Exame FILOSOFIA 11º Ano
2020
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Ficha de Trabalho 1
Filosofia da Religião - Argumento
cosmológico
1.De que problemas trata a filosofia da
religião?
2. Por que razão o argumento cosmológico é a
posteriori?
3. Qual é a ideia central do argumento cosmológico de
Tomás de Aquino?
4. Há autores que afirmam que o argumento cosmológico
de Tomás de Aquino é logicamente válido. Recordando a matéria lecionada de
lógica proposicional, constrói um inspetor de circunstâncias para provar que
este argumento é válido.
5. Quais são as principais críticas que se podem
apresentar ao argumento cosmológico?
6. Considera que se pode formular um argumento
cosmológico que evite alguma das críticas anteriormente referidas? Justifica.
7. Explique brevemente o argumento a favor da
existência de Deus referido na entrevista.
8. Explique brevemente que objeção principal se poderá
apresentar a esse argumento.
9. Qual é o argumento principal para se colocar Deus
em causa? Explique brevemente esse argumento?
10. De que forma se pode criticar esse argumento contra
a existência de Deus?
Proposta de resolução da ficha de trabalho
1. A filosofia da religião consiste em pensar
filosoficamente sobre tópicos que surgem quando o assunto é a religião. Ou
seja, podemos caracterizar a filosofia da religião como o exame de conceitos
religiosos fundamentais (como o conceito de Deus e de fé) e de crenças
religiosas fundamentais (tal como a crença de que Deus existe e de que a
existência do mal é de algum modo consistente com o amor de Deus pelas suas
criaturas). Importantes problemas da filosofia da religião são os seguintes:
Será que Deus existe? Será que o mal é uma forte razão contra a existência de
Deus? Será racional acreditar em Deus ou ter fé sem provas ou argumentos?
2.Um argumento a priori é um argumento cujas premissas
são a priori, ou seja, tem apenas premissas que podem ser conhecidas
independentemente da experiência do mundo. Pelo
contrário, um argumento a posteriori é um argumento em
que pelo menos uma das suas premissas é a posteriori, isto é, pelo menos uma
das suas premissas baseia-se em informação sobre como o mundo realmente é.
Seguindo este critério, o argumento cosmológico é um argumento a posteriori,
dado que tem as seguintes premissas empíricas: existem coisas no mundo e essas
coisas foram causadas a existir por alguma outra coisa.
3. A ideia central do argumento é a seguinte: parte-se
de factos simples acerca do mundo, como o facto de nele haver coisas cuja
existência é causada por outras coisas, para daí concluir que tem de haver uma
primeira causa, ou seja, Deus.
4. Para se mostrar a validade do argumento de Tomás de
Aquino devemos começar pela construção do respetivo dicionário:
P = Existem coisas no mundo.
Q = As coisas do mundo foram causadas a existir por
alguma outra coisa.
R = Há uma cadeia causal que regride infinitamente.
S = Há apenas uma primeira causa que é a origem da
cadeia causal.
Com base neste dicionário, a forma lógica do argumento
é a seguinte:
P, (P→Q), (Q→(R∨S)), ¬R ∴ S Com esta formalização pode-se construir um
inspetor de circunstâncias (ver aqui) e pode-se constatar que não há nenhuma
circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa; por
isso, o argumento é válido.
5. Pode-se criticar o argumento de Tomás de Aquino
pelo facto de cometer a falácia do falso dilema. Isto porque, na premissa 3,
além da opção de cadeia de regressão infinita, e da opção de haver apenas uma
primeira causa, também se deveria considerar a opção de haver várias primeiras
causas diferentes. Além disso, pode-se argumentar que podem existir cadeias
causais infinitas. E, por fim, ainda que o argumento fosse bom, não provaria
que existe o Deus teísta, dado que a primeira causa não tem de ser omnisciente
ou moralmente perfeita.
6. Por exemplo, uma forma de evitar a crítica do falso
dilema é argumentar que «Tudo o que começa a existir tem uma causa para a sua
existência; ora, o universo começou a existir; logo, o universo tem algum tipo
de causa para a sua existência.»
7. O argumento a favor da existência de Deus referido na
entrevista é o argumento da “afinação minuciosa”. A ideia central do argumento
é a seguinte: parte-se das descobertas da física cosmológica que mostram que
muitas das mais básicas forças ou parâmetros na natureza (tal como a força
nuclear forte, a força da explosão inicial do big bang, a massa de protão e
neutrão, a velocidade da luz, entre muitas outras) são tais que, se fossem
ligeiramente diferentes, a vida seria impossível. Assim, alguns físicos
concluíram que esses parâmetros do universo estão minuciosamente afinados para
a vida. Ora, tendo em conta esses dados ou evidências, temos as seguintes
hipóteses: essa afinação minuciosa do universo deve-se a um designer
sobrenatural,
i.e., a um Deus. Ou, pelo contrário, a afinação
minuciosa do universo é fruto do acaso. Com base nestas informações, pode-se
sustentar que se o universo fosse resultado do mero acaso, seria surpreendente
ele ter aquelas características e padrões minuciosamente afinados para a vida.
Todavia, se o universo fosse o resultado de um designer sobrenatural, não seria
surpreendente ele ter aquelas características e padrões. Daqui se segue que é
mais provável que o universo tenha padrões ou constantes minuciosamente
afinadas para a vida se houver um designer do que se for fruto do acaso. Mas,
então, pode-se concluir que os dados ou a evidência disponível confirmam a
hipótese de um designer sobrenatural (ou seja, de Deus) em detrimento da
hipótese rival (ou seja, o acaso).
8. Como crítica ao argumento da “afinação minuciosa”
pode-se sustentar que não há apenas duas hipóteses (Deus e o acaso), mas há
igualmente uma terceira hipótese, a hipótese do multiverso, ou seja, existem
muitos universos distintos com constantes físicas ou leis naturais diferentes.
Assim entre os vários universos, acabará por surgir por acaso um universo em
que as constantes assumem os valores “corretos” para a existência de vida.
Admitida esta pluralidade de universos, a afinação minuciosa não será
surpreendente.
9. O argumento principal para se colocar Deus em causa
é o argumento do mal. Uma das versões atuais mais relevantes é a versão
probabilística. Muito sinteticamente o argumento é o seguinte: Primeiro
parte-se da ideia de que pelo menos algum dos males no nosso mundo parece
gratuito (aparentemente não servindo qualquer propósito benéfico). Daí se
infere que provavelmente algum dos males no nosso mundo é gratuito e não serve
qualquer propósito benéfico. Todavia, se Deus existe, então não há males
gratuitos. Pois, se Deus é moralmente perfeito e poderoso, então poderia evitar
tais males aparentemente gratuitos e sem sentido, que não parecem ter qualquer
justificação. Tendo em conta isto, pode-se concluir que provavelmente Deus não
existe.
10. Pode-se criticar o argumento do mal com a resposta
do “teísmo cético”. Com essa resposta procura-se mostrar que a inferência de
“parece-nos haver” mal gratuito para “provavelmente há” mal gratuito não é
procedente dadas as nossas limitações cognitivas. Por exemplo, não podemos usar
a nossa incapacidade para ver quaisquer insetos numa garagem (quando estamos a
olhar da rua) para concluir que é improvável que haja insetos nessa garagem. De
forma similar, não podemos usar a nossa incapacidade para apreciar as razões
que justifiquem a Deus permitir um mal para concluir que é improvável que haja
qualquer razão que justifique a Deus permitir esse mal.
Domingos Faria
Ficha de
Trabalho 2
Filosofia Moral - A
necessidade de fundamentação da moral nas filosofias de Kant e Stuart Mill
Grupo I
Seleciona a alternativa correta.
1. De acordo com Stuart Mill, uma ação é
moralmente correta se
A. for feita
com boa intenção.
B. aumentar a
felicidade do agente.
C. não for
motivada por sentimentos.
D. tiver
melhores consequências que as ações alternativas.
2. Qual é a frase incompatível com as ideias de
Stuart Mill?
A. O
fundamento da moral é a utilidade.
B. A
felicidade é o prazer e a ausência de dor.
C. As ações
são erradas na medida em que tendem a gerar mais infelicidade do que
felicidade.
D. A intenção
e as consequências são igualmente relevantes para avaliar a moralidade das
ações.
3. Se existirem duas pessoas muito doentes, uma
delas for familiar do médico e apenas existirem recursos médicos suficientes
para salvar uma, um defensor do utilitarismo defenderá que a escolha da pessoa
a salvar deve
A. ser
aleatória, pois ambas têm direito à vida e é injusto escolher uma delas
condenando a outra a uma morte certa.
B. ser feita
de modo imparcial, atendendo apenas às consequências de salvar uma ou outra.
C. basear-se
na natural preferência afetiva do médico relativamente à sua família.
D. basear-se
no dever.
4. A atividade que, segundo Stuart Mill,
proporciona inequivocamente um prazer superior é:
A. Contemplar
a pintura “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Vermeer.
B. Comer um
bife com molho de mostarda e mel.
C. Cozinhar.
D. Passear.
5. O utilitarismo considera que a felicidade é o
bem último, pois:
A. A
felicidade é valiosa em si mesma.
B. A
felicidade é mais importante do que o prazer.
C. A
felicidade permite alcançar muitas coisas boas.
D. A
felicidade deve ser calculada de modo imparcial.
6. “É melhor ser um Sócrates insatisfeito do que
um porco satisfeito.” Com esta afirmação Stuart Mill pretende dizer que
A. a
quantidade dos prazeres humanos suplanta em muito a quantidade dos prazeres
animais, mesmo que estes eventualmente tenham uma qualidade maior.
B. a qualidade
dos prazeres humanos suplanta em muito a qualidade dos prazeres animais, mesmo
que estes sejam em muito maior quantidade.
C. a
quantidade dos prazeres é mais importante do que a sua qualidade.
D. os seres
humanos têm mais prazeres do que os animais irracionais.
7. O utilitarismo defende o egoísmo. Stuart Mill
rejeitou esta objeção argumentando que
A. o
utilitarismo é uma teoria ética.
B. o
utilitarismo defende o consequencialismo.
C. o agente
deve ser imparcial ao calcular a felicidade decorrente das ações.
D. o utilitarismo
considera que apenas as ações desinteressadas têm valor moral.
8. Segundo Kant, ter uma vontade boa é
A. Querer
fazer ações que aumentem a felicidade mundial.
B. Agir em
conformidade com o dever.
C. Agir por
respeito à lei moral.
D. Agir heteronomamente.
9. Considere a seguinte imagem:
Bill Watterson, Calvin & Hobbes – O Ataque dos
Demónios da Neve, Gradiva, Lisboa, pág. 107. De acordo com Kant, se o Calvin
puser em prática o que diz – “ser mais dado” e “cultivar relações pessoais” –,
estará a
A. a realizar
uma ação com valor moral.
B. agir em
conformidade com o dever.
C. agir contra
o dever.
D. agir por
dever.
10. Matilde adorava os filhos e levada
exclusivamente por esse amor sacrificou a própria vida para os salvar. Segundo
Kant, a ação da Matilde
A. não tem
valor moral, pois ela morreu.
B. tem valor
moral, pois ela não foi egoísta.
C. tem valor
moral, pois o amor é uma emoção altruísta e louvável.
D. não tem
valor moral, pois ela agiu impelida por um sentimento e não pelo dever.
11. Acerca do imperativo categórico Kant não dizia
que
A. só pode ser
conhecido por pessoas sábias.
B. descobrimos
os nossos deveres graças a ele.
C. ordena
ações independentemente das suas consequências.
D. é uma
espécie de teste mental que permite determinar que ações estão certas e que
ações estão erradas.
12. Segundo Kant, se uma pessoa decidir drogar-se
porque gosta das sensações provocadas pela droga revelará uma vontade
A. heterónoma,
pois é determinada por uma inclinação.
B. autónoma,
pois a decisão é da própria pessoa.
C. heterónoma,
pois é errado sentir prazer.
D. autónoma,
pois é movida pelo prazer.
13. Os direitos das pessoas devem constituir
limites às ações que fazemos, mesmo que delas resulte um enorme bem social.
Esta afirmação insere-se
A. no utilitarismo.
B. na ética
deontológica.
C. tanto na
ética deontológica como no utilitarismo.
D. em objeções
aplicáveis tanto à ética deontológica como ao utilitarismo.
14. “Age de tal forma que uses a humanidade, tanto
na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como
fim e nunca simplesmente como meio”. Esta frase de Kant
A. diz que,
caso a ação seja correta, todos os seres humanos devem, em circunstâncias
semelhantes, poder fazer o mesmo que o agente.
B. diz-nos que
devemos considerar as pessoas como fins em si mesmas e não apenas como meios.
C. diz-nos que
devemos considerar as pessoas como fins em si mesmas e nunca como meios.
D. diz-nos que
os fins justificam os meios.
15. Stuart Mill e Kant não estão de acordo quanto
A. à existência
de um princípio ético fundamental.
B. ao facto de
a moralidade não ser relativa.
C. à
importância ética da felicidade.
D. à rejeição
do egoísmo.
Proposta
de resolução da Ficha de trabalho
Grupo I - (Itens de seleção)
1. D
2.
D
3. B
4. A
5. A
6. B
7. C
8. C
9. B
10. D
11. A
12. A
13. B
14. B
1Carlos
Carlos Pires e Sara Raposo
Ficha de Trabalho 3
Filosofia da Ciência – As teorias de Popper e Khun
Grupo
I
(Itens
de resposta restrita e curta)
1.
O Bernardo, após várias semanas a observar os
efeitos benéficos da prática da atividade física regular na sua vida e na dos
seus amigos desportistas, concluiu que qualquer pessoa melhora a sua saúde
através do exercício físico.
O exemplo, tal como
se encontra descrito, está mais próximo de uma perspetiva indutivista ou de uma
perspetiva falsificacionista do método científico? Porquê?
2.
Analise as duas figuras e admite
a hipótese seguinte:
Se, há cerca de 250 milhões
de anos, todos os continentes que conhecemos hoje estivessem unidos como um puzzle, então os fósseis encontrados em
zonas costeiras de continentes, hoje muito afastados entre si, seriam do mesmo
tipo.
Figura 1
Figura
2
A. Em que condições empíricas
Popper consideraria esta hipótese como corroborada? Porquê?
B. Admite a hipótese
apresentada como a primeira premissa de um argumento. Constrói, utilizando a
forma do modus tollens (negação da consequente), uma inferência válida.
3.
Nomeie os conceitos da filosofia da ciência
de Kuhn presentes em cada uma das frases seguintes.
A.
Situação em que surge um novo paradigma que passa a
orientar a investigação numa certa área da ciência.
B.
Acontecimentos que não são explicáveis à luz do
paradigma dominante.
C.
Período em que o paradigma é aceite, sem ser
questionado, pela comunidade científica.
D.
Um modelo a partir do qual os cientistas
desenvolvem a sua atividade e que engloba pressupostos teóricos, metodológicos
e até filosóficos.
E.
Conceito que designa a ideia dos paradigmas, tal
como as obras de arte, não serem comparáveis.
Grupo
II
(Itens
de seleção)
Selecione a alternativa correta.
1.
A resposta de Popper ao problema da indução
formulado por Hume foi que a racionalidade da ciência
A. é posta em causa, pois os cientistas raciocinam
indutivamente.
B. não é posta em causa, pois os cientistas raciocinam
dedutivamente.
C. é salvaguardada pelo
facto de os cientistas fazerem conjeturas ousadas.
D. é inalcançável, pois os enunciados universais não
são comprováveis por dados observacionais.
2.
Do ponto de vista de Kuhn, os cientistas, ao
preferirem uma teoria científica a outra, utilizam critérios como
A. a racionalidade e a objetividade.
B. a fecundidade e o alcance.
C. a veracidade e a exatidão.
D. a exatidão e a
verificabilidade.
3.
De acordo com a teoria de
Popper, um exemplo de explicações que não são pseudocientíficas são as
A.
da filosofia.
B.
do marxismo.
C.
da astrologia.
D.
da homeopatia.
4.
Segundo Kuhn, o que distingue as teorias científicas
das não científicas é a
A.
verificabilidade.
B.
falsificabilidade.
C.
existência de um paradigma.
D.
existência de revoluções
científicas.
5.
Na perspetiva de Popper, a falsificabilidade
A. significa que as teorias científicas não podem ser
falsas.
B. significa que as teorias científicas são falsas.
C. é uma condição necessária e suficiente para uma teoria
ser considerada científica.
D. é uma condição necessária, mas não suficiente, para
uma teoria ser considerada científica.
6.
Analisa, atentamente, o
texto seguinte.
«Em 1919, as observações da posição aparente das
estrelas durante um eclipse não conseguiram refutar [a teoria de Einstein]. Mas
poderiam tê-lo feito. A luz das estrelas não era normalmente visível, mas, sob
as raras condições de um eclipse, os cientistas conseguiram ver que as posições
aparentes das estrelas se encontravam onde a teoria de Einstein previa que
estariam. Se tivessem parecido estar noutro ponto, isso teria refutado a teoria
de como a luz é atraída por corpos muito pesados.»
Nigel Warburton, Elementos
básicos de Filosofia, Lisboa,
Gradiva, pp. 184-185 (adaptado)
O critério de
cientificidade referido no texto anterior é
A. a falsificabilidade.
B. a verificabilidade.
C. indutivo.
D.
observacional.
Grupo I- (Itens de resposta restrita e curta)-
RESPOSTAS
1. Está mais próximo da perspetiva
indutivista do método científico, porque tem como ponto de partida os dados
empíricos (a realização de várias observações) e se baseia num raciocínio
indutivo (generalização). A partir de uma amostra limitada (o que o Bernardo
observou na sua condição física e na dos seus amigos), infere-se uma conclusão
universal (uma proposição tipo A): “qualquer pessoa melhora a sua saúde através
do exercício físico”.
2.
A. A hipótese estaria corroborada se
fossem encontrados fósseis idênticos (do mesmo tipo) em zonas costeiras de
continentes que hoje se encontram afastados. A hipótese (ou conjetura) seria
aceite provisoriamente, dado que resistiu às tentativas de falsificação.
B. Premissa 1: Se, há cerca de 250 milhões
de anos, todos os continentes que conhecemos hoje estivessem unidos como um
puzzle, então os fósseis encontrados em zonas costeiras de continentes, hoje
muito afastados entre si, seriam do mesmo tipo.
Primeira 2: Não foram encontrados fósseis
do mesmo tipo nas zonas costeiras de continentes hoje afastados.
Conclusão: Logo, os continentes não
estiveram unidos como um puzzle no passado.
3.
A. Revolução científica.
B. Anomalias.
C. Ciência normal.
D. Paradigma.
E. Incomensurabilidade (ou os paradigmas são
incomensuráveis).
Grupo II (Itens
de seleção)
1. B
2. B
3. A
4. C
5. D
6. A
Carlos Pires e Sara Raposo
Ficha de Trabalho 4
Filosofia da Arte – O problema da definição de Arte
Grupo I
(Itens de seleção)
Seleciona a alternativa correta.
1. A teoria não
essencialista da arte é a
A. da
representação.
B. expressivista.
C. formalista.
D. institucional.
2. Lê
atentamente o texto seguinte:
Não
podemos transformar qualquer coisa em obra de arte (…).
Não
posso transformar todos os artefactos de Londres em obras de arte por ter
simplesmente a intenção de que estes sejam vistos como as obras de arte do
passado têm sido vistas. Não tenho o direito de propriedade adequado sobre
todos os artefactos de Londres.
Nigel
Warburton, O que é a arte?, Editora Bizâncio, Lisboa, 2007, pág. 128
(Adaptado)
|
Estas ideias permitem
argumentar a favor da teoria
A.
formalista.
B.
institucional.
C.
histórica.
D.
expressivista.
3. Muitas pessoas apreciadoras
de arte não conseguem explicar, claramente, a emoção estética que sentem
perante uma certa harmonia de formas e cores de um quadro. Esta dificuldade permite
fazer uma objeção à teoria
A. histórica.
B. formalista.
C. institucional.
D. expressivista.
4. Os cantores de ópera, ao
interpretarem determinadas obras musicais, fazem transparecer através da sua
voz emoções de alegria ou tristeza que não estão autenticamente a sentir. A
partir deste facto é possível apresentar uma crítica à teoria
A.
expressivista.
B.
institucional.
C. formalista.
D. histórica.
5. Uma boa definição
explicita de arte terá de apresentar
A.
as condições suficientes
para algo ser arte.
B.
as condições necessárias
para algo ser arte.
C.
características comuns a
algumas obras de arte.
D.
as condições suficientes e
necessárias para algo ser arte.
6.
As
teorias que apresentam critérios para identificar os objetos como arte, dizendo
as características que estes devem ter, são
A. essencialistas.
B. não essencialistas.
C. a institucional, a expressivista e a
formalista.
D. a histórica, a da representação e a
formalista.
7. Analise as ideias defendidas por Pedro Cabrita Reis num artigo do jornal «Público».
«Serenamente,
a minha escultura A Linha do Mar [na
fotografia acima] passará para as gerações
vindouras, ali onde a coloquei, frente ao mar de Leça, e aí ficará, por muito
tempo.
Os
artistas determinam o que é ou não é passível de ser considerado como obra de
arte. Contra as pressões de patronos e encomendadores, contra as
incompreensões próprias do gosto vigente ou ainda contra as rejeições da
“opinião pública”, orquestrada ou não...»
(consultado em 07 de abril de 2020)
|
A perspetiva defendida por
este artista pode enquadrar-se nas teorias
A.
formalista e institucional.
B.
institucional e histórica.
C.
formalista e da imitação.
D.
expressivista e histórica.
8. Muitas
pessoas ao apreciarem a arte não conseguem identificar a forma significante.Esta dificuldade permite fazer uma objeção à teoria
A. expressivista.
B. institucional.
C. formalista.
D. histórica.
9.
O movimento do romantismo contribuiu
para o desenvolvimento da teoria
A.
da arte como representação.
B.
expressivista da arte.
C.
formalista da arte.
D.
histórica da arte.
10. Analise o
seguinte exemplo:
“Nos
anos 50 do século passado, gerou enorme discussão a exposição de pintura
abstrata realizada no Museu Field de História Natural, em Chicago, e depois
também no Instituto de Arte de Chicago, de uma chimpanzé do Zoo de Baltimore,
chamada Betsy, que se vê na foto.”
Aires
Almeida, A definição de arte: o essencial, Plátano Editora, 2019, pág.
92.
|
As pinturas de Betsy são arte, de acordo com a teoria
A.
da representação.
B.
expressivista.
C.
institucional.
D.
histórica.
Grupo II - (Itens de resposta restrita e curta)
1.
Leia atentamente o poema seguinte:
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa
As ideias envolvidas neste poema de
Fernando Pessoa permitem contestar um aspeto da teoria da arte defendida por
Lev Tolstói. Qual?
2.
Analise a figura:
Este desenho de
Albrecht Dürer é extremamente realista: representa uma lebre com imensa
minúcia. O que dirá um defensor da teoria formalista da arte acerca desse
realismo representativo?
3. Considere a seguinte situação:
Emily Dickinson foi
uma poetisa norte-americana que só foi lida postumamente. Os seus 1800 poemas e
1000 cartas foram publicados apenas depois da sua morte, quando a família os
encontrou. Hoje é considerada um dos nomes maiores da literatura dos EUA.
Porque é que casos
como o de Emily Dickinson permitem criticar a teoria institucional da arte?
4. Porque é que, segundo a teoria histórica da arte,
“A fonte” (na figura 1), de Marcel Duchamp, pode ser considerada uma obra de
arte e o urinol (na figura 2) não pode?
Fig. 1 – A fonte, de Marcel Duchamp.
Fig.
2 – Urinol à venda numa loja.(SANITANA)
Porque é que uma
pintura como esta permite criticar a teoria histórica da arte?
6. Analise o texto e a fotografia.
Esta é a primeira
robot artista do mundo a realizar uma exposição (…), é a Ai-Da, uma robot humanoide
capaz de pintar quadros impressionantes [na fotografia]. Como se não bastasse
pintar, a robot criada na Universidade de Oxford também anda e fala. Ainda
assim, o que chama mais a atenção é a capacidade da Ai-Da de aprender métodos
novos e cada vez mais sofisticados de expressão criativa. Basta uma fotografia
de alguns carvalhos ou uma abelha para ela fazer pinturas abstratas como esta,
mostrando a fragilidade do ambiente de um quadro digno de uma galeria moderna.
Avalia se as frases
são verdadeiras ou falsas. Justifica brevemente as tuas respostas.
A.
Segundo a teoria institucional, as pinturas desta robot não são arte.
B. Segundo a teoria
histórica, as pinturas desta robot são arte.
7. Qual das seguintes pinturas
permite ilustrar a teoria da arte como imitação?
Fig. 1 - A Queda do pintor René Magritte.
Fig. 4 – Pintura do pintor mexicano Omar
Ortiz.
8. Qual das seguintes
obras de arte permite ilustrar a teoria da arte como representação?
Fig. 5 – Tête Ocean, Amadeo de Souza-Cardoso
Fig. 6 – Pintura
de Victor Vasarely.
Proposta de resolução da 4ª ficha de trabalho
Grupo I
(Itens de seleção)
1. D
2. C
3. B
4. A
5. D
6. A
7. B
8. C
9. B
10. C
Grupo II
(Itens de
resposta restrita e curta)
1.
Permitem contestar a tese de que o artista
deve ser sincero e procurar exprimir os sentimentos que realmente sentiu (sob
pena de a obra não ser autêntica).
2. Um
defensor da teoria formalista da arte dirá que essa minúcia de Dürer, por muito
hábil que seja, é secundária e não contribui em nada para aquilo que faz do seu
desenho uma obra de arte admirável: a sua forma significante.
3. Segundo
a teoria institucional, algo é arte se for um artefacto e for proposto para
apreciação por alguém do mundo da arte. Ora, os escritos de Emily Dickinson
enquanto permaneceram na gaveta não tinham ainda sido “propostos para
apreciação” e, portanto, não eram artísticos de acordo com o que é estipulado
por essa definição. Mas isso é estranho, pois eram exatamente as mesmas
palavras que viriam anos mais tarde a ser admiradas como maravilhosas obras de
arte.
4.
De
acordo com a teoria histórica da arte, o urinol de Marcel Duchamp pode ser
considerado uma obra de arte, contrariamente a um urinol que possamos encontrar
à venda numa loja, pois Duchamp teve a intenção de que ele fosse visto como são
vistas as obras de arte anteriores: ou seja, como algo para ser contemplado e
não apenas usado. Pelo contrário, os fabricantes do outro urinol pretendem
vendê-lo para ser utilizado.
5.
A
teoria histórica recorre a um critério recursivo: uma obra é arte se for vista
como o eram as obras anteriores. E estas são artísticas na medida em que podem
ser vistas como as anteriores – e assim sucessivamente. Mas esse recuo coloca
um problema: como explicar a existência da primeira obra de arte, dado não
haver outras anteriores com as quais estabelecer qualquer relação?
6.
A. Falsa. As pinturas desta robot são, de
acordo com a teoria institucional, consideradas obras de arte porque são
artefactos propostos para apreciação (numa exposição de um museu) por pessoas
que fazem parte do mundo da arte.
B. Falsa. A teoria histórica defende que o autor da obra tem de ter direito de
propriedade em relação ao artefacto e uma intenção firme e duradora de que a
obra criada seja contemplada como outras obras do passado foram. Ora, como a
artista é a robot, não têm nenhum destes requisitos, então o que é criado por
ela não pode ser considerado arte.
7. A obra da figura 4.
8.
A
obra da figura 5.
FIM
Carlos Pires e Sara Raposo
Ficha de Trabalho 5
Lógica – Falácias Informais
1. Considera os argumentos a seguir apresentados e
depois seleciona a alínea que os identifica corretamente.
i) Os seres
humanos que existem atualmente (e também os que já existiram) são incapazes de
respirar (de modo natural, sem usar aparelhos) debaixo de água. Por
consequência, pode-se dizer que pelo menos as próximas gerações de seres
humanos não conseguirão respirar naturalmente debaixo de água.
ii) Os seres
humanos e os chimpanzés têm muitas semelhanças de carácter biológico: são
mamíferos, primatas, partilham noventa e tal por cento dos genes, muitas das
suas estruturas cerebrais são parecidas, etc. Os seres humanos, quando são alvo
de choques elétricos, sentem dor e medo. Pode-se, portanto, afirmar que os
chimpanzés quando apanham choques elétricos sentem dor e medo.
iii) Diversas
equipas de astrónomos, nomeadamente da Agência Espacial Europeia, declararam
ter observado planetas fora do Sistema Solar. Como tal, podemos afirmar que
existem planetas fora do Sistema Solar.
iv) Até à
atualidade os seres humanos têm-se revelado mortais. Consequentemente, todo e
qualquer ser humano é mortal.
A. i) generalização
ii) previsão iii) argumento por analogia iv) argumento de autoridade
B. i)
generalização ii) argumento por analogia iii) argumento de autoridade iv)
previsão
C. i)
generalização ii) argumento de autoridade iii) argumento por analogia iv)
previsão
D. i) previsão
ii) argumento por analogia iii) argumento de autoridade iv) generalização
2. Se, ao argumentar, concluirmos que qualquer
guerra é injusta com base no exemplo de uma única guerra, cometeremos a falácia
da
A. amostra não
representativa.
B. generalização
precipitada.
C. falsa
relação causal.
D. falsa
analogia.
3. Os portugueses gostam de ler, já que 98% dos
trinta mil clientes anuais da livraria O MUNDO DOS LIVROS declarou gostar de
ler. É inequívoco que neste argumento
A. a amostra
não é representativa.
B. a amostra é
demasiado pequena.
C. as
semelhanças consideradas são irrelevantes.
D. não foram
consideradas semelhanças em número suficiente.
4. Tal como Luís de Camões, Nuno Júdice é um bom
poeta, uma pessoa inteligente e dotada de espírito crítico. E, à semelhança do
autor d’ Os Lusíadas, é culto e bem informado. Ora, Nuno Júdice sabe navegar na
Internet. Por isso, Luís de Camões também sabia navegar na Internet.
Porque é que este argumento é uma falácia da falsa
analogia?
5. Porque é que em filosofia os argumentos de
autoridade são, geralmente, falaciosos?
6. Considera a seguinte frase:
A teoria de Karl Marx acerca do desenvolvimento
histórico está errada.
6.1 Se a frase apresentada fosse a conclusão de um
argumento, qual das seguintes frases seria a premissa, de modo a este
constituir uma falácia ad hominem?
A. A doutrina
de Marx acerca da evolução na história é muito inadequada.
B. Na opinião
de quase todos os historiadores a explicação marxista da história não
corresponde aos factos.
C. Karl Marx
não ganhava dinheiro suficiente para alimentar a família.
6.2 Se a frase
apresentada fosse a conclusão, que falácia seria obtida se, como premissa,
fosse usada uma das duas frases não selecionadas na resposta à questão 6.1? E
se fosse usada a outra frase não selecionada na resposta à questão 6.1?
7. Os livros da saga O Senhor dos Anéis são
extraordinários ou uma completa tolice. Ora, esses livros não são, obviamente,
extraordinários. Resta-nos, portanto, concluir que são uma completa tolice.
Como é possível que, sendo este argumento
dedutivamente válido, seja ainda assim uma falácia?
8. Identifica as seguintes falácias informais.
A. Os alunos que defendem que é legítimo
copiar nos exames estão errados, pois, digam eles o que disserem, a verdade é que
copiar nos exames não é lícito.
B. Nenhum
filósofo conseguiu estabelecer inequivocamente que a ética é objetiva. Por
isso, a ética não é objetiva.
C. Se reconhecermos alguns direitos aos
animais não humanos, por exemplo o direito de não sofrerem desnecessariamente e
de não serem torturados, teremos de deixar de comer carne e… Bem, se calhar as
coisas não ficarão por aí e daqui a algum tempo seremos obrigados a
conceder-lhes o direito de voto.
D. Bertolt
Brecht defendia o comunismo e, portanto, as suas ideias acerca do teatro só
podem ser falsas.
E. Levei o meu
cachecol da sorte e a pata de coelho que a minha avó me ofereceu… Portanto, é
claro que a seleção portuguesa ganhou o jogo!
F. Os seres
humanos têm livre-arbítrio, pois são livres e podem fazer escolhas.
G. Sabias que
quase 90 % dos seres humanos são religiosos? Que sentido tem, por isso, o
ateísmo? Nenhum!
H. O professor
Júlio diz que ler livros é muito importante porque desenvolve a inteligência.
Mas eu sei que ele lê pouquíssimo. Por isso, não acredito no que ele diz.
I. Quando, no
parlamento inglês, foi discutida (e aprovada) uma proposta de lei permitindo o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, o deputado Roger Cale criticou a
proposta sugerindo que os defensores da legalização do casamento homossexual a
seguir até poderiam defender a legalização do incesto: «Se o Governo estiver
mesmo empenhado nisto, então que acabe com a lei da união civil e crie uma lei
que se aplique a todas as pessoas, independentemente da sua sexualidade e dos
seus relacionamentos. Isso significa irmãos com irmãos, irmãs com irmãs e
irmãos com irmãs.»
J. Quando, em
1858, Charles Darwin publicou o livro A Origem das Espécies houve um aceso
debate entre os defensores e os adversários das suas ideias. Estes
caricaturaram a ideia de que os seres humanos e outros primatas evoluíram a
partir de um antepassado comum dizendo «Darwin afirma que descendemos do
macaco» e eram frequentes ironias como «talvez os avós de Darwin fossem
macacos, os meus não».
Proposta de resolução
1. D
2. B
3. A
4. É uma
falácia da falsa analogia, pois ignora diferenças relevantes (ao contrário de
Nuno Júdice, Luís de Camões viveu numa época em que não havia internet e,
sobretudo, morreu muito antes de a internet ser inventada), que pesam mais do
que as semelhanças existentes.
5. Em
filosofia, os argumentos de autoridade são, em geral, falaciosos, pois não
existe consenso relativamente à grande maioria dos assuntos. Ora, uma das
condições requeridas para um argumento de autoridade ser válido (ou forte) é os
especialistas estarem de acordo.
6.
6.1 C.
6.2 Com a
frase A seria uma petição de princípio. Com a frase B seria uma falácia do
apelo ilegítimo à autoridade.
7. O argumento
é dedutivamente válido, pois é um silogismo disjuntivo e, quando um argumento
tem essa forma, não é possível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão
falsa. Contudo, isso não chega para ser um bom argumento. O exemplo apresentado
é uma falácia do falso dilema, pois a primeira premissa é falsa: sugere que só
existem duas possibilidades (os livros serem extraordinários ou completamente
tolos), quando na realidade existem outras (por exemplo, os livros serem muitos
bons, bons ou razoáveis). Resumindo: é um argumento dedutivamente válido, na
medida em que tem uma forma logicamente correta e é uma falácia (informal) pois
tem falhas ao nível do conteúdo.
8. A. Petição
de princípio
B. Falácia do
apelo à ignorância
C. Falácia da
derrapagem
D. Falácia ad
hominem
E. Falsa
relação causal
F. Petição de
princípio
G. Apelo ao
povo
H. Falácia ad
hominem
I. Falácia da
derrapagem
J. Espantalho
K. Falso
dilema
Carlos Pires e Sara Raposo
Ficha de
trabalho 6
Filosofia
da Religião – O Deus Teísta
I GRUPO
Responda às seguintes questões
1. Como se define o Deus teísta?
2. Caraterize brevemente cada um dos atributos do Deus teísta.
3. Distinga o teísmo do deísmo e do panteísmo.
4. Explique de que forma o paradoxo da pedra pode colocar em causa
o Deus teísta.
5. Como responde ao desafio final apresentado na apresentação? É
possível formular uma boa definição de omnipotência que resista aos
contraexemplos? Justifica
Sugestão de Resposta- I GRUPO
1. O Deus teísta define-se como omnipotente, omnisciente,
sumamente bom, criador e pessoa. Esse é o Deus que é comum ao judaísmo,
cristianismo e islamismo.
2. Omnipotente significa que pode fazer tudo; omnisciente
significa que sabe tudo; sumamente bom significa que é moralmente perfeito,
nunca cometendo qualquer erro moral; criador significa que é o responsável pela
existência do universo e que ele mesmo não é criado; pessoa significa que tem
estados mentais como crenças e desejos, sendo capaz de se relacionar com as
suas criaturas, e não sendo uma força da natureza.
3. Por um lado, no deísmo defende-se que Deus tem poder suficiente
para criar o universo, mas não precisa de ser omnisciente, sumamente bom ou
pessoa. Ou seja, o Deus deísta cria, mas não intervém nem se importa com a
criação, sendo assim diferente do Deus teísta. Por outro lado, no panteísmo,
Deus não é distinto do mundo, sendo por isso uma mera força da natureza e,
assim, também diferente do Deus teísta.
4. O paradoxo da pedra consiste numa objeção à definição intuitiva
de omnipotência. Pois, se entendemos omnipotência como o poder ou a capacidade
para realizar qualquer tipo de ação, então pode-se facilmente encontrar alguma
coisa que um tal ser não possa fazer, nomeadamente: «criar uma pedra que
ninguém consiga levantar». Com isso mostrar-se-ia que Deus não pode ser
omnipotente e se o Deus teísta for omnipotente, então ele não pode existir
(dado que tal conceito de omnipotência é inconsistente). Como resposta a esse
paradoxo procura-se definir omnipotência não como uma habilidade irrestrita
para fazer qualquer coisa, mas sim como a capacidade para realizar ações que
sejam possíveis e que não envolvam contradição.
5. De acordo com uma definição mais consensual de omnipotência,
Deus pode fazer qualquer ação que seja possível (ou que não envolva
contradição). O problema é que existem ações possíveis e que não envolvem
contradição, mas que Deus não pode fazer. Por exemplo, mentir, quebrar
promessas, ser autor de um livro cujo único autor é Eça de Queiroz. Deste modo,
Deus não seria omnipotente. Como responder a esse problema?
Uma forma de responder a esse desafio seria apresentar uma melhor
definição de omnipotência que consiga resistir a esses contraexemplos, tal
como: um ser omnipotente pode realizar qualquer ação possível (ou não
contraditória) que seja consistente com a identidade desse ser. Assim, Deus
teísta, ao ser omnipotente, só pode fazer coisas possíveis que sejam compatíveis
com a própria identidade de Deus. De acordo com esta definição, mentir seria
inconsistente com a identidade de Deus (dado que Deus é sumamente bom); por
isso, mentir já não seria um contraexemplo para a omnipotência de Deus. O mesmo
se aplica aos restantes contraexemplos apresentados.
II GRUPO
Leia o texto seguinte e responda às questões
Crença teísta: o que é?
Segundo a crença teísta clássica — o islamismo e o judaísmo
clássicos, assim como a crença cristã — primeiro de tudo há Deus, o ser
principal do universo, que não tem princípio nem fim. Mais importante: Deus é
pessoal. Isto é, Deus é o tipo de ser que tem consciência e está ciente, num
certo sentido, do que o rodeia (no caso de Deus, tudo). Segundo (mas não em
importância), uma pessoa tem amores e ódios, aspirações e desejos; aprova
algumas coisas e desaprova outras; quer que as coisas sejam de certo modo. Poderíamos
exprimir esta ideia dizendo que as pessoas têm afeições. Uma pessoa, em
terceiro lugar, é um ser que tem crenças e, se for afortunada, conhecimento. Os
seres humanos, por exemplo, acreditam numa enorme quantidade de coisas. De
momento, acredito que estou a escrever no meu computador, que acabei de tomar o
café da manhã, que lá fora está um dia claro e solarengo, que escalei
recentemente uma montanha, que vivo em Indiana, e assim por diante. Tenho
também uma quantidade de crenças sobre outras coisas mais distantes de mim: que
Pequim é maior do que Chicago, que os cientistas parecem crer que a mecânica
quântica está fortemente confirmada, que houve uma guerra entre os atenienses e
os espartanos, que mesmo as formas de vida mais simples são enormemente complexas,
que há uma pessoa que é Deus, e mil outras coisas. (...)
Em
primeiro lugar, pois, Deus é uma pessoa. Porém, em segundo lugar, e ao contrário
das pessoas humanas, Deus é uma pessoa sem corpo. Ele age, e atua no mundo, tal
como os seres humanos; mas, ao contrário destes, não por meio de um corpo. Ao
invés, Deus atua apenas pelo querer: ele quer que as coisas sejam de certa
maneira, e elas são dessa maneira. (Disse Deus: Haja Luz. E houve luz.) Você e
eu podemos mover os nossos membros querendo-o apenas; mas querendo-o apenas não
conseguimos fazer o Lago Michigan aquecer dez graus, nem fazer o Sol ficar
agradável no topo do Monte Rainier. Deus não está sujeito a tais limitações;
seja o que for que ele quer, tem necessariamente de ocorrer. Deus é todo-poderoso
(‘omnipotente’). Claro que não pode causar algo que seja logicamente
impossível. Não pode fazer existir um solteirão casado, nem que 7 + 5 = 14. E
também não pode fazer uma pessoa agir de uma maneira ou outra livremente; se
Deus me fizer agir de um dado modo, então não ajo livremente. Assim, Deus pode
agir, e nós podemos agir, mas Deus pode agir de modos que nós não podemos.
Algo semelhante ocorre com o conhecimento: os seres humanos sabem
umas poucas coisas (talvez menos do que comummente pensamos), mas há muito que
nos escapa. Uma vez mais, isso não ocorre com Deus: dado ser sumamente sábio
(‘omnisciente’), tal como todo-poderoso, ele sabe rigorosamente tudo o que pode
ser conhecido. Claro que há disputas nesta área. Os teístas discutem se Deus sabe
o futuro; também discutem se, ainda que ele saiba muito sobre o futuro, sabe o
que os seres livres irão de fato fazer. (...) A ideia básica é que Deus sabe
seja o que for que pode ser conhecido, mesmo que não seja claro, em todos os
casos, precisamente o que pode ser conhecido. Além disso, Deus é perfeitamente
bom. Os seres humanos são uma mistura de bondade e maldade; há maldade nos
melhores de nós e bondade nos piores. No caso de Deus, não é assim: não há nele
qualquer maldade, nele nada há de mau. É claro que é esta combinação de
perfeita bondade com a omnipotência e a omnisciência que conduz ao problema
tradicional do mal: não é fácil ver por que haveria tanto sofrimento e mal num
mundo criado por um Deus sumamente sábio, todo-poderoso e perfeitamente bom.
(...)
A maioria da população do mundo subscreve e aceita alguma forma de
teísmo. Porquê? Por que acreditam que há uma pessoa como Deus, que é
todo-poderoso, sumamente sábio, totalmente bom e que criou o mundo? Como pensam
que sabem estas coisas? Como sabem que há uma pessoa como Deus? Como sabem que
ele é todo-poderoso, sumamente sábio e totalmente bom? Como sabem que criou o
mundo?
Alvin Plantinga, Conhecimento de Deus,
2014, ed. Vida Nova
1. Para o autor do texto o que significa dizer que Deus é pessoal?
2. De acordo com o autor o que não pode um ser omnipotente fazer?
3. Que problemas se podem apresentar à omnisciência de acordo com
o autor?
4. O autor escreve que a «combinação de perfeita bondade com a
omnipotência e a omnisciência (...) conduz ao problema tradicional do mal».
Porquê?
5. O texto termina com uma série de questões sobre como podem as
pessoas saber se existe o Deus teísta. Acha possível saber-se se existe ou não
existe o Deus teísta? Justifique.
Sugestão de Resposta – II GRUPO
1. Dizer que Deus é pessoal significa que tem estados mentais, tal
como estar consciente, ter desejos e crenças.
2. Mesmo sendo omnipotente, Deus não pode fazer aquilo que é
contraditório ou impossível, tal como criar um solteiro casado, ou fazer com
que 7 + 5 seja igual a 14, ou obrigar uma pessoa a seguir livremente um caminho
em vez de outro.
3. Ser omnisciente significa que se sabe rigorosamente tudo o que
pode ser conhecido. Alguns problemas em relação à omnisciência têm a ver com a
ideia de se Deus pode conhecer o futuro e como isso poderá ser compatível com o
livre-arbítrio humano.
4. O Deus teísta é omnipotente, omnisciente e sumamente bom. Um
ser omnipotente pode acabar com o mal; um ser omnisciente sabe que o mal
existe; e um ser sumamente bom não quer que o mal exista. Portanto, se o Deus
teísta existe, não há mal. O problema é que no mundo há muito mal e sofrimento.
Será possível conciliar, então, o mal com o Deus teísta? Esse é o problema tradicional
do mal.
5. Resposta aberta 1 - Não é possível saber se o Deus teísta
existe ou não, porque nenhum dos argumentos ou provas convence ou vai levar as
pessoas a acreditar ou a desacreditar no Deus teísta. As pessoas não sabem que
o Deus teísta existe, apenas têm fé.
Resposta aberta 2 - Sim, é possível saber que o Deus teísta
existe, para isso pode-se avançar um bom argumento a favor da existência de
Deus (como o da afinação minuciosa, que surgia na entrevista de introdução à
filosofia da religião).
Resposta aberta 3 - Sim, é possível saber que o Deus teísta não
existe, pois a existência de tanto mal e sofrimento no mundo é um forte indício
contra a existência do Deus teísta.
Domingos Faria
Em prol do sucesso dos nossos alunos de FILOSOFIA...
MUITO OBRIGADO AOS AUTORES!
Lola
FALTA A PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DA FICHA 4
ResponderEliminarFALTA AS RESPOSTAS DA FICHA 4
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