René Descartes
(1596-1650)
(1596-1650)
Quem foi René Descartes?
Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês. É um dos pensadores tradicionalmente ligado ao racionalismo. Estabeleceu os fundamentos filosóficos do que hoje se denomina ciência moderna.
Qual o seu objectivo?
No centro das suas preocupações estava:
Qual o seu objectivo?
No centro das suas preocupações estava:
- o combate ao ceticismo reinante na sua época e a reabilitação da razão;
- a criação de um método que conduzisse a razão à verdade;
- a construção de um sistema baseado em princípios firmes e indubitáveis.
Que método escolheu Descartes?
De modo a mostrar que os céticos estavam enganados e a construir uma base absolutamente segura para o conhecimento, Descartes institui a dúvida como método e rejeita como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, para ver se, depois disso, restava algo absolutamente indubitável.
Como se caracteriza a dúvida cartesiana?
A dúvida cartesiana é metódica (é o meio utilizado para descobrir o absolutamente certo, a ferramenta da razão que permite evitar o erro), provisória (o objetivo é encontrar certezas e reconstruir o edifício do saber), universal (nada pode escapar à dúvida) e hiperbólica (a dúvida estende-se, inclusivamente, à existência do mundo físico).
DA DUVIDA AO COGITO
Como chega Descartes à sua primeira verdade indubitável?
Ao exercer metodicamente a dúvida, Descartes percebe que existem boas razões para duvidar das crenças estabelecidas.
A maioria das nossas crenças não é indubitável, pois:
- as informações com origem nos sentidos não merecem confiança, pois os sentidos são enganadores.
- a crença nas verdades racionais (como as matemáticas) pode ser falsa, pois toda a gente se pode enganar.
- todas as crenças que possuímos acerca do mundo físico podem ser falsas (argumento dos sonhos).
O exercício da dúvida faz surgir uma primeira certeza indubitável: a existência do sujeito que duvida.
O exercício da dúvida faz surgir uma primeira certeza indubitável: a existência do sujeito que duvida.
Causa repugnância, diz Descartes, imaginar que quem duvida possa não existir, pois para duvidar é preciso pensar e para pensar é preciso existir: penso, logo existo.
Assim, há razões para duvidar de tudo (incluindo da existência do mundo físico), menos do sujeito pensante que tudo pôs em dúvida.
Assim, há razões para duvidar de tudo (incluindo da existência do mundo físico), menos do sujeito pensante que tudo pôs em dúvida.
Qual é, para Descartes, o critério de verdade?
Para Descartes, as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras. Ou, dito de outro modo, clareza e distinção são o critério de verdade.
O que caracteriza a primeira verdade inabalável?
O cogito (nome por que é conhecida a afirmação «Penso, logo existo») é uma evidência que se impõe ao espírito humano de forma absolutamente clara e distinta. Enquanto verdade primeira e exclusivamente a priori, oferece um ponto de partida seguro para o conhecimento.
Qual é a função do génio maligno no sistema cartesiano?
A hipótese do génio maligno é a hipótese de existir um Deus enganador, extremamente poderoso e astuto, que pusesse toda a sua indústria em enganar, fazendo-nos crer em falsidades. Esta hipótese faz Descartes chegar à conclusão de que por mais que fosse possível essa entidade existir e enganá-lo, há algo sobre o qual esse ser nunca o poderia enganar: o cogito (se penso, existo).
Assim, a possibilidade de um génio maligno o enganar reforça a indubitabilidade do primeiro princípio, permitindo concluir a verdade da sua existência enquanto ser pensante.
Assim, a possibilidade de um génio maligno o enganar reforça a indubitabilidade do primeiro princípio, permitindo concluir a verdade da sua existência enquanto ser pensante.
DO COGITO A DEUS
Como chega Descartes à existência de Deus?
Provada a existência do cogito, o sistema cartesiano afirma a existência de um sujeito pensante e das suas ideias e nada mais. Permanecem dois problemas sem solução: primeiro, a hipótese da existência de um génio maligno; segundo, consequência do primeiro, a hipótese de o mundo físico não existir. Para poder prosseguir, Descartes tem de resolver este impasse e ultrapassar o solipsismo. Para tal, Descartes tentar provar a existência de um Deus sumamente bom. O raciocínio que nos propõe é o seguinte:
Eu, sujeito pensante, erro e duvido. Errar e duvidar são sinais de imperfeição. Saber que sou imperfeito implica ter em mim a ideia de um ser perfeito. De onde me terá vindo a ideia de um ser mais perfeito do que eu? A causa desta ideia ou está em mim ou em algo distinto de mim. Sei que a imperfeição não pode ser causa da perfeição. Assim, a causa da ideia de um ser perfeito não posso ser eu, sujeito pensante, pois sou imperfeito; a causa da ideia de ser perfeito tem, pois, de proceder de algo absolutamente perfeito e exterior a mim – Deus.
Se Deus é perfeito, então não pode ser enganador (um ser perfeito que fosse maldoso não seria perfeito) e tem de, forçosamente, existir (um ser perfeito que não existisse não seria perfeito).
Qual é o papel de Deus no sistema cartesiano?
Como Deus é perfeito e, por essa razão, não é enganador, podemos confiar na nossa razão quando esta pensa ter descoberto ideias claras e distintas. Deus é assim a garantia de que aquilo que conhecemos clara e distintamente é verdadeiro.
DE DEUS AO MUNDO
Como chega Descartes à existência do Mundo?
Como chega Descartes à existência do Mundo?
Com Deus como garantia, Descartes pode deduzir outras verdades – a existência do seu corpo e do mundo físico, por exemplo – e construir, com toda segurança, o edifício do conhecimento verdadeiro.
Existem objeções ao racionalismo cartesiano?
Sim. Entre as mais comuns encontra-se uma que se designa por círculo cartesiano: as ideias claras e distintas são verdadeiras, pois Deus existe e é perfeito; Deus existe e é perfeito porque concebemos clara e distintamente a sua perfeição. Por este motivo, Descartes é, frequentemente, acusado de incorrer numa petição de princípio.
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