domingo, 2 de outubro de 2016

Ensaio Filosófico - Exemplo





A Busca da Esperança



Reflexões sobre a educação como necessidade e o caminho da esperança como sua possibilidade




Abstrato/Sumário

A Filosofia como arte questionadora do real apresenta-se-nos com uma dimensão antropológica incapaz de assumir o presente comodamente. Neste sentido, pelo seu carácter formativo e crítico, é enquanto saber e disciplina no ensino secundário que ela surge como um despertar para o novo, o diferente, o ainda não existente! Será possível educar para a Esperança? Este ensaio pretende refletir não só a esperança como possibilidade da educação mas, e sobretudo, o papel da utopia filosófica na e para a educação numa envolvência indispensável com a ideia de progresso e da educação como necessidade do humano! Percorremos algumas parcelas dos pensamentos de Immanuel Kant, Joan-Carles Mélich e Ernst Bloch. Momento após o qual ousamos propor a educação como modo da elevação do humano.
Palavras-chave: Utopia, Esperança, Holocausto, Humanidade, Memória, Educação.

Abstract
Philosophy, as an art that questions that which comprises reality, shows itself to us as an anthropogenic dimension unable to cozily assume the present. In this sense, philosophy, by its formative and critic character, as a form of knowledge and as a discipline, in High School, appears as an awakening to the new, the different, that which still is not! Is it possible to educate for Hope? This essay intends to reflect not only about hope as a possibility of education but and, above all, about the role of philosophical utopias in and for education in an indispensable engagement with the idea of progress and education as human necessities! We have roamed along some parts of the thoughts of Immanuel Kant, Joan-Carles Mélich and Ernst Bloch. There after we dared to propose education as a means of elevating the humane.
Key words: Utopia, Hope, Holocaust, Humanity, Memory, Education





Índice

Antes de mais...                                                                                     Pág. 3

Sentidos da Utopia                                                                                 Pág. 4

A natureza humana e a educação como caminho                                 Pág. 5

Immanuel Kant - Progresso, Educação e Felicidade                              Pág. 5

Joan-Carles Mèlich – Educar após o Holocausto                                    Pág. 7                                                           
Ernst Bloch – O Princípio Esperança                                                       Pág. 13

Questões póstumas…                                                                              Pág. 19



                                                                                 
Antes de mais...

No contexto atual, longe da perfeição desejada, surgem várias questões polémicas na sociedade que abrem espaço para discussões tanto éticas quanto políticas. Na raiz destas estão realidades trágicas como a violência, a guerra, a miséria, as desigualdades sociais, o desemprego, o narcotráfico, a sobrepopulação, o aquecimento global, a poluição, a perda de biodiversidade, a degradação moral e educativa, os problemas de saúde, a crise dos refugiados, o fundamentalismo religioso, a proliferação das armas nucleares, o terrorismo internacional, a situação económica e a violação dos direitos humanos.
A esperança no progresso da Humanidade e a procura de uma utopia são respostas desafiantes a estas indagações. No entanto, levanta-se uma questão: será razoável dar alento a tais convicções no mundo moderno?
Veementemente, o Holocausto parece inviabilizar tais proposições otimistas. De facto, abstrações como “progresso” e “razão na história” tendem a afigurar-se como insultos à memória dos incontáveis milhões de homens, mulheres e crianças inocentes que fazem desta época tamanho e tão incomensuravelmente profundo vale de lágrimas.
Consequentemente, diversos autores têm criticado a tese do progresso[1], reprovando o seu carácter determinístico, a priori, muitas vezes teológico, acusando limitações ora da natureza humana, ora do meio ambiente, que segundo estes não pode suportar desenvolvimento económico indefinido, na  medida em que foi utilizada historicamente para fazer a apologia de massacres e crimes.
Por outro lado, Ernst Bloch propõe que, enquanto houverem meios para melhorar a condição humana, a esperança estará sempre resguardada e fundamentada. Por sua vez, Kant propõe que a educação é um dos grandes motores do progresso. Teremos assim encontrado uma medida na qual a esperança se justifica na atualidade? Ou seja, em que medida se justifica a esperança na educação como meio de atingir a utopia?
Assim, resta-nos apenas procurarmos construir a nossa posição, fundamentando a nossa argumentação em teóricos conhecidos e acreditados e, procuraremos dar o nosso contributo para esta complexa e pertinente problemática.

Sentido(s) da Utopia

Uma utopia é uma sociedade imaginária em que tudo está organizado de uma forma ideal ou superior, pelo que muitas vezes se utiliza o termo utópico para denotar reformas visionárias tendencial e excessivamente idealistas.[2]
Assim, uma utopia é uma proposta de organização alternativa, ora prática, ora especulativa, ora satírica, uma estratégia de pensamento prospetivo e holístico, que pode apresentar um caráter de entre imensos, pelo que há um número enorme de utopias socialistas, capitalistas, monárquicas, democráticas, anárquicas, ecológicas, feministas, patriarcais, igualitárias, hierárquicas, de direita, de esquerda, de amor livre, de família nuclear, de família alargada, homossexuais, lésbicas e de muitas outras tendências, número esse que poderia ser dobrado acrescentando o prefixo “anti-” a qualquer uma destas palavras.
Por um lado, o termo em si remete-nos para um dos grandes clássicos da literatura universal, De Optimo Reipublicae Statu de que Nova Insula Utopia, de Thomas More, já que este foi criado pelo próprio More para descrever a Utopia, uma ilha ficcional no Oceano Atlântico. A palavra é um neologismo e vem do grego: οὐ ("não") and τόπος ("lugar") e significa "não-lugar”.
Todavia, as utopias são mais antigas do que o termo em si. Por isso, o próprio More recorreu a uma utopia muito anterior, a primeira de que há registo escrito e que foi o modelo de muitas, Kallipolis, d’A Republica de Platão, para construir a sua própria concepção.

A natureza humana e a educação como caminho

            De facto, já neste primeiro texto de Platão, reconhece-se o papel da enorme importância da educação na construção do ideal, do utópico. Do mesmo modo, em muitos e variados textos que se lhe seguiram, de uma forma ou de outra, a educação acabou quase sempre por colaborar, estando inevitavelmente embrenhada no ainda não existente, no universo de possibilidades.
            Passemos, entao, à analise de três filósofos que se debruçam empenhadamente sobre a educação como caminho para a utopia.

Immanuel Kant - Progresso, Educação e Felicidade

            No geral, Kant era considerado ambivalente quanto ao poder da filosofia para mudar o mundo[3]. Uma exceção à regra é a sua opinião sobre a teoria educacional. A Filosofia, acreditava ele, devia guardar esta ciência: a ciência que devia servir os educadores, como um guia para preparar bem e claramente o caminho da sabedoria que todos devem atravessar e assegurar que ninguém tomasse o caminho errado.[4]
            Simultaneamente dogmática e indutiva, como a sua filosofia crítica, a posição Kantiana é característica de uma época que passava, mas que, ainda assim, apontava  para o futuro. Uma pergunta que surgue das suas reflexões é o chamado “paradoxo-moral”. Este paradoxo prende-se com a questão de saber como ensinar a autonomia, sendo que esta pergunta é especialmente urgente no contexto da teoria moral de Kant. Podemos pois perguntar como é que qualquer processo educacional pode, através de forças que imponham uma motivação extrínseca, levar um agente a exercer as suas faculdades de juízo moral de uma forma genuinamente autónoma. Para o filosofo, este problema seria resolvido através de uma educação que “iluminasse” sem quebrar, que ensinasse a agir de acordo com princípios, mas também a pensar.
            Assim, a pedagogia Kantiana é uma construção otimística do futuro da humanidade. Nos seus textos ainda não há preocupações com a hereditariedade bem presente em citações como: «O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.», e, muito menos, juízos sobre que alterações deve o currículo dos jovens sofrer mediante as mudanças no mercado de trabalho, a luta pela vida, a corrida à riqueza, e o estado da economia. Tudo isso extravasa os limites desta reflexão.
            Para Kant, a educação é a única forma de aperfeiçoar a natureza humana e um meio que levará a Humanidade a aperfeiçoar-se gradual, continua e continuadamente até que a natureza humana se torne digna de ser natureza do Homem. No entanto, o autor admita que é para si difícil determinar quais as capacidades naturais do Homem, já que algumas são-lhe cedidas pela educação enquanto outras são apenas trabalhadas por esta, porque são inatas, chegando mesmo a afirmar que as duas invenções humanas mais difíceis de todas são a educação e o governo, dado que até o seu próprio sentido é alvo de controvérsia.
            Por outro lado, Kant vê a teoria da educação como um glorioso ideal em nada menos válido por ainda não ter sido realizado, tal como os ideais políticos. Propõe o estudo científico e experimental da educação de tal modo que se descubram quais as limitações da Humanidade, mas também considera a educação uma arte, dado que se desenvolverá gradualmente ao longo de muitas gerações, o que não impede que algumas gerações tenham de romper com as tradições dos seus antepassados.
            Assim, para Kant, cabe à educação desenvolver a tendência natural da Humanidade para o bem e os dons naturais de cada um, levando-os a concretizarem os seus destinos,  a missão humanística da educação impede-a de ser uma resposta aos problemas mais imediatos do presente devendo, pelo contrário, dedicar-se à Humanidade e à realização do destino desta, ou seja, ao progresso, que seria conseguido educando-se a Humanidade.
Por esta mesma razão a educação não deve ser confiada nem aos pais dos alunos nem aos governantes já que estes a distorceriam tendo em vista os seus próprios fins: as escolas deviam, assim, depender completamente do julgamento dos mais esclarecidos especialistas, pois para Kant,  toda a cultura começa com um indivíduo que gradualmente influencia outros através dos esforços de pessoas de mente aberta, que se interessam pelo bem comum e capazes de conceber uma melhor condição da Humanidade no futuro, podendo o progresso gradual da Humanidade virar-se em direção aos seus fins.
Quanto ao conteúdo de uma tal educação, Kant propôs:
·         Primeiro, que fosse dada aos rapazes, já que estas reflexões ainda ignoram o género feminino, simultânea e gradualmente consciência da desigualdade social e da igualdade entre todos os homens;
·         Que estes fossem educados para a bondade e sabedoria, que lhes permitiria atingir a felicidade;
·         Que fosse encorajada a alegria, a boa disposição e a moderação no temperamento.
·         Que se ensinasse às crianças a sentirem-se felizes pelo progresso da Humanidade como um todo, mesmo quanto este não as beneficiasse a elas diretamente ou ao seu país.
·         Que não tenham demasiada estima pelo aproveitar daquilo que a vida tem de bom.
·         E, finalmente, que aprendam a estimarem-se em absoluto, pela sua dignidade humana e não relativamente a outros.
Em síntese, Kant propõe a educação como aspeto central ao progresso na medida em que permite o desenvolvimento pleno das faculdades naturais da Humanidade[5].

Joan-Carles Mèlich – Educar pós Holocausto

Neste momento, surge com pertinência abordar as inquietações antropológicas de Mèlich[6] dado que, como alguns autores defendem o projeto iluminista falhou e, provavelmente,  olhar para o futuro não será o suficiente.
Joan-Carles Mèlich coloca uma questão tão inquietante quanto tangível: É possível pensar em educação, da mesma forma, antes e depois do Holocausto Nazi? Através da leitura de alguns relatos de sobreviventes do Holocausto [7], Mèlich examina as condições da possibilidade de ética e pedagogia após Auschwitz.
Mèlich descreve Auschwitz como um espaço novo, um espaço desconhecido até agora, onde a morte torna-se indiferente, um espaço onde não se vive nem se morre, um espaço onde tudo é possível, um espaço onde o imaginário é possível. É um espaço indizível, uma realidade perante a qual a linguagem se mostra insuficiente.
"Auschwitz" é um evento que rompe a História e nos obriga a repensar radicalmente todas as categorias filosóficas e pedagógicas. É um acontecimento. E porquê?
Mèlich distingue dois conceitos: facto e acontecimento. Cada dia, ocorrem diversos factos no mundo sem que as pessoas tenham sequer consciência dos mesmos. A vida segue independentemente deles. Acontecimento é um género de facto que nos forma e transforma. O acontecimento é transformador ou deformador, pode levar-nos ao êxito ou ao fracasso. 
O acontecimento é uma brecha no tempo. Depois dele, nada é nem será como antes. O evento abre um antes e um depois na História, ou seja, face aos terríveis acontecimentos do século XX, as velhas categorias e os conceitos antigos que permitiam a compreensão do mundo, tornaram-se obsoletos.
O Holocausto serviu para descobrir a cultura da “desumanidade”. A refrigeração do século XX consiste na ideia de que a Humanidade se esqueceu do ser racional e que se manifesta apenas nas desajeitadas e atrapalhadas efusões de um animal desprovido de um cérebro necessário para conter a maioria dos seus impulsos.
Nos campos do extermínio o Homem caiu no limiar mais precário da desumanidade o que significa significa que a questão que se deve colocar não é: “Onde estava Deus em Auschwitz?” mas sim, “Onde estava o Homem em Auschwitz? Onde estava a Humanidade?”

“Se a vítima não tiver direitos sobre o criminoso, deixará de haver justiça; deixará de haver humanidade.”
José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira[8]


A Shoah[9]é um evento que abre uma lacuna no tempo. Depois dele, nada pode ser o mesmo. Mas acima de tudo, os meios que possibilitaram o Holocausto tornam aquilo que parecia impossível em algo real o que nos Coloca perante o fim da humanidade de um modo grotesco quase inimaginável.
Por outro lado, é necessário repensar a forma como encaramos a subjetividade. conceito este que ganha um novo sentido em Mèlich, que a encara sob a forma de heteronomia. É a resposta à busca do rosto do Outro, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade e do seu sofrimento.
Para a filosofia, a educação é uma das questões fundamentais deste início do milénio: “Como pensar a ação educativa depois dos terríveis acontecimentos do século XX?”
O autor aborda a questão de uma forma crua e dura. Apresenta a necessidade de valorizar a dimensão ética,  repensando e propondo um ato educativo que promova a discussão e a reflexão sobre o sentido e a natureza dos projetos de educação nas sociedades contemporâneas do mundo pós-guerra.
Que oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento é que se proporcionarão às crianças e aos adolescentes do séc. XXI? Qual o sentido educativo desses projetos e que implicações futuras é que estes poderão vir a ter sobre a vida das pessoas e das organizações?
Noutra perspetiva, a sociedade atual ainda persiste em dar continuidade a dicotomias decadentes e bloqueadoras, rivalidades que algum cartesianismo pedagógico cimentou e que continuam a perdurar nos nossos discursos e nos nossos atos.
Ora, a conceção cartesiana do mundo ainda continua a exercer uma enorme influência na nossa sociedade. A educação escolar, como parte dela, também recebeu influências em muitos dos seus aspetos. Um exemplo é a fragmentação das disciplinas académicas que, frequentemente, nos impedem de operar os vínculos entre as partes e o todo. A especialização do ensino em disciplinas impede tanto a perceção do global quanto do essencial que ela dissolve. A escola também dá ênfase à mente (cérebro) como a única responsável pela aprendizagem, parecendo ainda acreditar ser possível desconsiderar o “corpo” no processo de aprendizagem.
Experiências de aprendizagem cognitiva versus experiências de ordem afetivo-emocional? Com que justificação e fundamento? Educação técnica versus educação ética?

Então, Como educar depois de Auschwitz? Através de um algoritmo, da escrita de um texto, talvez mesmo através de exercícios aborrecidos, e aparentemente sem sentido, de Biologia ou de História?
É necessário um sistema que assuma de facto a alteridade como eixo fundamental dos projetos de educação contemporâneos. Algo que valorize o Homem na sua vertente social e que lhe possibilite ter uma relação de interação e dependência com o OUTRO. O "eu" mesmo na sua forma individual só pode existir através de um contato com o OUTRO, algo que permitirá, em última análise, conferir uma outra credibilidade e uma outra utilidade às intervenções educativas nas sociedades em que vivemos.
Educar é abrir-se ao tempo e espaço para que o OUTRO possa surgir e existir. Uma relação educativa é um encontro entre duas pessoas concretas, que se encontram cara a cara: falam, escutam e ajudam-se mutuamente.
Como os encontros podem ser de distintos tipos, como podemos distinguir uma relação educativa de outros tipos de relação? O que caracteriza a educação?
Para o autor, sem ética não há educação, há apenas domesticação de cérebros. A ética é o critério de demarcação de uma relação educacional. Por outro lado, este afirma que é difícil definir ética, já que existem distintas linhas, posturas e modos de conceptualizá-la. Para o filosofo catalão, a ética não tem uma linguagem própria, a linguagem da ética é a estética e só se poderá falar de ética eticamente, porque ela está mais próxima da paixão do que da razão. Não se pode falar da ética, somente é possível mostrá-la.
Outra dificuldade inerente à educação passa pelo modo como encaramos e ensinamos a encarar o tema da diversidade. O tema faz parte da pedagógica atual, é habitual falar sobre aprender a tolerar as diferenças. Mas, há um tipo de relação de tolerância da diferença que acaba por converter-se em indiferença. O importante, do ponto de vista ético, não é tolerar o OUTRO como diferente, mas sim a relação estabelecida com essa diferença. A Ética começa quando alguém é capaz de ser “deferente” com o outro, ou seja, ocupar-se do outro, atende-lo, cuidá-lo, acolhê-lo. O autor converge com a ética da hospitalidade de Levinas.[10]
Há um “antes” e um “depois” de cada encontro, de cada momento. O sujeito é transformado pelo encontro educativo. E este é-lhe dado desinteressadamente pois a educação como um acontecimento ético não é um intercâmbio, porque não depende da reciprocidade: quem  oferece deve fazê-lo sem esperar nada em troca. Assim, o que faz com que a educação seja um acontecimento ético, é que nada volta a ser como antes. Todos os encontros são únicos, insubstituíveis, incomparáveis. Não há o que devolver e não há porque o repetir para que o OUTRO devolva o bem que lhe foi dado.
A educação é a configuração de uma identidade, de um si mesmo que nunca é de todo ele mesmo. Nesse sentido, parafraseando e transformando Kant, um dos imperativos pedagógicos fundamentais é: chega a ser quem ainda não foste!
Assim, deve-se partir de uma subordinação da autonomia à heteronomia, da liberdade à responsabilidade, onde devemos dar lugar à memória, que possibilita a imagem do OUTRO que não está presente face a face, mas sim pelos relatos da barbaridade do Holocausto.
O autor propõem compreender a identidade humana não apenas como diferença, mas deferência, como hospitalidade ao OUTRO que, no caso das histórias do Holocausto, é uma ausência que, através da leitura e da memória, se mantem viva, de modo a evitar que algo tão trágico aconteça novamente.
No Holocausto é perceptivel que o ser humano não é encontrado nem no direito, nem no dever, nem na sociedade, nem em Deus, nem se quer no eu. O ser humano está no Outro. Um sujeito, uma identidade edificada na margem do OUTRO, contra o outro, não é uma identidade humana.
“À humanidade? À humanidade nós não lhe interessamos. Hoje tudo é permitido. Tudo é possíveis inclusive os fornos crematórios.”                                               ElieWiesel, La nuit
Como Reyes Mate[11] diz, a descoberta do OUTRO como primeiro princípio da configuração de ética da subjetividade é o ponto de viragem deste novo humanismo – descrito por Levinas como humanismo do OUTRO homem. É um humanismo que reconhece a ética como uma prioridade na ontologia, o que torna a ética fulcral e com um papel prioritário na filosofia.
A identidade humana quando sujeita ao Holocausto torna-se numa identidade narrativa, uma identidade que é evocada e causada pelo OUTRO, um OUTRO que pode estar presente face a face ou mesmo ausente como é o caso dos relatos de vida das vítimas do Holocausto. No fundo, a vida de uma pessoa centra-se numa narrativa, pode ser descrita.
Responder à pergunta “Quem?” é contar a história de uma vida. Daí que na construção da ética da identidade, a memória desempenhe um papel fundamental. A memória permite, para além da construção de um novo humanismo, também, de algum modo, trazer justiça às vítimas do passado.
A testemunha, o sobrevivente, são indivíduos específicos, seres de carne e osso, capazes de amar, de viver, morrer, sofrer e recordar. É uma história que não pode ser esquecida, é um assunto que constrói a identidade dos indivíduos na medida em que a lembrança do passado, a fim de antecipar um futuro justo, estará sempre presente. A Identidade, após o Holocausto, é construída em memória das vítimas.
O esquecimento é a morte. Envolvido no esquecimento, o homem sucumbe ao poder constituído. Lutar contra o esquecimento significar opor-se ao poder: "A luta de um homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento ", escreve Milan Kundera.[12]
O OUTRO, que não se pode esquecer, torna-se num novo imperativo depois de Auschwitz. O OUTRO é sempre alguém e alguma coisa, tem um nome próprio. É na memória que a identidade começa a ser humana. A identidade, depois do Holocausto, passa através da memória e da história.
O Humano enfrenta assim um imperativo implícito na construção da identidade humana: Lembrar! Mas “lembrar” não deve ser entendido apenas com o significado de que o passado não volta. Não. É  ir mais longe e perceber que o “Lembrar” é a base de uma teoria de justiça, ética ou mesmo política. Talvez até uma teoria pedagógica. O Lembrar funciona como uma referência ao futuro, o futuro que está por vir, ao nascimento de uma geração baseada neste princípio.
Devemos evitar que o que aconteceu re-aconteça. É urgente a construção de uma educação que tenha como um dos propósitos fundamentais a preocupação que algo como Auschwitz não se repita. Auschwitz é o fracasso do velho “humanismo”, o fracasso do Iluminismo, o fracasso da cultura ocidental. De Auschwitz nasce uma nova visão da identidade não centrada no cuidado do eu, mas sim no cuidado do OUTRO, em deferência.
De Auschwitz nasce uma ética de hospitalidade, de acolher os outros, de quem não tem nada mas a quem todos devem, de alguém que está ausente, que não está vivo, mas a quem devemos continuar a dar hospedagem pelo simples acto de lembrar. Ao lembrá-lo, estamos a fazer justiça e estamos a mantê-lo vivo porque a morte não é mais do que isso, o esquecimento.
Como no livro do Apocalipse onde a velha ordem é destruída pelo fogo que atua como elemento purificador. Também para Mèlich a revolução-pós Holocausto que surge depois da destruição, ressurge a humanidade, como uma Fénix pelas cinzas de outrora.
A esperança num novo humanismo baseado na educação, na memória e no OUTRO está presente na visão de Mèlich que surge como proposta de solução aos eventos desumanos do séc. XX .

Ernst Bloch – O Princípio Esperança

Ernst Bloch (1885-1977) tem o objetivo de elevar a filosofia até à esperança - “um lugar do mundo tão habitado quanto as terras menos cultivadas e inexploradas da Antártida”[13].
Com a sua obra “O Princípio Esperança”, mais conhecida por “enciclopédia da esperança”, primeira de uma série de três volumes, Bloch aposta na esperança e reafirma a força dos resistentes. Este livro foi escrito entre 1938 e 1947 enquanto a humanidade vivia tempos de grande destruição (Segunda Guerra Mundial).[14]
Para concretizar o seu objetivo, este filósofo tenta responder a questões fundamentais, tais como:
·         Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que esperamos? O que nos espera?
Para além disso, foi capaz de reconhecer os problemas da sociedade em que vivia e ainda tentou resolvê-los com base no Princípio Esperança que explicaremos detalhadamente mais à frente.
De uma forma sucinta, a sua grande finalidade é eliminar estes problemas e, portanto, alcançar uma utopia socialista através da esperança com função utópica.
O Princípio Esperança engloba inúmeros conceitos de onde destacamos os mais relevantes: os sonhos, os desejos, a possibilidade, o futuro, a utopia e obviamente, a esperança.
Como maior parte dos filósofos, Bloch começa por colocar em questão a estrutura da realidade (objetos finitos) e a estrutura mais íntima do Homem, incluindo a sua relação com o mundo, onde se reflete a possibilidade da realização da esperança que há em si, sendo a esperança a energia vital e entrópica que nos move em função da uniformização do que somos e do que queremos ser, permite-nos também nunca atingir o zero absoluto perante as situações mais adversas. Ao analisar certas situações adversas percebe que dois dos principais problemas da sociedade são o facto de vivermos contaminados pelo ontem e pelo senso comum que anestesia a nossa grandiosa imaginação e a rotina do quotidiano que nos mata aos poucos.
Estamos preparados agora para explicar o conceito de futuro em Bloch, para este filósofo existem dois tipos de futuros: o futuro autêntico e o futuro inautêntico, a esperança funda-se apenas no futuro autêntico.[15] No íntimo deste futuro autêntico, Bloch esperança[16] uma utopia que está presente nos grandes e pequenos movimentos sociais.
Para atingirmos esta utopia futura, é necessário sabermos o que nos coloca em movimento no presente e o que permite a concretização da esperança. Há três fatores que nos fazem ser seres dinâmicos: o tempo, a possibilidade e o trabalho. O Homem é um ser do tempo e no tempo, na busca da elaboração de um princípio de identidade no espaço da possibilidade impregnada do pressentimento de liberdade futura.
A possibilidade tem como fim último tornar-se uma imagem de esperança de um mundo melhor e funciona como ponte de ligação entre o passível e a utopia, juntamente com a realidade e a matéria, esta funciona como base permanente da esperança. Estes três conceitos são o suficiente para que existam manifestações da esperança e que estas sejam vistas como ideais estimulantes pelo Homem e para que este se aperceba que é a possibilidade real de tudo aquilo que foi ao longo da história e sobretudo o que ele pode ser graças ao livre progresso. Por último, através do trabalho o Homem humaniza a natureza e é humanizado pela mesma.
Outro aspeto importante em Bloch são os desejos, que têm como principal função alimentar a esperança[17] e a vontade de seres desmesurados, complexos e insatisfeitos; os seres humanos. Geralmente, desejamos sem saber o quê, sem saber como desejar, desejar é algo que permanece além do nosso alcance, exigindo liberdade infinita e interior. De forma paradoxal, a satisfação das nossas privações não nos conduz ao apaziguamento mas leva a novos desejos e o excesso de objetos de desejo conduz a um desejo ainda maior[18] De acordo com Bloch: “O desejo lancinante do melhor mantém-se e subsistirá, quaisquer que sejam os entraves que se oponham a este”.
Qual o estatuto dos sonhos  em Ernst Bloch, mais propriamente os sonhos de uma vida melhor; os sonhos de uma utopia? O sonho é a base da existência autêntica e inautêntica, funcionando como ponto de partida e tendo como finalidade comandar a vida e motivar a ação. Do ponto de vista deste filósofo existem dois tipos de sonhos: os sonhos diurnos e os sonhos noturnos[19]. Os sonhos diurnos podem proporcionar ideias que não pedem interpretação e sim elaboração, sendo sonhados por um eu consciente que suspende o sonho quando quer, estes são os sonhos que Bloch salienta. Os sonhos noturnos são de carácter regressivo pois não são verdadeiras realizações de desejos, são apenas as recordações do passado que são revividas devido à nossa necessidade de sonhar, são deformadas pelo tempo. Pelo contrário, os sonhos diurnos são de carácter antecipador, onde o ser humano implica-se a si próprio e aos outros. É de salientar que só a exposição dos sonhos ao mundo é o suficiente, onde são expostos a testes e onde é possível atingir a sua concretização. Assim, o ser humano não busca a sonolência mas sim a viagem.
Como já foi referido, Bloch ambiciona uma utopia como solução dos problemas da atualidade, não são aos que já foram referidos mas também a inúmeros outros que irei explicar. Numa utopia teria que existir um equilíbrio entre a cultura tecnológica e o Homem, algo que não se visualiza hoje em dia. Atualmente, o Homem desligou-se dos fins a atingir pois estes são assegurados pelas máquinas[20]. A tecnologia provocou a total instrumentalização da sociedade em prol de maior rapidez, fazendo com que o ser humano desvalorizasse a esperança. Outro problema, desta vez alertado por K. Manheim é o individualismo, que faz com que esqueçamos a noção de sociedade. O nosso processo de personalização têm-se tornado cada vez mais incaracterizado, onde há uma crescente fuga do compromisso para com a comunidade, levando a que o papel do sujeito como célula fundadora da sociedade esteja em vias de extinção.
Um outro parâmetro importantíssimo que não podemos deixar de referir para atingir a utopia de Ernst Bloch é a educação e fazemo-lo com esta citação de Ernst Bloch: “A teoria mecanista do melhor afirma que os homens são produtos da circunstância e da educação, logo, consequentemente, os homens transformados são produtos de circunstâncias e educação modificadas. Mas os homens transformam as circunstâncias e até o educador precisa de ser educado”
Como podemos verificar a partir desta citação, a educação é vista como uma abertura de possibilidades pois é a responsável pela interação entre os grupos humanos que colaborarão para a elaboração de um mundo melhor. Deste modo, a educação é a antecipação de uma sociedade dinâmica, uma sociedade utópica.[21]
A verdadeira utopia que Bloch ambiciona é caracterizada como sendo o ponto de equilíbrio absoluto entre o ser e o dever-ser, entre o lugar e o não-lugar, surgindo de uma antecipação de mudança a partir da aprendizagem das estruturas sociais, culturais, históricas, políticas. A vontade utópica não se deseja no infinito- quer o imediato mas a vontade e o positivismo não são o suficiente, é necessária uma ação. Posto isto, a experiência utópica é a capacidade de distanciação do real, desvendando a esperança que há em nós.
É possível relacionar a utopia ambicionada por Bloch com os sonhos acordados de uma vida melhor, de facto, estes sonhos tocam tangencialmente a utopia, sendo definidos como a mais exata experiência imaginária possível de perfeição, não esquecendo que quando sonhamos um mundo melhor para nós, inconscientemente também sonhamos com um mundo melhor para o outro.
De acordo com E. Bloch: “Imaginação utópica é a consciência do estado das coisas alimentada do desejo de mudar o mundo numa certa direção”. Esta utopia é encarada como o horizonte de toda a realidade.
Dentro desta utopia, Bloch sugere uma igualdade social onde aquele que trabalha é recompensado pelo seu trabalho, ou seja, o sujeito não deve idealizar o fruto do seu trabalho mas sim projetá-lo; relembra, também, a importância da solidariedade para o Homem, necessária para a conservação de si próprio. Apesar do Homem reunir todas as condições à sua satisfação, precisa de ser solidário para que haja um crescente desenvolvimento humano.
Por último, refere que para uma crescente humanização social e para o alcance da liberdade, para além do trabalho recompensado, é necessária a existência de uma sociedade sem classes [22], de uma cultura com conteúdos de esperança materialista e da criação de novas imagens[23]
Para Bloch, a morte é a única capaz de retirar todo o sentido à vida pelo simples facto de eliminar toda e qualquer possibilidade de o alcançar. Podemos concluir a partir deste facto que a experiência do mundo é sempre intencional.
Bloch termina a sua obra dizendo que o mais importante de tudo não é quem somos ou o que somos mas saber quem seremos e como chegar a sê-lo, realçando que o único caminho a percorrer para desvendar este mistério é o caminho da esperança. Podemos ainda comparar a perspetiva deste filósofo com Gabriel Marcel que diz que “esperar é dar crédito ao universo”, ou seja, a esperança vai para além do limite empírico e meramente objetivo. A esperança orienta-nos para além do tempo!
Neste sentido, “a essência não é aquilo que já foi, pelo contrário, a essência do mundo está, ela mesma, na vanguarda.”


Conclusão

Educar para a Esperança?
Sim. A utopia surge na contemporaneidade como força capaz de des-construir o presente, lançando-se para além do espaço e do tempo. "As utopias dirigem-se à comunidade humana no seu conjunto, a toda a terra, e não apenas a um meio geográfico e temporalmente fechado"[24].

Questões póstumas...     
   
            Ao longo deste ensaio, procuramos refletir sobre a relação entre educação, esperança e utopia e, embora sejam várias as divergências entre as teorias dos autores abordados, procuramos fazer dessas discordâncias complementos ao nosso pensamento, na medida em que tentamos que nos proporcionassem a possibilidade de construirmos as nossas próprias aceções.
            Por um lado, Mèlich, que se destaca entre os teóricos analisados por questionar o progresso, é crítico da ideia de utopia, pois acredita que o velho “Humanismo”, a Cultura Ocidental e o Iluminismo falharam, embora admita o papel da educação enquanto arquiteta de uma nova sociedade pós-Auschwitz.
Por outro, embora a ocorrência de acontecimentos como o Holocausto possam levar-nos à crítica do Humanismo pré-Auschwitz, nós recusamo-nos a nos resignarmos ao pessimismo, pois, segundo Kant, a natureza dolorosa e descontínua do progresso, permite, infelizmente, que estes massacres ocorram, continuando a Humanidade não obstante num trajeto ascendente. Ainda assim temos de recusar que este seja uma certeza, como Kant e Hegel propunham.
            Portanto, alinhamo-nos com Kant e Bloch, quando estes afirmam o papel da educação como motor do progresso, e reconhecermos a esperança no progresso e a possibilidade de utopia.
No entanto, não podemos afirmar saber que a Humanidade elevará a sua condição no futuro, tomamos apenas a posição de que a procura ativa da utopia é um intento não só louvável como fundamentado racionalmente.
“Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz.” – Albert Camus, O Mito de Sísifo
Por outro lado, este excerto de Albert Camus aponta para a possibilidade de justificarmos racionalmente a procura ativa do progresso, mesmo quando a elevação da condição humana se torna muito dificil e dolorosa.
Se é verdade que não podemos antever um Sísifo esperançado, temos de acreditar que, desde o sopé da montanha, podemos lutar para atingir os píncaros num esforço contínuo e continuado de buscar a Esperança!
Assim, refletir a Esperança na e para a educação deverá ser entendida como um horizonte de possibilidades, não um devaneio pretensioso mas sim um olhar comprometido com a humanidade!
A esperança perante o que é, na medida em que transcende o real e o empírico, permite-nos dar o salto para o que deve ser, ou seja, a educação orienta a busca esperançada de utopia.
Seremos nos capazes desta busca incessante?



Bibliografia

MÈLICH, Joan-Carles - La ausência del testimonio: Narración y hospitalidade. Barcelona:Anthropos,2000.
MÈLICH, Joan-Carles -El fin de lo humano. ¿Cómo educar después del holocausto?Spain, Bellaterra (Barcelona),2000.
MÈLICH, Joan-Carles – La educación como agonia. Una filosofia crítica y fenomenológica de la educación, Vol.160 Barcelona: Anthropos, p. 30-32
CARNEIRO, Alexandra M. Pereira. O possível e a esperança, Reflexões sobre a educação como necessidade humana e da esperança como seu fundamento a partir da leitura da obra de Ernst Bloch, «O princípio esperança», Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Setembro de 1999.
CARVALHO, Adalberto Dias (Org.) - Problematicas Filosoficas da Educaçao, Porto, Edições Afrontamento, 2004
SARGENT, Lyman Tower - Utopianis, A Very Short Introduction. Oxford, Outubro de 2010.
SARGENT , Lyman Tower; RÜSEN; Jörn; FEHR, Michael; REIGER, Thomas W -The Necessity of Utopian Thinking: A Cross-National Perspective.Thinking Utopia: Steps Into Other Worlds, New York, USA: Berghahn Books. p. 11., July 2005
LODDER, Christina; KOKKORI, Maria; MILEEVA Maria - Utopian Reality:Reconstructing Culture in Revolutionary Russia and Beyond, Russian history and culture (Leiden, Netherlands) ; v. 14, Leiden ; Boston : Brill, 2013.
DIAS COELHO, Beatriz (02/01/2016 - 08:49) - 500 anos depois, o sentido de Utopia não se perdeu, Públicobritannica.com
KANT, Immanuel -Kant on Education (über Pädagogik),1st ed. D.C. Heath and Co. Boston: 1900.
STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY - Kant's Moral Philosophy
CAMUS, Albert, O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo. Ed. Livros do Brasil, pp. 121-127, 2000.





[1]São exemplo disso autores como Baltasar Gracián, Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Giacomo Leopardi, Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche, Albert Camus, Theodor Adorno, Walter Benjamin, Samir Amin, Jared Diamond eRonald Wright.
[2] OS EDITORES DA ENCICLOPÉDIA BRITANNICA ‐ Utopia, Ideal community [Em linha]. Chicago, Illinois: EncyclopædiaBritannica, Inc. [Consult. 28 de Maio de 2016]. Disponível em WWW: <URL: http://www.britannica.com/topic/utopia>.
[3]Klas Roth and Chris W. Surprenant Kant and Education: Interpretations and Commentary [Em linha]. Routledge. [27/05/2016]. Disponível em   WWW:<`URL: http://ndpr.nd.edu/news/29530-kant-and-education-interpretations-and-commentary/>.

[4]Na restante análise da teoria pedagógica de Immanuel Kant recorremos à obra Kant on Education (über Pädagogik) de Immanuel Kant.
[5]Meek Lange, Margaret - "Progress" [emlinha], The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Spring 2011 Edition), [Consult. 28/05/2016]. Disponível em WWW: <URL: http://plato.stanford.edu/archives/spr2011/entries/progress/>.

[6]Joan-Carles Mèlich (Barcelona, 1961) é doutorado em Ciências da Educação e professor de Filosofia e Antropologia da Educação na Universidade Autônoma de Barcelona. Estudou as consequências morais e éticas dos campos de concentração europeus e elaborou uma conceção pedagógica baseando-se na lembrança do passado. Segundo o autor, a Humanidade não deve esquecer os horrores que o ser humano pode cometer. No entanto, não deixa de acreditar na possibilidade de humanismo (na verdadeira aceção do termo), desde que este seja construído na base de um poderoso instrumento: a educação.
. É autor de inúmeros livros escritos em catalão. Tem textos publicados em vários países e é estudado em diversas faculdades de educação.
[7]  Os relatos dos sobreviventes estão descritos no artigo Narración y hospitalidade do autor.

[8]  Esta citação de José Saramago corrobora a ideia de que a humanidade é totalmente perdida em eventos como este. Daí a designação de “desumanidade”.
[9] Termo da língua iídiche usado para definir o holocausto judeu.

[10] Emmanuel Levinas foi um filósofo francês nascido numa família judaica na Lituânia.

[11]Manuel-Reyes Mate Rupérez (Pedrajas de San Esteban6 de Janeiro de 1942) é um filósofo espanhol, que se dedica à investigação da dimensão política da razão, da la Historia,da religião e da memória  e o papel da filosofia depois do Holocausto e Auschwitz.
[12] Em uma frase já célebre, o escritor tcheco Milan Kundera afirma que “A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento” (Kundera, 1987, p.10).
[13] Esta nota de rodapé pretende realçar o facto de a esperança ter sido sempre um conceito desvalorizado pela sociedade inativa em que vivemos.
[14] De facto, é interessante relacionar a Segunda Guerra Mundial com as obras filosóficas produzidas durante esta. Não será por acaso que também neste período escreveu Albert Camus O Mito de Sísifo. Em suma, obras estoicas para tempos estoicos.
[15] Futuro autêntico- “ainda-não”- ainda não está objetivado
Futuro inautêntico- limite do dado-materialista-manifestações aparentes da esperança.

[16]  Neste ponto, é importante realçar a diferença entre “esperar” e “esperançar” Distinção entre espera e esperança. Esperançar é mais complexo que esperar.

[17] Esperançar é agir de modo proactivo, esperar é esperar passivamente, sem agir, sem tomar iniciativa.
[18]“O ser humano permanece como uma promessa por cumprir”-N.Grinaldi, Letempsetle désir,p.7      
[19] Bloch critica psicanálise de Freud- “uma psicanálise que considera todos os sonhos apenas como caminho para o reprimido e a realidade sendo apenas a da sociedade burguesa e do mundo existe para ela, pode tranquilamente definir os sonhos diurnos como meros prelúdios dos sonhos noturnos.”   
[20] O poder das máquinas está expresso nesta citação. “A falta de liberdade não se apresenta como um facto irracional ou um facto que tem contornos políticos, traduz sim o fenómeno de submissão a um aparelho técnico que fornece mais conforto à vida e favorece mais produtividade no trabalho”- Helbert Marcuse, L’hommeunidimensionnel, p.182

[21]Segundo AdalbertoDias de Carvalho:“A educação serve, pois, a construção de um homem definido pelo seu futuro: antecipa humanidade futura-o que lhe confere sentido-porque o homem tem necessidade da educação para concretizar a sua liberdade e se instituir como ser moral”
“O estatuto social, político e ideológico da educação, se não é, por si, um facto novo, conhece, porém uma alteração profunda ao ser considerado e explicado largamente segundo óticas que em muito ultrapassam as simples preocupações pedagógicas”

[22] Bloch dá como exemplo de uma sociedade sem classes, a sociedade da internet.
[23]  Analogia com o relato de Thomas Bernhard de que, quando voltou à escola depois da guerra, percebeu que tinham substituído a fotografia de Hitler por um crucifixo. O prego, contudo, era o mesmo. Mudar o prego significa sonhar com um mundo melhor e a criação de novas imagens, já que o princípio esperança de Bloch aposta no que ainda não-veio-a-ser.
[24]Carvalho, A., D., Utopia e Educaçao, p.25




Ensaio concorrente à II edição de Ensaio Filosófico no Ensino Secundário da Associação de Professores de Filosofia...
... e que não ganhou!



Obrigado aos autores, alunos do 11°ano:

Pedro Miguel Brandão Duarte Justo
Gonçalo Manuel Gomes Rocha
Liliana Vasconcelos Pinho Ferreira
Prof. Orientadora:  Rosa Sousa


Muito Orgulhosa do trabalho que, empenhada e  reflectidamente construíram!

Foto Rafael Barbosa


                                                Lola

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