Argumento: validade, solidez e cogência
A verdade é uma
propriedade das proposições. A validade é uma propriedade dos argumentos. É
incorreto falar em proposições válidas. As proposições não são válidas nem
inválidas. As proposições só podem ser verdadeiras ou falsas. Também é
incorreto dizer que os argumentos são verdadeiros ou que são falsos. Os
argumentos não são verdadeiros nem falsos. Os argumentos dizem-se válidos ou
inválidos.
Quando é que um
argumento é válido? Por agora, referirei apenas a validade dedutiva. Diz-se que
um argumento dedutivo é válido quando é impossível que as suas premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa. Repara que, para um argumento ser válido, não
basta que as premissas e a conclusão sejam verdadeiras. É preciso que seja
impossível que sendo as premissas verdadeiras, a conclusão seja falsa.
Considera o seguinte
argumento:
Premissa 1:
Alguns treinadores de futebol ganham mais de 100000 euros por mês.
Premissa 2:
O Mourinho é um treinador de futebol.
Conclusão: Logo, o
Mourinho ganha mais de 100000 euros por mês.
Neste momento (julho de
2004), em que o Mourinho é treinador do Chelsea e os jornais nos informam que
ganha muito acima de 100000 euros por mês, este argumento tem premissas
verdadeiras e conclusão verdadeira e, contudo, não é válido. Não é válido,
porque não é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.
Podemos perfeitamente imaginar uma circunstância em que o Mourinho ganhasse
menos de 100000 euros por mês (por exemplo, o Mourinho como treinador de um
clube do campeonato regional de futebol, a ganhar 1000 euros por mês), e, neste
caso, a conclusão já seria falsa, apesar de as premissas serem verdadeiras.
Portanto, o argumento é inválido.
Considera, agora, o
seguinte argumento, anteriormente apresentado:
Premissa: O João e o
José são alunos do 11.º ano.
Conclusão: Logo, o João
é aluno do 11.º ano.
Este argumento é válido,
pois é impossível que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa. Ao
contrário do argumento que envolve o Mourinho, neste não podemos imaginar
nenhuma circunstância em que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa.
Podes imaginar o caso em que o João não é aluno do 11.º ano. Bem, isto
significa que a conclusão é falsa, mas a premissa também é falsa.
Repara, agora, no
seguinte argumento:
Premissa 1: Todos
os números primos são pares.
Premissa 2: Nove é um
número primo.
Conclusão: Logo, nove é
um número par.
Este argumento é válido,
apesar de quer as premissas quer a conclusão serem falsas. Continua a
aplicar-se a noção de validade dedutiva anteriormente apresentada: é impossível
que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. A validade de um
argumento dedutivo depende da conexão lógica entre as premissas e a conclusão
do argumento e não do valor de verdade das proposições que constituem o
argumento. Como vês, a validade é uma propriedade diferente da verdade. A
verdade é uma propriedade das proposições que constituem os argumentos (mas não
dos argumentos) e a validade é uma propriedade dos argumentos (mas não das
proposições).
António Padrão,
Algumas noções de lógica, in crítica
1. Argumentos dedutivos.
A) O que são?
A verdade é uma propriedade das proposições; a validade é uma propriedade dos argumentos.
Mas há só um tipo de argumentos?
Não. Argumentos dedutivos são aqueles onde a conclusão é uma consequência lógica das premissas (segue-se das premissas com necessidade).
Estes argumentos pertencem à lógica formal.
) Quando poderemos falar de validade dedutiva?
Forma lógica correta – a conclusão é uma consequência lógica das premissas;
Num argumento dedutivamente válido é impossível as premissas serem verdadeiras e conclusão falsa.
Assim, poderemos ter....
Argumentos válidos, com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira;
Argumentos válidos, com premissas falsas e conclusão falsa;
Argumentos válidos, com premissas falsas e conclusão verdadeira;
Argumentos inválidos, com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira;
Argumentos inválidos, com premissas verdadeiras e conclusão falsa;
Argumentos inválidos, com premissas falsas e conclusão falsa; e
Argumentos inválidos, com premissas falsas e conclusão verdadeira.
Mas não podemos ter:
Argumentos válidos, com premissas verdadeiras e conclusão falsa.
Vejamos, então, as seguintes situações:
Premissas |
Conclusão |
Válido ou Inválido? |
Verdadeiras |
Verdadeira |
Pode ser
válido ou inválido |
Falsas |
Falsa |
Pode ser
válido ou inválido |
Falsas |
Verdadeira |
Pode ser
válido ou inválido |
Verdadeiras |
Falsa |
NÃO PODE SER VÁLIDO |
C) Validade, solidez e cogência.
O que é um argumento sólido?
Quando argumentamos, não basta que os argumentos sejam válidos, mas interessa que as premissas sejam efetivamente verdadeiras para que a conclusão o seja, necessariamente. Um argumento sólido é um argumento válido com premissas verdadeiras.
Exemplo:
Todo o Homem é mortal
Sócrates é Homem
Logo, Sócrates é mortal
De acordo com o dicionário, plausível significa: aceitável, crível, provável, verosímil…
Para além de ser válido e sólido, é necessário que as premissas sejam mais plausíveis que a conclusão.
Se o argumento é cogente, então é BOM. Porquê?
OS ARGUMENTOS SÃO SÓLIDOS SE…. |
PREMISSAS |
CONCLUSÃO |
SOLIDEZ |
Verdadeiras |
Verdadeira |
SIM |
|
Falsas |
Falsa |
NÃO |
|
Falsas |
Verdadeira |
NÃO |
Formas de Inferência Válidas – Argumentos dedutivos
válidos
Por inferência entende-se o processo pelo qual, partindo de certas proposições dadas (premissas), se obtém uma conclusão que deriva logicamente das premissas. Estas inferências são dedutivas pois são essas que se estudam na lógica proposicional porque podemos reduzi-las a uma forma lógica.
Regra lógica: Um argumento dedutivo só é inválido se tiver premissas verdadeiras e conclusão falsa.
(Através da tabela de verdade colocamos os valores de verdadeiro e falso das premissas e da conclusão de acordo com o valor de verdade das proposições e sabemos se a inferência é válida ou inválida).
A: FORMAS DE INFERÊNCIAS VÁLIDAS:
1. Modus Ponens
2. Modus Tollens
3. Contraposição
4. Hipotético
5. Silogismo disjuntivo Hipotético
6. Leis de De Morgan
2.Validade não
dedutiva
O que é um argumento não dedutivo?
Argumentos não dedutivos são aqueles onde a conclusão não se segue com necessidade das premissas, mas com probabilidade.
– indução por generalização
– previsão indutiva
– por analogia
– de autoridade.
Analise o seguinte texto:
As partes relevantes de um argumento são, em primeiro lugar as suas premissas. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas, os argumentos derivam uma conclusão. Se estamos a refletir sobre um argumento, talvez por termos relutância em aceitar a sua conclusão, temos duas opções. Em primeiro lugar, podemos rejeitar uma ou mais das suas premissas. Em segundo lugar, podemos também rejeitar o modo como a conclusão é extraída das premissas. A primeira reação é que uma das premissas não é verdadeira. A segunda é que o raciocínio não é válido. É claro que o mesmo argumento pode estar sujeito a ambas as críticas: as premissas não são verdadeiras e o raciocínio aplicado é inválido. Mas as duas críticas são distintas (e as duas expressões, «não é verdadeira» e «não é válido» marcam bem a diferença. No dia-a-dia, os argumentos também são criticados noutros aspetos. As premissas podem não ser muito sensatas. É uma tolice apresentar um argumento intrincado a partir da premissa de que eu vou ganhar a lotaria da próxima semana se não houver qualquer hipótese de isso acontecer. É muitas vezes inapropriado recorrermos a premissas que sejam, elas mesmas, controversas. Não revela qualquer tacto nem é de bom gosto argumentar a favor de certas coisas em certas circunstâncias. Mas «lógico» não é sinónimo de «sensato». A lógica interessa-se em saber se os argumentos são válidos, e não se são sensatos. E vice-versa, muitas das pessoas a que chamamos «ilógicas» podem até usar argumentos válidos, mas que são patetas por outros motivos. A lógica só tem uma preocupação: saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.
Simon
Blackburn, Pense, |
Uma Introdução à Filosofia
LOLA |
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