Teorias acerca da natureza dos valores
Objectivismo:
Para
o objectivismo, os valores têm uma estrutura transcendental. São “ideias em
si”, inteiramente objectivas, realidades autónomas, imutáveis e universais pois
não se fundamentam na espécie humana mas em si mesmas.
Isto
significa que não haveria discordância quanto à apreciação de acontecimentos ou
das coisas. Os valores confundir-se-iam com as próprias coisas; transformariam
os “suportes” em “bens” ou “belos”.
Para
além disso, seriam algo válido para todos. Uma das consequências desta teoria é
a de que pode e deve haver conhecimento, verdade, erro, debate e investigação
no domínio dos valores.
Uma
outra consequência é a de que o objectivista deve ser tolerante no sentido em
que pode ser o outro a ter razão quando emite um juízo de valor oposto ao seu
(ou seja, porque a verdade pode estar do lado dele).
Temos
portanto um programa de investigação teórica sobre os valores e um plano
prático de acção, baseado numa tolerância justificada em relação aos juízos de
valor.
- A concepção Objectivista entende que os valores existem, independentemente do sujeito que avalia; esta concepção assume que há valores absolutos, de carácter imperativo e universal (impondo-se a toda a humanidade), ultrapassando critérios e sensibilidades subjectivas; logo, esses valores são autónomos e objectivos – independentes do sujeito e das circunstâncias. São exemplos desses valores, aqueles que assumem relevo para toda a humanidade, sendo consensualmente reconhecida a sua universalidade e intemporalidade: a Liberdade, a Justiça, a Felicidade, o Bem,
- A concepção Objectivista entende que os valores existem, independentemente do sujeito que avalia; esta concepção assume que há valores absolutos, de carácter imperativo e universal (impondo-se a toda a humanidade), ultrapassando critérios e sensibilidades subjectivas; logo, esses valores são autónomos e objectivos – independentes do sujeito e das circunstâncias. São exemplos desses valores, aqueles que assumem relevo para toda a humanidade, sendo consensualmente reconhecida a sua universalidade e intemporalidade: a Liberdade, a Justiça, a Felicidade, o Bem,
Uma
crítica a esta teoria consiste no argumento da questão em aberto. Este argumento
insiste na distinção entre facto e valor, tentando mostrar que, mesmo na posse
de todos os factos sobre uma situação ou entidade, esse conhecimento não nos
permite ter a certeza de nenhum juízo de valor sobre ela.
Estes, não podem ser derivados dos factos, ou seja, o ser (facto) nunca implica
o dever ser (valor)
Ex:
“ Porque é que uma acção é boa?” o apuramento dos factos não basta, logo o
objectivismo é insuficiente como explicação para o nosso pensamento acerca dos
valores.
Subjectivismo:
Para
o subjectivismo os valores são predicações. Falta-lhes uma realidade objectiva
pois só existem em função da valoração.
Isto
significa que os valores são uma criação da liberdade puramente subjectiva da
espécie humana. Os valores existem em virtude das nossas preferências, desejos
e escolhas. São os meus interesses, desejos… que dão valor às coisas.
Esta
é a posição mais habitual, pois está apoiada na evidência empírica: a noção de
belo, feio, vai flutuando ao sabor da época, dos países, das comunidades dentro
de cada país, das famílias dentro de cada comunidade, das religiões, dos
costumes e de pessoa para pessoa.
Considera
que toda a discussão é vã, porque não há, nem pode haver maneira de decidir o
que é verdade acerca dos valores.
Não
podendo saber-se nada acerca de questões de valor e sendo qualquer opinião
sobre tais questões nem mais nem menos correcta que qualquer outra, temos de
ser mais tolerantes para qualquer juízo de valor, por mais diferente que seja
do nosso ( ex: temos de ser tolerantes para com os valores
de Hitler).
- A concepção subjectivista destaca os factores que associam os valores a preferências e inclinações pessoais; assim, na óptica desta teoria, os valores são subjectivos e consequentemente, relativos porque inteiramente dependentes das percepções, sentimentos e apreciações de cada sujeito.
- A concepção subjectivista destaca os factores que associam os valores a preferências e inclinações pessoais; assim, na óptica desta teoria, os valores são subjectivos e consequentemente, relativos porque inteiramente dependentes das percepções, sentimentos e apreciações de cada sujeito.
Encontramos
algumas objecções a esta teoria,
- a primeira é uma objecção de tipo lógico: ao dizermos que não há verdade nem falsidade nos juízos de valor, não podemos pretender que um juízo de valor seja imposto a todas as pessoas. Mas isto é uma contradição, acabamos de enunciar um juízo de valor que é consequência da própria teoria:”Devemos respeitar os valores de toda e qualquer sociedade ou indivíduo”.
- Uma segunda crítica apela aos factos ( teor empírico ). O subjectivismo defende geralmente que os nossos valores são herdados do meio cultural em que fomos criados e que é por isso que a relatividade de culturas (reflectindo-se na relatividade de valores) faz com que seja inútil discutir valores em geral, pois todos os elementos de uma comunidade adquiriam nos da mesma maneira.
Contudo,
a história mostra-nos o oposto, sempre houve homens e mulheres que partindo da
cultura que os criou criaram uma consciência individual que lhes permitiu
criticar.
Concepção subjectivista de valor
(subjectivismo axiológico) VERSUS
Concepção Objectivista de valor
(objectivismo
axiológico)
O valor deve a sua existência, o seu sentido e validade às reacções do sujeito
que valoriza; reduz o valor à valoração realizada pelos sujeitos humanos; o valor
depende de sentimentos de agrado ou desagrado, do facto de serem ou não
desejados, da subjectividade humana individua ou colectiva.
OU
OU
O valor existe independentemente de um sujeito ou de uma consciência valorativa;
atribui ao valor um carácter ontológico; o que a espécie humana faz frente ao valor
é reconhecê-lo como tal e considerar as coisas valiosas como coisas que
incorporam o valor.
Como superar posições tão redutoras?
Por mais divergentes que possam ser as nossas opiniões sobre as coisas ou o valor que lhes atribuímos, não há dúvida que há pontos fulcrais sobre os quais todos sentem necessidade de estar de acordo.
Haverá que reconhecer que no universo de valores ambas as teorias cometem exageros no que respeita à sua perspectivação: de facto, é possível reconhecermos que existem valores mais absolutos, objectivos, universais e intemporais (de maior longevidade) do que outros e, consequentemente, não teremos dificuldade em aceitar a razão parcial da teoria do objectivismo axiológico quando consideramos valores que transcendem as nossas apreciações subjectivas (como é o caso dos valores de natureza espiritual e ética).
Não teremos igualmente dificuldade em aceitar que existem valores mais subjectivos, totalmente dependentes da óptica de cada sujeito e mais relativos do que outros, como sejam todos aqueles que estão directamente dependentes de juízos opinativos no que respeita a objectos, pessoas, situações, ou aqueles que estão directamente ligados a hábitos, costumes e modas de natureza sociocultural reconhecendo, também, a razão parcial da teoria subjectivista. São exemplos destes valores, aqueles que se ligam directamente ao plano material/concreto, como seja a valorização do exercício físico como critério de saúde, (mais comum na época actual do que noutras), determinados padrões de beleza (variáveis de sujeito para sujeito e de época para época), bem como os critérios de importância atribuídos por cada um de nós a factos, situações e comportamentos.
Poderemos dizer que ambas as teorias são portadoras de uma verdade relativa no que respeita à natureza dos valores, tendo ambas uma razão parcial mas não absoluta, no que respeita a esta matéria.
Nem o
objectivismo nem o subjectivismo conseguem explicar satisfatoriamente a
maneira de ser dos valores. Estes não se reduzem às vivências do sujeito que
avalia, nem existem em si como um mundo de objectos independentes cujo valor
se determina exclusivamente pelas suas propriedades naturais objectivas.
Os valores existem, para um sujeito, não no sentido de um mero indivíduo, mas de ser social; exigem também um suporte material, sensível (seja um objecto, uma acção, um costume ou uma instituição) sem o qual não têm sentido.
É o Homem
- como ser histórico e social e com a sua actividade prática - que cria os
valores e os bens nos quais eles se encarnam, independentemente dos quais só
existem como projectos ou objectos ideais. Os valores são, pois, criações humanas,
e só existem e se realizam no Homem e pelo Homem.
As coisas
não criadas pelo Homem (os seres da natureza) só adquirem um valor, entrando
numa relação especial com ele, integrando-se no seu mundo como coisas humanas
ou humanizadas. Ás suas propriedades naturais, objectivas, só se tornam
valiosas quando servem para fins ou necessidades dos homens e quando
adquirem, portanto, o modo de ser peculiar de um objecto natural humano.
Os
valores, então, possuem uma objectividade especial que se distingue da
objectividade meramente natural ou física dos objectos que existem ou podem
existir independentemente do Homem, com anterioridade à - ou à margem da -
sociedade. É uma objectividade especial - humana, social -, que não se pode
reduzir ao acto psíquico de um sujeito individual nem tão pouco às
propriedades naturais de um objecto real. Trata-se de uma objectividade que
transcende o limite de um indivíduo ou de um grupo social determinado, mas
que não ultrapassa o âmbito do Homem como ser histórico - social. Existem,
assim, objectivamente, isto é, com uma objectividade histórico - social. Os
valores, por conseguinte, existem unicamente num mundo social, isto é, pelo
Homem e para o Homem.
Adotfo Sanches Vázques, Ética,
Ed. Civilização Brasileira 1. Explique porque motivo, segundo o autor, nem o objectivismo nem o subjectivismo conseguem explicar de um modo satisfatório o ser dos valores.
2. Qual é na sua opinião, a
importância que desempenham os valores na orientação da vida humana.
3. Será possível uma ideia universal de valores? Justifique. |
Lola
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