Continuidade e Descontinuidade Epistemológica
Senso Comum e Conhecimento Científico
Será o Senso comum o ponto de Partida do conhecimento cientifico?
Será o Senso comum um obstáculo ao conhecimento cientifico?
Continuidade epistemológica
Defende que a diferença entre o senso comum e o conhecimento
científico reside no grau de profundidade como analisam os factos. A função da
ciência está em depurar, corrigir e melhorar o senso comum.
Karl Popper (1902-1994). O Senso Comum é o ponto de
partida para qualquer tipo de conhecimento, embora seja inseguro.
"Toda a ciência e toda a filosofia são senso comum
esclarecido".
Karl Popper, in Conhecimento
Objectivo.
A evolução do conhecimento faz-se através de um processo de
contínuas correcções e aperfeiçoamentos.
Ruptura epistemológica
Defende a uma clara distinção entre os dois tipos de conhecimento,
nomeadamente quanto à sua natureza.
Gaston
Bachelard (1884-1962). Embora
considere que na base de todos os níveis de conhecimento esteja o senso comum,
encara-o como um "obstáculo epistemológico". A Ciência
desenvolve-se através de um processo de contínuas rupturas com o senso comum.
"Pareceu-nos sempre cada vez mais evidente, no decorrer dos
nossos estudos, que o espírito científico contemporâneo não podia ser colocado
em continuidade com o simples senso comum, que este novo espírito científico
representa um jogo mais arriscado, que ele formulava teses que, inicialmente,
podem chocar o senso comum. Nós acreditamos, com efeito, que o progresso
científico manifesta sempre uma ruptura perpétuas rupturas entre o conhecimento
comum e conhecimento científico, desde que se aborde uma ciência evoluída, uma
ciência que, pelo próprio facto das suas rupturas traga a marca da modernidade.
(...) Podemos, pois, colocar a descontinuidade epistemológica em plena
luz.(...) A própria linguagem da ciência está em estado de revolução semântica
permanente. (...) Uma constante transposição da linguagem rompe então a
continuidade do pensamento comum e do pensamento científico". Bachelard,
Materialismo Racional.
- Obstáculos
Epistemológicos.
O progresso da ciência está dependente da identificação dos
obstáculos a impedem de progredir.O erro é o verdadeiro motor do conhecimento.
A primeira tarefa do cientista está em identificar erros, tais como:
a) Ideias que foram adoptadas só porque confirmavam conhecimentos
dados como adquiridos;
b) As primeiras impressões das coisas que antecedem uma análise
crítica das mesmas;
c) As metáforas, as imagens e a vulgarização, simplificação e
generalização de conhecimentos científicos, que deformam ou deturpam a
explicação das relações entre os fenómenos.
- Conhecimento
progressivo.
O conhecimento científico resulta de uma constante rectificação de um conhecimento primário, que pode
não passar de um erro primário. Cada rectificação implica deformar os conceitos
anteriores, para abranger novas experiências. O progresso científico faz-se
desta forma por uma permanente substituição de conceitos antigos por novos
conceitos deformados, mas mais abrangentes. O avanço dá-se todavia nesta
substituição do novo (construído) pelo antigo (dado).
"A rectificação é uma realidade, ou, melhor, é a verdadeira
realidade epistemológica, já que é o pensamento em acto, no seu
dinamismo".
Bachelard, Ensaio sobre o conhecimento Aproximado.
É neste quadro que se insere o seu conceito de ruptura
epistemológica.
A ciência é um conhecimento aproximado, não rigoroso ou absoluto.
Nota: ler este artigo interessante acerca desta problemática
“CONTINUIDADE” E “DESCONTINUIDADE”:
O PROCESSO DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO NA HISTÓRIA DA CIÊNCIA
Fumikazu Saito*
Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 39, p. 183-194, jan./jun. 2013
Lola
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