Preparação 3ª Ficha de
Avaliação - 11º Ano
Temas:
O empirismo de David Hume
O apriorismo de Kant
O estatuto do conhecimento cientifico
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção - Escolha múltipla. (50 pontos).
Grupo II - Itens de resposta curta - definição de conceitos (50 pontos).
Grupo III - Itens de resposta restrita. (50 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa - Análise de um texto filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos de questões serão avaliados todos os domínios.
Tempo : 50 minutos
Aprendizagens essenciais a avaliar:
- David Hume: Identifique tipos ou modos de conhecimento, segundo Hume.
- Caracterize-os.
- Relacione conhecimento humano com o principio da não contradição.
- O que são proposições contingentes?
- Apresente os princípios de associação de ideias?
- Como se conhecem os factos?
- Justifique a afirmação "Não há conhecimento rigoroso acerca dos factos futuros".
- Qual a posição de Hume em relação à intuição (eu), ao Mundo e a Deus ?
- O que defende Hume acerca do Principio da Causalidade?
- Qual é, segundo Hume, o problema da Indução?
- Porque se pode afirmar que David Hume é um empirista céptico?
- O que é o Empirismo?
- Compare as teorias Filosóficas de Descartes e Hume.
- O que é o apriorismo kantiano?
- Quais as fontes do conhecimento para Kant?
- Defina-as.
- De que é resultado o conhecimento em Kant?
- Distinga matéria e forma do conhecimento.
- Porque concorda Kant com os empiristas?
- Porque concorda Kant com os racionalistas?
- Qual o papel da razão em Kant?
- Quais as ideias da Razão?
- O que se pode conhecer, segundo Kant?
- Porque é o númeno incognoscível?
- Explique a seguinte afirmação "Todo o conhecimento começa com a experiência, mas nem todo deriva dela" (Kant, Critica da Razão Pura)
- O que significa a expressão "Estatuto do Conhecimento Cientifico"?
- O que é a ciência?
- O que é o senso comum?
- Características da ciência.
- Características do senso comum.
- Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
1. Hume distinguiu as questões de facto das relações de ideias. De acordo com esta distinção,
(A) as questões de facto apenas podem ser decididas pela experiência.
(B) as verdades matemáticas são questões de facto.
(C) todos os raciocínios sobre causas e efeitos exprimem relações de ideias.
(D) negar uma questão de facto resulta numa contradição.
2. Identifique a afirmação errada.
a) As proposições do tipo 2 + 3 = 5 são conhecimentos de facto.
b) As proposições que consistem na relação entre ideias são proposições cuja validade não depende da experiência.
c) As proposições factuais são aquelas cujo valor de verdade é aferido pela experiência.
3. Identifique a afirmação verdadeira:
a) A mente humana trabalha com ideias inatas.
b) "O ouro é amarelo" é uma proposição válida, independentemente de qualquer recurso à observação.
c) Só as proposições que não dependem da confirmação da experiência e respeitam o princípio de não contradição são absolutamente certas.
4. Identifique as afirmações verdadeiras.
a) A pretensa relação causal nada mais é do que uma conjunção constante de factos, que gera uma ficção mental que catalogamos como necessária.
b) A inferência causal é um raciocínio que vai para além do testemunho imediato dos sentidos.
c) A interferência causal não se baseia na razão, mas sim no costume (hábito).
d) A sucessão temporal constante entre dois fenómenos não é sinónimo de conexão necessária ou causal entre eles.
e) O hábito não é fonte de conhecimento científico, mas sim de crença.
f) A razão é um fenómeno psicológico, com base orgânica, que gera ficções úteis para a nossa sobrevivência.
4. Na perspectiva de Hume, as conclusões dos nossos raciocínios acerca de questões d de facto são:
a) Quando muito, prováveis, mas nunca certas.
b) Demonstrativas.
c) Necessariamente verdadeiras.
5. O empirismo de Hume é um cepticismo porque:
a) Afirma que o conhecimento deriva da experiência e não alcança objectos fora do campo da experiência.
b) Reduz o conhecimento científico ao conhecimento matemático.
c) Afirma que o conhecimento deriva da experiência, mas não podemos ter qualquer certeza acerca do comportamento futuro dos objectos.
d)
Amália nasceu em Lisboa Verdade Contingente
Nenhum preto é branco Verdade Necessária
Um pedaço de metal dilatou ao ser aquecido Verdade Contingente
Um triângulo tem três lados Verdade Necessária
7. Identifique QUESTÕES DE FACTO e RELACÕES DE IDEIAS:
Deus existe ou não existe RELAÇÃO DE IDEIAS
Deus existe QUESTÃO DE FACTO
Três morangos são mais que dois RELAÇÃO DE IDEIAS
O sol vai nascer amanhã QUESTÃO DE FACTO
As coisas velhas não são novas RELAÇÃO DE IDEIAS
Os planetas têm órbitas elipticas QUESTÃO DE FACTO
A relação de causa e efeito é uma relação de CAUSALIDADE
Habitualmente concluimos que há uma relação de causa e efeito com base NUMA CONJUNÇÃO CONSTANTE
Há uma conexão necessária entre dois acontecimentos quando UM NÃO PODE OCORRER SEM O OUTRO
A conexão necessária entre dois acontecimentos é algo que não CONSEGUIMOS OBSERVAR
Conjunção constante e conexão necessária são COISAS DIFERENTES
A nossa convicção de que há uma conexão necessária entre acontecimentos é apenas fruto do HÁBITO
10. Defina os seguintes conceitos
1. Empirismo O Empirismo é uma teoria
filosófica que procura responder ao problema da origem e natureza do
conhecimento. Rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento
"a priori" . Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha
passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento tem origem na experiência é,
portanto formado “a posteriori”. Fundamenta-se na noção de que qualquer
conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão
qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta
apenas as sensações e depois por abstração e generalização forma os conceitos
ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer
dizer que são posteriores a estas.
2. Relações de Ideias Para David Hume há dois
tipos de conhecimento distintos, aquele que resulta do pensamento e se
fundamenta em leis racionais, como a matemática, ou a lógica e o conhecimento
que resulta da experiência direta dos factos e que se fundamenta “a posteriori”
como a Física, e as outras ciências - o conhecimento de “questões de facto” e o
conhecimento de “relação de ideias”.
3. Questões de facto É um tipo de
conhecimento que nos dá a informação sobre o modo como o mundo é, mas o conhecimento
que daí resulta é contingente e não necessário.
4. Princípios de associação de ideias:
– Semelhança, quanto duas ideias são semelhantes, a
consideração de uma delas conduz-nos à consideração da outra.
– Exemplo: Um rosto desenhado remete-nos para o rosto original.
B. Contiguidade no Tempo e no Espaço
–
Contiguidade no Tempo e no Espaço, quando duas ideias são contíguas no espaço e
no tempo, a consideração de uma delas evoca a consideração da outra. O mesmo
acontece quando dois acontecimentos são contíguos no tempo.
– Exemplo: A lembrança de um comboio leva a pensar na estação, nos passageiros.
C. Causalidade
– Causalidade, quando representamos duas ideias como
correspondendo a uma relação causa-efeito, é natural que a consideração de
efeito.
– Exemplo: A água fria posta ao lume (causa) faz pensar na fervura (efeito) que
se lhe seguirá.
5. Principio da causalidade
-
6. Conexão Necessária
- O
acontecimento B não pode existir sem o acontecimento A.
7. Conjunção constante
- Um
acontecimento surge a seguir a outro.
8. Hábito - Hume refere-se à
importância do costume ou hábito na construção do conhecimento dos factos. É
devido à perceção da repetição de certos fenómenos que se sucedem em
contiguidade no espaço e sucessivos no tempo, que estabelecemos uma relação
entre eles e pensamos poder prever que sempre que um acontece o outro também
acontecerá. Esta forte crença de uma conexão necessária entre dois fenómenos
permite-nos estabelecer uma relação de causa e efeito entre os dois. O problema
que Hume coloca é sobre o fundamento de tal crença. Ora, para Hume tal crença não
tem um fundamento, logo, tal conhecimento de causa efeito sobre os fenómenos
não deixa de ser duvidoso.
9. Indução - A indução consiste numa inferência que decorre da observação e das respectivas generalizações e previsões. Apesar da base da indução ser a causalidade, esta baseia-se numa mera repetição de eventos o que não significa que tal relação seja necessária e, por isso, é difícil de prever que tal ocorra no futuro - este é o problema da indução de que nos fala David Hume.
10. Principio da regularidade da natureza É uma crença que o homem possui e que lhe permite acreditar que se A aconteceu seguido de B tal vai acontecer sempre no futuro pois o hábito ou costume leva-nos a acreditar que a natureza se comporta sempre de forma regular, repetitiva e previsível.
1. Que problema é discutido no texto?
A ideia de causalidade.
2. O que se entende por conexão necessária entre dois objetos?
Conexão necessária significa que um acontecimento B não poderia existir sem o acontecimento A.
3. A causalidade pode, segundo Hume, ser definida como uma conexão
necessária. Justifique
A experiência que é, segundo Hume, o único critério
quanto ao conhecimento dos factos — permite-me
captar uma sucessão regular (conjunçao constante) entre dois fenómenos, mas não
uma sucessão necessária ou seja, só permite ver o que acontece
aqui e agora e não o que sempre acontecerá. Pela
experiência, sabemos que sempre no passado a água ferveu, mas não é legítimo
concluir que no futuro sempre ferverá. E contudo acreditamos — e é, útil que
acreditemos — que o aquecimento da água é a causa necessária
da sua fervura.
4. Em que principio se baseiam as inferências causais segundo
Hume?
O que acontece é que, por nos habituarmos a ver dois
objectos sucederem-se um ao outro do mesmo modo
(conjunçao necessária), criamos a tendência para crer que, aparecendo o
primeiro, aparecerá também o segundo (conexao necessária). Nada mais ilusório
do que esta relação de dependência, porque transformou-se
uma relação de mera sucessão temporal (o antes e o depois) em relação causal.
Não há, segundo Hume, qualquer fundamento objectivo na
experiência que confirme esta relação
5. A crença no princípio da uniformidade da natureza está, para Hume,
justificada? Porquê?
Para David Hume, o
conceito de causa não tem qualquer validade objectiva nem fundamento racional.
À ideia de causa não corresponde qualquer impressão sensível.
David Hume nega a
origem a priori do conceito de causa e do princípio de causalidadee,
deste modo, Hume rejeita um instrumento no qual a
metafísica tradicional se baseava para as suas especulações.
Como usamos a ideia de causa para compreender muito do
que acontece no mundo, então como ela exprime uma conexão de que não temos
experiência, o nosso conhecimento do mundo não passa de conjectura que bem pode
ser uma ilusão.
Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[…] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores, nem um surdo dos sons. Restitua se a qualquer um deles aquele sentido em que é deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses objetos.
20. De acordo com Hume, a impressão que
origina a ideia de causa/efeito
(A) é a razão e o raciocínio.
(B) é uma ideia complexa fruto da imaginação.
(C) é a impressão de conexão necessária.
(D) é a conjunção constante entre
dois factos
21. A relação causa/efeito fundamenta-se:
(A) Nas impressões sensíveis.
(B) Numa conexão necessária entre factos.
(C) Num costume ou hábito fruto da
repetição.
(D) Na razão: é uma relação “a priori”.
22. Hume não ultrapassa o ceticismo porque:
(A) Hume não é cético.
(B) Admite a possibilidade de uma dúvida radical.
(C) Não encontra uma forma infalível
de justificar as nossas crenças sobre o mundo.
(D) Não encontra fundamentos para a existência de
Deus.
23. Considere os seguintes enunciados relativos
à comparação entre as teorias do conhecimento de Descartes e de David Hume.
1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o
segundo, nenhuma ideia é inata.
2. Os dois autores defendem que há ideias que têm
origem na experiência.
3. Para o primeiro, o conhecimento tem de ser
indubitável; para o segundo, pode não ser indubitável.
4. Os dois autores defendem que não há conhecimento
sem experiência.
Deve afirmar-se que
(A) 2 e 3 são
corretos; 1 e 4 são incorretos. (B) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto. (C) 1 e 4
são corretos; 2 e 3 são incorretos. (D) 1, 2 e 3 são corretos;4 é
incorreto.
Leia o seguinte texto e responda às questões:
"Todos admitirão
prontamente que existe uma diferença considerável entre as perceções da
mente, quando um homem sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de um
ardor moderado, e quando ele depois traz à memória a sua sensação ou a antecipa
mediante a sua imaginação. “
David
Hume, Investigação sobre o entendimento humano.
25. Diga quais são as perceções da mente de
que fala o texto e a sua importância para o conhecimento.
1. Impressões e
ideias são perceções mentais, isto é, constituem todo o conteúdo da mente que
podemos conhecer. As primeiras são originais e antecedem as segundas que são
cópias feitas da memória das impressões vividas. Podemos ter ideias de objetos nunca antes vividos, se associarmos
ideias simples, formando assim ideias complexas como a ideia de vampiro.
Podemos também antecipar o prazer ou a dor vividas pela expectativa de as
voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela imaginação as perceções pensadas,
ideias, não são nunca tão fortes e intensas como as vividas, impressões,
pois o original é sempre mais forte e perfeito que a cópia. Hume conclui
que as impressões são atos originais e que não existem ideias sem na origem
estar a impressão interna ou externa equivalente.
Todos os
objetos da razão ou da investigação humanas podem ser naturalmente divididos em
dois tipos, a saber, as relações de ideias e as questões de facto. [...] O
contrário de toda e qualquer questão de facto continua a ser possível, porque
não pode jamais implicar contradição, e a mente concebe-o com a mesma
facilidade e nitidez, como se fosse perfeitamente conforme à realidade. Que o
Sol não vai nascer amanhã não é uma proposição menos inteligível nem implica
maior contradição do que a afirmação de que ele vai nascer.
D. Hume, Investigação sobre o
Entendimento Humano
26. Explique qual o problema que Hume coloca no texto e
distinga, com exemplos, esses dois tipos de conhecimento que são referidos.
Cenário
de resposta A
Resposta integra os
aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Distinção entre as questões de facto e as
relações de ideias: – as verdades acerca das relações de ideias são verdades
necessárias ou demonstrativamente certas (OU que podem ser descobertas pela
razão); (em contrapartida,) as questões de facto apenas podem ser decididas
recorrendo à experiência; – o contrário de uma verdade acerca de relações de ideias
implica uma contradição e, portanto, é logicamente impossível; (ao invés,) o
contrário de uma verdade acerca de questões de facto não implica uma
contradição e, portanto, é logicamente possível.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Apresentação do problema da indução: – a indução não está justificada, uma vez
que a tentativa de a justificar por meio da experiência é circular (OU a
tentativa de a justificar por meio do raciocínio indutivo se baseia, ela
própria, no raciocínio indutivo, que, precisamente, necessita de justificação).Portanto,
saber que o Sol vai nascer amanhã é uma previsão e como tal baseia-se no que
aconteceu no passado, faz-se uma generalização indutiva, se até agora o sol
sempre nasceu, amanhã irá nascer. Essa probabilidade pode não ocorrer, porque
só podemos ter conhecimento por experiência, e não temos experiência do futuro
a não ser que façamos um raciocínio indutivo.
27. “O fogo é causa do fumo, logo sempre que há fogo, há fumo” Para Hume esta afirmação não está justificada, logo não é conhecimento. Porquê?
a) Não há nenhuma impressão de conexão causal; isto é de uma conexão necessária entre dois fenómenos como o fogo e o fumo. As impressões que nos são dadas são de contiguidade no espaço, prioridade temporal e conjunção constante.
b) A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e contiguidade no espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente juntos, e quanto mais isso acontece mais forte é a crença que um não pode existir sem o outro, isto é, que um é causa do outro.
c) Esta crença a que
chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada nem
empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer
impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou
conexão necessária”, a relação é formada na mente fruto do hábito e
do costume. Não é um conhecimento mas uma crença subjetiva.
d) Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é apriori (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para concluir, não
uma justificação empírica nem racional para uma conexão necessária entre dois
fenómenos, ela é apenas fruto do costume, um hábito psicológico, logo não é um
conhecimento objetivo.
28. Relacione as teorias empirista e racionalista em
relação aos seguintes tópicos: Deus, Ideias inatas, possibilidade do
conhecimento.
29. Defenda uma posição pessoal em relação a este
problema: Qual a origem do conhecimento? Na sua resposta tenha em conta a
afirmação de uma posição e a apresentação de uma razão para justificar a
posição tomada.
A teoria racionalista
defendida por Descartes, fundamenta o conhecimento na razão e na capacidade
desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e dedutiva sem
recorrer à experiência - ideias inatas.
Quanto ao Empirismo rejeita
as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a
priori" do mundo (é apenas um conhecimento racional e revela o
modo com a razão funciona) Defende a tese de que nada existe na
mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento sobre o
mundo tem origem na experiência é, portanto, “a posteriori”.
Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que
se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a
mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstração e
generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as
sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os
empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois
as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao
conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências
que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um
conhecimento
30. Compare as perspetivas de
Descartes e de Hume acerca da origem da ideia de Deus:
‒ Descartes afirma que «o
pensamento de alguma coisa de mais perfeito do que o eu [...]
se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou seja,
que a ideia de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como ele
(porque duvidar é uma imperfeição, e ele duvida) e que Deus é uma substância
independente do pensamento (substância divina);‒ Hume, em contrapartida, afirma
que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas «de uma
sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma ideia
composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples
provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes, a
ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume
considera que a ideia de Deus tem origem empírica, fruto da imaginação e não
corresponde a uma entidade independente do pensamento.
31. Qual o fundamento do conhecimento para Hume e Descartes?
O racionalismo fundamenta
as ideias claras e distintas na existência de um Deus não enganador, essas
ideias são verdades evidentes e inquestionáveis , logo é possível um
conhecimento do mundo com certezas (dogmatismo), enquanto para Hume todo o
conhecimento do mundo sendo obtido por indução é apenas provável, não
conseguindo fundamentar o conhecimento em crenças indubitáveis, e sendo crítico
acerca dos limites que podemos encontrar para justificar as nossas crenças –
ceticismo moderado.
32. Porque é a filosofia de Hume considerada um ceticismo moderado?
Porque apesar das nossas
crenças sobre o mundo não terem uma justificação nem lógica nem empírica
infalível, não abandonamos essas crenças porque elas são o produto do hábito
que é, para Hume, o verdadeiro guia do conhecimento.
33. Escolha a opção correta:
1. Hume não ultrapassa o ceticismo porque:
(A) Não encontra uma forma infalível
de justificar as nossas crenças sobre o mundo.
(B) Não encontra fundamentos para a existência de
Deus.
(C) Admite a possibilidade de uma dúvida radical.
(D) Hume não é cético.
2. Considere os seguintes enunciados relativos à
comparação entre as teorias do conhecimento de Descartes e de David Hume.
1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata.
2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência.
3. Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não ser indubitável.
4. Os dois autores
defendem que não há conhecimento sem experiência.
Deve afirmar-se que
(A) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos.
(B) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.
(C) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são
incorretos.
(D) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto.
5. De acordo com Hume, a impressão que
origina a ideia de causa/efeito
(A) é a sucessão constante entre
dois factos
(B) é a razão e o raciocínio.
(C) é uma ideia complexa fruto da imaginação.
(D) é a impressão de conexão necessária.
6. A relação causa/efeito tem origem:
(A) Num costume ou hábito fruto da
repetição.
(B) Numa conexão necessária entre factos.
(C) Nas impressões sensíveis.
(D) Na razão: é uma relação “a priori”.
34. Tendo em conta que «o Sol não vai
nascer amanhã não é uma proposição menos inteligível nem implica maior
contradição do que a afirmação de que ele vai nascer», como explica Hume que
estejamos convencidos de que o Sol vai nascer amanhã?
O Sol vai nascer amanhã é
uma previsão e representa um conhecimento de facto. A resposta integra os
aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Apresentação do problema da
indução: – a indução não está justificada, uma vez que a tentativa de a
justificar por meio da experiência é circular (OU a tentativa de a justificar
por meio do raciocínio indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo,
que, precisamente, necessita de justificação).Portanto, saber que o Sol vai
nascer amanhã é uma previsão e como tal baseia-se no que aconteceu no passado,
faz-se uma generalização indutiva, se até agora o sol sempre nasceu, amanhã irá
nascer. Essa probabilidade pode não ocorrer, porque só podemos ter conhecimento
por experiência, e não temos experiência do futuro a não ser que façamos um
raciocínio indutivo.
Este problema ficou
conhecido como o problema da indução. Consiste em demonstrar que a crença na
indução não está justificada porque ultrapassa a experiência e a razão, isto é,
não pode ser justificada nem empiricamente nem racionalmente. Acreditamos que a
natureza é uniforme e, por isso acreditamos que aquilo que aconteceu de uma
determinada maneira irá acontecer do mesmo modo no futuro. Esse é o pressuposto
que garante as nossas generalizações futuras, mas esse pressuposto já resulta
ele próprio de uma generalização e de uma previsão, isto é, aquilo que garante
a validade de uma indução é conseguido através da indução, utiliza-se o mesmo
processo para validar algo que devia ser validado por um outro conhecimento
onde se pudesse fundar. Há assim um raciocínio falacioso, uma
petição de princípio.
35. “Onde há fumo há sempre fogo” Para
Hume esta afirmação não está justificada, logo não é conhecimento. Porquê?
(Explicite o problema da relação de causa-efeito).
Não há nenhuma impressão de conexão causal; isto é de uma conexão necessária entre dois fenómenos como o fogo e o fumo. As impressões que nos são dadas são de contiguidade no espaço, prioridade temporal e conjunção constante.
A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e contiguidade no espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente juntos, e quanto mais isso acontece mais forte é a crença que um não pode existir sem o outro, isto é, que um é causa do outro.
Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária”, a relação é formada na mente fruto do hábito e do costume. Não é um conhecimento mas uma crença subjetiva.
Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo nenhum é apriori (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para concluir, não
uma justificação empírica nem racional para uma conexão necessária entre dois
fenómenos, ela é apenas fruto do costume, um hábito psicológico, logo não é um
conhecimento objetivo.
Leia o texto A
1. Explicite a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por Descartes».
2. Distinga, no que respeita à fundamentação do conhecimento, a perspetiva racionalista de Descartes da perspetiva empirista de Hume.
Leia o texto B
Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, pp. 35-36 (adaptado)
1. Explicite as razões usadas no texto para defender que a origem de todas as nossas ideias reside nas impressões dos sentidos.
2. Concordaria Descartes com a tese segundo a qual «todas as nossas ideias […] são cópias das nossas impressões»?
Justifique a sua resposta
4. Explicitação das razões usadas no texto:
– se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, os cegos e os surdos seriam capazes de formar ideias das cores e dos sons, respetivamente;
– os cegos e os surdos são incapazes de formar ideias das cores e dos sons, respetivamente.
OU
– se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, as pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo tipo de sensações poderiam, ainda assim, ter as ideias correspondentes;
– as pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo tipo de sensações não podem ter as ideias correspondentes.
5. Identificação da posição de Descartes:
– Descartes não concordaria com a tese apresentada.
Justificação:
– temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos, como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode ser o próprio ato de pensar;
– temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos sentidos
Leia o texto C de Hume e o texto D de Descartes
A geometria ajuda-nos a aplicar leis do movimento, oferecendo-nos as dimensões corretas de todas as partes e grandezas que podem participar em qualquer espécie de máquina, mas apesar disso a descoberta das próprias leis continua a dever-se simplesmente à experiência […]. Quando raciocinamos a priori, considerando um objeto ou causa apenas tal como aparece à mente, independentemente de qualquer observação, ele jamais poderá sugerir-nos a ideia de qualquer objeto distinto, tal como o seu efeito, e muito menos mostrar-nos a conexão inseparável e inviolável que existe entre eles.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 46-47 (texto adaptado).
As coisas corpóreas podem não existir de um modo que corresponda exatamente ao que delas percebo pelos sentidos, porque, em muitos casos, a perceção dos sentidos é muito obscura e confusa; mas, pelo menos, existem nelas todas as propriedades que entendo clara e distintamente, isto é, todas aquelas que, vistas em termos gerais, estão compreendidas no objeto da matemática pura.
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Livraria Almedina, 1985, p. 210 (texto adaptado).
1. Haverá conhecimento a priori do mundo? Confronte as respostas de Hume e de Descartes a esta questão
Leia o texto E
“[…] Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou sublimes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto àquelas ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes dessa origem, constata-se, após um exame mais apurado, que dela são derivadas.
A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.”
4. Segundo David Hume podemos considerar o cogito um conhecimento a priori? Justifique.
Leia o texto F
Todas as ideias são copiadas de impressões ou de sentimentos precedentes e, onde não pudermos encontrar impressão alguma, podemos ter a certeza de que não há qualquer ideia. Em todos os exemplos singulares das operações de corpos ou mentes, não há nada que produza qualquer impressão e, consequentemente, nada que possa sugerir qualquer ideia de poder ou conexão necessária. Mas quando aparecem muitos casos uniformes, e o mesmo objeto é sempre seguido pelo mesmo evento, começamos a ter a noção de causa e de conexão.
Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano
1. A partir do texto, exponha a tese empirista de Hume sobre a origem da ideia de conexão causal. Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
Comente as seguintes afirmações:
O modelo de conhecimento verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático porque tem necessidade lógica e validade universal. Os filósofos racionalistas defendem a possibilidade de um conhecimento substancial sobre o mundo completamente “a priori”.
Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a priori" do mundo (é apenas um conhecimento racional e revela o modo com a razão funciona) Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento sobre o mundo tem origem na experiência é, portanto, “a posteriori”. Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstração e generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um conhecimento.
34. Leia o seguinte texto e responda às questões:
“A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.” Significa que a ideia de Deus é uma ideia complexa fruto da imaginação que associa ideias simples e com elas origina uma nova ideia, ideia complexa que por estar afastada das impressões é obscura e não corresponde a algo do qual possamos ter uma impressão, nesse aspeto Deus resulta da composição e liberdade do nosso pensamento e não a algo que possamos atribuir uma existência de facto(conteúdo factual).
1. Explicite, a partir do texto, a origem da ideia de Deus na filosofia de Hume.
2. Confronte as ideias expressas no texto de Hume com o racionalismo de Descartes. Na sua resposta, deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes aspetos:−−inatismo;−−valor da ideia de Deus.
35. Comparação das posições de Descartes e de Hume sobre a importância do conhecimento a priori
Hume defende que o conhecimento a priori estabelece relações de ideias (ou relações entre conceitos), ao passo que Descartes defende que algum conhecimento a priori é acerca do mundo;
Hume considera que o conhecimento a priori não tem importância como meio para descobrir o mundo – com esse tipo de conhecimento, «não aprendemos nada de substancial acerca do mundo» –, ao passo que Descartes defende que o conhecimento do mundo mais importante é a priori e parte de ideias inatas à razão, fundamentais para sabermos a verdade, servem-nos de guia para poder distinguir o verdadeiro do falso e são o fundamento de todo o conhecimento. Hume como empirista, rejeita a existência de ideias inatas pois faz depender a origem das ideias das impressões sensíveis resultantes da experiência.
Os empiristas, como Hume, consideram que as verdades conhecidas a priori são «não-instrutivas», ou seja, não são informativas (ou não têm conteúdo factual), "jamais poderá sugerir-nos a ideia de qualquer objeto distinto", ao passo que os racionalistas, como Descartes, consideram que as verdades conhecidas a priori são certas (ou evidentes, ou claras e distintas), são aspetos fundamentais do mundo e delas se deduzem outras verdades acerca do mundo.
36. Comparação das perspetivas de Descartes e de Hume acerca da origem da ideia de Deus:
‒ Descartes afirma que «o pensamento de alguma coisa de mais perfeito do que o eu [...] se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou seja, que a ideia de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como ele (porque duvidar é uma imperfeição, e ele duvida) e que Deus é uma substância independente do pensamento (substância divina);‒ Hume, em contrapartida, afirma que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas «de uma sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma ideia composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes, a ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume considera que a ideia de Deus tem origem empírica, fruto da imaginação e não corresponde a uma entidade independente do pensamento.
B - O apriorismo de Kant
Leia os seguintes textos e responda às questões:
TEXTO A
" O nosso conhecimento provém de duas fontes fundamentais do espírito, das quais a primeira consiste em receber as representações (a receptividade das impressões) e a segunda é a capacidade de conhecer um objecto mediante estas representações (espontaneidade dos conceitos); pela primeira é-nos dado um objecto; pela segunda é pensado em relação com aquela representação (como simples determinação do espírito). Intuição e conceitos constituem, pois os elementos de todo o nosso conhecimento, de tal modo que nem conceitos sem intuição que de qualquer modo lhes corresponda, nem uma intuição sem conceitos podem dar conhecimento.
Ambos estes elementos são puros ou empíricos. Empíricos, quando a sensação (que pressupõe a presença real do objecto) está neles contida; puros, quando nenhuma sensação se mistura à representação. A sensação pode chamar-se matéria do conhecimento sensível. Daí que a intuição pura contenha unicamente a forma sob a qual algo é intuído e o conceito puro somente a forma do pensamento de um objecto em geral.
Se chamamos sensibilidade à receptividade do nosso espírito em receber representações na medida em que de algum modo é afectado, o entendimento é, em contrapartida, a capacidade de produzir representações ou a espontaneidade do conhecimento."
Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura, Edição Fundação Calouste Gulbenkian,Lisboa 1985
TEXTO B
"Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com efeito, como haveria de exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações, e de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina experiência? No tempo, pois, nenhum conhecimento precede a experiência, todos começam por ela. Mas se é verdade que os conhecimentos derivam da experiência, alguns há, no entanto, que não têm essa origem exclusiva, pois poderemos admitir que o nosso conhecimento empírico seja um composto daquilo que recebemos das impressões e daquilo que a nossa faculdade cognoscitiva lhe adiciona (estimulada somente pelas impressões dos sentidos); aditamento que propriamente não distinguimos senão mediante uma longa prática que nos habilite a separar esses dois elementos."
Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura, Edição Fundação Calouste Gulbenkian,Lisboa 1985
- Quais as fontes do conhecimento para Kant?
- Defina as suas funções.
- De que é resultado o conhecimento em Kant?
- Distinga matéria e forma do conhecimento.
- Porque concorda Kant com os empiristas?
- Porque concorda Kant com os racionalistas?
- Qual o papel da razão em Kant?
- Quais as ideias da Razão?
- O que se pode conhecer, segundo Kant?
- Porque é o númeno incognoscível?
C - O estatuto do conhecimento cientifico
- Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
"A ciência, a filosofia, o pensamento racional, todos devem partir do senso comum.
Não, talvez, por ser o senso comum um ponto de partida seguro: a expressão "senso comum" que estou aqui a usar é muito vaga, simplesmente porque denota uma coisa vaga e mutável - os instintos, ou opiniões de muitas pessoas, às vezes adequados ou verdadeiros e às vezes inadequados ou falsos.
Como nos pode fornecer um ponto de partida uma coisa tão vaga e insegura como o senso comum? A minha resposta é: porque não pretendemos nem tentamos construir (...) um sistema seguro sobre esses "alicerces". Qualquer das nossas muitas suposições de senso comum (...) da qual partamos pode ser contestada e criticada a qualquer tempo; frequentemente, tal suposição é criticada com êxito e rejeitada (por exemplo, a teoria de que a Terra é plana). Em tal caso, o senso comum é modificado pela correcção, ou é transcendido e substituído por uma teoria que, por menor ou maior período de tempo, pode parecer a certas pessoas como mais ou menos "maluca" (...). Toda a ciência e toda a filosofia são senso comum esclarecido. (...)
A minha primeira tese é, pois, que o nosso ponto de partida é o senso comum e que o nosso grande instrumento para progredir é a crítica".
K. Popper (1975), Conhecimento Objectivo, Belo Horizonte, Editora da Universidade de S. Paulo e Itatiaia Limitada, p. 42.
• Gaston Bachelard, pelo contrário, considera o senso comum um obstáculo epistemológico, algo que impede a produção de conhecimento científico e com o qual é necessário fazer um corte epistemológico.
"A ciência, na sua necessidade de realização como no seu princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se lhe acontece, num aspecto particular, legitimar a opinião, é por outras razões que não aquelas que fundamentam a opinião; de tal maneira que a opinião não tem de direito qualquer razão. A opinião pensa mal; ela não pensa: ela traduz necessidades em conhecimentos. Designando os objectos pela sua utilidade, ela interdiz-se de os conhecer. Nada se pode fundar sobre a opinião: é necessário primeiro destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a superar. Não bastará, por exemplo, rectificá-la em pontos particulares, mantendo, como uma espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provisório. O espírito científico interdiz-nos de ter uma opinião sobre questões que não compreendemos, sobre questões que nós não sabemos formular claramente".
G. Bachelard (1996), La Formation de l'Esprit Scientifique, Paris, J. Vrin, p. 14.
peço por favor que partilhe as respostas das perguntas sobre o primeiro texto, muito obrigada!
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