terça-feira, 8 de outubro de 2013

Raciocínio




            O Raciocínio e o argumento

C- Raciocínio 

 Os raciocínios são relações entre juízos. pelo que podemos considerar que o raciocínio é uma operação racional que consiste na obtenção de um conhecimento novo (conclusão), a partir de conhecimentos previamente adquiridos (premissas), que não poderiam ser alcançados de outra forma com o mesmo grau de consistência.

À expressão material de um raciocínio chamamos argumento



Dedução, Indução e Analogia


Tradicionalmente os argumentos são divididos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos. Sendo que a analogia constitui apenas uma forma de indução.
                                    
a) Dedução

Dedução vem do latim de-ducere, que significa "conduzir a partir de", sendo assim, em um argumento dedutivo correto a conclusão é inferida necessariamente das suas premissas. O que está dito na conclusão é extraído das premissas, pois já está implícito nelas, sem exceder o conteúdo das premissas, isto é, a conclusão não diz nada além do que já dito antes, nas premissas.
A matemática usa predominantemente processos dedutivos de raciocínio. A proposição matemática é demonstrada quando a deduzimos de proposições já admitidas como verdadeiras, quando fazemos ver que a conclusão decorre necessariamente das proposições colocadas anteriormente. Mas a dedução matemática não se confunde com a dedução lógica, pois a matemática manipula símbolos capazes de se transformarem uns nos outros, ou de se substituírem. revelando relações sempre imprevistas, o que torna a dedução matemática mais fecunda.
O mesmo não acontece com a dedução lógica, chamada por Aristóteles de silogismo, que significa "ligação": é a ligação de dois termos por meio de um terceiro.
Assim, quando dizemos: "Todos os homens são mortais / Sócrates é homem / Logo Sócrates é mortal.", a conclusão é necessária porque deriva das premissas.
Podemos ainda dizer que o silogismo é um raciocínio que parte de uma proposição geral e conclui outra proposição geral (que também pode ser particular).
Uma proposição é geral quando o sujeito da proposição é tomado na sua totalidade. Por exemplo: "Toda baleia é mamífero".
É preciso prestar atenção, pois às vezes usamos apenas o artigo definido (o, a) para indicar a totalidade: "O homem é livre". Observe também que não importa se nos referimos a uma parte de outra totalidade; se na proposição tomamos todos os elementos que a constituem. Trata-se de uma proposição geral. Na proposição "Os paulistas são sul-americanos", não importa que os paulistas sejam uma parte dos brasileiros, mas que nesse caso estamos nos referindo à totalidade dos paulistas.
Uma proposição é particular quando o sujeito da proposição é tomado em apenas uma parte indeterminada: "Alguns homens são injustos": "Certas pessoas são curiosas". Uma proposição particular pode ser singular quando o sujeito se refere a um individuo: "Esta flor é bonita"; "São Paulo é uma bela cidade"; "Mário é estudante".
 Nos exemplos a seguir, a primeira dedução tem conclusão geral; e no segundo caso, a conclusão é particular:

Todo brasileiro é sul americano                                                                                                
Todo paulista é brasileiro.
Todo paulista é sul-americano.

Todo brasileiro é sul-americano.
Algum brasileiro é índio.
Algum índio é sul-americano.

É verdade que a dedução é um modelo de rigor. Mas também é estéril, na medida em que não nos ensina nada de novo, apenas organiza o conhecimento já adquirido. Portanto, ela não inova, o que não significa que a dedução não tenha valor algum.  Condillac, filósofo francês do século XVIII, compara a lógica aos parapeitos das pontes: "impedem-nos de cair, mas não nos fazem ir adiante".

b) Indução

Indução é uma argumentação na qual, a partir de dados singulares suficientemente enumerados, chegamos a proposições universais, inferimos uma verdade universal. Enquanto na dedução a conclusão deriva de verdades universais já conhecidas, partindo portanto do plano do inteligível, a indução, ao contrario, chega a uma conclusão a partir da experiência sensível,  dos dados particulares. Exemplos:
                                                                                                                                                                    
Esta porção de água ferve a cem graus, e esta outra, e esta outra...; logo, a água ferve a cem graus.

O cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, e o ferro, e o zinco, e a prata também...; logo, o metal (isto é, todo metal) é condutor de eletricidade.

Diferentemente do argumento dedutivo, o conteúdo da conclusão da indução excede o das premissas. Ou seja, enquanto a conclusão da dedução está contida nas premissas, e retira daí sua validade, a conclusão da indução tem apenas probabilidade de ser correta. Portanto, segundo Wesley Salmon, "podemos afirmar que as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem certa verossimilhança à sua conclusão".
Apesar da aparente fragilidade da indução, que não possui o rigor do raciocínio dedutivo, trata-se de uma forma muito fecunda de pensar, sendo responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciências experimentais. Além disso, todas as previsões que fazemos para o futuro têm base na indução, ou seja, no raciocínio que, baseado em alguns casos da experiência presente, nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde.
Cabe ao lógico examinar as condições favoráveis para considerar se a indução é correta, isto     é, se pertence a um tipo de argumento em que a maioria das premissas são verdadeiras e têm condições de aumentar a probabilidade de acerto. Há vários tipos de indução, e aqui vamos examinar alguns.
Existe indução completa quando há condições de serem examinados cada um dos elementos de um conjunto:
A vista, o tato, o ouvido, o gosto, o olfato (que chamamos órgãos dos sentidos) têm um órgão corpóreo. Portanto, todo sentido tem um órgão corpóreo.
                                                                                              
No entanto, o caso mais comum é o da indução incompleta, ou indução por enumeração, em que são observados alguns elementos, do quais se conclui a totalidade. A generalização indutiva é precária quando se faz apressadamente e sem critérios. É preciso examinar se a amostragem é significativa e se existe um número suficiente de casos que permitam a passagem do particular para o geral.
Ao fazer a prévia eleitoral, um instituto de pesquisa consulta amostras significativas dos diversos segmentos sociais, segundo metodologia científica. Ao considerar que dentre os eleitores da amostra 25% votará no candidato X, e 10% no Y, conclui-se que a totalidade dos eleitores votará segundo a mesma proporção.
Outro tipo comum de raciocínio indutivo é o chamado argumento de autoridade. Na vida diária fazemos inúmeras induções baseadas nas afirmações de pessoas que respeitamos. Se vamos ao médico e atendemos às prescrições feitas, é porque partimos do pressuposto de que aquele profissional já deve ter realizado esses procedimentos inúmeras vezes com sucesso e que portanto no nosso caso também acertará o diagnóstico. Quando consultamos um livro sobre determinado assunto, escolhemos um autor digno de confiança que em outras circunstâncias já se manifestou satisfatoriamente sobre a questão.
É evidente que o argumento de autoridade pode levar a enganos, não só àqueles referentes à própria natureza da indução, mas também a outros que serão examinados no item das Falácias.


c) Analogia

Embora a analogia seja um caso de indução, vamos analisá-la separadamente por ter certas características específicas.
Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita, na qual passamos de um ou de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas a uma outra enunciação singular ou particular, inferida em virtude da comparação entre objetos que, embora diferentes, apresentam pontos de semelhança:
Paulo sarou de suas dores de cabeça com este remédio.
Logo, João há de sarar de suas dores de cabeça com este mesmo remédio.
É claro que o raciocínio por semelhança fornece apenas uma probabilidade, não uma certeza. Mas desempenha papel importante na descoberta ou na invenção.
Grande parte de nossas conclusões diárias baseia-se na analogia. Se lermos um bom livro de Graciliano Ramos, provavelmente compraremos outro do mesmo autor, na suposição de que deverá ser bom também. Se formos bem atendidos numa loja, voltaremos da próxima vez, na expectativa de tratamento semelhante. Da mesma forma, se formos mal atendidos, evitaremos retornar.
Quando as explicações de um determinado fato nos parecem complexas, costumamos recorrer a comparações, que na verdade são analogias: "Quem não está habituado a ler, sofre como nadador iniciante, engole água e perde o fôlego". Do mesmo modo, o texto literário é enriquecido pela metáfora, que é uma forma de estabelecer semelhança: "Amor é fogo que arde sem se ver" (Camões).
Também a ciência se vale das analogias. O médico britânico Alexander Fleming estava cultivando colônias de bactérias e observou que elas morriam em torno de uma mancha de bolor que tinha sido formada casualmente. Investigando o novo fato, reconheceu os fungos do gênero Penicillium. Por analogia, supôs que, se o bolor destruia as bactérias na cultura in vitro, poderia ser usado como medicamento para curar doenças em organismos ou seres mais complexos.
As analogias podem ser fracas ou fortes, dependendo da relevância das semelhanças estabelecidas entre objetos diferentes. Embora os homens sejam muito diferentes dos ratos, nas experiências biológicas podem ser feitas comparações de natureza fisiológica que tornam a analogia adequada e fecunda. Assim, se o biólogo constatar determinados efeitos de uma droga ministrada em ratos, é possível sustentar que os efeitos provocados nos homens sejam semelhantes.



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                                               Lola 

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