- Será que a relação do ser humano com o mundo é fundamentalmente de natureza cognitiva?
- Será que o conhecimento um acto efectuado por um sujeito no estado puro que apreende um objecto no estado puro?
A resposta à primeira pergunta é negativa. Antes de procurarmos conhecer as coisas de modo rigoroso e objectivo, podemos estabelecer também com elas uma relação afetiva, prática, utilitária. A resposta à segunda questão será negativa.
A realidade não se apresenta primeiramente ao homem sob a forma de objecto de conhecimento. Do campo da atividade prática e sensível surge uma visão imediata e prática do mundo. Esta relação prático-utilitária com as coisas faz aparecer a realidade como um mundo de meios, de finalidades, de instrumentos. O homem cria as suas próprias representações das coisas, fixando a forma fenomenal da realidade.
Não existe de um lado o sujeito abstracto e, do outro, uma realidade que ele irá conhecer objectivamente.
O sujeito interage com a realidade, e é desse processo que o conhecimento emerge. Representar é construir o objecto.
O sujeito interage com a realidade, e é desse processo que o conhecimento emerge. Representar é construir o objecto.
O conhecimento deixa de poder ser encarado a partir da perspectiva dicotómica sujeito/objecto, sendo o objecto, a continuação do sujeito.
No âmbito da ciência moderna um conhecimento objectivo, factual e rigoroso não tolerava a interferência dos valores humanos ou religiosos. Foi nesta base que se construiu a distinção dicotómica sujeito/objecto. A distinção sujeito/objecto nunca foi tão pacífica nas ciências sociais quanto nas ciências naturais. No domínio das ciências físico-naturais, o regresso do sujeito fora já anunciado pela mecânica quântica ao demonstrar que o ato de conhecimento e o produto do conhecimento são inseparáveis; até nas ciências exactas há subjetividade.
Conhecer é sempre integrar novos elementos no conjunto de significações e de referências que fazem parte do nosso mundo individual. Cada sujeito tem as suas experiências, vivências, reflexões, que constituem modos de pensar, sentir, agir e conhecer distintos dos de outro sujeito. O objeto de conhecimento é, portanto, apreendido por um determinado modo de ver o mundo.
Esse conjunto de significações interfere, inclusive, no modo como percecionamos as coisas. A perceção é uma função mediante a qual organizamos as sensações, o que nos permite representar os objetos externos.
Ora, tais representações não dependem apenas dos nossos sentidos, mas também da nossa interpretação. Esta, por sua vez, resulta da situação psicológica que estamos a viver, da cultura em que nos inserimos, dos valores que partilhamos, da nossa história pessoal.
Lola
Ora, tais representações não dependem apenas dos nossos sentidos, mas também da nossa interpretação. Esta, por sua vez, resulta da situação psicológica que estamos a viver, da cultura em que nos inserimos, dos valores que partilhamos, da nossa história pessoal.
Lola
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