Lógica Proposicional
Exercícios
Os argumentos são os tijolos com que se constroem as teorias filosóficas; a lógica é a argamassa que une todos esses tijolos. As boas ideias de pouco valem a menos que sejam sustentadas por bons argumentos – têm de ser justificadas racionalmente, e isso não pode fazer-se devidamente sem uma firme e rigorosa sustentação lógica. Os argumentos apresentados com clareza estão sujeitos à avaliação e à crítica, e é esse contínuo processo de reação, revisão e rejeição que impulsiona o progresso filosófico.
B. Dupré, 50 Ideias – Filosofia que precisa mesmo de saber,
Dom Quixote, 2011, p. 108.
1. Partindo do excerto, esclareça a importância da lógica.
Cenário
de resposta: A lógica
ajuda-nos a pensar melhor, de forma correta, e a expor com rigor e clareza o
nosso pensamento e argumentos. Estimula o progresso do pensamento filosófico,
através do contínuo processo de criação, revisão e rejeição de argumentos.
2. Indique as proposições no conjunto que se segue.
a) Nem todos os insetos têm asas.
b)
É verdade que nem todos os insetos têm asas?
c) Se acordar cedo, irei correr.
d) Não te atrases com os trabalhos
de casa.
e) Suricatas, lobos e abelhas não são
animais solitários.
f) Declaramo-lo culpado.
g) Se é maior do que 2, então não será
1.
h) Ou vou estudar ou vou dormir.
i) A que horas pensas estar disponível
Cenários de resposta: a); c); e); g); h).
As partes relevantes de um argumento são, em primeiro lugar, as suas premissas. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas, os argumentos derivam uma conclusão. Se estamos a refletir sobre um argumento talvez por termos relutância em aceitar a sua conclusão, temos duas opções. Em primeiro lugar, podemos rejeitar uma ou mais das suas premissas. Em segundo lugar, podemos também rejeitar o modo como a conclusão é extraída das premissas. A primeira reação é que uma das premissas não é verdadeira. A segunda é que o raciocínio não é válido. É claro que o mesmo argumento pode estar sujeito a ambas as críticas: as premissas não são verdadeiras e o raciocínio aplicado é inválido. Mas as duas críticas são distintas (e as duas expressões, «não é verdadeira» e «não é válido», marcam bem a diferença). No dia a dia, os argumentos também são criticados noutros aspetos. As premissas podem não ser muito sensatas. (…) Mas «lógico» não é um sinónimo de «sensato». A lógica interessa-se em saber se os argumentos são válidos, e não se são sensatos. E vice-versa, muitas das pessoas a que chamamos «ilógicas» podem até usar argumentos válidos, mas serão patetas por outros motivos. A lógica só tem uma preocupação: saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.
S. Blackburn, Pense. Uma Introdução à Filosofia Gradiva, 2001,
pp. 201-202.
1. Que partes constituem um argumento?
2. O que distingue verdade de validade?
3. Qual o objeto de estudo da lógica?
Cenários de resposta: 1. Um argumento é constituído por premissa(s) e conclusão. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas infere-se ou extrai-se uma conclusão.
2. A verdade é uma propriedade que diz respeito ao conteúdo material das proposições (premissas e conclusão). A validade refere-se ao modo como a conclusão é extraída das premissas, isto é, à estrutura formal do argumento.
3. O objeto de estudo da lógica é a validade, a relação de
justificação entre premissas e conclusão. A preocupação da lógica passa por
saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.
1. Identifique, no conjunto que se segue, as afirmações
verdadeiras.
a) Um argumento válido pode ter uma ou mais premissas
falsas.
b) Um argumento válido pode ter uma conclusão falsa.
c) Um argumento válido pode ter premissas falsas e
conclusão verdadeira.
d) Um argumento válido pode ter premissas verdadeiras e
conclusão falsa.
e) Um argumento inválido pode ter premissas e conclusão
verdadeiras.
Cenários de resposta: a); b); c); e).
A lógica aristotélica ocupa-se em especial de um tipo particular de proposição – a chamada proposição declarativa categórica. Uma proposição declarativa categórica é uma proposição do seguinte género: «S é (respetivamente, não é) P». Nesta estrutura representativa temos, por assim dizer, três lugares. O lugar representado pela letra S, o lugar representado pela letra P e o lugar ocupado pela partícula «é». Ao lugar representado pela letra S nesta estrutura chama-se o lugar do sujeito; ao lugar representado pela letra P chama-se o lugar do predicado e ao lugar representado pela partícula «é» chama-se o lugar da cópula. A cópula é uma partícula de ligação que conecta de determinado modo os ocupantes dos outros dois lugares. Às entidades representativas que podem ocupar os lugares do sujeito e do predicado numa proposição chama-se termos.
A. Zilhão, Lógica. 40 Lições de Lógica Elementar,
Colibri, 2001, p. 10.
1. Que elementos caracterizam as proposições categóricas?
Cenário
de resposta: As
proposições categóricas são constituídas por três elementos: dois termos
(o sujeito e o predicado) unidos por uma partícula de ligação – é/não é
(cópula): S é P; S não é P.
1. Classifique as
seguintes proposições quanto à quantidade e qualidade.
a) O triângulo é uma figura plana.
b) O triângulo não é um quadrilátero.
c) Alguns triângulos não são
equiláteros.
d) Alguns triângulos são equiláteros.
2. Construa
proposições na forma canónica da proposição categórica, considerando as
seguintes propostas:
a) Proposição do tipo A. Sujeito: dia
de chuva. Predicado: aborrecido.
b) Proposição do tipo E. Sujeito:
universo. Predicado: finito.
c) Proposição do tipo I. Sujeito:
gregos. Predicado: divertidos.
d) Proposição do tipo O. Sujeito:
legumes. Predicado: couve-flor.
Cenários de resposta: 1. a) Universal
afirmativa (tipo A). b) Universal negativa (tipo E). c) Particular
negativa (tipo O). d) Particular afirmativa (tipo I).
2. a) Todos os dias de chuva são
aborrecidos. b) Nenhum universo é finito. c) Alguns gregos são
divertidos. d) Alguns legumes não são couve-flor.
1. Considere a proposição «É falso que a pena de morte
tenha sido abolida em todos os países europeus».
a) Se a
proposição supra for falsa, qual o valor de verdade da proposição «A pena de
morte foi abolida em todos os países europeus»?
b) Se a
proposição dada for verdadeira, qual o valor de verdade da proposição «A pena
de morte foi abolida em todos os países europeus»?
2. Apresente a negação da proposição «É verdade que chove».
Cenários de resposta: 1. a) Verdadeira; b) Falsa. 2. «É falso que seja verdade que chove.»
1. Considere a proposição «Ainda que goste de
filosofia, não aprecio lógica».
a) Transforme
a proposição numa conjunção.
b) Se
soubermos que a proposição «Gosto de filosofia» é falsa, o que podemos dizer
sobre o valor de verdade da proposição composta?
c) Se a
proposição «Não aprecio lógica» for verdadeira, será possível determinar o
valor de verdade da conjunção? Porquê?
2. Considere as proposições P «O livro tem muitas
páginas» e Q «O livro é muito bom».
Passe para linguagem simbólica as proposições
seguintes:
a) O
livro tem muitas páginas, mas é muito bom.
b) O
livro é muito bom, apesar de ter muitas páginas.
c) O
livro é muito bom e é falso que o livro tenha muitas páginas.
d) É falso que o livro tenha muitas páginas, mas é certo que é muito bom.
Cenários de resposta: a) Gosto de Filosofia e não aprecio
lógica. b) A conjunção será, nesta circunstância, necessariamente
falsa. c) Não, uma vez que desconhecemos o valor de verdade da
proposição «Gosto de filosofia». É necessário conhecer o valor de verdade da
proposição «Gosto de filosofia» para se poder determinar se a conjunção é
verdadeira ou falsa- Se «Gosto de filosofia» for verdadeira, a conjunção será
verdadeira, caso contrário será falsa.
2. a) P^Q; b) Q^P; c) Q^¬P; d) ¬P^Q
1. Considere a proposição «Procuram-se gatos ou cães
para adoção».
a) Adotando
o dicionário P «Procuram-se gatos para adoção» e Q «Procuram-se cães para
adoção», formalize a proposição complexa.
b) Se
soubermos que a proposição P é verdadeira, o que poderemos concluir sobre a
proposição complexa? Porquê?
c) Se a proposição «Procuram-se cães para adotar» for falsa, será possível determinar o valor de verdade da disjunção inclusiva? Porquê?
Cenários de resposta: 1. a) PVQ. b) Podemos concluir que PVQ é
necessariamente verdadeira, uma vez que pelo menos uma das frases disjuntas o
é. c) Não, dado que conhecemos apenas o valor de verdade de Q. Se P for
verdadeira, PVQ será igualmente verdadeira; se P for falsa, PVQ será falsa. Não
nos basta, por isso, neste caso, conhecer o valor de verdade de Q.
1. Considere a proposição «A Presidência da República
será ocupada nas próximas eleições ou por um homem ou por uma mulher».
a) Adotando
o dicionário P «A Presidência da República será ocupada nas próximas eleições
por um homem» e Q «A Presidência da República será ocupada nas próximas
eleições por uma mulher», formalize a proposição complexa.
b) Se
soubermos que a proposição P é verdadeira, o que podemos concluir sobre o valor
de verdade da proposição composta? Porquê?
c) Se
soubermos que nenhuma das proposições é falsa, o que podemos concluir sobre o
valor de verdade da proposição composta?
Cenários
de resposta: 1. a) PQ; b)
Nada se pode concluir, dado que desconhecemos o valor de verdade de Q. Se P for
verdadeira, a disjunção será falsa; se P for falsa, a disjunção será
verdadeira. No caso da disjunção exclusiva, precisamos sempre de conhecer o
valor de verdade de ambas as proposições simples para podermos determinar o
valor de verdade da proposição complexa. c) Podemos concluir que a
proposição composta é, necessariamente, falsa.
1. Considere a afirmação «Os brincos serão muitos
caros se forem de ouro».
a) Atribua uma letra precisa a cada uma das proposições
simples.
b) Escreva a proposição complexa em linguagem simbólica.
c) Que valor de verdade deve ser atribuído a QP, sendo ¬Q
falsa e P falsa?
2. Sejam as proposições P «Negligenciamos os trabalhos
de casa» e Q «Sofremos as consequências», passe para linguagem simbólica as
proposições seguintes.
a) Sofreremos as consequências se negligenciarmos os
trabalhos de casa.
b) Se não negligenciarmos os trabalhos de casa, então não sofreremos as consequências.
Cenários de resposta: 1. a) P: Os brincos são muito caros. Q: Os brincos são de ouro. b) Q→P (Se os brincos forem de ouro, então serão muito caros). c) Q→P é falsa. 2. a) P→Q; b) ¬P→¬Q
Considere a proposição «Recebemos salário se tivermos
emprego e vice-versa».
a) Adotando
o dicionário P «Recebemos salário» e Q «Temos emprego», escreva em linguagem
simbólica a proposição supra.
b) Que
valor ou valores de verdade pode assumir a proposição complexa se for verdade
que recebemos salário?
c) Que valor ou valores de verdade pode assumir a proposição complexa se tanto P como Q forem falsas?
Cenários de resposta: 1. a) PQ (Recebemos salário se e somente se tivermos emprego.) b) Se P (Recebemos salário) for verdadeira, PQ tanto pode ser verdadeira como falsa, dependendo dos valores de Q. c) Se tanto P como Q forem falsas, então PQ será verdadeira.
1. Determine, com recurso a tabelas de verdade, se as
proposições que se seguem são tautológicas, contraditórias ou contingentes.
a) Romeu ama Julieta, mas Julieta não lhe retribui o
amor.
b) Romeu e Julieta não se amam, nem um nem o outro.
c) Para que a
pena aplicada tenha sido justa, é necessário que o condenado tenha sido
culpado, a menos que o seu advogado possa recorrer.
d) Quando os gatos dormem os ratos dançam, mas o gatos não dormem.
Cenários
de resposta: 1. a) P¬Q é uma fórmula
contingente. b) ¬P¬Q ou ¬(PQ são formulas
contingentes. c) P→(QVR) é uma fórmula contingente. d)(P→Q)¬Q é uma fórmula contingente.
Considerando os argumentos, selecione o único que
obedece rigorosamente à regra do modus ponens:
(A) Se
defendemos valores democráticos, então não somos a favor da discriminação das
minorias étnicas. Somos a favor da discriminação das minorias étnicas. Portanto,
não defendemos valores democráticos.
(B) Se
não defendemos valores democráticos, então somos a favor da discriminação de
minorias étnicas. É certo que não defendemos valores democráticos. Sendo assim,
somos a favor da discriminação de minorias étnicas.
(C) Ou
defendemos valores democráticos ou não somos a favor da discriminação das
minorias étnicas. Defendemos valores democráticos. Portanto, somos a favor da
discriminação das minorias étnicas.
(D) Se defendemos valores democráticos, então não somos a
favor da discriminação das minorias étnicas. Não somos a favor da discriminação
das minorias étnicas. Logo, defendemos valores democráticos.
Cenário
de resposta: (B).
1. Considerando as premissas abaixo, escreva a
conclusão dos argumentos usando uma das formas válidas de inferência. Em cada
um dos casos, indique a regra utilizada.
a) Se
eu mantiver a cabeça fria, não falharei este conjunto de exercícios. É certo
que mantenho a cabeça fria.
b) Não
é possível ouvir música sem sentir emoção. Neste momento, a verdade é que não
sinto qualquer emoção.
c) Para
ser galo, basta ter crista. Eu não sou certamente um galo.
d) Se é
açoriano, não é natural do Porto Santo.
e) Ou falho
este exercício ou é verdade que a lógica é uma disciplina fácil. Não falho de
forma alguma este exercício.
f) Se
chove, o caracol sai.
g) Se o preço da gasolina subir, as pessoas tenderão a
usar menos o automóvel. Se as pessoas usarem menos o automóvel, os níveis de
dióxido de carbono na atmosfera diminuem.
Cenários de resposta: 1. a) Logo, não falharei este conjunto
de exercícios (regra do modus ponens). b) Logo, não oiço música
(regra do modus tollens). c) Logo, não tenho crista (regra do modus
tollens). d) Logo, se é natural do Porto Santo, não é açoriano
(regra da contraposição). e) Logo, a lógica é uma disciplina fácil
(regra do silogismo disjuntivo). f) Logo, se não chove, o caracol não
sai (regra da contraposição). g) Logo, se o preço da gasolina subir,
diminuem os níveis de dióxido de carbono na atmosfera (regra do silogismo
hipotético).
1. Os argumentos que se seguem são válidos? Justifique
a sua resposta.
a) Ninguém pode estudar e simultaneamente estar a
conversar nas redes sociais. O Pedro conversa nas redes sociais. Logo, não
estuda.
b) Para tirar positiva no teste, bastaria ter estudado
pelo menos uma tarde. Ora, tirei positiva no teste. Portanto, estudei pelo
menos uma tarde.
c) Ninguém pode estudar e simultaneamente estar a
conversar nas redes sociais. É certo que a Marta não está a conversar nas
redes sociais. Portanto, estuda.
d) Para tirar positiva no teste, bastaria ter estudado
pelo menos uma tarde. Tirei negativa no teste. Logo, é certo que não estudei
sequer uma tarde.
Muito Obrigado, Areal Editores!
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