segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Persuasão e manipulação






Persuasão e manipulação ou os dois usos da retórica



Persuadir, do latim persuadere, significa levar alguém a optar por uma determinada posição.
 Todo o discurso argumentativo é persuasivo. A sua intenção é convencer um  auditório a aderir a uma determinada tese apoiada por um orador.
 Ao falarmos de argumentação temos que aceitar a existência de persuasão, visto que é essencial para atingir o seu objectivo. São, por isso, conceitos imediatos/contíguos.
 A persuasão tem adquirido uma conotação negativa com o desenvolvimento de técnicas persuasivas dos meios de comunicação, aproximando-se ao conceito de manipulação. É também associado à retórica sofística (da Grécia antiga).
 Entende-se por manipulação, a restrição à liberdade de pensamento e de opção assim como a uma imposição para aceitar qualquer conteúdo sem que passe por um “filtro” pessoal.
A manipulação não permite um discurso livre entre emissor e receptor, acaba por se tornar um discurso unidireccional sem benefícios para o conhecimento da verdade.
Já a persuasão, não pretende forçar a aceitação, mas através da argumentação, corrobora com  uma determinada tese que é a mais aceitável.


P
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 Existem diferentes formas de manipular o auditório

Estas estratégias manipulativas podem resumir-se em dois tópicos: cognitivo e afectivo.
A manipulação cognitiva baseia o discurso numa argumentação puramente falaciosa, distorcendo factos de uma forma bastante subtil.
 A manipulação afectiva apela essencialmente ao Pathos, ou seja, impressiona o público pelos sentimentos e pelas emoções.
 Existe uma linha muito ténue a separar a manipulação e a persuasão, o que torna difícil a sua distinção na prática.
A identidade e a autonomia própria do ser humano ficam comprometidas com o uso frequente de um discurso manipulador já que este impede o exercício crítico do que se lê e do que se ouve, baseando-se apenas em ideias já feitas.
A democracia é desrespeitada já que os indivíduos não expressam as suas próprias opiniões.
Devemos, assim, considerar a distinção que alguns autores fazem entre retórica branca e retórica negra

retórica negra corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir, manipular o interlocutor, sendo, portanto, equivalente à manipulação; a retórica branca procura pôr a descoberto os procedimentos da segunda, e, por isso, evidencia-se como crítica, lúcida e consciente, das diferentes formas e dos vários problemas que envolvem a comunicação, sendo, portanto, equivalente à persuasão, e por isso ela inclui o estudo da retórica e do seu uso.
Assim, é através de uma retórica branca, ou seja, é no interior da própria retórica que podemos encontrar as armas para lutar contra a manipulação.

  A questão do mau uso ou abuso da retórica exige uma reflexão critica sobre os efeitos que ela produz e remete-nos para o domínio da ética. Por outras palavras, impõe-se como necessário o estabelecimento de limites à própria persuasão, ou se quisermos dizer de uma outra maneira, torna-se urgente a imposição de regras que impeçam a manipulação

 A competência retórico-argumentativa consiste, sobretudo, em saber argumentar e desmascarar a manipulação e urge delinear limites à persuasão necessários para que a manipulação não limite a liberdade do ser humano e não interfira nas questões éticas.
Porque se deixa o homem manipular e porque manipula são questões éticas que intrigam desde os tempos antigos até à actualidade.

Lola
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