O problema do livre-arbítrio
O problema do livre-arbítrio coloca questões como:
- Somos livres ou determinados?
- Podemos acreditar que somos livres e que as nossas acções são causalmente determinadas?
- Como compatibilizar a crença de que todos os acontecimentos, incluindo as acções, são causalmente determinados, segundo as leis da natureza, com a crença de que o Homem é livre e responsável pelas suas acções?
- Somos livres no agir?
- Temos controlo sobre as nossas acções?
- Será que há boas razões para acreditar que somos livres e que por isso mesmo podemos ser responsabilizados pelo que fazemos livremente?
- Haverá argumentos bons a favor da ideia de que há acções que foram praticadas com livre arbítrio?
- Por que razão o problema do livre - arbítrio é um problema importante do ponto de vista prático?
Em sentido absoluto ou radical – Designa a possibilidade de agir na ausência de constrangimentos (internos ou externos). Aproxima-se muito da noção de livre – arbítrio.
Em sentido relativo – Designa a possibilidade de dispor de si mesmo, de se auto determinar, através da vontade, mas num campo limitado de possibilidades.
LIVRE ARBÍTRIO:
É uma capacidade humana que nos diz que a acção humana depende da nossa vontade, das nossas escolhas, opções e deliberações. Livre-arbítrio é a vontade de um sujeito consciente, livre e responsável. É o poder de escolha de opção do agente, a capacidade e a possibilidade de agir apesar de quaisquer obstáculos. É a vontade livre e responsável de um sujeito racional.
É uma capacidade humana que nos diz que a acção humana depende da nossa vontade, das nossas escolhas, opções e deliberações.
DETERMINISMO:
É a teoria segundo a qual todos os acontecimentos do universo, incluindo as acções humanas, estão submetidas a leis de natureza causal - tudo é efeito de uma causa anterior.
É a teoria segundo a qual todos os acontecimentos do universo, incluindo as acções humanas, estão submetidas a leis de natureza causal - tudo é efeito de uma causa anterior.
SERÁ O LIVRE ARBÍTRIO COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?
Há várias teorias:
A - DETERMINISMO MODERADO ou COMPATIBILISMO:
- O mundo é regido por relações causais, mas ainda assim é possível escolher fazer ou não fazer certas acções;
- O livre-arbítrio é, tornando-nos responsáveis por elas, compatível com a liberdade.
- Livre arbítrio e determinismo são compatíveis;
- Somos causalmente determinados e também livres e responsáveis pelo que fazemos;
- O determinismo moderado é compatível com a liberdade e a responsabilidade;
- É uma teoria conciliatória.
Crítica:
- Se tudo depende das leis da natureza ou acontecimentos anteriores, será que somos livres nas acções?
2 - DETERMINISMO RADICAL ou INCOMPATIBILISMO:
- Todos os acontecimentos, sem excepção, são causalmente determinados por acontecimentos anteriores;
- As escolhas e acções humanas são acontecimentos;
- Todas as escolhas humanas e acontecimentos são causalmente determinadas por acções anteriores;
- A causalidade nega a liberdade e a responsabilidade;
- Todos os acontecimentos do mundo fazem parte de uma cadeia causal, (causa-efeito) sendo cada um causado por acontecimentos anteriores;
- Todos os acontecimentos, inclusivamente escolhas e acções humanas são o desfecho causal de acontecimentos anteriores ou acompanham, sendo a sua ocorrência necessária e não casual;
- O que acontece agora resulta necessariamente do que antes aconteceu;
- O determinismo é verdadeiro e o livre-arbítrio é uma ilusão;
- O comportamento humano é constrangido;
- O homem não é responsável por aquilo que faz.
- Criticas:
É difícil não acreditar que somos seres conscientes e livres;
Temos a sensação interior de liberdade;
Acreditamos que podemos controlar as nossas acções;
Nega a responsabilidade do sujeito na acção.
O determinismo radical e a responsabilidade merece algumas criticas.
Se não somos responsabilizáveis pelo que fazemos, porque não podemos agir de modo diferente – então:
-Como condenar e ilibar alguém?
-Como elogiar e censurar?
-Como dizer a alguém que não devia ter feito o que fez?
-Como explicar sentimentos de remorso, de arrependimento e de culpa?
3- LIBERTISMO:
- É possível compatibilizar o determinismo com a vontade livre, ou seja, aceita-se o determinismo do mundo natural mas também que há espaço para a liberdade e responsabilidade humana. que as acções não resultam de acções anteriores;
- Não há compatibilidade entre a liberdade e o determinismo, pois somos absolutamente livres.
- Rejeita o determinismo pois nega as acções causalmente determinadas e rejeita o indeterminismo pois nega o acaso e as acções aleatórias;
- Opõe-se ao determinismo radical;
- Defende o livre-arbítrio;
- Critica:
Se o ser humano é capaz de se auto determinar, então será ele absolutamente livre e responsável por todas as suas acções?
Qual o interesse do estudo do livre arbítrio?
O interesse por este problema não é apenas teórico. Não se trata apenas de satisfazer a nossa curiosidade. O problema do livre-arbítrio tem importantes implicações práticas, a principal das quais relacionada com a responsabilidade moral. Tudo parece indicar que se não houver livre-arbítrio, então também não é possível responsabilizar moralmente um agente pelas acções que pratica e, consequente, puni-lo ou recompensá-lo.
Será possível construir a vida social sem a ideia de responsabilidade moral?
Se não houver livre – arbítrio não estará o nosso sistema penal todo errado?
Não será que o criminoso, de modo análogo à pessoa que sofre de asma e assim vê o seu organismo prejudicado, não deve ser punido, mas sim tratado de modo a deixar de ser prejudicial à sociedade?
Só faz sentido responsabilizar moralmente alguém (e por extensão punir ou recompensar) se a pessoa puder escolher entre diferentes acções alternativas possíveis, isto é, se for livre. Se não o for, isto é, se estiver determinado a fazer o que fez, então não há qualquer razão para a responsabilizar — e punir ou recompensar —, uma vez que não podia deixar de proceder como procedeu.
Quer o assassino que tenha cometido o crime mais hediondo ( o ditador) quer o herói que tenha realizado o acto mais altruísta (o benemérito) que seja possível imaginar não podem ser responsabilizados pelos seus actos.
Será possível construir a vida social sem a ideia de responsabilidade moral?
Se não houver livre – arbítrio não estará o nosso sistema penal todo errado?
Não será que o criminoso, de modo análogo à pessoa que sofre de asma e assim vê o seu organismo prejudicado, não deve ser punido, mas sim tratado de modo a deixar de ser prejudicial à sociedade?
Só faz sentido responsabilizar moralmente alguém (e por extensão punir ou recompensar) se a pessoa puder escolher entre diferentes acções alternativas possíveis, isto é, se for livre. Se não o for, isto é, se estiver determinado a fazer o que fez, então não há qualquer razão para a responsabilizar — e punir ou recompensar —, uma vez que não podia deixar de proceder como procedeu.
Quer o assassino que tenha cometido o crime mais hediondo ( o ditador) quer o herói que tenha realizado o acto mais altruísta (o benemérito) que seja possível imaginar não podem ser responsabilizados pelos seus actos.
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