Crença Verdadeira Justificada
- críticas
A definição tradicional
de conhecimento (proposicional), que remonta a Platão, diz que temos
conhecimento quando temos uma crença verdadeira justificada. Tomadas em
conjunto, a crença, a verdade e a justificação, constituem condições
suficientes para haver conhecimento. Será isso correcto? Bastará reunir essas
três condições para termos um conhecimento?
Em 1963, o filósofo americano Edmund Gettier publicou um artigo em que procurava mostrar, através da apresentação de contra-exemplos, que a reunião dessas três condições não é suficiente para haver conhecimento; ou seja, que podemos ter uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.
(Em vez dos contra-exemplos desse filósofo, vamos considerar outros, equivalentes mas mais fáceis de entender.)
Em 1963, o filósofo americano Edmund Gettier publicou um artigo em que procurava mostrar, através da apresentação de contra-exemplos, que a reunião dessas três condições não é suficiente para haver conhecimento; ou seja, que podemos ter uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento.
(Em vez dos contra-exemplos desse filósofo, vamos considerar outros, equivalentes mas mais fáceis de entender.)
1. Contra-exemplo formulado pelo filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970).
“O relógio da igreja da
tua terra é bastante fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta
manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele
marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m.
O facto do relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo,
sem que o soubesses, o relógio tinha avariado no dia anterior exactamente
quando marcava 8h e 20m. Assim, tens uma crença verdadeira justificada que não
é conhecimento.”
Luís Rodrigues e outros, “Filosofia – 11º”,
1ª edição,
2004, Plátano Editora, pág. 198.
2. Contra-exemplo formulado por Jonathan
Dancy, no livro “Epistemologia Contemporânea”:
“Henry está a ver televisão numa tarde de Junho. Assiste à final masculina de Wimbledon e, na televisão, McEnroe vence Connors; o resultado é de dois a zero e ‘match point’ para McEnroe no terceiro ‘set’. McEnroe ganha o ponto. Henry crê justificadamente que
1. Acabei de ver McEnroe ganhar a final de Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2. McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam em Wimbledon deixaram na realidade de funcionar, e televisão está a passar uma gravação da competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe está prestes a repetir a retumbante vitória do ano passado.
Portanto, a crença 2 de
Henry é verdadeira, ele tem decerto justificação para crer nela. Contudo,
dificilmente aceitaríamos que Henry conhece 2.”
Jonathan Dancy, “Epistemologia Contemporânea”,
Edições
70, pp. 41-42.
Lola
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