Lógica Proposicional: Validade de Argumentos
"(...) a utilidade maior das tabelas revela-se quando precisamos de testar a validade de argumentos. Não é estranho usar o método das tabelas de verdade para testar a validade de argumento, pois ainda que os argumentos não sejam verdadeiros nem falsos (mas antes válidos ou inválidos), eles são constituídos por proposições (as premissas e a conclusão), que são verdadeiras ou falsas. Uma vez que já sabemos que um argumento válido só não pode ter premissas verdadeiras e conclusão falsa, podemos então colocar lado a lado as tabelas de verdade das premissas e a da conclusão, de modo a ver se alguma vez se verifica aquelas serem verdadeiras e esta falsa. Se tal acontecer uma vez que seja, ficamos a saber que o argumento é inválido.
Para determinar se é
válido ou não começamos por representar a forma lógica de cada uma das
proposições, depois de explicitar um dicionário:
Ao fazer o dicionário
não podemos esquecer que temos de usar apenas proposições sem quaisquer
conectivas, que só depois são inseridas. Partindo daí, representamos a forma
argumentativa escrevendo cada premissa numa linha diferente e a conclusão,
precedida pelo respetivo símbolo, “∴”, na última:
O que fazemos agora é uma sequência de tabelas de verdade, uma para cada premissa e outra para a conclusão, a que se chama também inspetor de circunstâncias:
Cada linha da tabela
corresponde a uma circunstância possível. Resta examinar este inspetor para ver
se há alguma circunstância em que as duas premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa. Ora, só na terceira circunstância (F V) as duas premissas são
verdadeiras. Mas nessa mesma circunstância a conclusão também é verdadeira.
Logo, a forma argumentativa é válida.
Vejamos agora outro
argumento:
Usando o mesmo
dicionário que usámos antes, a forma lógica deste argumento é a seguinte:
A tabela de verdade é a seguinte:
Como se vê,
agora temos duas circunstâncias em que as duas premissas são verdadeiras.
Contudo, numa delas a conclusão é falsa. Logo, a forma argumentativa é
inválida.
É incorreto dizer que
esta forma argumentativa é válida na terceira fila e inválida na quarta. Um
argumento ou é válido ou não, sendo incorreto afirmar que é válido em algumas
circunstâncias e inválido noutras. Ser válido é não haver qualquer
circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa. Basta
haver uma circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa
para que o argumento seja inválido."
Aires Almeida, Racionalidade Argumentativa da Filosofia e a Dimensão
Discursiva do Trabalho Filosófico, pp. 23-25. Documento disponível em: https://apfilosofia.org/wp-content/uploads/2018/09/AE.pdf
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