David Bowie e a Filosofia
David Bowie: sobre a vida, a
morte e o significado da existência
"Somos suficientemente grandes ou
maduros para aceitarmos que não há um plano, algum lugar para onde iremos, um
presente da imortalidade no fim disso tudo caso tenhamos sido evoluídos o
bastante?" - David Bowie
Em
2002, David Bowie (1947-2016) lançava o álbum Heathen (pagão
em inglês), cuja capa mostra a face do artista com olhos que buscavam
simbolizar olhos de peixe, como explica Wim Hendrikse, autor deDavid Bowie:
the man who sold the world. O peixe, prossegue Hendrikse, era o símbolo do
cristianismo em tempos pagãos.
No
encarte do álbum Heathen, vemos pinturas religiosas rasgadas e,
numa foto reveladora, três livros: A Gaia Ciência, de
Nietzsche, A Teoria Geral da Relatividade, de Albert Einstein
e A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud.
Bowie esclarece que as três obras
estavam ali porque seus autores são símbolos da destruição das bases do
pensamento no final do século XIX. A morte de Deus, a compreensão de tempo e de
espaço a partir de Einstein e a descoberta do inconsciente mostram, fala Bowie,
que “tudo que pensávamos até ali estava errado".
Este
é o princípio do caos em que vivemos até hoje, afirma o artista falecido no
último domingo (10/01) em entrevista à televisão francesa sobre o álbum,
concedida no ano do lançamento de Heathen.
Confira abaixo o que David Bowie nos diz sobre a vida, a morte e o significado da existência nesta que é considerada uma de suas mais obscuras entrevistas:
Confira abaixo o que David Bowie nos diz sobre a vida, a morte e o significado da existência nesta que é considerada uma de suas mais obscuras entrevistas:
"No final do século 19, as pessoas
estavam tão certas de si mesmas com a ciência e com o pensamento iluminista,
com o quanto o homem poderia melhorar o mundo por ele mesmo. Isso nos leva
àquilo que Nietzsche disse, de que Deus estava morto, àquilo que Einstein
descobriu, de que espaço e tempo não eram o que pensávamos, àquilo que Freud
descobriu, de haver outro ser humano dentro do ser humano.
Todas estas coisas culminaram na ideia
de que tudo que pensávamos até ali estava errado. Tudo. Então, começamos o
século 20 com esta folha em branco, onde nós éramos os deuses: e a maior coisa
que conseguimos fazer, enquanto deuses, durante aquele século, foi criar a
bomba.
Nos anos 50 e 60, a consequência do que
havíamos feito ao estarmos atados à ideia desta moralidade, de criarmos tudo
por nós mesmos, destruiu a nossa visão sobre o que deveríamos estar fazendo com
nossas vidas – e estamos vivendo neste caos até hoje. Não temos vidas
espirituais para discutir. Há novas religiões, mas não há mais um sentido claro
do nosso propósito de vida. Isso pode ser algo bom, porque pode nos mostrar que
nós, de fato, não temos um propósito.
Somos suficientemente grandes ou maduros
para aceitarmos que não há um plano, algum lugar para onde iremos, um presente
da imortalidade no fim disso tudo caso tenhamos sido evoluídos o bastante?
Talvez, não sejamos capazes de viver com isso. Talvez, tenhamos que existir e
viver com a ideia de que temos apenas um dia por vez. Conseguimos viver assim?
Porque, se conseguirmos, daí sim estaremos tendo um propósito
maravilhoso."
Tirado DAQUI
Lola
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