas e complexas. Se algum
detalhe for alterado, tudo deixa de
funcionar — tudo o resto seria inútil.
Ora acontece que tudo, incluindo o
mais pequeno detalhe, parece ter um
propósito, uma intencionalidade.
A estrutura lógica do
Argumento do Desígnio (versão 1:
Paley e a eliminação do acaso)
1. Ou as maravilhas da natureza são
o fruto de um espantoso e mero
acaso, ou são o produto de um
desígnio inteligente.
2. Mas não podem ter ocorrido por
acaso.
3. Logo, são o produto de um
desígnio inteligente (inteligência divina).
A estrutura lógica do Argumento do
Desígnio (versão 2: Hume/Paley e a
igualdade de provas)
1. É correcto concluir que objectos
como os relógios foram feitos por
criadores inteligentes porque têm partes
que funcionam conjuntamente com um
propósito.
2. Temos as mesmas provas para pensar
que o universo é como os relógios,
pois também é composto de partes que
funcionam conjuntamente ao serviço de um
propósito.
3. Logo, podemos concluir justificadamente
que o universo foi feito por um
criador inteligente (Deus).
Objecções ao Argumento do Desígnio
Objecção 1
1. Ou as maravilhas
da natureza são o fruto de um espantoso e mero acaso, ou são o produto de um desígnio inteligente.
Darwin: Esta premissa é falsa, pois há outra explicação (a verdadeira)
além da alternaGva apresentada (a premissa
coloca um falso dilema). Essa explicação
é a selecção natural
Objecção 2
Temos as mesmas provas para pensar que
o universo é como os relógios, pois
também é composto de partes que
funcionam conjuntamente ao serviço de um
propósito. Hume: Esta premissa é falsa,
pois trata-‐se de uma falsa analogia. Estamos a inferir causas a partir de efeitos,
mas no caso dos relógios baseamo-‐nos no facto de já termos visto antes muitos relógios (e até os relojoeiros que os fizeram), o que não acontece no caso do universo (quantos universos vimos?).
C. Argumento Cosmológico (ou argumento da causa
primeira: Tomás de Aquino)
Imaginemos uma coisa qualquer. Essa coisa não se criou a si própria. Mas tem de ter uma causa, pois não surge do nada (não há efeitos sem causas). Há, portanto
outra coisa que a causou. Por sua
vez, esta outra coisa tem de ter
também uma causa, e assim sucessivamente
(até ao Big Bang, dizem-‐nos os cientistas).
Mas o que deu origem ao Big Bang? Não podemos regredir
infinitamente, pelo que tem de haver
algo que é causa de tudo sem
ser causado por nada (causa primeira).
Essa causa primeira é Deus
A
ideia básica do Argumento Cosmológico Pode
ser expressa da seguinte
forma:
1. Se as cadeias causais regridem
infinitamente, não existe uma primeira
causa.
2. Mas se não existe uma primeira
causa, também não existe qualquer dos
seus efeitos.
3. Se não existem
efeitos, então nada existe.
4. É óbvio que existem coisas.
4. Logo, as cadeias causais não podem
regredir infinitamente.
A estrutura lógica do
Argumento Cosmológico
1. Tudo o que existe tem de ter
uma causa.
2. A cadeia causal não pode recuar
indefinidamente. Em algum ponto, temos de
chegar a uma Causa Primeira.
3. À Causa Primeira podemos chamar
Deus.
Objecções ao Argumento Cosmológico
Objecção 1
1. Tudo o que existe tem de ter
uma causa.
2. A cadeia causal não pode recuar
indefinidamente. Em algum ponto, temos de
chegar a uma Causa Primeira.
O problema principal é este raciocínio ser
autocontraditório (as duas premissas anteriores
não podem ser simultaneamente verdadeiras).
Primeiro diz-‐se que tudo tem de ter uma causa, mas depois admite-‐se a existência de algo que não tem uma causa. Temos de escolher: se acreditamos
seriamente que tudo tem de ter uma
causa, temos de perguntar o que
causou Deus, e assim por diante. Mas
se acreditamos que «a cadeia causal
tem de parar em algum lado», por
que não haveremos de dizer que pára
no Big Bang?
Objecção 2
O argumento não prova a existência de
um Deus teísta: Algumas pessoas chamam
«Deus» àquilo que causou o universo,
seja isso o que for. Mas, isso
não nos dá qualquer razão para pensar
que «Deus» é a divindade omnipotente
e benevolente do teísmo tradicional. A
palavra «Deus» pode neste caso servir
para nomear, por exemplo, um ponto
incrivelmente denso de massa e de
energia que precedeu o Big Bang. Só
que assim torna-‐se claro que não há qualquer razão para usar a palavra «Deus» desta forma. Fazê-‐lo só cria confusão.
D. Argumento Ontológico (argumento da
perfeição: Santo Anselmo)
Todas as pessoas, mesmo as descrentes
têm a ideia de Deus, isto é,
têm a ideia de um ser sumamente
perfeito. Mas o que é um ser sumamente
perfeito? Não pode ser um ser que
existe apenas no pensamento (faltar-lhe-ia algo para ser perfeito: existir na realidade).
Portanto, se não existir na realidade, não
é perfeito e se for perfeito tem
de existir na realidade. Assim, é
absurdo ter a ideia de um ser
perfeito que não existe, ou seja, que
não é perfeito.
A ideia básica do Argumento Ontológico
A ideia de um ser perfeito implica
a existência desse ser: a existência
de Deus deriva-‐se do próprio conceito de Deus. Tentar
imaginar um ser perfeito que não
exista é tão absurdo como tentar
imaginar um casado solteiro.
A estrutura lógica do
Argumento Ontológico (versão de Santo
Anselmo simplificada)
1. Deus é o ser maior do que
o qual nada pode ser pensado.
2. Se Deus existisse apenas no
pensamento, então não seria o ser
maior do que o qual nada pode
ser pensado (uma pessoa real seria
maior do que Deus, pelo que seria
possível conceber seres maiores do que
Deus).
3. Logo, é falso que Deus exista
apenas no pensamento; ele existe também
na realidade. Deus 34
Objecções ao
Argumento Ontológico
Objecção 1 Gaunilo:
1. Existe no meu pensamento a ideia
de uma ilha perfeita.
2. Essa ilha não seria perfeita se
existisse apenas no meu pensamento e
não na realidade.
3. Logo, é falso que essa ilha
existe apenas no meu pensamento, ou
seja, a ilha perfeita existe na
realidade.
Objecção 1* Kant explica o que
há de errado:
A perfeição de
uma coisa depende das suas propriedades —
a perfeição de uma ilha, por
exemplo, depende do seu tamanho, clima,
beleza natural e assim por diante.
Porém, a existência não é uma
propriedade neste sentido. Se uma tal
ilha existe ou não é a questão
se saber se há no mundo alguma
coisa que tenha essas propriedades. Deste
modo, não podemos provar que a ilha
— ou qualquer outra coisa — existe
se nos limitarmos a esGpular que é
perfeita «por definição». A definição de
«ilha perfeita» diz-‐nos apenas como seria essa ilha se exisTsse;
não
pode dizer-‐nos se esta ilha existe realmente. Do mesmo modo, a definição de «Deus» diz-‐nos apenas que tipo de ser seria Deus, se existisse.
Saber se existe ou não é outra questão.
E agora?
Dadas as objecções aos argumentos teístas,
podemos concluir que Deus não existe?
Não!
Se as objecções não tiverem resposta,
apenas podemos concluir que os argumentos
nada provam; mas não que Deus não
existe.
Mas quais são os argumentos ateístas?
O ónus da prova
Alguns ateus defendem que não precisam
de provar que Deus não existe,
alegando que o ónus da prova (quem
tem de provar algo) é quem afirma
que Deus existe. Assim, tudo o
que precisam é de mostrar que os
argumentos teístas são maus.
Mas não há argumentos contra a
existência de Deus? Sim, o mais
popular de todos é o...
E. Argumento do mal
1.
A existência de Deus
e do mal no mundo são incompatíveis,
pois o mundo foi criado por Deus e
se Deus fosse realmente bom, ele
teria criado um mundo onde o mal
não tivesse lugar. Das duas uma: ou
queria um mundo sem o mal, mas
não pôde (neste caso não é
omnipotente); ou podia ter feito um mundo
sem mal, mas não quis (neste caso
não é infinitamente bom). Logo, o Deus
teísta (omnipotente e bom) não pode
existir.
A estrutura do Argumento do Mal
1. Se Deus existisse, o mal não
existiria no mundo.
2. Mas é óbvio que o mal existe
no mundo.
3. Logo, Deus não existe.
Objecções ao Argumento do Mal
Objecção 1 (objecção ao problema do
mal moral)
1. Se Deus existisse, o mal (moral)
não existiria no mundo. Santo Agostinho:
Mas o mal é compatível com a
existência de Deus, pois o mal que as
pessoas fazem é responsabilidade destas e
não de Deus, uma vez que
Deus quis dar-nos livre-arbítrio (é melhor sermos livres do que sermos marionetas) e não poderíamos ter livre-arbítrio
se não pudéssemos escolher entre fazer
o bem e fazer o mal.
Objecção 2 (objecção ao problema do
mal natural)
1. Se Deus existisse, o mal (natural)
não existiria no mundo. Mas o mal
natural (terramotos, doenças congénitas, catástrofes
naturais) é compatível com a existência
de Deus, pois se no mundo não
houvesse algum mal, as pessoas não
teriam a oportunidade de se superarem,
realizando actos valiosos e heróicos,
revelando assim a sua grandeza.
Aires Almeida
Lola
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