Através da lógica proposicional é possível avaliar a validade de um argumento.
Distinga Proposições simples e complexas? Exemplifique
A lógica proposicional clássica lida com proposições complexas que são proposições ligadas por conectivas proposicionais.
Mais precisamente com conectivas proposicionais verofuncionais.
Estas conectivas são aquelas que nos permitem aferir o valor de verdade da proposição complexa apenas sabendo o valor de verdade das proposições simples e qual a conectiva em causa.
Os operadores, ou conectores, verofuncionais são a negação, a conjunção, a disjunção (inclusiva e exclusiva), a condicional e a bicondicional.
Um operador verofuncional é uma expressão que liga duas proposições simples e forma uma outra proposição composta. O operador verofuncional permite saber em que condições uma proposição composta é verdadeira ou falsa.
Exemplo: "Caso ou fico solteira". "Ou" é um operador verofuncional.
Designação |
Exemplo |
Dicionário |
Formalização |
Proposição simples |
Arouca é agradável |
P - Arouca é agradável |
P |
Negação |
Arouca não é agradável |
P - Arouca
é agradável |
¬P |
Conjunção |
Arouca é agradável e fria |
P - Arouca
é agradável Q – Arouca
é fria |
P˄Q |
Disjunção |
Arouca é agradável ou fria |
P - Arouca
é agradável Q – Arouca
é fria |
PVQ |
Condicional |
Se Arouca é agradável, então tem
valor |
P - Arouca
é agradável Q – Arouca
tem valor |
P→Q |
Bicondicional |
Arouca é agradável se e só se
tiver valor |
P - Arouca
é agradável Q – Arouca
é fria |
P↔Q
|
Proposição |
Formalização |
Arouca é agradável Não é verdade que Arouca é agradável |
¬P |
Tanto Arouca como
o Porto são agradáveis Quer o Porto quer Arouca
são agradáveis Arouca é agradável mas o Porto também. Arouca é agradável embora o Porto também
o seja. |
P˄Q |
Arouca é agradável ou fria Arouca e Porto um deles é agradável |
PVQ
|
Se Arouca é agradável, então tem valor Se Arouca é agradável, tem valor Arouca é agradável, se tem valor
|
P→Q |
Arouca é agradável se e só se tiver valor Arouca é agradável se e apenas se tiver valor Arouca é agradável se tiver valor e
vice versa |
P↔Q
|
Quais as funções de verdade para cada uma das conectivas proposicionais?
P | ¬ P |
V | F |
F | V |
P | Q | P ∧ Q |
V | V | V |
V | F | F |
F | V | F |
F | F | F |
P | Q | P V Q |
V | V | V |
V | F | V |
F | V | V |
F | F | F |
Uma disjunção exclusiva é verdadeira
quando apenas um dos seus componentes o for.
P | Q | P V Q |
V | V | F |
V | F | V |
F | V | V |
F | F | F |
P | Q | P → Q |
V | V | V |
V | F | F |
F | V | V |
F | F | V |
P | Q | P ↔ Q |
V | V | V |
V | F | F |
F | V | F |
F | F | V |
Como traduzir as proposições complexas?
Formalização lógica das proposições.
Para traduzir as proposições complexas é necessário primeiro fazer um dicionário.
Exemplo: "O João gosta de chocolate e gelado"
Dicionário: P: "O João gosta de chocolate"; Q: "O João gosta de gelado".
Formalização/ tradução para linguagem formal: P ∧ Q
Para fazer o dicionário utilizamos as letras para simbolizar apenas as proposições simples. É preciso ter atenção à negação: não esquecer que é uma conectiva - por isso a seguinte proposição: "O João não gosta de gelado" traduz-se da seguinte maneira:
Dicionário: P: "O João gosta de gelado"
Formalização/tradução para linguagem formal: ~P
Este tipo de linguagem permite formalizar proposições com várias variáveis e várias conectivas. Nós só precisamos de saber traduzir proposições com até três variáveis (três letras P, Q, R).
Ou seja, a dominante é a última a ser avaliada.
Conectivas com maior e menor âmbito
Neste tipo de casos é necessário ter em atenção qual a conectiva com maior âmbito. Para isso utilizamos parêntesis.
Exemplo: P ⟶ (Q ν R)
Aqui a conectiva de maior âmbito é a condicional. Isto é, é a conectiva principal desta proposição. Devemos resolver primeiro as que têm menor âmbito e só depois as de maior âmbito.
Tal como na matemática, é aquela operação que vamos "resolver" em último lugar de modo a dar-nos o "resultado final".
Conectiva Dominante |
Exemplo |
Dicionário |
Formalização |
Negação e condicional |
Não é verdade que, se a Ana estuda, tem boa nota no teste |
P – A Ana estuda Q – A Ana tem boa nota no teste. |
~ (P → Q) |
Condicional e negação |
Se a Ana estuda, não terá problemas |
P – A Ana estuda Q – A Ana terá problemas |
P →~ Q |
Conjunção e conjunção |
A Ana
estuda, é atenta
e é bonita |
P – A Ana estuda Q – A Ana é atenta R – A Ana é bonita |
P ∧Q∧R |
Conjunção, condicional e negação |
A Ana
estuda e, se estiver com atenção,
não terá problemas
com o teste. |
P – A Ana estuda Q – A Ana está com atenção R – A Ana tem problemas com o
teste. |
P∧(Q→~R) |
Bicondicional, conjunção e
negação |
A Ana estuda se e só se estiver com atenção
e não tiver problemas. |
P – A Ana estuda Q – A Ana está com atenção R – A Ana tem problemas. |
P ↔(Q∧~R) |
Disjunção,
conjunção e condicional |
A Ana estuda muito ou tem talento e, se
tiver sorte, terá sucesso. |
P – A Ana estuda muito Q – A Ana tem talento R – A Ana tem Sorte S – A Ana tem sucesso |
(P ∨Q) ∧ (R→S) |
- Elabora-se o dicionário, atribuindo uma letra proposicional/variável de fórmula (ex.: p, q, r, s …) a cada proposição simples;
- Formaliza-se o argumento ( tradução em linguagem simbólica : variáveis ordenadas segundo a sequência, as conectivas que as articulam e os parêntesis curvos ou rectos quando necessário);
- Constrói-se a tabela operacionalizando as conectivas lógicas desde as de menor âmbito ou dominância até às de maior âmbito (que expressará o resultado da tabela);
- A elaboração da tabela segue o mesmo procedimento da elaboração das tabelas de verdade de cada uma das conectivas.
P |
Q |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
F |
P | Q | R |
V | V | V |
V | V | F |
V | F | V |
V | F | F |
F | V | V |
F | V | F |
F | F | V |
F | F | F |
P |
Q |
R |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
P |
Q |
R |
~Q |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
P |
Q |
R |
~Q |
(P ∧~Q) |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
P |
Q |
R |
~Q |
(P ∧~Q) |
~(P∧~Q) |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
P |
Q |
R |
~Q |
(P ∧~Q) |
~(P∧~Q) |
~ (P ∧ ~Q)→R |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
Caso o Afonso tenha razão, não há guitarristas originais; e se não há guitarristas originais, a musica é imitação.
1. Fazemos o o dicionário:
P = Afonso tem razão.
Q = Há guitarristas originais
R = A música é imitação.
2. Faz-se a formalização.
Podemos proceder por passos sucessivos, de modo a termos uma maior garantia de não cometer erros. Assim, num primeiro momento, podemos substituir apenas as proposições simples pelas respetivas variáveis proposicionais:
Caso P, não Q; e se não Q → R
E só depois proceder à formalização completa (note-se que ‘Caso P, não Q’ é o mesmo que ‘Se P, então ¬ Q’):
(P → ¬Q) ∧ (¬Q → R)
Para facilitar o nosso trabalho podemos considerar que estamos perante duas proposições, P → ¬Q e ¬Q → R, ligadas pelo operador conjunção.
A. Calculamos primeiro os valores de verdade para P → ¬Q
B. Depois para ¬Q → R.
C. Calculamos, por fim, os valores para a conjunção, ficando a saber os valores de verdade possíveis para a proposição.
P | Q | R | (P | → | ¬Q) | ∧ | (¬Q | → | R) |
V | V | V | V | F | F | F | F | V | V |
V | V | F | V | F | F | F | F | V | F |
V | F | V | V | V | V | V | V | V | V |
V | F | F | V | V | V | F | V | F | F |
F | V | V | F | V | F | V | F | V | V |
F | V | F | F | V | F | V | F | V | F |
F | F | V | F | V | V | V | V | V | V |
F | F | F | F | V | V | F | V | F | F |
(P˄¬Q)→R
(P˄¬Q)
∴R
Para construir a tabela do inspetor de circunstâncias deste argumento,
precisamos de colocar as variáveis proposicionais (P, Q e R) e depois mais três
colunas: duas para as premissas e uma para conclusão antecedida pelo símbolo ∴
Na tabela do inspetor de circunstâncias, não vamos calcular o valor da
formula final, mas antes de cada uma das premissa e a respetiva conclusão.
Em cada coluna vamos realizar os cálculos lógicos necessários até atingirmos os valores da fórmula proposicional que constitui cada premissa e a conclusão. Neste caso, a conclusão é o mais fácil, pois consiste apenas na variável R e, assim, basta repetir os valores de R.
P |
Q |
R |
(P˄ ¬Q) →R
|
(P˄¬Q)
|
∴R
|
||
V |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
F |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
F |
F |
1º
Lugar |
4º Lugar * |
3º Lugar |
5º Lugar |
6º Lugar * |
2º
Lugar |
(P→Q)
Q→R
∴(R↔P)
P |
Q |
R |
P→Q
|
Q→R
|
∴R↔P
|
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
V |
F |
F |
V |
F |
V |
F |
V |
F |
F |
V |
V |
V |
F |
F |
F |
F |
V |
V |
V |
- caso os dois ganhem (inclusiva)
P Q | P Q |
V V V F F V F F | V V V F |
- Se fôr só um a ganhar (exclusiva)
P Q | P v Q |
V V V F F V F F | F V V F |
¬Q
∴ ¬P
(Q → ¬R)
∴ (P→ ¬R)
Se "A Filosofia não for agradável", a conjunção é verdadeira ou falsa?
Não Válido.
Falácia da Afirmação do consequente.
P- Pedro estuda
Q - Pedro conversa nas redes sociais
ou P ou Q
Q
logo não P
P- Tirar positiva no teste
Q - Estudar, pelo menos, uma tarde
P então Q.
Válido pois segue a regra do Modus Ponens.
P |
Q |
⌐ (P
^ Q) |
P |
Logo, ⌐Q |
V |
V |
F
V V
V |
V |
F |
V |
F |
V V F F |
V |
V |
F |
V |
V F F V |
F |
F |
F |
F |
V F F F |
F |
V |
P Q |
Se estudar, tenho boa nota estudo Logo, tenho boa nota MODUS PONENS INFERÊNCIA VÁLIDA Afirmação do antecedente | P | Q | P→Q | P | ∴Q | |
V | V | V | V | V | ||
V | F | F | V | F | ||
F | V | V | F | V | ||
F | F | V | F | F |
É falso que copiei ou menti no teste. Logo, não copiei e não menti. INFERÊNCIA VÁLIDA -APLICAÇÃO DAS LEIS DE MORGAN Na tabela de verdade os valores de verdade das premissas | P | Q | ~(PVQ) | ∴~PΛ~Q | ||
V | V | F | F | |||
V | F | F | F | |||
F | V | F | F | |||
F | F | V | V |
LINGUAGEM NATURAL | CONECTIVAS PROPOSICIONAIS | SÍMBOLOS DAS CONETIVAS |
“não…” “não é verdade que…” “é falso que…” | Negação | ¬ |
“… e …” “tanto…como…” “…, mas também…” | Conjunção | ˄ |
“… ou…” “…a não ser que…” | Disjunção inclusiva | V |
“…ou…ou… | Disjunção exclusiva | V |
“Se… então…” “… desde que…” “…só se…” | Condicional | → |
“…se e só se…” “… se e somente se…” “condição necessária e suficiente” | Bicondicional | ↔ |
Lola
Muito bom! Ajudou bastante!
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