Coronavirus e Filosofia
Como
a filosofia pode contribuir para o debate sobre a pandemia do coronavírus?
Os filósofos podem ajudar-nos a entender os
terríveis tempos em que vivemos
Desde o final de 2019, temos acompanhado a evolução de um novo vírus pelo mundo. Inicialmente, o coronavírus estava centralizado na China, mas, agora, vários países estão sofrendo com a pandemia. Isso porque não há imunidade no corpo humano para a doença, além de não ter nenhum remédio ou vacina combatê-lo.
É tudo muito novo,
principalmente, o isolamento social. As pessoas estão presas em casa para
proteger suas vidas, afinal, esse é o bem de grande valor que todos
têm. O que temos certeza é que, quando tudo isso acabar e a vida puder voltar
“ao normal”, na medida do possível, não seremos os mesmos.
A filosofia pode ajudar nisso?
Talvez. Alguns filósofos têm sugerido para que a população enxergue o lado
humanitário no meio desse caos porque é preciso contar com a ajuda um do outro
para que tudo acabe logo.
Isso não apenas no sentido de
se isolar em casa, mas, também, para ajudar quem precisa. Com as pessoas
isoladas, muitas áreas acabam sofrendo economicamente, indivíduos ficam
desempregados e famílias sem ter o que comer. É um efeito dominó.
No meio disso tudo, os
filósofos mostram como a humanidade é pequena perante as coisas da vida e que
não podemos ter o controle de tudo. A força para vencer algo invencível vem,
justamente, da união e mobilização das pessoas.
Outra questão que pode ser
positiva ou não, depende do ponto de vista, é que o isolamento é capaz de mudar
as atitudes daqui para frente. Por exemplo, algumas pessoas viviam com outras
em casa e não se conheciam totalmente. Conviver o tempo todo junto pode
aumentar e fortalecer os laços.
Artigos filosóficos na pandemia
O debate atual já rendeu alguns
artigos de filósofos contemporâneos, com opiniões diferentes sobre a pandemia
de COVID-19 no mundo. Giorgio Agamben foi radical em demonstrar o que acha. Já
Jean-Luc Nancy e Roberto Esposito foram mais realistas na luta contra o
coronavírus.
Para Agambem, o vírus é uma
desculpa para implantar o que ele chama de “Estado de exceção”. Para ele, o
governo quer usar de sua soberania para conter e controlar as pessoas, nesse
caso, obrigando a população a ficar em casa.
Já para Nancy e Esposito, não é
hora de se preocupar com os riscos à democracia agora, e que, sim, as medidas
são radicais, mas elas acabam, inclusive, com o equilíbrio do poder.
Agambem publicou outro artigo
levantando um questionamento sobre o isolamento das pessoas. Como seria a vida
em sociedade se todos se acostumassem a viver assim, apenas querendo
sobreviver? Tudo seria perdido para ele: a política, as discussões e o
emocional. Aqui, ele demonstra preocupação com o pós-pandemia.
Realmente, é importante pensar
no que acontecerá depois, como serão as relações sociais. Mas para que elas
tenham a possibilidade de acontecer no futuro, é preciso sacrificá-las no
presente.
Outros problemas trazidos pelo
vírus
O filósofo e psicanalista
Slavoj Zizek chama a atenção para outro detalhe: o vírus trouxe ainda mais
racismo e xenofobia, principalmente, com os infectados. A intolerância passou a
acontecer com quem acaba doente.
É importante enxergamos esse
outro lado que surge nas pessoas, que querem salvar suas vidas a qualquer
custo, excluindo quem pode atrapalhar.
Reafirmação da Ciência
A pandemia, segundo Zizek, pode
mudar o pensamento das pessoas, que voltam a acreditar na Ciência e na união do
povo. Ajudaria a acordar e acabar um pouco com toda a filosofia anticientífica,
que não tem sentido nenhum e só traz problemas.
Não se sabe quanto tempo a
pandemia vai durar e como será depois dela. Mas há muito o que se refletir
nesse período e, com a ajuda de alguns filósofos, é possível ter um viés moral
de tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário