Os Argumentos
GRUPO I - Argumentos
O que é um argumento?
Um argumento é um conjunto de afirmações encadeadas das quais pelo menos uma (a premissa) pretende oferecer razões para mostrar que a outra (a conclusão) é verdadeira.
Como é constituído um argumento?
Um argumento é compostos por proposições: várias premissas e uma conclusão.
O que é uma conclusão?
A conclusão é aquela afirmação no argumento que apresenta ou expõe uma ideia ou opinião que se quer defender.
O que é uma premissa?
Para que tenhamos um argumento não basta uma conclusão, é necessário que, além de uma conclusão, tenhamos as chamadas premissas, que são afirmações que têm como função justificar, sustentar, defender, dizer o porquê da conclusão. Um argumento possui sempre uma conclusão e uma ou mais premissas.
O que é necessário para existir um argumento?Num argumento há várias proposições: premissas e conclusões. Além disso, é fundamental que elas estejam relacionadas e a conclusão seja inferida das premissas. E inferir aqui nada mais é do que concluir uma afirmação de outra.
Para termos um argumento, do ponto de vista lógico, é importante termos premissas e conclusão e estar claro que a pessoa que fez a afirmação fez uma inferência, ou seja, quis justificar a conclusão usando as premissas.
Quais os Indicadores de premissas e de conclusão?
A linguagem possui várias expressões que são indicadores de conclusão e premissas. É importante conhecer algumas, tanto para ser capaz de identificar o que são premissas e conclusões em um argumento como para, ao escrever ou falar, tornar mais claro o que se pretende dizer. Veja alguns exemplos de indicadores de conclusão e premissas:
Indicadores de Premissas | Indicadores de conclusão |
se pois porque dado que como foi dito visto que devido a a razão é que admitindo que sabendo-se que assumindo que … | por isso por conseguinte implica que logo portanto então daí que segue-se que pode-se inferir que consequentemente verifica-se …. |
Será o exemplo seguinte um argumento?
"As fortunas dos multimilionários do setor da alimentação e da energia cresceram 453 mil milhões de dólares (422 mil milhões de euros), nos últimos dois anos, devido ao aumento dos preços da energia e de bens de referência, como cereais, carvão, ouro, açúcar, petróleo e gás natural, durante a pandemia e desde o início da guerra na Ucrânia, há três meses. A conclusão é do mais recente relatório da Oxfam, confederação de várias organizações, a atuar em mais de 90 países para colmatar problemas de pobreza, desigualdade e injustiça social".
https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2022-05-24-ricos-estao-cada-vez-mais-ricos-2/
NÃO! A afirmação acima possui apenas um relato, uma descrição e portanto não há argumento.
E este?
Os ratos são mamíferos e possuem um sistema nervoso que inclui um cérebro desenvolvido. Os humanos, assim como os ratos, também são mamíferos que possuem um sistema nervoso que inclui um cérebro desenvolvido. Quando exposto ao Agente Nervoso 274, 90% dos ratos morreram. Portanto, se expostos ao Agente Nervoso 274, 90% dos humanos morrerão.
SIM. É um exemplo claro de argumento. A última frase começa com “portanto”, o que mostra que uma conclusão está sendo tirada das afirmações anteriores, que funcionam como premissas.
GRUPO II - Argumentos e Premissas
Um argumento pode ter
uma ou mais premissas, mas só pode ter uma conclusão.
Exemplos de argumentos com uma só premissa
Exemplo 1
Premissa: Todos os portugueses são europeus.
Conclusão: Logo, alguns europeus são portugueses.
Exemplo 2
Premissa: O João e o José são alunos do 11.º ano.
Conclusão: Logo, o João é aluno do 11.º ano.
Um argumento ao qual falta uma ou mais Premissas
designa-se Entimema.
Exemplos de argumentos com duas premissas
Exemplo 1
Premissa 1: Se o João é um aluno do 11.º ano, então estuda filosofia.
Premissa 2: O João é um aluno do 11.º ano.
Conclusão: Logo, o João estuda filosofia.
Exemplo 2
Premissa 1: Se não houvesse vida para além da morte, então a vida não faria
sentido.
Premissa 2: Mas a vida faz sentido.
Conclusão: Logo, há vida para além da morte.
Exemplo 3:
Premissa 1: Todos os minhotos são portugueses.
Premissa 2: Todos os portugueses são europeus.
Conclusão: Todos os minhotos são europeus.
GRUPO III - Argumentos na forma padrão
O que é a forma padrão ou forma canónica?
Forma padrão ou forma canónica: é o modo estabelecido
para apresentar o argumento, enunciando primeiro as premissas e a seguir a
conclusão.
Como se faz?
1. Enunciar
a conclusão em primeiro lugar
“O ensino deve privilegiar o
desenvolvimento de competências, uma vez que, hoje em dia, o conhecimento está
disponível on-line e os cidadãos só precisam de saber
procurá-lo, selecioná-lo e fazer a sua apropriação pessoal”
Forma canónica ou padrão
Premissas:
O conhecimento está disponível on-line.
Os cidadãos só precisam de saber procurar,
seleccionar e fazer a sua apropriação.
Conclusão:
Logo, o ensino deve privilegiar o
desenvolvimento de competências.
2. Enunciar
a conclusão entre as premissas
“ A minha irmã adora cinema, por isso
tenho a certeza de que vai gostar do Matrix, dado que não há apreciador de
cinema que não goste do Matrix”.
Forma canónica ou padrão
Premissas:
Todos os apreciadores de cinema gostam do
Matrix.
A minha irmã adora cinema.
Conclusão:
Logo, a minha irmã vai gostar do Matrix
GRUPO IV - Formalização de Argumentos
Para formalizarmos um argumento, devemos identificar as premissas e a conclusão, separá-las e formalizar cada uma de acordo com os operadores lógicos.
A formalização de proposições requer a construção de um dicionário, a
partir do qual se podem interpretar os enunciados da linguagem natural e
traduzi-los para a linguagem formalizada e vice-versa.
Que passos seguir?
1.º Representar canonicamente a proposição ou o argumento em análise.
2.º Construir um dicionário que torne claro quais são as variáveis
proposicionais que abreviam as proposições simples ou elementares.
3.º Uma vez
feito o dicionário, formalizar em linguagem lógica (isto é, com as conectivas e
as variáveis proposicionais) a proposição ou argumento
1. Exemplo:
“Se chover, então não vou à praia; chove, logo, não irei à praia”
Dicionário:
P - Chove
Q - Vou à praia
Formalização
“Se chover, então não vou à praia; chove, logo, não irei à praia”
P → ¬Q
P
∴¬Q2. Exemplo:
Caso tudo esteja determinado, não há livre-arbítrio. Se não há livre-arbítrio, o homem não é responsável pelas suas ações. Mas, há livre-arbítrio. Logo, o homem é responsável pelas suas ações.
Dicionário:
P = Tudo está determinado.
Q = Há livre-arbítrio.
R = O homem é responsável pelas suas ações.
Formalização:
P → ¬Q
¬Q → ¬R
Q
∴ R
P = Tudo está determinado.
Q = Há livre-arbítrio.
R = O homem é responsável pelas suas ações.
P → ¬Q
¬Q → ¬R
Q
∴ R
GRUPO V - Validade dos Argumentos
Para determinar
a validade de um desses argumentos, constrói-se uma tabela de verdade que
mostre os valores de verdade de cada uma das premissas e da conclusão em todos
os casos possíveis.
A validade é,
assim, uma propriedade ou característica dos argumentos como um todo, e não das
premissas nem da conclusão.
Num argumento
válido: - é impossível todas as premissas serem verdadeiras e a conclusão
falsa, simultaneamente.
Basta uma única
circunstancia ou linha em que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão
falsa, para o argumento ser inválido.
1. Será este argumento válido?
Vou à escola se e só se tiver alunos mas então não almoço em casa.
Dicionário:
P = Vou à escola
Q = Tenho alunos
R = Almoçar em casa.
Formalização:
P = Vou à escola
Q = Tenho alunos
R = Almoçar em casa.
(P ↔ Q) → ¬R
P ∧ Q
∴ P ∨ R
Pode ser representado pela seguinte sequência:
(P ↔ Q) → ¬R, P ∧ Q ∴ P ∨ R
em que a vírgula distingue as premissas entre si e o símbolo ∴ indica que a expressão à direita é a conclusão.
Vejamos que aspecto assume o inspetor de circunstâncias e o que nos diz sobre a validade do argumento:
P Q R (P ↔ ¬Q) → ¬R P ∧Q ∴ P ∨ R V V V V F F V F V V V V F V F F V V V V V F V V V V F F F V V F F V V V V V F V F V V F V F V F F V F V F F V F V V F F F F V F F V F F F V F F F F F V V V F F
2. Será este argumento válido?
(P ↔ Q) → ¬R
P ∧ Q
∴ P ∨ R
(P ↔ Q) → ¬R, P ∧ Q ∴ P ∨ R
Caso tudo esteja determinado, não há livre-arbítrio. Se não há livre-arbítrio, o homem não é responsável pelas suas ações. Mas, há livre-arbítrio. Logo, o homem é responsável pelas suas ações.
Dicionário:
P = Tudo está determinado.
Q = Há livre-arbítrio.
R = O homem é responsável pelas suas ações.
Formalização:
P → ¬Q
¬Q → ¬R
Q
∴ R
Inspector de circunstâncias:
P Q R P → ¬Q ¬Q → ¬R Q ∴ R V V V V F F F V F V V V V F V F F F V V V F V F V V V V V F F F V V F F V V V V V V F F F V V F V F F V F V V F V F F V F F V V V F F F V F V V V F F F V F F F F V V V V V F F
F
P = Tudo está determinado.
Q = Há livre-arbítrio.
R = O homem é responsável pelas suas ações.
P → ¬Q
¬Q → ¬R
Q
∴ R
F
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