Discurso Argumentativo
Pág.70 - O domínio do discurso argumentativo - a procura de
adesão
do auditório.
do auditório.
1. Qual a importância da lógica formal (por nós já
estudada)?
Estuda a
validade dos argumentos dedutivos;
Preocupa-se
unicamente com a forma dos argumentos;
É uma lógica
binária cujos valores são Verdadeiro ou Falso;
Não esgota a
capacidade racional humana;
2. Que raciocínio se estuda, de modo particular, na lógica formal?
Raciocínios dedutivos.
3. Que tipo de raciocínios estuda a Lógica informal?
A lógica informal estuda os argumentos não dedutivos, sobretudo os
argumentos indutivos.
Para além dos raciocínios/argumentos dedutivos há
outros tipos de raciocínios/argumentos não dedutivos ou indutivos que são
estudados pela lógica informal. Estes não podem ser reduzidos a uma forma
lógica, a sua validade depende do conteúdo das premissas e da conclusão. Nos
argumentos não dedutivos válidos se as premissas forem verdadeiras a conclusão
é provavelmente verdadeira mas pode ser falsa. Ao contrário dos argumentos
dedutivos, a conclusão não é necessariamente verdadeira se as premissas forem
verdadeiras, mas apenas, provavelmente verdadeira.
Nestes
argumentos a conclusão acrescenta conhecimento às premissas, enquanto na
dedução isso não acontece. Por outro lado estes argumentos são menos rigorosos
uma vez que a conclusão pode não manter a verdade das premissas
Serão válidos se as premissas sustentarem
racionalmente a conclusão, se isso não acontecer, é porque o argumento comete
uma falácia, assim sendo as premissas não sustentam a conclusão e o argumento
não é válido.
4. Qual o objectivo da lógica informal?
Ocupa-se de argumentos que exprimem generalizações,
previsões, analogias e probabilidades.
Tem em conta não só a forma mas sobretudo o conteúdo
dos argumentos.
5. Porque é que a lógica formal é
insuficiente para o raciocínio humano.
Enquanto a lógica
formal diz respeito aos argumentos dedutivos e estuda os
aspetos formais da argumentação, distinguindo os argumentos válidos dos
inválidos pela forma lógica, a lógica
informal estuda argumentos cuja validade não depende
exclusivamente da sua forma lógica, mas também do conteúdo da argumentação.
Há
temas filosóficos que não geram consenso e que necessitam de um outro tipo de
lógicajá que a lógica formal não esgota a racionalidade humana.
· Porque o raciocínio humano não se pode reduzir à
lógica formal pois a lógica não possui o exclusivo da racionalidade.
Nos
argumentos informais, a verdade das premissas torna provável a verdade da
conclusão, mas não é impossível a sua falsidade. Assim, os argumentos informais
oscilam entre os muito fortes e muito fracos; quanto maior for a probabilidade
da conclusão ser verdadeira, mais forte é o argumento. A lógica informal estuda
as regras que tornam os argumentos fortes (válidos).
6. O que é a argumentação?
Argumentar é apresentar argumentos ou razões a favor
ou contra uma determinada tese.
É comunicação, diálogo e discussão de ideias
É o contacto entre sujeitos
É a
arte de persuadir ou convencer o auditório através de argumentos racionais.
7. Distinga Argumentação e demonstração:
Ver AQUI
8. Distinga raciocínio como demonstração de raciocino dialéctico.
O raciocínio é uma demonstração quando
parte de premissas verdadeiras e estas devem ser sempre verdadeiras e é
dialéctico quando parte de premissas prováveis: opiniões ou convicções.
9. Quais os elementos fundamentais da argumentação?
Orador,
Discurso, Auditório e o contexto.
10. Mostre a importância de cada um deles.
O ORADOR é um sujeito particular cujo
objectivo é influenciar o auditório provocando a adesão do auditório as suas
teses.
O AUDITORIO é o conjunto de todos
aqueles que o orador pretende influenciar com o seu discurso.
O DISCURSO é o conjunto de ideias
articuladas e bem argumentadas que o orador apresenta junto do auditório para
que este reforce ou modifique as suas convicções.
11. Qual a importância do contexto na
argumentação?
Garantir a comunicação argumentativa
Adaptar a linguagem ao auditório
Adaptar o discurso ao contexto sócio
cultural do arditorio
O contexto e o seu conhecimento prévio
permitem uma melhor aceitação, rejeição, adesão ou receptividade da tese
veiculada pelo discurso do orador.
12. Qual a característica fundamental do
discurso argumentativo?
É a adequação do discurso ao auditório a que se dirige
e ao contexto que lhe está associado – este é a regra fundamental da
argumentação.
13. O que é a Retórica?
- A retórica é o estudo da relação entre o orador e o auditório com vista à persuasão do mesmo;
- Retórica significa, em termos etimológicos (formação da palavra) a arte do discurso;
A retórica nasceu na Grécia e era a arte de persuadir pelo discurso ou arte de bem falar com eloquência (talento de convencer) face a um auditório;
A retórica estuda técnicas e estratégias de comunicação usadas na argumentação;
A retórica é um instrumento que pode ter diferentes usos e servir vários interesses:
O objectivo fundamental da retórica como e que meios ou recursos utilizar para obter a adesão do auditório
- A retórica é o estudo da relação entre o orador e o auditório com vista à persuasão do mesmo;
- Retórica significa, em termos etimológicos (formação da palavra) a arte do discurso;
A retórica nasceu na Grécia e era a arte de persuadir pelo discurso ou arte de bem falar com eloquência (talento de convencer) face a um auditório;
A retórica estuda técnicas e estratégias de comunicação usadas na argumentação;
A retórica é um instrumento que pode ter diferentes usos e servir vários interesses:
O objectivo fundamental da retórica como e que meios ou recursos utilizar para obter a adesão do auditório
"A definição de retórica é conhecida:
é a arte de bem falar, de mostrar eloquência diante de um público para ganhar a
sua causa. Isto vai da persuasão à vontade de agradar: tudo depende (...) da
causa, do que motiva alguém a dirigir-se a outrem. O carácter argumentativo
está presente desde o início: justificamos uma tese com argumentos, mas o
adversário faz o mesmo: neste caso, a retórica não se distingue em nada da
argumentação. (...). Para os antigos, a retórica englobava tanto a arte de bem
falar - ou eloquência - como o estudo do discurso ou as técnicas de persuasão
até mesmo de manipulação. "
Michel
Meyer, Questões de Retórica:
Linguagem, Razão e Sedução. Lisboa. Ed.70.1997
Linguagem, Razão e Sedução. Lisboa. Ed.70.1997
14. Qual o objectivo da retórica?
- A Retórica surgiu na antiga Grécia, ligada
à Democracia e em particular à necessidade de preparar os cidadãos para uma
intervenção activa no governo da cidade.
- "Rector" era a palavra grega que significava "orador", o político.
- No início esta não passava de um conjunto de técnicas de bem falar e de persuasão para serem usadas nas discussões públicas.
- A sua criação é atribuída a Córax e Tísis (V a.C), tendo sido desenvolvida pelos sofistas que a ensinaram como verdadeiros mestres. Entre estes destacam-se Górgias e Protágoras.
Os sofistas adquiriram durante o século V a.C., grande prestígio como professores de Retórica.
- A Retórica era, antes de mais, o discurso do Poder ou dos que aspiravam a exercê-lo.
- "Rector" era a palavra grega que significava "orador", o político.
- No início esta não passava de um conjunto de técnicas de bem falar e de persuasão para serem usadas nas discussões públicas.
- A sua criação é atribuída a Córax e Tísis (V a.C), tendo sido desenvolvida pelos sofistas que a ensinaram como verdadeiros mestres. Entre estes destacam-se Górgias e Protágoras.
Os sofistas adquiriram durante o século V a.C., grande prestígio como professores de Retórica.
- A Retórica era, antes de mais, o discurso do Poder ou dos que aspiravam a exercê-lo.
15. Quais os meios ou provas de persuasão do auditório,
segundo Aristóteles?
Ethos, Pathos e Logos
16. Explique
cada uma destas provas de persuasão.
Técnicas
de
persuasão
|
ETHOS
Reside no caráter moral do orador
A persuasão é obtida quando o discurso é proferido
de maneira a deixar no
auditório a impressão de que o caráter do orador o
torna digno de confiança.
(o ataque pessoal conhecido no âmbito da lógica
informal por argumento
ad hominem falacioso pode criar uma disposição desfavorável no auditório).
|
PATHOS
Reside no modo como se suscita a emotividade do
auditório
A persuasão é obtida quando o discurso do orador
desperta no auditório
sentimentos e emoções que o tornam recetivo à
suposta verdade do que está a ser dito.
(O apelo à popularidade e o apelo aos sentimentos e emoções são
instrumentos
retóricos associados a esta técnica)
|
|
LOGOS
Reside no próprio discurso, no que ele procura
argumentar
Segundo Aristóteles, o método apropriado é a
argumentação retórica que é
constituída por entimemas e exemplos.
|
17. Quais os campos de aplicação da retórica?
Nos discursos Político, jurídico, jornalístico,
publicitário, marketing e comunicação social.E até no nosso quotidiano quando
abordamos um tema que não é consensual.
18. O que é a opinião pública?
É um conjunto de convicções ou seja, um juízo
colectivo a respeito de de um determinado tema;
É um conjunto de pensamentos, de conceitos e
representações gerais dos cidadãos acerca de temas da actualidade;
É a voz da sociedade civil e expressão da vontade
colectiva;
Pode constituir-se como força política capaz de
derrubar governos
É influenciada por vários factores: necessidade de
integração social, estereótipos e preconceitos, factores emocionais, líderes de
opinião e meios de comunicação social.
19. Que técnicas estuda a retórica para facilitar a
comunicação?
O orador tendo como propósito despertar e motivar
provocando a adesão às suas teses, usa recursos variados como:
Analogias, metáforas, alegorias, exemplos, imagens,
sons, repetição de ideias, ironia, pausas, variação do tom de voz e gestos
apelativos.
Pág.81 - O discurso argumentativo - principais tipos
de
argumentos e falácias informais
argumentos e falácias informais
1. Porque é importante avaliar os argumentos?
Para descobrir os melhores pontos de vista acerca de
um determinado tema, pois nem todos os argumentos são iguais e uns constituem
boas razões e outros são não. Sem argumentos não conseguiríamos defender as
nossas perspectivas e fazer notar que as nossas razões são convincentes para
que o auditório possa construir a sua própria posição acerca de um tema.
2. Relacione tese e argumentos.
A tese deve ser sustentada por argumentos fortes e
bons capazes de convencer o auditório mais exigente.
3. Num discurso argumentativo, o que deve o orador fazer?
Definir
claramente o tema a apresentar;
Planificar
cuidadosamente a exposição a fazer;
Ter uma noção clara da conclusão a defender
4. Qual a estrutura de um discurso argumentativo
1ºmomento (introdução)-tema/subtema definir
claramente o que se pretende analisar e debater
2º momento (desenvolvimento
do campo argumentativo)-justificar e fundamentar as teses, torná-las
inteligíveis ao auditório ,prever e refutar possíveis objeções,
orientando progressivamente o auditório para a conclusão
3º momento (conclusão)-síntese
final-apresentar uma síntese das razões mais relevantes para a adesão do
auditório.
5. Explicar em que consistem os seguintes argumentos não dedutivos:
A - Indutivos
(generalizações e previsões),
B - Argumentos por analogia,
C - Argumentos de autoridade
C - Argumentos de autoridade
D - Argumentos causais ou sobre causas (não sai em exame)
Argumentos Informais
|
|
Argumentos indutivos
Inferência cuja verdade das
premissas não garante a
verdade da conclusão
|
Generalizações – argumentos indutivos com premissas menos gerais que a conclusão.
Atribui a todos os casos de uma espécie o que se
verifica na observação de alguns casos (amostra)da mesma espécie
|
Previsões – argumentos em que as
premissas dizem respeito a casos passados e a
conclusão a casos ainda não observados
|
|
Argumentos por analogia
|
argumento que parte da afirmação de coisas
semelhantes, concluindo que uma delas possui determinada característica
porque é semelhante a
outra que a possui
|
Argumentos de autoridade
|
Argumento baseado na opinião de um especialista;
considera-se que a conclusão é
verdadeira por alguma pessoa ou instituição
considerada autoridade na matéria a
considerar verdadeira
|
Argumentos sobre causas
|
Estabelecem relações de causalidade entre fenómenos
|
6. Exemplificar cada um desses argumentos. Ver resposta seguinte
7. Conhecer e explicar as regras de validade de cada um desses argumentos não
dedutivos.
Argumentos indutivos
Parte das premissas particulares e podemos ter
generalização quando o raciocínio tem uma conclusão universal e ainda temos a
previsão em que trata uma proposição particular acerca do que ainda não foi
observada.
A avaliação de um argumento indutivo deve ter em conta os seguintes critérios:
Um bom argumento indutivo não garante a verdade
da conclusão embora seja convincente;
São bons e fortes os argumentos em que a conclusão tem um bomsuporte de
justificação, que torna improvável que a conclusão se revele falsa;
São maus fracos os argumentos em que a probabilidade da conclusão ser
verdadeira é reduzida;
Suporte de justificação dos argumentos indutivos –
quantidade e representatividade de casos observados bem como existirem ou não
contra exemplos;
Argumentos por analogia
Os argumentos por analogia estabelecem uma
comparação entre duas realidades, comparaçãoessa baseada em características comuns.
Duas coisas são semelhantes sob
algunaaspetos e uma delas tem uma dada característica , conclui-se que
muito provavelmente a outra também tem essa mesma característica.
A avaliação de um argumento por analogia deve ter em conta os seguintes critérios:
A quantidade de propriedades comuns;
A
relevância das propriedades, isto é, a pertinência das propriedades ou a sua
adequação à conclusão que se pretende defender;
Não deve haver diferenças fundamentais relativamente
aos aspetos que estão a ser comparados.
Argumentos de autoridade
São os argumentos que se baseiam na
opinião de especialistas de alguém conhecido e respeitado pela sua particular
competência numa determinada área. A sua forma lógica é « A (autoridade) disse
P,logo P».
Para podermos ser considerados bons
argumentos, temos de ter em conta os seguintes critérios:
O especialista invocado deve ser muito
competente no assunto em causa;
Não deve haver discordâncias significativas entre os
especialistas quanto à matéria em discussão;
Não
deve haver outros argumentos mais fortes ou de força igual a favor da conclusão
contrária;
Os especialistas não devem ter interesses pessoais na
informação em causa.
Argumentos causais ou
sobre causas
Estes argumentos estabelecem relações de
causa – efeito entre fenómenos.
Existe uma relação de necessidade entre
dois acontecimentos em que um é a causa e o outro é o efeito esta chama-se relação de
causalidade.
Regras para construir bons argumentos
causais:
Não confundir a relação de causalidade com a
ocorrência de dois fenómenos uma seguir ao outro;
Não confundir a causa com o efeito.
Não confundir a causa com o efeito.
8. Identifique argumentos não dedutivos.
Indutivos(generalizações e previsões),
Argumentos por analogia,
Argumentos de autoridade
Argumentos por analogia,
Argumentos de autoridade
Argumentos causais ou sobre causas.
9. Definir falácias informais.
A lógica informal identifica erros de argumentação que
são as falácias.
Falácia
informal – Argumento inválido
que parece válido, cujo erro (pode ter várias origens) que decorre do conteúdo
do argumento.
10. Explicar cada uma das seguintes falácias:
Falsa
generalização (não sai em exame)
Falsa
analogia (não sai em exame)
Apelo
à autoridade (não sai em exame)
Falácia
causal (não sai em exame)
Petição de principio
Falso
Dilema
Apelo
à ignorância
·Ad
Hominem ou contra a pessoa
Derrapagem
ou Bola de Neve
Boneco de palha ou espantalho
11. Identificar, em exemplos, falácias informais.
A. Falsa generalização e enumeração
incompleta
Ocorre
sempre que se parte de observações não representativas.
Quando
se ignoram contraexemplos importantes.
Exemplo:
Uma vez que a Maria é linda, a Leonor é linda posso concluir que todas as
raparigas desta turma são lindas.
B. Falsa analogia
Ocorre
sempre que o argumento se baseia em semelhanças irrelevantes.
Na
ignorância das diferenças fundamentais entre objetos supostamente análogos.
Exemplo: Tal
como o cão, o gato respira e vive na Terra. Logo o gato é cão.
C. Apelo à autoridade
Ocorre
quando o argumento de autoridade recorre à credibilidade de uma pessoa.
Exemplo:
Lady Gaga diz que Alexandre MCQueen é o melhor estilista. Vou comprar um
vestido dele, pois a Lady Gaga é muito conhecida.
D. Falácia causal
Atribui
erradamente uma causa a um determinado fenómeno. Subdivide-se em:
1.Post
hoc, ergo propter hoc: afirma a existência de uma relação de
causa-efeito.
Exemplo: Vi
um gato preto na sexta feira 13. No dia seguinte a minha vizinha morreu. Logo,
a causa da minha vizinha ter morrido foi o facto de ter visto um gato preto na
sexta feira 13.
2. Inversão
de causa e efeito: acontece quando numa argumentação se confunde a causa
com o efeito.
Exemplo: O
desemprego tem levado à crise.
E. Petição de princípio (ou
raciocínio circular)
Ocorre
nos argumentos cuja conclusão já está contida nas premissas.
Exemplo: A
professora de inglês deu-me má nota no teste porque não gosta de mim. A prova
de que não gosta de mim é ter me dado má nota no teste.
F. Falso dilema
Ocorre
quando o argumento apresenta só as alternativas que interessam ao orador.
Exemplo: Se
não estás connosco estás contra nós.
G. Apelo à ignorância
Ocorre
quando alguém defende que determinada afirmação deve ser verdadeira só porque
não há provas em contrário.
Exemplo: "Manuel-
Eu acredito na teoria da reencarnação.
Sofia- Eu só acredito se me apresentares provas.
Manuel- Estás a ver mal o problema. És tu que tens de
me provar que a reencarnação não existe.
Sofia- Mas tu bem sabes que não é possível apresentar
tais provas.
Manuel- Portanto, eu tenho razão: a teoria da
reencarnação é verdadeira."
H. Argumentum ad hominem ("ao homem", ou contra a
pessoa)
Ocorre
quando em vez de se apresentar razões pertinentes contra uma opinião expressa
por alguém, se ataca a pessoa que a defende.
Exemplo:
Einstein foi o criador da teoria da relatividade. Ora, ele era judeu e
acreditava no socialismo. Logo, a teoria é falsa.
I. Derrapagem ou "bola de
neve"
ocorre
quando se pretende mostrar que uma proposição é inaceitável porque aceitá-la
arrastaria um conjunto de implicações com um resultado final inaceitável.
Exemplo:
Se o professor aceitar o vosso pedido de adiamento do teste, a turma passará a
fazer esse pedido repetidas vezes, também a outros professores, e depois todas
as turmas farão o mesmo e, no futuro, nem nesta escola, nem em lado nenhum
haverá marcações de testes e exames que não sejam sistematicamente alteradas.
J. Boneco de palha
Ocorre
quando alguém, num debate, intencionalmente ou não, substitui a posição do
adversário
Exemplo: Estou
contra o acordo ortográfico, a meu ver a língua não deve sofrer alterações
impostas por um decreto.
- Como podes dizer uma coisa dessas? Então segundo o
teu ponto de vista, a língua nunca pode evoluir?
Pág.98 -
Filosofia, Retórica e Democracia
1. Relacionar Retórica e Democracia.
A retórica é a arte de bem falar e de bem argumentar,
ou seja, mostrar eloquência diante de um público para ganhar a sua causa. Os
sofistas eram professores, ensinavam várias disciplinas entre elas a gramática,
a retórica, a arte de discursar e argumentar. Os sofistas viveram na altura da
democracia grega. Ensinavam sobretudo os jovens com ambições políticas. A
capacidade de argumentação era um factor decisivo na conquista do poder e os
que se dedicassem a cargos políticos teriam de adquirir essa capacidade de
argumentar para poderem participar em discussões políticas e fazer aprovar as
suas ideias. Os que estavam ligados á democracia, ou seja, resolviam questões
políticas, tinham de ter uma boa capacidade de argumentação, para que a sua
tese fosse aceite.
2. Distinguir o regime democrático existente em Atenas no século V a. C. das
atuais democracias.
A democracia de Atenas (510 a 507 a.C.) era Participativa, Direta e Restrita
Participativa, porque se
dava através da participação do cidadão na Assembléia do povo, onde se aprovava
ou rejeitava projetos em prol da melhoria de vida da cidade. Para os cidadãos
atenienses quem não se interessava em participar das decisões da vida pública
era considerada uma pessoa inútil.
Direta pelo fato que, as leis eram feitas e
votadas pelos próprios cidadãos, e não por representantes eleitos como nos
sistemas atuais Na Grécia Antiga: a democracia
era direta. Os cidadãos eram os seus próprios representantes: deslocavam-se ao
local da votação, votavam individualmente e de braço no ar.
Restrita (o que é um ponto negativo da democracia
ateniense) pois somente poderia participar da Assembleia uma parte da população
masculina e adulta que constituía o grupo de cidadãos, ficando excluídos da
cidadania e, portanto da participação política os estrangeiros, escravos,
mulheres e jovens com menos de 21 anos que não tinham o direito de votar. Na
democracia ateniense nem todos eram considerados cidadãos, apenas homens
livres, maiores de 18 anos, atenienses e com pais também nascidos em Atenas.
Mulheres, escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos.
Na Grécia Antiga, só era concedida a cidadania a
homens, filhos de pai e mãe Atenienses, com idade igual ou superior a 25 anos e
que tivesse cumprido o seu serviço militar (minoria).
O modelo atual de democracia fruto da Revolução Francesa é muito diversificado. Em Portugal temos
uma democracia Representativa-Direta
Atualmente: a democracia é representativa, ou seja, os cidadãos não se representam a si mesmos , mas sim elegem os seus representantes (deputados e governantes), que melhor defendam as suas opiniões e ideias. O povo exerce o poder tanto por meio dos seus representantes eleitos pela maioria do voto, quanto diretamente, mas apenas por meio de eleições e referendos Por vezes parece que há na democracia representativa um aspecto menos positivo pois não defende com rigor o Direito de Igualdade. Esta forma de sistema político parece separar a vida quotidiana da política, pois dá a impressão da existência de um grupo de cidadãos com capacidades especiais e específicas para governar.
Atualmente: a democracia é representativa, ou seja, os cidadãos não se representam a si mesmos , mas sim elegem os seus representantes (deputados e governantes), que melhor defendam as suas opiniões e ideias. O povo exerce o poder tanto por meio dos seus representantes eleitos pela maioria do voto, quanto diretamente, mas apenas por meio de eleições e referendos Por vezes parece que há na democracia representativa um aspecto menos positivo pois não defende com rigor o Direito de Igualdade. Esta forma de sistema político parece separar a vida quotidiana da política, pois dá a impressão da existência de um grupo de cidadãos com capacidades especiais e específicas para governar.
Na Democracia atual, todos são considerados cidadãos, ou seja, é considerado cidadão com direitos
políticos todo o cidadão (rapaz ou rapariga) com idade igual ou superior a 18
anos.
Principais diferenças / semelhanças
Direitos dos cidadãos- Enquanto que na Grécia Antiga os cidadãos dispunham de 3 direitos fundamentais
isonomia – igualdade perante a lei;
Isocracia - igualdade no acesso ao poder;
isegoria – igualdade no acesso à palavra.
Actualmente contam com uma muito mais vasta lista.
Entre eles estão: direito à liberdade e à segurança, direito de voto, direito
ao trabalho, à segurança social e à proteção de saúde e direito à educação.
3. Explicar o que se entende por retórica.
A retórica tem por definição ser a arte de bem falar e
argumentar com eloquência diante de um auditório, de modo que o mesmo adira à
tese do orador. O modo como a retórica é utilizada e o uso que dela se faz,
determinam o enquadramento desta, não só em relação com a filosofia mas também
com a democracia. A concepção democrática do exercício do poder não se aplica a
todos, apenas se aplica aos "homens livres", o que era só uma pequena
parte, pois as mulheres, os escravos e os metecos estavam excluídos do conceito
"homens livres". A retórica acaba por ser o instrumento fundamental
da democracia, na medida em que permitia aos cidadãos apresentarem e
esclarecerem os problemas
4. Explicar quem eram os sofistas.
Os sofistas são os grandes especialistas na arte da retórica
e desempenhavam o papel de professoresitinerantes que ensinavam aos seus alunos
a falar eloquentemente, de forma persuasiva e convincente e as técnicas
discursivas que permitem a quem tem ambições políticas de alcançar o poder.
Qualquer jovem que quisesse exercer o poder político, teria de possuir uma boa
capacidade de argumentação e por conseguinte usar bem a retórica para expor as
suas ideias e para que estas fossem aprovadas. A democracia entende-se por ser
a melhor forma de organização política.
Não eram atenienses;
Eram críticos da tradição, recusavam a religião e os
valores tidos como absolutos;
Eram oradores e professores de retórica;
Preparavam as elites para o exercício de poder
político;
Relativamente ao conhecimento, os sofistas
defendiam o relativismo;
O Homem não conhece o que as coisas são, mas o modo
como lhe aparecem - aparências;
O conhecimento fica reduzido ao conhecimento sensível
da aparência mutável da realidade;
Pretendem sempre mostrar a melhor solução e mais
eficaz para derrotar o adversário politico.
5. Discutir o papel dos sofistas na democracia ateniense.
Os sofistas eram eruditos (segundo alguns autores
criaram o primeiro conceito de cultura ou paideia) que se apresentavam como
oradores e professores de retórica, propondo-se a preparar as elites para o
exercício do poder político e sendo a democracia uma forma de organização
política para a qual é necessária a arte de bem argumentar, logo é necessária a
retórica. Tendo as coisas expostas assim podemos dizer que a retórica é uma
ferramenta da democracia - tomar o poder pelo uso da palavra! Auto
intitulavam-se mestres de saber por ensinar um conjunto de temas diversos.
6. Caracterizar a retórica sofística.
Tinha objetivos claramente práticos (visava a ação)
Tinha como objetivo preparar os jovens para a disputa
política e jurídica
Preocupava-se mais com a forma (o modo como se diz) do
que com o conteúdo (aquilo que se diz)
Procura obter a atenção do auditório (eficácia dos
discursos)
Era um arma de conquista de poder na cidade
Era aparência, manipulação e adulação
7. Qual o papel da linguagem e do discurso para Platão?
Para Platão, como vimos com o estudo da Alegoria da
Caverna, há dois níveis de conhecimento: sensível, opinião ou doxa e o
verdadeiro conhecimento que está no Mundo Inteligível. Só se atinge o mundo
Inteligível através do método dialéctico em que a linguagem e o discurso são
instrumentos para investigar e dizer o que é o ser ou as ideias e não para
defender a opinião.
8. Qual a concepção de retórica para Platão?
Tinha objetivos de investigação
Era vista como um meio de procurar a verdade e o aperfeiçoamento do ser humano
A retórica, ou uso da palavra, deve ter como objectivo a ética e os valores éticos como o Bem e a Justiça.
Não considerava os sofistas filosófos
Buscava a Justiça, o Bem, o Belo e a Verdade
Tinha preocupações éticas
Era vista como um meio de procurar a verdade e o aperfeiçoamento do ser humano
A retórica, ou uso da palavra, deve ter como objectivo a ética e os valores éticos como o Bem e a Justiça.
Não considerava os sofistas filosófos
Buscava a Justiça, o Bem, o Belo e a Verdade
Tinha preocupações éticas
9. Explicar as crítica de Platão aos sofistas?
Platão foi um grande crítico dos sofistas e da sua retórica.
O discurso retórico visava a acção, por
isso se propõe persuadir, convencer os que escutam da justeza das posições do
orador. Este primado da acção leva a maioria dos sofistas, a
desprezarem o conhecimento daquilo que discutiam, contentando-se com
simples opiniões, concentrado a sua atenção nas técnicas de
persuasão.
Foi sobretudo contra este ensino que se
opuseram Sócrates e Platão. Ambos sustentaram que a Retórica era a negação da
própria Filosofia.
Platão, no Górgias e no Fedro, estabelece
uma distinção clara entre um discurso argumentativo dos sofistas que através da
persuasão procura a manipulação os cidadãos e o discurso argumentativo dos
filósofos que procuram atingir a verdade através do diálogo, pois só esta
importa.
A Filosofia surge assim como discurso
dirigido à razão, e não à emoção dos ouvintes. Esta é aliás a condição primeira
para que a Verdade possa ser comunicada. Não se trata de convencer ninguém, mas
de comunicar ou demonstrar algo que se pressupõe já adquirido - a Verdade de
que o filósofo é detentor.
PLATÃO
|
SOFISTAS
|
|
· Existem verdades objectivas e universais –
rejeição do relativismo sofista.
· A Filosofia procura a Verdade.
|
· Relativismo sofista – os sofistas não admitem a existência de verdades objectivas e universais.
· Não estavam interessados em chegar à Verdade mas em defender um “ponto de vista” ou ganhar uma discussão.
|
|
CRÍTICA DE PLATÃO AOS SOFISTAS
|
||
A retórica sofista não procura a Verdade e o Bem.
A retórica sofista é uma forma
de manipulação e adulação e não de persuasão racional.
· Os oradores influenciam as opiniões e comportamentos do auditório à custa
das suas limitações cognitivas e
ignorância.
· Os oradores instrumentalizam o auditório fazendo deste
um meio para alcançar os seus interesses
· A ignorância do auditório é condição necessária para o orador
ignorante
- o orador não domina o assunto de que fala e precisa que o auditório seja ignorante para ser mais
persuasivo.
· Platão não concordava com o relativismo dos sofistas nem com o sistema
político democrático;
· Combatia e condenava os sofistas;
· Platão expressava uma visão muito crítica dos sofistas
· Retrata-os como estando mais preocupados com os interesses pessoais em
vez de procurarem a Verdade, o Bem e a Justiça;
· censurava-os também por valorizarem a forma de organizar o discurso em
vez de se preocuparem
· com o conteúdo, ou seja, censurava-os por usarem a retórica como
instrumento de persuasão.
· Platão defendia que o uso da palavra devia submeter-se a valores éticos
como bem e a justiça, como tal, deveriam todos preferir sofrer do que cometer
justiça;
· Muitos sofistas foram figuras importantes para o desenvolvimento de
sociedade democrática.
|
||
10. Analisar as críticas de Platão aos Sofistas no Górgias e no Fedro.
Platão, no Górgias e no Fedro, estabelece uma
distinção clara entre um discurso argumentativo dos sofistas que através da
persuasão procura manipulação os cidadãos, e o discurso argumentativo dos
filósofos que procuram atingir a verdade através do diálogo, pois só esta
importa.
Ver AQUI
11. Qual o ideal Político de Platão? Porquê?
· Só os sábios e corajosos devem governar
· Só estes conhecem a virtude, justiça e o Bem (ao contrario dos sofistas)
· Só os filósofos estariam capazes de governar a cidade
· A forma ideal de governo seria a ARISTOCRACIA
· A educação tinha como objectivo o conhecimento da alma,
· A mais elevada das tarefas era formar bons cidadãos
Pág.108 -
Persuasão e Manipulação:
os dois usos da retórica
os dois usos da retórica
1. Relacione Retórica e Ética.
É importante o modo como usamos a
retórica e com que objetivos.
Para Platão a retórica:
É um instrumento que pode ser utilizado
para vários fins;
Não
deverá ser utilizada como um fim em si mesma;
Tem
uma finalidade extrínseca (a Justiça ou o Bem).
A separação entre o bom e o mau uso da
retórica visa distinguir os argumentos ao nível do respeito ou do
desrespeito pelos princípios éticos do bem e justiça e verdade, logo é uma
distinção de natureza ética.
2. Defina persuasão.
A
persuasão tem como objectivo persuadir o auditório, reforçando as suas
convicções e levando a agir num certo sentido;
O
"bom uso" é o que preserva a adesão racional e crítica às
teses do orador;
Visa
o consentimento consciente e voluntário do auditório;
Orienta-se
por factos verdadeiros e pela racionalidade;
Os
factos não são deturpados;
O
auditório tem consciência das estratégias persuasivas utilizadas pelo orador.
3. Defina Manipulação.
A manipulação é uma influência
oculta exercida sobre um individuo ou um grupo;
Os
destinatários não compreendem as estratégias utilizadas para os influenciar;
Trata-se de uma transformação desonesta;
Visa modelar as crenças e os
comportamentos do auditório;
O
orador pode enganar o auditório através da distorção da informação, da mentira,
ou de mecanismos psicológicos inconscientes;
Pode
coincidir com uma deturpação dos factos;
O auditório é passivo, o seu sentido
crítico é adormecido, ou seja, não problematiza.
4. Exemplificar persuasão e manipulação nos seguintes discursos: político e
publicitário.
O discurso político pretende a adesão do destinatário, usando
mecanismos enganosos para realizar tal efeito. De entre estes mecanismos,
podemos destacar a distorção de informação, a mentira ou o apelo a mecanismos
psicológicos inconscientes. A mensagem tem uma aparência de mensagem persuasiva
mas na verdade é uma persuasão
enganadora/ oculta, mais conhecida por manipulação. Um discurso político
designado de "eficaz" vai ao encontro ou responde às necessidades e
preocupações manifestadas pela opinião pública.
Dirige-se a vários auditórios particulares;
É sedutor;
É muitas vezes
manipulador e demagógico;
Utiliza como técnicas discursivas as
interrogações retóricas, as expressões ambíguas e as repetições;
Reforça
opiniões prévias;
Forma e é
formada pela opinião pública.
O discurso publicitário:
O discurso publicitário é um dos discursos
que pretende cativar mais atenção do auditório.
É dirigido a um
auditório específico;
Tenta responder a necessidades, mas também
as cria; (por vezes, cria a necessidade de
algo supérfluo);
Propõe de forma condensada um visão do
mundo (sistema de valores);
É sedutor, pois dirige um apelo específico
à sensibilidade/emoção;
Faz promessas
veladas;
Opta por
mensagens curtas(imagem/sonoridade), com pouca informação;
Actua a um nível implícito e inconsciente;
sugere associações.
A razão é posta de lado e age-se movido
pelo desejo;
Aposta na simbologia das coisas
conotando os produtos que anuncia com valores sensuais
A relação entre o consumidor e o
valor simbólico do produto é tão intensa que as pessoas chegam a ser levadas ao
consumo apenas pelo valor mágico que lhe atribuem;
Pode centrar-se na criatividade, na
promoção, no reforço ou no slogan;
O
discurso publicitário é concebido para ser endereçado ao Logos e ao Pathos, ou
seja, apela à inteligência e à emoção, mas sempre dando maior enfâse à emoção.
De uma forma geral, não persuade apenas os compradores de um produto,
manipula-os também!
5. A que corresponde o "bom" e "mau" uso da retórica?
Sofística
|
Filosofia
|
|
Retórica
|
MAU USO
Manipulação (predominância do pathos)
Usa a retórica como técnica de persuasão –
centra-se nos resultados.
Os argumentos apelam às emoções.
Uso da sedução, leva o auditório a aderir
acriticamente.
Visa os interesses do orador.
· A retórica é usada como manipulação
· A argumentação recorre à manipulação, falácias e apelo às emoções.
O orador usa/ explora as limitações
cognitivas do auditório para obter
a sua adesão
|
BOM USO
Discussão racional dos argumentos
(predominância do logos)
Considera a discussão racional dos argumentos
como forma de chegar à verdade.
Respeita os princípios éticos do diálogo.
Pressupõe a livre adesão do auditório
Persuasão racional
· O orador dirige-se às capacidades cognitivas e críticas do auditório
· Apesar do caráter controverso de certos
assuntos, o orador procura alcançar e mostrar a verdade.
· Procura apresentar toda a informação relevante ao auditório, não distorce
nem omite factos
|
Conceção de verdade
|
A verdade é relativa, não passa de um ponto de
vista. Não é possível uma verdade objectiva e universal.
Qualquer opinião é, em princípio defensável.
A verdade é a tese do orador com melhor desempenho
argumentativa.
Tem o objectivo de persuadir
Desenvolve-se no âmbito da aparência e da opinião
"doxa”
Posição relativista quanto à questão do
"saber" e da "verdade"
|
A verdade é absoluta (é atingida pelo exercício da
razão).
A verdade corresponde ao conhecimento verdadeiro da
realidade, ultrapassando o plano da aparência dado pelos sentidos.
A verdade é o objeto de pesquisa da filosofia.
Tem como objectivo o conhecimento, de procurar a
verdade
Distinção entre aparência e realidade
Pesquisa racional do conhecimento, da verdade e do
bem
|
O "Bom uso " está associado à
argumentação, que visa persuadir um auditório sem anular o seu sentido critico
e a análise racional dos argumentos utilizados. - Persuasão
O " Mau uso " é
empregue para descrever a utilização de estratégias que visam manipular o
auditório e adormecer o seu sentido crítico. - Manipulação
6. Quais os objectivos da persuasão e da manipulação?
A persuasão
visa obter o consentimento voluntário e consciente do sujeito ao qual se dirige
e a manipulação visa modelar as crenças e os comportamentos do auditório.
7. Como se distingue um discurso persuasivo de um discurso manipulativo?
No discurso
manipulatório os destinatários não conhecem ou não compreendem
as estratégias utilizadas para os influenciar. É esta ausência de conhecimento
ou de compreensão que motiva o julgamento moral negativo associado a esta forma
de comunicação e a atribuição de responsabilidade pelas suas consequências
àquele que influencia.
A manipulação é uma persuasão oculta;
Deturpam-se os factos;
É orientada pela mentira, deturpação;
Visa modelar as crenças e comportamentos do auditório;
O auditório é passivo, não é crítico, não problematiza;
Deturpam-se os factos;
É orientada pela mentira, deturpação;
Visa modelar as crenças e comportamentos do auditório;
O auditório é passivo, não é crítico, não problematiza;
É uma forma de persuasão intelectualmente desonesta
No discurso
persuasivo o auditório tem a consciência das
estratégias persuasivas utilizadas, o auditório é ativo, crítico e
problematiza. Todas as atividades que utilizam o discurso argumentativo como
instrumento principal, as teses e as teorias avançadas são avaliadas pelos bons
ou maus argumentos que utilizam. Cabe-nos ajuizar se é razoável aceitá-las,
isto é, se nos persuadem dentro de padrões aceitáveis de racionalidade, sem
recurso ao engano ou à mentira. A
persuasão visa o consentimento voluntário e consciente do auditório;
É uma
forma de persuasão baseada na honestidade intelectual;
8. Identificar, em exemplos, formas de persuasão e manipulação do discurso.
Exemplos de manipulação: "Os meses que precederam a ocupação do Iraque,
em 19 de Março de 2003, assistiu-se a uma campanha de manipulação da informação
a nível mundial";
Exemplos de persuasão: "O ditador Adolfo Hitler foi o primeiro a
integrar a retórica em gigantescos espetáculos de propaganda, produzindo um
poderoso efeito hipnótico sobre os auditórios. Os discursos Hitler eram
cuidadosamente ensaiados. Modelações no tom de voz, gestos dramáticos, olhares
acutilantes, e expressões faciais acentuavam os momentos mais importantes nos
seus discursos. Os discursos abordavam de forma muito emocional quase sempre os
mesmos temas: o ódio aos judeus, o desemprego e o orgulho ferido da Alemanha.
As paradas militares, bandeiras e símbolos conferiam à sua figura e palavras
uma dimensão sobrenatural".
Pág.118 - Argumentação, Verdade e Ser
Pode-se dizer que uma proposição é verdadeira se está de acordo com com aquilo que as coisas são, se corresponde à realidade e falsa se não está de acordo que as coisas são, se não correspode à realidade.
A Filosofia, tal como as ciências, é
uma procura de conhecimento, é uma tentativa de descobrir como as coisas são
realmente. A argumentação filosófica, portanto, tem em vista a verdade. Os
argumentos são vistos como instrumentos na procura da verdade, e não
como formas de manipular a opinião dos outros.
Na filosofia reconhece-se assim uma
relação estreita entre argumentação, a verdade e o “ser” ou realidade.
Conhecer a verdade é saber como as coisas
são e na Filosofia recorre-se à argumentação para descobrir a verdade.
1. Distinga verdade e verosimilhança.
A verosimilhança é uma verdade aproximada enquanto que a verdade é uma
verdade absoluta. Platão critica os sofistas pois estes defendem uma verdade
relativa enquanto que ele defende uma verdade absoluta tal como Sócrates.
2. Qual o tipo de verdade para os sofistas?
Defendiam uma verdade relativa e subjectiva." O Homem é a
medida de todas as coisas" dizia Protágoras, um dos Sofistas.
Consideravam a verdade como resultado de um ponto de vista sobre a
realidade, uma tese verdadeira, seria, por conseguinte, não a que se
aproximasse do modo como o mundo é, mas a que convencesse mais as pessoas.
Defendiam o cepticismo pois
negavam a existência da verdade absoluta.
3. Qual a concepção de verdade em Platão?
Para Platão a verdade é apenas uma, ela é
a “visão” da realidade captada pela razão humana. É a verdade absoluta e
universal.
4. Relacione Discurso e verdade.
Todo o discurso
que visa convencer é, afinal, um discurso que não pode ambicionar alcançar a
verdade?
Será, pois, toda a argumentação uma actividade “inimiga” da verdade?
Ou, pelo
contrário, há uma argumentação que se pode constituir como instrumento da
procura da verdade?
Será que o discurso diz sempre a verdade?
5. Distinga verdade e doxa.
A verdade corresponde à verdade absoluta que é defendida por Platão, a
doxa, é a opinião, corresponde a uma verdade relativa defendida pelos sofistas.
6. Qual a posição de Platão em relação à sofistica?
Para Platão, a sofística visava precisamente a opinião e não o saber, a
verosimilhança e não a verdade. No entendimento de Platão, os sofistas ensinavam
as virtudes sem conhecerem “o que é a virtude”, quando a pergunta “por aquilo
que é” (o que é o bem? o que é a justiça? O que é a beleza?) era a pergunta
filosófica por excelência, conduzindo por conseguinte, ao conhecimento.
7. Defina dialéctica socrática.
A dialéctica socrática, é um método
desenvolvido por Sócrates, que tinha por objectivo alcançar a verdade e o
conhecimento a partir dos conhecimentos que o interlocutor já possuía; ao expor
as contradições, erros, dúvidas, do discurso do seu interlocutor, levava este a
abandonar as teses que inicialmente defendia.
8. Como se caracteriza a argumentação filosófica?
A argumentação filosófica caracteriza-se
por:
Sustentar
racionalmente as ideias e as teses;
Defende-las e
justifica-las de modo válido e convincente sem recorrer a métodos
manipuladores;
Procurar a sua
aceitação por via de uma persuasão racional;
A argumentação filosófica, ao contrário da retórica não coloca a tónica na
persuasão de auditórios, mas precisamente na descoberta da verdade.
(relaciona-se com uma vontade absoluta).
9. O que é um bom argumento em Filosofia?
Em Filosofia, um bom argumento ou
argumento cogente, é um argumento sólido com premissas mais
plausíveis do que a conclusão. Num argumento cogente, somos levados a aceitar a
conclusão também devido ao poder persuasivo das premissas.
Para além de ser válido e
de ter premissas verdadeiras, um bom argumento é um argumento convincente.
10. Apresente as concepções de verdade
A
Filosofia recorre à argumentação e à discussão racional para investigar como as
coisas realmente são pois o objetivo dos filósofos não é vencer os
adversários como faziam os sofistas, fazendo prevalecer as suas opiniões a
todo o custo.
“Dizer
como as coisas realmente são” significa dizer que as nossas crenças
são verdadeiras.
Para
os gregos antigos “Ser” significa a realidade como
objectivamente é.
A
argumentação filosófica permite chegar a posições fundamentadas, avaliando
criticamente as
diversas respostas a um problema
– procura descobrir a verdade acerca do ser.
Os
argumentos são essenciais para a procura da verdade e não como formas de
persuadir ou vencer discussões.
Os
problemas filosóficos são conceptuais o que significa que não podem ser
resolvidos
através da observação e da experiência.
Há
várias conceções de verdade:
A. A verdade como correspondência:
- É a concepção clássica de verdade.
- Correspondência entre o pensamento e a realidade/
entre a representação e o ser.
- O critério de verdade é a adequação daquilo que é
dito (linguagem) ao real (realidade).
- Há uma distinção clara entre «juízo» e «ser» (plano
discursivo e plano ontológico).
- A falsidade surge quando o pensamento não é
conforme, não é conveniente e não é adequado.
- A correspondência entre o pensamento e a realidade
não é nem linear nem imediata, o que nos permite incorrer na falsidade, no
erro, no engano;
B. Teoria da verdade como coerência:
- A verdade de uma proposição é aferida não pela sua
correspondência com a realidade mas pela
relação que estabelece com outras proposições
verdadeiras num dado sistema.
- Para justificar uma crença recorremos sempre outras
crenças do mesmo tipo.
- As proposições dizem-se consistentes, se num dado
sistema não implicarem a sua própria negação.
- Se houver consistência entre as proposições de um
dado sistema, diz-se que há coerência, ou seja, que o
sistema não se nega a si próprio.
- A verdade de uma proposição não depende de
corresponder aos factos mas sim de não contradizer
outras proposições verdadeiras num dado sistema.
C. Teoria pragmática da verdade
- Defendida por Charles Pierce e William James.
- «a verdade é o que a verdade faz».
- O valor de verdade é atribuído a todas as
proposições com consequências adequadas (crenças funcionais ou úteis).
- Desde que funcionais, quase todas as crenças devem
ser aceites ou respeitadas.
- Segundo alguns filósofos esta conceção de verdade
pode levar ao relativismo, ou seja, à ideia de que todas as crenças
se equivalem.
Lola
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