quarta-feira, 17 de novembro de 2021

René Descartes

 




René Descartes
(1596-1650)


Quem foi René Descartes?
Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês. É um dos pensadores tradicionalmente ligado ao racionalismo. Estabeleceu os fundamentos filosóficos do que hoje se denomina ciência moderna. 

Qual o seu objectivo?
No centro das suas preocupações estava:
- o combate ao ceticismo reinante na sua época e a reabilitação da razão;
- a criação de um método que conduzisse a razão à verdade;
- a construção de um sistema baseado em princípios firmes e indubitáveis.

Que método escolheu Descartes?
De modo a mostrar que os céticos estavam enganados e a construir uma base absolutamente segura para o conhecimento, Descartes institui a dúvida como método e rejeita como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, para ver se, depois disso, restava algo absolutamente indubitável.

Como se caracteriza a dúvida cartesiana?
A dúvida cartesiana é metódica (é o meio utilizado para descobrir o absolutamente certo, a ferramenta da razão que permite evitar o erro), provisória (o objetivo é encontrar certezas e reconstruir o edifício do saber), universal (nada pode escapar à dúvida) e hiperbólica (a dúvida estende-se, inclusivamente, à existência do mundo físico).

  DA DUVIDA AO COGITO

Como chega Descartes à sua primeira verdade indubitável?
Ao exercer metodicamente a dúvida, Descartes percebe que existem boas razões para duvidar das crenças estabelecidas. 
A maioria das nossas crenças não é indubitável, pois:
- as informações com origem nos sentidos não merecem confiança, pois os sentidos são enganadores.
-  a crença nas verdades racionais (como as matemáticas) pode ser falsa, pois toda a gente se pode enganar.
- todas as crenças que possuímos acerca do mundo físico podem ser falsas (argumento dos sonhos).  

O exercício da dúvida faz surgir uma primeira certeza indubitável: a existência do sujeito que duvida.
Causa repugnância, diz Descartes, imaginar que quem duvida possa não existir, pois para duvidar é preciso pensar e para pensar é preciso existir: penso, logo existo
Assim, há razões para duvidar de tudo (incluindo da existência do mundo físico), menos do sujeito pensante que tudo pôs em dúvida.

Qual é, para Descartes, o critério de verdade?
Para Descartes, as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras. Ou, dito de outro modo, clareza distinção são o critério de verdade.


O que caracteriza a primeira verdade inabalável?  

cogito (nome por que é conhecida a afirmação «Penso, logo existo») é uma evidência que se impõe ao espírito humano de forma absolutamente clara e distinta. Enquanto verdade primeira e exclusivamente a priori, oferece um ponto de partida seguro para o conhecimento.

Qual é a função do génio maligno no sistema cartesiano?
A hipótese do génio maligno é a hipótese de existir um Deus enganador, extremamente poderoso e astuto, que pusesse toda a sua indústria em enganar, fazendo-nos crer em falsidades. Esta hipótese faz Descartes chegar à conclusão de que por mais que fosse possível essa entidade existir e enganá-lo, há algo sobre o qual esse ser nunca o poderia enganar: o cogito (se penso, existo). 
Assim, a possibilidade de um génio maligno o enganar reforça a indubitabilidade do primeiro princípio, permitindo concluir a verdade da sua existência enquanto ser pensante.

 DO COGITO A DEUS

Como chega Descartes à existência de Deus?   

Provada a existência do cogito, o sistema cartesiano afirma a existência de um sujeito pensante e das suas ideias e nada mais. Permanecem dois problemas sem solução: primeiro, a hipótese da existência  de um génio maligno; segundo, consequência do primeiro, a hipótese de o mundo físico não existir. Para poder prosseguir, Descartes tem de resolver este impasse e ultrapassar o solipsismo. Para tal, Descartes tentar provar a existência de um Deus sumamente bom. O raciocínio que nos propõe é o seguinte:
Eu, sujeito pensante, erro e duvido. Errar e duvidar são sinais de imperfeição. Saber que sou imperfeito implica ter em mim a ideia de um ser perfeito. De onde me terá vindo a ideia de um ser mais perfeito do que eu? A causa desta ideia ou está em mim ou em algo distinto de mim. Sei que a imperfeição não pode ser causa da perfeição. Assim, a causa da ideia de um ser perfeito não posso ser eu, sujeito pensante, pois sou imperfeito; a causa da ideia de ser perfeito tem, pois, de proceder de algo absolutamente perfeito e exterior a mim – Deus.
Se Deus é perfeito, então não pode ser enganador (um ser perfeito que fosse maldoso não seria perfeito) e tem de, forçosamente, existir (um ser perfeito que não existisse não seria perfeito).

Qual é o papel de Deus no sistema cartesiano?
Como Deus é perfeito e, por essa razão, não é enganador, podemos confiar na nossa razão quando esta pensa ter descoberto ideias claras e distintas. Deus é assim a garantia de que aquilo que conhecemos clara e distintamente é verdadeiro. 

DE DEUS AO MUNDO

Como chega Descartes à existência do Mundo?   

Com Deus como garantia, Descartes pode deduzir outras verdades – a existência do seu corpo e do mundo físico, por exemplo – e construir, com toda segurança, o edifício do conhecimento verdadeiro.

Existem objeções ao racionalismo cartesiano?
Sim. Entre as mais comuns encontra-se uma que se designa por círculo cartesiano: as ideias claras e distintas são verdadeiras, pois Deus existe e é perfeito; Deus existe e é perfeito porque concebemos clara e distintamente a sua perfeição. Por este motivo, Descartes é, frequentemente, acusado de incorrer numa petição de princípio.


Lola

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