terça-feira, 5 de novembro de 2013

Argumentação

   
 Filme "Advogado do Diabo"

Argumentação


Quando usamos a argumentação?
No nosso quotidiano usamos constantemente a linguagem: das conversas entre amigos às
intervenções nas aulas, das pequenas mensagens SMS aos trabalhos escolares, a língua é o instrumento
permanentemente usado. E se é verdade que a maior parte desses actos de comunicação tem um carácter
informativo, não é menos verdade que um bom número deles tem um carácter argumentativo. Quando
queremos defender um ponto de vista, quando apresentamos a nossa opinião, quando propomos uma
solução para um problema ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso, temos que
argumentar. Na verdade, pensando bem, argumentamos muito e muito frequentemente. Por vezes
enfrentamos a oposição dos outros e então temos que argumentar ainda melhor para os convencer. E
argumentar bem é um acto de inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras.

O que é argumentar?

Argumentar é, pois, expressar uma convicção, um ponto de vista, que é desenvolvido e explicado
de forma a persuadir o ouvinte/leitor. Para isso, é necessário que apresentemos um raciocínio coerente e
convincente, baseado na verdade, e que influencie o outro, levando-o a pensar/agir em conformidade com
os nossos objectivos.

Argumentar é o mesmo que persuadir?

Argumentar é persuadir racionalmente, mas nem toda a persuasão é racional. Há a persuasão
emocional, muito usada, por exemplo, em publicidade. (Quando um anúncio publicitário nos convence a
comprar um determinado produto, não pelas qualidades desse produto que responde a necessidades nossas,mas porque, ao associar essa marca a um determinado padrão de vida, nos leva a crer que adquirindo aquele artigo passaremos a usufruir desse padrão de vida). A diferença entre a persuasão racional e a emocional reside no facto de, na primeira, se fazer apelo à razão, enquanto na segunda, se apelar a desejos, sentimentos,medos, emoções, frustrações.

O que é um texto argumentativo?

O texto argumentativo é, então, o que visa convencer, persuadir ou influenciar o ouvinte/leitor, ao qual se apresenta um ponto de vista - uma tese - cuja veracidade se demonstra e prova. Como? Começando por apresentar a tese, a partir da qual se desenvolve o raciocínio, a argumentação, constituída por um conjunto de argumentos logicamente encadeados, sustentados em provas e, normalmente, ilustrados e credibilizados por exemplos. E o que é um argumento? Argumento é uma quantidade de informação ou de
dados organizados – as premissas – que sustentam o ponto de vista e conduzem à conclusão da veracidade da tese que se pretende defender.

Quando temos que construir um texto argumentativo?

Na vida escolar, na vida profissional, e no exercício da nossa cidadania, precisamos, com frequência, de elaborar textos argumentativos.
A dissertação, o comentário, a exposição escrita, mas também um simples artigo de opinião ou uma crítica de cinema ou de música exigem a elaboração de um texto argumentativo bem estruturado,segundo um esquema lógico. 
Do mesmo modo, a intervenção num debate ou numa reunião, uma campanha para a associação de estudantes, um discurso político ou uma alegação judicial obrigam a
uma construção argumentativa muito cuidada.







Para que serve argumentar?

Algumas pessoas pensam que argumentar é apenas expor os seus preconceitos de uma forma nova. E por isso que muita gente considera que argumentar é desagradável e inútil, confundindo argumentar com discutir. Dizemos por vezes que discutir é uma espécie de luta verbal. Contudo, argumentar não é nada disso.
Neste livro "argumentar" quer dizer oferecer um conjunto de razões a favor de uma conclusão ou oferecer dados favoráveis a uma conclusão. Neste livro argumentar não é apenas a afirmação de determinado ponto de vista nem uma discussão. Os argumentos são tentativas de sustentar certos pontos de vista com razões. Neste sentido, os argumentos não são inúteis; na verdade, são essenciais. Os argumentos são essenciais, em primeiro lugar, porque constituem uma forma de tentarmos descobrir quais os melhores pontos de vista. Nem todos os pontos de vista são iguais. Algumas conclusões podem ser defendidas com boas razões e outras com razões menos boas. No entanto, não sabemos na maioria das vezes quais são as melhores conclusões. Precisamos, por isso, de apresentar argumentos para sustentar diferentes conclusões e, depois, avaliar tais argumentos para ver se são realmente bons.
Neste sentido, um argumento é uma forma de investigação. Alguns filósofos e activistas argumentaram, por exemplo, que criar animais só para produzir carne causa um sofrimento imenso aos animais e que, por tanto, é injustificado e imoral. Será que têm razão? Não podemos decidir consultando os nossos preconceitos. Estão envolvidas muitas questões. Por exemplo, temos obrigações morais para com outras espécies ou o sofrimento humano é o único realmente mau? Podem os seres humanos viver realmente bem sem carne? Alguns vegetarianos vivem até idades muito avançadas. Será que este facto mostra que as dietas vegetarianas são mais saudáveis? Ou será irrelevante, tendo em conta que alguns não vegetarianos também vivem até idades muito avançadas? (E melhor perguntarmos se há uma percentagem mais elevada de vegetarianos que vivem até idades avançadas.) Terão as pessoas mais saudáveis tendência para se tomarem vegetarianas, ao contrário das outras? Todas estas questões têm de ser apreciadas cuidadosamente, e as respostas não são, à partida, óbvias.
Os argumentos também são essenciais por outra razão. Uma vez chegados a uma conclusão baseada em boas razões, os argumentos são a forma pela qual a explicamos e defendemos. Um bom argumento não se limita a repetir as conclusões. Em vez disso, oferece razões e dados suficientes para que as outras pessoas possam formar a sua própria opinião. Se o leitor ficar convencido de que devemos realmente mudar a forma como criamos e usamos os animais, por exemplo, terá de usar argumentos para explicar como chegou a essa conclusão: é assim que convencerá as outras pessoas. Ofereça as razões e os dados que o convenceram a si. 
Ter opiniões fortes não é um erro. O erro é não ter mais nada.

Anthony Weston, A arte de argumentar, pp. 13 e 14, Gradiva

1. Explique porque motivo, segundo o texto, argumentar é para muita gente algo de desagradável e inútil.
2. Concorda com a ideia de que "argumentar é, essencialmente, uma forma de investigação".







A quem interessar:

Do filme " Prova de Amor"
  


                                                                                                                                        LOLA

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