Lógica Proposicional: Inspector de Circunstâncias
E
quando é que um argumento é inválido?
Numa
circunstância em que a ou as premissas seja(m) verdadeira(s) e a conclusão
falsa.
Exemplos de argumentos:
Exemplo
1
A relva é amarela e as nuvens cor-de-rosa
Logo,
a relva é amarela
Este argumento tem uma
premissa apenas e uma conclusão. Sabemos que a premissa é falsa, a conclusão
também e o argumento é válido.
Intuitivamente sem recurso a um inspetor compreendemos a validade do argumento.
Exemplo
2
Se Deus existe, a vida faz sentido
A
vida faz sentido
Logo,
Deus existe
Que
dizer deste argumento?
Em princípio um crente
aceitará a primeira premissa, mesmo que não seja estritamente necessário que a
aceite para justificar a sua crença. Será o argumento dedutivamente válido?
Tudo o que há a fazer é inspecionar as circunstâncias em que ocorre verdade e
falsidade nas premissas do argumento. Temos de testar pelo inspetor todas as
circunstâncias possíveis.
Utilizando o dicionário,
obtemos:
Deus existe – p
A
vida faz sentido – q
(O dicionário consiste
em traduzir cada uma das diferentes proposições que compõem o argumento em
variáveis proposicionais, normalmente expressas em
p, q,
r.)
De seguida, formalizamos
o argumento:
Se p então q
q
Logo,
p
O argumento na tabela,
se usarmos corretamente simbologia lógica convencionada, deverá constar assim:
p →
q, q ╞ p
Para p e q existem
quatro variações de verdade. Ou ambos são falsos, ou ambos são verdadeiros. Ou
p é verdadeiro e q falso, ou o contrário. Existem mais? Não.
Fazemos então uma tabela
onde dispomos estas variações:
P |
Q |
Premissa1 Se P então Q |
Premissa2 Q |
Conclusão Logo P |
Circunstancias |
V |
V |
V |
V |
V |
Primeira |
V |
F |
F |
F |
V |
Segunda |
F |
V |
V |
V |
F |
Terceira |
F |
F |
V |
F |
F |
Quarta |
|
|
|
|
|
|
O que
é que observamos no inspetor?
Assim, na primeira
circunstância, em que p é verdadeiro e q é verdadeiro, a primeira premissa é
verdadeira, a segunda também e a conclusão também. Ou seja, passa o teste da
validade. Lemos então assim: se for verdade que Deus existe e se for verdade
que a vida faz sentido, então também é verdade que Deus existe na conclusão e o
argumento é dedutivamente válido.
Se olharmos para a 3.ª
circunstância, o que é que acontece?
Se for falso que Deus
existe (p) mas verdadeiro que a vida tem sentido (q); e se afirmarmos na
premissa a consequente (q) e na conclusão a antecedente (p), então, as
premissas do argumento são ambas verdadeiras e a conclusão falsa.
Ora, se atendermos à
regra da validade dedutiva, verificamos que esta é violada.
Conclusão: os inspetores
são uma boa ferramenta para avaliar muitos argumentos.
Rolando Almeida
(Texto
adaptado)
(P˄¬Q)→R
(P˄¬Q)
∴R
Para construir a tabela do inspetor de circunstâncias deste argumento, precisamos de colocar as variáveis proposicionais (P, Q e R) e depois mais três colunas: duas para as premissas e uma para conclusão antecedida pelo símbolo ∴
Na tabela do inspetor de circunstâncias, não vamos calcular o valor da formula final, mas antes de cada uma das premissa e a respetiva conclusão.
Em cada coluna vamos realizar os cálculos lógicos necessários até atingirmos os valores da fórmula proposicional que constitui cada premissa e a conclusão. Neste caso, a conclusão é o mais fácil, pois consiste apenas na variável R e, assim, basta repetir os valores de R.
P | Q | R | (P˄ ¬Q) →R
| (P˄¬Q)
| ∴R
| ||
V | V | V | F | F | V | F | V |
V | V | F | F | F | V | F | F |
V | F | V | V | V | V | V | V |
V | F | F | V | V | F | V | F |
F | V | V | F | F | V | F | V |
F | V | F | F | F | V | F | F |
F | F | V | F | V | V | F | V |
F | F | F | F | V | V | F | F |
1º Lugar | 4º Lugar * | 3º Lugar | 5º Lugar | 6º Lugar * | 2º Lugar |
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