Preparação 5ª Ficha de
Avaliação - 11º Ano
Temas:
A Filosofia da Arte
A Filosofia da Religião
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção - Escolha múltipla. (50 pontos).
Grupo II - Itens de resposta curta - definição de conceitos (50 pontos).
Grupo III - Itens de resposta restrita. (50 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa - Análise de um texto filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos de questões serão avaliados todos os domínios.
Tempo : 50 minutos
Aprendizagens essenciais a avaliar:
FILOSOFIA DA ARTE
1.
Definir Filosofia da Arte
2.
Explicar o problema da definição de
arte.
3.
Conhecer exemplos de obras de arte.
4.
Diferenciar condições necessárias e condições suficientes.
5.
Mostrar em que consiste uma boa definição explícita.
6.
Definir Teorias Essencialistas da Arte.
7.
Explicar a teoria da arte como imitação.
8.
Explicar as objeções à teoria da imitação.
9.
Relacionar Imitação e Representação.
10. Explicar as
objeções à teoria da representação.
11. Explicar a teoria
expressivista da arte.
12. Explicar as objeções
à teoria expressivista.
13. Explicar a teoria formalista
da arte.
14. Explicar as
objeções à teoria formalista.
15. Definir Teorias Não Essencialistas da Arte
16. Explicar a teoria
institucional da arte.
17. Explicar as objeções
à teoria institucional.
18. Explicar a teoria histórica
da arte.
19. Explicar as
objeções à teoria histórica.
20. Comparar e avaliar
as teorias da arte estudadas.
21. Justificar a
posição pessoal acerca do problema da definição de arte.
22. Conhecer e aplicar conceitos
relacionados com a Filosofia da Arte.
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
1.
Definir Filosofia da Religião
2.
Distinguir Filosofia da Religião, de Teologia e História das Religiões..
2.
Explicar a conceção teísta de Deus.
3.
Explicar o deísmo e o panteísmo.
4.
Distinguir a abordagem racional do problema da existência de Deus e da fé.
5.
Enunciar o problema da existência de Deus.
6.
Explicar o argumento cosmológico.
7.
Explicar objeções ao argumento cosmológico.
8.
Explicar o argumento teleológico.
9.
Explicar objeções ao argumento teleológico.
10.
Explicar o argumento ontológico.
11.
Explicar objeções ao argumento ontológico.
12.
Explicar o problema do mal.
13.
Explicar três respostas ao problema do mal.
14.
Mostrar em que medida Pascal é fideísta.
15.
Explicar a “aposta de Pascal”.
16.
Explicar objeções à “aposta de Pascal”.
17.
Comparar e avaliar os diversos argumentos e respetivas objeções acerca do
problema da existência de Deus.
18.
Justificar uma posição pessoal acerca do problema da existência de Deus.
23.
Conhecer e aplicar
conceitos relacionados com a Filosofia da Religião.
VAMOS, ENTÃO,
TESTAR OS CONHECIMENTOS!
A - Filosofia
da Arte
Grupo I
Selecione a alternativa correta.
13. A teoria não essencialista da arte é a….
A. da representação.
B. expressivista.
C. formalista.
D. institucional.
14. Leia atentamente o texto seguinte:
Não podemos transformar qualquer coisa em obra de arte (…). Não posso transformar todos os artefactos de Londres em obras de arte por ter simplesmente a intenção de que estes sejam vistos como as obras de arte do passado têm sido vistas. Não tenho o direito de propriedade adequado sobre todos os artefactos de Londres.
Nigel Warburton, O que é a arte?, Editora Bizâncio, Lisboa, 2007, pág. 128 (Adaptado) |
Estas ideias permitem argumentar a favor da teoria
A. formalista.
B. institucional.
C. histórica.
D. expressivista.
15. Muitas pessoas apreciadoras de arte não conseguem explicar, claramente, a emoção estética que sentem perante uma certa harmonia de formas e cores de um quadro.
Esta dificuldade permite fazer uma objeção à teoria
A. histórica.
B. formalista.
C. institucional.
D. expressivista.
16. Os cantores de ópera, ao interpretarem determinadas obras musicais, fazem transparecer através da sua voz emoções de alegria ou tristeza que não estão autenticamente a sentir.
A partir deste facto é possível apresentar uma crítica à teoria
A. expressivista.
B. institucional.
C. formalista.
D. histórica.
17. A questão da natureza dos valores estéticos consiste em
A. saber se a beleza é objetiva ou subjetiva.
B. distinguir o belo do feio.
C. determinar as condições necessárias e suficientes para se falar em beleza.
D. determinar as condições necessárias e suficientes para se falar em arte.
18. A Filosofia da arte procura, em termos gerais,
A. distinguir as emoções estéticas de outros tipos de emoções.
B. distinguir a beleza artística da beleza natural.
C. distinguir, quanto aos objetos artísticos, juízos subjetivos de juízos objetivos.
D. distinguir objetos artísticos de objetos não artísticos.
19. Selecione a opção que se refere ao problema da definição de arte.
A. Será a arte indispensável à vida?
B. Deverá a arte ser desinteressada?
C. As nossas avaliações quanto à beleza das obras de arte serão objetivas ou subjetivas?
D. Deverá a arte representar a realidade?
0. Lev Tolstoi considera que a arte
A. imita os sentimentos do artista.
B. expressa os sentimentos do artista.
C. permite descobrir os sentimentos do artista.
D. é uma expressão inconsciente e incontrolada dos sentimentos do artista.
21. Qual é a teoria que exige a propriedade como condição necessária para que um objeto possa ser considerado obra de arte?
A. Teoria institucional.
B. Teoria historicista.
C. Teoria expressivista.
D. Teoria representacional.
22.As obras de arte abstratas podem ser utilizadas como contraexemplo de que teoria?
A. Teoria institucional.
B. Teoria historicista.
C. Teoria formalista.
D. Teoria representacional.
23. Para a teoria formalista da arte,
A. a forma de uma obra de arte é importante, sendo os conteúdos representacionais e expressivos irrelevantes.
B. a forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo representacional também.
C. a forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo expressivo também.
D. a forma de uma obra de arte é importante e o conteúdo representacional e expressivo também.
24. As teorias não essencialistas da arte defendem que….
A. a arte é indefinível.
B. existem condições contextuais e relacionais necessárias para que um objeto seja arte.
C. existem propriedades intrínsecas dos objetos que os tornam obras de arte.
D. podem existir condições suficientes, mas nunca necessárias, para definir arte.
25. De acordo com Collingwood, a arte como ofício
A. tem por objetivo provocar na audiência emoções previamente definidas.
B. é a expressão imaginativa das emoções do autor.
C. é uma forma de clarificação dos sentimentos do artista.
D. não pode ter a emoção suscitada na audiência como objetivo previamente definido.
Nota:
Para Collingwood, a arte encarada como ofício tem por objetivo provocar na audiência emoções previamente definidas, enquanto a arte autêntica é a expressão imaginativa das emoções do artista, num processo de descoberta interior dessas mesmas emoções.
PASSAR A 26
«O mundo da arte consiste num feixe de sistemas –
teatro, pintura, escultura, literatura, música, etc., cada um dos quais
proporciona um contexto institucional para a atribuição do estatuto a objetos
pertencentes ao seu domínio. Não se podem pôr limites ao número de sistemas
passíveis de serem incluídos na conceção genérica de arte, e cada um dos
principais sistemas engloba subsistemas. Estas características do mundo da arte
fornecem a elasticidade que permite albergar toda a criatividade, incluindo a
mais radical.»
1. Identifique a teoria da arte implícita no texto.
Teoria Institucional da Arte.
2. Caracterize essa mesma teoria.
Uma das características mais salientes desta definição é que qualquer coisa pode ser uma obra de arte, desde que alguém a proponha como candidata para apreciação de acordo com o procedimento descrito
3. Apresente uma objecção a essa teoria.
O problema mais notório da teoria é a sua manifesta circularidade: as obras de arte são definidas como objetos que são aceites como tais pelas pessoas que entendem de arte; e as pessoas que entendem de arte são definidas como as que aceitam certos objetos como sendo obras de arte.
Outras objecções:
O que é ser “candidato a apreciação”?
E quem exatamente tem autoridade para “agir em nome de uma determinada instituição”?
E em que sentido se diz que o chamado ‘mundo da arte’
é uma instituição, dado que não exibe a formalidade – hierarquias, regulamentos
escritos, cerimónias oficiais – característica das outras instituições como as
instituições religiosas, militares, académicas?
4. Consegue identificar o autor do texto?
George Dickie.
- Estética
- Objecto estético
- Experiência estética
- Juizo estético
- Teoria do Belo, Teoria do Gosto, Filosofia da Arte
- Teorias essencialistas
- Arte como imitação
- Arte como representação: algo representa outra coisa se, e só se, um emissor tem a intenção de que algo esteja em vez de outra coisa e o receptor compreende essa intenção. Uma representação pode ser imitativa ou não imitiva: o sinal de aproximação a um cruzamento imita o mesmo mas o sinal de sentido proibido limita-se a representar essa proibição, sem imitar a sua forma.
- Arte como expressão
- Arte como forma significante
- Emoção estética
- Teorias não essencialistas
- Teoria institucional
- Instituição social
- Mundo da arte
- Artefacto: A ideia é que um artefacto é tudo o que é feito por seres humanos, incluindo o conjunto de movimentos coordenados que constituem uma dança ou o que resulta do ato de apanhar um pedaço de madeira à deriva nas águas de um rio para ser exibido numa galeria de arte. O artefacto mede-se pelo uso que damos ao objeto.
“Suponhamos que se recolhe um pedaço de madeira flutuante e, sem o alterar de forma alguma, o usamos para cavar um buraco ou abaná-lo perante um cão que nos ameaça. O pedaço de madeira inalterado foi convertido em ferramenta ou arma pelo uso que lhe foi dado. Em nenhum dos casos o pedaço de madeira é por si só um artefacto. O artefacto, nos dois casos, é o pedaço de madeira manipulado e usado de um certo modo”
G. Dickie, Introdução à estética, Bizâncio, 2008 (adaptado)
17. Atribuição de estatuto: Dickie esclarece que as pessoas aptas a propor um dado artefacto para candidato a apreciação são geralmente os artistas, os galeristas, os críticos de arte ou os curadores de arte e outros agentes ligados a museus, revistas de arte, faculdades de artes, casas de espetáculos, etc. Essa é a instituição, genericamente designada ‘mundo da arte’, em nome da qual se confere a esse artefacto o estatuto de candidato para apreciação
18. Obra de arte no sentido classificativo ou descritivo significa que esse objecto pertence a uma determinada classe. Exemplo: estes objectos são obras de arte!
19. Obra de arte no sentido valorativo ou avaliativo é reconhecer que esse objecto, além de pertencer à categoria das obras de arte, é um bom exemplar dessa categoria, ou seja, é uma boa obra de arte. Exemplo: este quadro é uma obra de arte!
Leia o texto e responde às questões que se seguem.
«O que está ao certo um filósofo a fazer quando elabora uma teoria ou definição da arte? Segundo a abordagem tradicional da definição, um filósofo teria de especificar as condições necessárias e suficientes que uma determinada coisa tem de satisfazer para ser uma obra de arte. Uma condição necessária para ser x é uma característica que qualquer objeto tem de ter para ser x.»
George Dickie, Introdução à Estética, Lisboa,
Editorial Bizâncio, 2008. p. 77.
15. Partindo do texto, esclarece a diferença entre as condições para uma definição da arte estabelecidas pelas teorias essencialistas e pelas teorias não essencialistas.
16. Considera que a imitação ou representação da realidade poderão ser condições suficientes para que um objeto possa ser considerado artístico? Justifica a tua resposta.
17. Exponha a condição ou as condições necessárias e suficientes propostas pela teoria da arte defendida por Jerrold Levinson.
18. Indique a condição estabelecida por Collingwood para distinguir a «arte autêntica» da arte encarada como ofício.
Para Collingwood, a arte encarada como ofício tem por objetivo provocar na audiência emoções previamente definidas, enquanto a arte autêntica é a expressão imaginativa das emoções do artista, num processo de descoberta interior dessas mesmas emoções.
20. Identifique o problema referido na afirmação anterior.
O problema dos objetos indiscerníveis é que, sendo as obras de arte idênticas ou iguais a objetos comuns, não podem possuir propriedades intrínsecas que os distingam deles.
21. Exponha a
proposta de George Dickie para resolver a questão dos objetos indistinguíveis.
"O filósofo George Dickie defende que não se pode encontrar uma definição para o conceito da arte, em sentido classificativo, generalizando características de sistemas artísticos particulares, tampouco generalizando os critérios do que foi considerado historicamente e esteticamente como boa arte. Assim, sob o pano de fundo heterogéneo da arte contemporânea, ele desenvolve o que chamou de “teoria institucional da arte”, que privilegia metodologicamente o contexto cultural em que um objeto é instaurado como arte em detrimento das suas propriedades intrínsecas. (....)
No artigo O que é a arte?
Dickie apresenta de modo geral os primeiros passos da tese que ficaria
conhecida como “teoria institucional da arte”. Dickie vê principalmente no
sucesso histórico dos ready-mades uma
indicação fundamental para uma possível definição do conceito da arte, tarefa
que ganhava contornos de inviabilidade justamente pela confusão causada por
aqueles objetos. Se um urinol tinha ido parar no museu, significava então que
tudo era arte, já que qualquer coisa poderia potencialmente ter as suas formas
apreciadas?
Obras como A Fonte, o famoso urinol branco enviado ao Salão dos Independentes de Nova York em 1917 mostra que é o lugar de exposição que torna os objetos arte e não as propriedades que eles carregam, descortinando que a reflexão filosófica sobre a arte não devia excluir a prática cultural que a permeia. Ou seja, não poderia excluir o “mundo da arte”, uma instituição alargada onde as obras de arte têm cidadania e seu status fixado como tal, que funcionaria no nível da prática e que compreende artistas, historiadores, espaços de exibição, críticos, o público, assim como as teorias que funcionam como condicionantes para a compreensão e criação de obras. (....)
(adaptado)
Ver artigo:
file:///C:/Users/rosa.sousa/Downloads/8388-Texto%20do%20artigo-37179-4-10-20111211.pdf
Fujiko Nakaya é uma artista japonesa conhecida pelas suas esculturas efémeras feitas de névoa. Estas instalações podem ser apreciadas no Museu Guggenheim, em Bilbao, e na Galeria Nacional Australiana, em Camberra.
22. Poderão
estas esculturas efémeras ser consideradas arte? Justifica a tua resposta
recorrendo aos conhecimentos adquiridos sobre as várias teorias da arte.
Carlos Pires e Sara Raposo
(adaptado)
B - Filosofia da Religião
GRUPO I
Assinale a única opção correcta
1. A concepção
de Deus no teísmo corresponde a um ser:
A. Com todos os
poderes possíveis.
B. Único e perfeito
C. Omnisciente,
omnipotente e omnipresente
D. Único, omnisciente
e sumamente bom.
2. O argumento
cosmológico baseia-se no principio de que:
A. Tudo no universo
tem várias causas e vários efeitos
B. Não pode haver uma
regressão infinita na cadeia de causas do universo
C. Se Deus teve uma
causa, ela tem de ser tão perfeita quanto Deus o é
D. As causas não
podem ter efeitos infinitos no tempo.
3. O argumento
cosmológico pode ser contrariado:
A. Pela observação de
que tudo tem de ter uma causa, mas Deus, não.
B. Pelas mais
recentes descobertas cientificas acerca do Cosmos
C. Pelo problema do
mal natural
D. Pelo facto de nada
se poder criar a si próprio.
4. O Argumento
teleológico baseia-se numa analogia entre:
A. Um ser vivo e uma
máquina
B. As plantas e as
máquinas
C. O universo e os
seres vivos
D. O universo e uma
máquina.
5. Se
aceitarmos o argumento teleológico, mostramos que:
A. Algo criou o
universo com um propósito
B. Há um Deus
perfeito e criador do universo
C. Vários deuses
criaram o universo e nenhum deles era perfeito
D. Deus criou o
universo com o propósito de sermos felizes e bons.
6. A teoria da
evolução das espécies relaciona-se com o argumento teleológico por:
A. Mostrar cientificamente
a força desse argumento
B. Ser uma
alternativa que explica a analogia sem recorrer a Deus
C. Ser uma prova de
que Deus pode não ser único nem perfeito
D. Mostrar
cientificamente que esse argumento está errado.
7. O argumento
ontológico é um argumento:
A. A priori e por
redução ao absurdo
B. A priori que reduz
ao absurdo a existencia do mal
C. Absurdo por
defender que Deus existe a priori
D. Por redução ao
absurdo de uma hipótese apriori
8. Segundo o
argumento ontológico, a possibilidade de se pensar um ser com todas as
perfeições:
A. Desmente o
argumento cosmológico
B. Prova que Deus
existe no pensamento
C. Implica a
existência desse ser
D. Mostra que o
pensamento humano tem um alcance infinito
9. O facto de
não ser possível obrigarmo-nos a acreditar em algo sem justificação é uma
critica ao:
A. Teísmo
B. Argumento
ontológico
C. Fideísmo
D. Argumento
teleológico
10. O argumento
da aposta de Pascal visa provar que:
A. Só apostando na fé
podemos provar que Deus existe
B. O Deus do teismo é
uma má aposta
C. É mais vantajoso
acreditar em Deus do que não acreditar
D. Deus é único,
omnipotente, omnisciente e sumamente bom.
11. O problema
da existência do mal dá força à tese de que Deus:
A. Quer acabar com o
mal mas não pode fazê-lo
B. Ou não existe, ou
não é simultaneamente omnipotente, omnisciente e sumamente bom
C. Ou não existe, ou
não quer acabar com o mal
D. Sendo perfeito, é
simultaneamente omnipotente, omnisciente e sumamente bom.
12. É possível tentar justificar o mal moral salientando
que:
A. Os responsáveis
por esse mal são os seres humanos
B. Um mundo sem mal
moral teria de ter muito mais mal natural
C. Um mundo com mal
moral é compatível com o teísmo
D. Sem a
possibilidade do mal moral, não teríamos livre-arbítrio.
13. Defina os seguintes conceitos:
- Filosofia da Religião:
- Teismo:
- Deísmo:
Há diversos tipos de deísmo, mas, em geral, trata-se de uma concepção acerca de Deus que assenta em pelo menos uma das seguintes teses: 1) Existe um Deus criador, mas uma vez criado o mundo, ele não tem qualquer intervenção no curso dos acontecimentos; 2) Existe um Deus criador, mas não existe qualquer espécie de revelação divina que nos diga o que é correcto ou incorrecto acerca da nossa conduta moral, bastando para isso consultar a razão humana; 3) Existe um ser supremo criador, mas esse ser não é o Deus revelado pelas religiões. Locke, Voltaire (1694-1778) e Rousseau (1712–1778) defenderam algumas formas de deísmo. (Aires Almeida)
- Panteísmo
A concepção de Deus, segundo a qual todas as coisas que existem são partes ou manifestações de uma única realidade divina. Assim, Deus e o mundo são uma e a mesma coisa, pelo que Deus é imanente e não transcendente. A ideia de um Deus criador e providencial é afastada pelo panteísta, pelo que este se afasta, simultaneamente, das concepções monoteístas e politeístas; distingue-se também do teísmo, do deísmo e do ateísmo, embora alguns filósofos teístas o considerem uma forma disfarçada de ateísmo. O panteísmo costuma ser associado aos estóicos (ver estoicismo), mas os seus mais destacados defensores foram Espinosa (1632–77) e Hegel. (Aires Almeida)
- Argumento Cosmológico
Tipo de argumento a favor da existência de Deus segundo o qual se tudo na natureza tem uma causa, então tem de existir algo que não dependa de nada que seja a causa de tudo. A conclusão é que esse algo é Deus. A versão mais discutida deste argumento é a de S. Tomás de Aquino. A ideia é a de que dado que as cadeias causais não podem regredir infinitamente, tem de existir algo de natureza distinta das coisas naturais que seja a causa de tudo. O maior problema que este argumento enfrenta é o de que, no máximo, apenas mostraria que existe algo responsável pela existência de tudo, mas não que esse algo seja Deus. (Célia Teixeira)
- Argumento Teleológico
Argumento por analogia a favor da existência de Deus. A premissa da analogia é a de que os objectos naturais se assemelham a artefactos. Como tal, do mesmo modo que os artefactos têm um criador (um desígnio) responsável pela sua existência, também os objectos da natureza têm de o ter. Dada a complexidade e ordem da natureza, o criador por detrás da natureza tem de possuir uma inteligência divina. A conclusão é que esse criador é Deus. O argumento foi criticado por David Hume nos Diálogos sobre a Religião Natural. Um dos problemas é que a analogia entre artefactos e objectos naturais parece fraca. (Célia Teixeira)
- Argumento Ontológico
Argumento a priori a favor da existência de Deus; isto é, um argumento cujas premissas são todas a priori. Uma das versões mais discutidas do argumento é a de S. Anselmo, que parte da definição de Deus como “o ser maior do que o qual nada pode ser pensado”. A ideia é que se Deus não existisse, então não seria o ser maior do que o qual nada pode ser pensado, o que contradiz o ponto de partida; logo, Deus existe. O argumento foi criticado pelo monge Gaunilo, contemporâneo de Anselmo, que argumentou que através do mesmo tipo de argumento se poderia provar a existência de uma ilha perfeita, o que seria absurdo. (Célia Teixeira)
- Problema do Mal:
Como conciliar a existência do Mal no mundo com a Existência de Deus?
- Teodiceia de Leibniz.
O problema do mal (também conhecido como teodiceia) e uma das críticas mais antigas à existência de Deus como ser omnipotente (que tudo pode) e benevolente (que é bom).
- o argumento procura mostrar que a existência do mal no mundo não é compatível com a ideia de um Deus benevolente e omnipotente.
- Uma das teodiceias mais importantes foi desenvolvida por Leibniz - por teodiceia entende-se uma resposta à questão de saber por que motivo Deus permite o mal já que nenhum mal é justificável.
- Fideísmo de Pascal.
O fideísmo é uma posição que defende que a fé e a razão são incompatíveis e que só a fé permite acreditar em Deus: Só a fé nos pode pôr em contacto com Deus;
A falta de boas razões para acreditar na existência de Deus não é uma boa razão para não ter fé.
Assim, a fé na existência de Deus não pode ser justificada com argumentos.
Segundo Pascal mesmo sem argumentos a favor da existência de Deus, segundo uma racionalidade prudencial, (não conduz à verdade, justifica crenças práticas ou ajuda as pessoas em situações terminais, por exemplo) acreditar que Deus existe pois essa é a melhor "aposta" - é aquela que traz mais vantagens para nós, até mesmo do ponto de vista de benefícios práticos.
GRUPO II
Assinale as Afirmações V e F. Justifique
as FALSAS.
A. A filosofia da
religião estuda factos sociais acerca da religião.
B.A filosofia da
religião estuda razões e argumentos acerca das crenças religiosas.
C. As religiões têm
várias conceções de divindade.
D.A filosofia da
religião estuda uma noção de Deus comum às religiões minoritárias.
E. O teísmo é uma
conceção que defende o politeísmo (vários deuses).
F. O Deus do
teísmo é único mas imperfeito.
G.O Deus do teísmo é
omnipotente, omnisciente e sumamente bom.
H.O Deus do teísmo é,
também, conhecida, como o "Deus dos Filósofos".
I. Há muitos
argumentos acerca da existência de Deus.
J. Só há três
argumentos acerca da existência de Deus: ontológico, cosmológico e teleológico.
L. O argumento ontológico é um argumento a
posteriori
M. O argumento
ontológico é um argumento por redução ao absurdo
N. A existência
não é uma propriedade é uma critica ao argumento ontológico.
O. O argumento cosmológico assenta na ideia
que tudo é incausado.
P. O argumento
cosmológico põe em causa a regressão infinita.
Q. Defender que
o universo poderia ser incriado e eterno constitui uma crítica ao argumento
cosmológico.
R. O argumento teleológico baseia-se num
raciocínio indutivo
S. O argumento
teleológico defende que todos os seres vivos são compostos por partes.
T. A teoria da
evolução das espécies de Darwin constitui uma critica ao argumento teleológico.
U. O fideísmo
defende a compatibilidade entre razão e fé.
V. A razão não
consegue mostrar que Deus existe é uma critica ao fideismo.
X. O argumento do mal é um argumento a
favor da existência de Deus.
Z. Segundo o
argumento do mal, dado que o mal existe, Deus ou não é omnipotente ou não
existe.
GRUPO III
Leia os seguintes textos e responda às questões:
Texto A
Acredito que Deus criou coisas em perfeição última, apesar de não nos parecer isso ao considerar partes do Universo. É um pouco como o que acontece na música e na pintura, pois as sombras e dissonâncias melhoram verdadeiramente as outras partes, e o autor sábio de tais obras obtém destas imperfeições particulares um benefício tão grandioso para a perfeição total do seu trabalho que é muito melhor dar-lhes espaço do que tentar passar sem elas. Assim, temos de acreditar que Deus não teria permitido o pecado nem teria criado coisas que sabe que irão pecar, se não tivesse obtido delas um bem incomparavelmente maior que o mal que daí resulta.
(Leibniz, “Diálogo sobre a Liberdade Humana e a Origem do Mal”,
pp. 115
1. Identifique o tema/problema do texto.
2. Apresente os argumentos citados pelo autor.
Texto B
Deus fez o mundo e isso foi muito bom. Uma parte indispensável da bondade que ele escolheu foi a existência de seres racionais: seres Auto conscientes capazes de amor e pensamento abstrato, e com o poder de livre escolha entre cursos de ação alternativos contemplados. Essa última característica dos seres racionais, a livre escolha ou livre-arbítrio, é um bem.
Mas mesmo um ser omnipresente é incapaz de controlar o exercício do poder de livre escolha, já que uma escolha que fosse controlada não seria verdadeiramente livre.
Pois.... se eu tenho uma livre escolha entre x e y, nem mesmo Deus pode garantir que vou escolher x.
Pedir a Deus que me dê livre escolha entre x e y e que garanta que eu escolha x em vez de y é pedir que Deus realize o intrinsecamente impossível: é como pedir a ele que crie um quadrado redondo, um ser material sem forma ou um objeto invisível que projete uma sombra.
Tendo esse poder de livre escolha, alguns ou todos os seres humanos o usaram mal e produziram uma certa quantidade de mal. Mas o livre-arbítrio é um bem suficientemente grande para que sua existência sobrepuje os males que têm resultado e que resultarão do seu abuso: e Deus previu isso.
Van Inwagen, Peter. The Problem of Evil.
Oxford: Clarendon Press, 2006.
1.
Texto C
O grande matemático e filósofo francês, Blaise Pascal (1632–1662), argumentou a favor da existência de Deus de maneira algo diferente:
“Deus existe ou Deus não existe... Que apostarás tu? De acordo com a razão, não poderás fazer nem uma coisa nem outra; de acordo com a razão não poderás defender nenhuma das opções... mas tens de apostar. [E quanto à] tua felicidade? Pesemos ganhos e perdas apostando que Deus existe... Se ganhares (a aposta), ganhas tudo; se perderes, não perdes coisa alguma. Aposta então, sem hesitação, que Ele existe”.
A base da aposta de Pascal parece ser esta: temos de apostar (acreditar) em que Deus existe ou em que Deus não existe. Se Deus não existe, aquilo em que apostarmos fará pouca diferença. Mas se existir, fazemos um grande negócio. Assim, a pessoa esperta ou sensata apostará (acreditará) que Deus existe.
Howard Kahane, Há boas razões para acreditar que Deus existe? In Crítica |
1- Explique o argumento da aposta de Pascal.
2- O que se pode entender por Fideísmo?
Texto D
Em primeiro lugar, Pascal está enganado na sua crença de que devemos apostar contra ou a favor da existência de Deus. Podemos optar por permanecer nas margens, como faz o agnóstico. Claro que nesse caso podemos perder o prémio, se houver um prémio, por termos apostado incorretamente. Mas Pascal não pode provar que há tal prémio.
Em segundo lugar, a aposta não é tão simples como Pascal pensou porque há um número indefinido de possíveis criadores. O Deus cristão comum em quem Pascal apostou é apenas um deles. Assim, o número de possibilidades para apostar é muito maior do que duas e os jogadores racionais não têm a possibilidade de escolher mesmo que queiram escolher um Deus ou outro. Por outras palavras, se a aposta de Pascal faz sentido, será tão razoável apostar num deus-lua ou deus-sol como no Deus judeu, cristão ou muçulmano.
E, finalmente, não há prova ou razão para supor que ganhamos um prémio se apostarmos no Deus que de facto exista. Porque não podemos pressupor sem razões que Deus recompense os crentes ou que puna os descrentes. (De facto, em última análise o próprio Pascal apelou à revelação ou fé). Pelo contrário, as intuições de muitos de nós dizem precisamente o contrário talvez porque quando nos tentamos pôr no lugar de Deus, percebemos que estaríamos inclinados a considerar que a crença baseada na aposta de Pascal é hipócrita. Deus, se existir, pode impressionar-se bem mais com a honestidade daqueles que não conseguiram apostar (acreditar) na ausência de provas do que com aqueles que acreditam porque pensam que é prudente fazê-lo.
Howard Kahane, Há boas razões para acreditar que Deus existe? In Crítica
1. Explique as objeções, referidas no texto, ao argumento da aposta Pascal.
2. Haverá mais razões para considerar que a aposta de Pascal não é um bom argumento? Justifique.
Filosofia da Religião - Ficha de Trabalho
(autor: Domingos Faria)
1.De que problemas
trata a filosofia da religião?
2. Por que razão o
argumento cosmológico é a posteriori?
3. Qual é a ideia
central do argumento cosmológico de Tomás de Aquino?
4. Há autores que
afirmam que o argumento cosmológico de Tomás de Aquino é logicamente válido.
Recordando a matéria lecionada de lógica proposicional, constrói um inspetor de
circunstâncias para provar que este argumento é válido.
5. Quais são as
principais críticas que se podem apresentar ao argumento cosmológico?
6. Considera que se
pode formular um argumento cosmológico que evite alguma das críticas
anteriormente referidas? Justifica.
7. Explique
brevemente o argumento a favor da existência de Deus referido na entrevista.
8. Explique
brevemente que objeção principal se poderá apresentar a esse argumento.
9. Qual é o argumento
principal para se colocar Deus em causa? Explique brevemente esse argumento?
10. De que forma se
pode criticar esse argumento contra a existência de Deus?
Soluções - Ficha de trabalho
1. A filosofia da religião consiste em pensar filosoficamente sobre tópicos que surgem quando o assunto é a religião. Ou seja, podemos caracterizar a filosofia da religião como o exame de conceitos religiosos fundamentais (como o conceito de Deus e de fé) e de crenças religiosas fundamentais (tal como a crença de que Deus existe e de que a existência do mal é de algum modo consistente com o amor de Deus pelas suas criaturas). Importantes problemas da filosofia da religião são os seguintes: Será que Deus existe? Será que o mal é uma forte razão contra a existência de Deus? Será racional acreditar em Deus ou ter fé sem provas ou argumentos?
2.Um argumento a priori é um argumento cujas premissas são a priori, ou seja, tem apenas premissas que podem ser conhecidas independentemente da experiência do mundo. Pelo contrário, um argumento a posteriori é um argumento em que pelo menos uma das suas premissas é a posteriori, isto é, pelo menos uma das suas premissas baseia-se em informação sobre como o mundo realmente é. Seguindo este critério, o argumento cosmológico é um argumento a posteriori, dado que tem as seguintes premissas empíricas: existem coisas no mundo e essas coisas foram causadas a existir por alguma outra coisa.
3. A ideia central do argumento é a seguinte: parte-se de factos simples
acerca do mundo, como o facto de nele haver coisas cuja existência é causada
por outras coisas, para daí concluir que tem de haver uma primeira causa, ou
seja, Deus.
4. Para se mostrar a
validade do argumento de Tomás de Aquino devemos começar pela construção do
respetivo dicionário:
P = Existem coisas no
mundo.
Q = As coisas do
mundo foram causadas a existir por alguma outra coisa.
R = Há uma cadeia
causal que regride infinitamente.
S = Há apenas uma
primeira causa que é a origem da cadeia causal.
Com base neste
dicionário, a forma lógica do argumento é a seguinte:
P, (P→Q), (Q→(R∨S)), ¬R ∴ S Com esta formalização pode-se construir um inspetor de circunstâncias (ver aqui) e pode-se constatar que não há nenhuma circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa; por isso, o argumento é válido.
5. Pode-se criticar o argumento de Tomás de Aquino pelo facto de cometer a falácia do falso dilema. Isto porque, na premissa 3, além da opção de cadeia de regressão infinita, e da opção de haver apenas uma primeira causa, também se deveria considerar a opção de haver várias primeiras causas diferentes. Além disso, pode-se argumentar que podem existir cadeias causais infinitas. E, por fim, ainda que o argumento fosse bom, não provaria que existe o Deus teísta, dado que a primeira causa não tem de ser omnisciente ou moralmente perfeita.
6. Por exemplo, uma forma de evitar a crítica do falso dilema é argumentar que «Tudo o que começa a existir tem uma causa para a sua existência; ora, o universo começou a existir; logo, o universo tem algum tipo de causa para a sua existência.»
7. O argumento a favor da existência de Deus referido na entrevista é o argumento da “afinação minuciosa”. A ideia central do argumento é a seguinte: parte-se das descobertas da física cosmológica que mostram que muitas das mais básicas forças ou parâmetros na natureza (tal como a força nuclear forte, a força da explosão inicial do big bang, a massa de protão e neutrão, a velocidade da luz, entre muitas outras) são tais que, se fossem ligeiramente diferentes, a vida seria impossível. Assim, alguns físicos concluíram que esses parâmetros do universo estão minuciosamente afinados para a vida. Ora, tendo em conta esses dados ou evidências, temos as seguintes hipóteses: essa afinação minuciosa do universo deve-se a um designer sobrenatural, i.e., a um Deus. Ou, pelo contrário, a afinação minuciosa do universo é fruto do acaso. Com base nestas informações, pode-se sustentar que se o universo fosse resultado do mero acaso, seria surpreendente ele ter aquelas características e padrões minuciosamente afinados para a vida. Todavia, se o universo fosse o resultado de um designer sobrenatural, não seria surpreendente ele ter aquelas características e padrões. Daqui se segue que é mais provável que o universo tenha padrões ou constantes minuciosamente afinadas para a vida se houver um designer do que se for fruto do acaso. Mas, então, pode-se concluir que os dados ou a evidência disponível confirmam a hipótese de um designer sobrenatural (ou seja, de Deus) em detrimento da hipótese rival (ou seja, o acaso).
8. Como crítica ao argumento da “afinação minuciosa” pode-se sustentar que não há apenas duas hipóteses (Deus e o acaso), mas há igualmente uma terceira hipótese, a hipótese do multiverso, ou seja, existem muitos universos distintos com constantes físicas ou leis naturais diferentes. Assim entre os vários universos, acabará por surgir por acaso um universo em que as constantes assumem os valores “corretos” para a existência de vida. Admitida esta pluralidade de universos, a afinação minuciosa não será surpreendente.
9. O argumento principal para se colocar Deus em causa é o argumento do mal. Uma das versões atuais mais relevantes é a versão probabilística. Muito sinteticamente o argumento é o seguinte: Primeiro parte-se da ideia de que pelo menos algum dos males no nosso mundo parece gratuito (aparentemente não servindo qualquer propósito benéfico). Daí se infere que provavelmente algum dos males no nosso mundo é gratuito e não serve qualquer propósito benéfico. Todavia, se Deus existe, então não há males gratuitos. Pois, se Deus é moralmente perfeito e poderoso, então poderia evitar tais males aparentemente gratuitos e sem sentido, que não parecem ter qualquer justificação. Tendo em conta isto, pode-se concluir que provavelmente Deus não existe.
10. Pode-se criticar
o argumento do mal com a resposta do “teísmo cético”. Com essa resposta
procura-se mostrar que a inferência de “parece-nos haver” mal gratuito para
“provavelmente há” mal gratuito não é procedente dadas as nossas limitações
cognitivas. Por exemplo, não podemos usar a nossa incapacidade para ver
quaisquer insetos numa garagem (quando estamos a olhar da rua) para concluir
que é improvável que haja insetos nessa garagem. De forma similar, não podemos
usar a nossa incapacidade para apreciar as razões que justifiquem a Deus
permitir um mal para concluir que é improvável que haja qualquer razão que
justifique a Deus permitir esse mal.
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