quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Argumento: validade, solidez e cogência





Argumento: validade, solidez e cogência


A verdade é uma propriedade das proposições. A validade é uma propriedade dos argumentos. É incorreto falar em proposições válidas. As proposições não são válidas nem inválidas. As proposições só podem ser verdadeiras ou falsas. Também é incorreto dizer que os argumentos são verdadeiros ou que são falsos. Os argumentos não são verdadeiros nem falsos. Os argumentos dizem-se válidos ou inválidos.

Quando é que um argumento é válido? Por agora, referirei apenas a validade dedutiva. Diz-se que um argumento dedutivo é válido quando é impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Repara que, para um argumento ser válido, não basta que as premissas e a conclusão sejam verdadeiras. É preciso que seja impossível que sendo as premissas verdadeiras, a conclusão seja falsa.

Considera o seguinte argumento:

Premissa 1: Alguns treinadores de futebol ganham mais de 100000 euros por mês.

Premissa 2: O Mourinho é um treinador de futebol.

Conclusão: Logo, o Mourinho ganha mais de 100000 euros por mês.

Neste momento (julho de 2004), em que o Mourinho é treinador do Chelsea e os jornais nos informam que ganha muito acima de 100000 euros por mês, este argumento tem premissas verdadeiras e conclusão verdadeira e, contudo, não é válido. Não é válido, porque não é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Podemos perfeitamente imaginar uma circunstância em que o Mourinho ganhasse menos de 100000 euros por mês (por exemplo, o Mourinho como treinador de um clube do campeonato regional de futebol, a ganhar 1000 euros por mês), e, neste caso, a conclusão já seria falsa, apesar de as premissas serem verdadeiras. Portanto, o argumento é inválido.

Considera, agora, o seguinte argumento, anteriormente apresentado:

Premissa: O João e o José são alunos do 11.º ano.

Conclusão: Logo, o João é aluno do 11.º ano.

Este argumento é válido, pois é impossível que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa. Ao contrário do argumento que envolve o Mourinho, neste não podemos imaginar nenhuma circunstância em que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa. Podes imaginar o caso em que o João não é aluno do 11.º ano. Bem, isto significa que a conclusão é falsa, mas a premissa também é falsa.

Repara, agora, no seguinte argumento:

 Premissa 1: Todos os números primos são pares.

Premissa 2: Nove é um número primo.

Conclusão: Logo, nove é um número par.

Este argumento é válido, apesar de quer as premissas quer a conclusão serem falsas. Continua a aplicar-se a noção de validade dedutiva anteriormente apresentada: é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. A validade de um argumento dedutivo depende da conexão lógica entre as premissas e a conclusão do argumento e não do valor de verdade das proposições que constituem o argumento. Como vês, a validade é uma propriedade diferente da verdade. A verdade é uma propriedade das proposições que constituem os argumentos (mas não dos argumentos) e a validade é uma propriedade dos argumentos (mas não das proposições).

                                              António Padrão, 

Algumas noções de lógica, in crítica


1.  Argumentos dedutivos. 


A) O que são?

A verdade é uma propriedade das proposições; a validade é uma propriedade dos argumentos.

Mas há só um tipo de argumentos?

Não. Argumentos dedutivos são aqueles onde a conclusão é uma consequência lógica das premissas (segue-se das premissas com necessidade).

Estes argumentos pertencem à lógica formal.


) Quando poderemos falar de validade dedutiva?

Forma lógica correta – a conclusão é uma consequência lógica das premissas;

Num argumento dedutivamente válido é impossível as premissas serem verdadeiras e conclusão falsa.


Assim, poderemos ter.... 

Argumentos válidos, com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira;

Argumentos válidos, com premissas falsas e conclusão falsa;

Argumentos válidos, com premissas falsas e conclusão verdadeira;

Argumentos inválidos, com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira;

Argumentos inválidos, com premissas verdadeiras e conclusão falsa;

Argumentos inválidos, com premissas falsas e conclusão falsa; e

Argumentos inválidos, com premissas falsas e conclusão verdadeira.


Mas não podemos ter:

Argumentos válidos, com premissas verdadeiras e conclusão falsa.


 Vejamos, então, as seguintes situações:


Premissas

Conclusão

Válido ou Inválido?

Verdadeiras

Verdadeira

Pode ser válido ou inválido

Falsas

Falsa

Pode ser válido ou inválido

Falsas

Verdadeira

Pode ser válido ou inválido

Verdadeiras

Falsa

NÃO PODE SER VÁLIDO


    C) Validade, solidez e cogência.

    O que é um argumento sólido?

Quando argumentamos, não basta que os argumentos sejam válidos, mas interessa que as premissas sejam efetivamente verdadeiras para que a conclusão o seja, necessariamente. Um argumento sólido é um argumento válido com premissas verdadeiras.


Exemplo:

Todo o Homem é mortal

Sócrates é Homem

Logo, Sócrates é mortal


 O que é um argumento cogente?

De acordo com o dicionário, plausível significa: aceitável, crível, provável, verosímil…

Para além de ser válido e sólido, é necessário que as premissas sejam mais plausíveis que a conclusão. 


Se a excisão provoca muito sofrimento e se uma mulher que não a fez pode ser uma pessoa séria e uma boa esposa, então a excisão é moralmente errada e não deve ser praticada.
Ora, de facto a excisão provoca muito sofrimento e uma mulher que não a fez pode ser uma pessoa séria e uma boa esposa.
Logo, a excisão é moralmente errada e não deve ser praticada.

OU....

Se a Terra se movesse sentiríamos o movimento.
Não sentimos o movimento.
Logo, a Terra não se move.


Segundo Ptolomeu a terra é imóvel, logo o argumento  seria cogente?
Segundo Galileu, a terra move-se, logo o argumento não seria cogente?


(Exemplos retirados do blog Duvida Metódica)
http://duvida-metodica.blogspot.com/search/label/Argumentos%20cogentes


Se o argumento é cogente, então é BOM. Porquê?


Um argumento para ser Bom ou cogente tem de reunir três condições: ser válido, ter premissas verdadeiras (ser sólido) e ter premissas mais plausíveis/aceitáveis que a conclusão.


 

OS ARGUMENTOS SÃO SÓLIDOS SE….

PREMISSAS

CONCLUSÃO

SOLIDEZ

Verdadeiras

Verdadeira

SIM

Falsas

Falsa

NÃO

Falsas

Verdadeira

NÃO


Formas de Inferência Válidas – Argumentos dedutivos

 válidos

Por inferência entende-se o processo pelo qual, partindo de certas proposições dadas (premissas), se obtém uma conclusão que deriva logicamente das premissas. Estas inferências são dedutivas pois são essas que se estudam na lógica proposicional porque podemos reduzi-las a uma forma lógica.

Regra lógica: Um argumento dedutivo só é inválido se tiver premissas verdadeiras e conclusão falsa.

(Através da tabela de verdade colocamos os valores de verdadeiro e falso das premissas e da conclusão de acordo com o valor de verdade das proposições e sabemos se a inferência é válida ou inválida).

A: FORMAS DE INFERÊNCIAS VÁLIDAS:

1.  Modus Ponens

2.  Modus Tollens

3.   Contraposição

4.   Hipotético

5.   Silogismo disjuntivo Hipotético

6.   Leis de De Morgan

     

        2.Validade não dedutiva


O que é um argumento não dedutivo?

Argumentos não dedutivos são aqueles onde a conclusão não se segue com necessidade das premissas, mas com probabilidade.

Num argumento não dedutivo válido é improvável (mas não impossível) que as premissas sejam verdadeiras a conclusão falsa.

Quais os argumentos não dedutivos?

– indução por generalização

– previsão indutiva

– por analogia

– de autoridade.

 

Analise o seguinte texto:


As partes relevantes de um argumento são, em primeiro lugar as suas premissas. As premissas são o ponto de partida, ou o que se aceita ou presume, no que respeita ao argumento. Um argumento pode ter uma ou várias premissas. A partir das premissas, os argumentos derivam uma conclusão.

Se estamos a refletir sobre um argumento, talvez por termos relutância em aceitar a sua conclusão, temos duas opções. Em primeiro lugar, podemos rejeitar uma ou mais das suas premissas. Em segundo lugar, podemos também rejeitar o modo como a conclusão é extraída das premissas. A primeira reação é que uma das premissas não é verdadeira. A segunda é que o raciocínio não é válido. É claro que o mesmo argumento pode estar sujeito a ambas as críticas: as premissas não são verdadeiras e o raciocínio aplicado é inválido. Mas as duas críticas são distintas (e as duas expressões, «não é verdadeira» e «não é válido» marcam bem a diferença.

No dia-a-dia, os argumentos também são criticados noutros aspetos. As premissas podem não ser muito sensatas. É uma tolice apresentar um argumento intrincado a partir da premissa de que eu vou ganhar a lotaria da próxima semana se não houver qualquer hipótese de isso acontecer. É muitas vezes inapropriado recorrermos a premissas que sejam, elas mesmas, controversas. Não revela qualquer tacto nem é de bom gosto argumentar a favor de certas coisas em certas circunstâncias. Mas «lógico» não é sinónimo de «sensato». A lógica interessa-se em saber se os argumentos são válidos, e não se são sensatos. E vice-versa, muitas das pessoas a que chamamos «ilógicas» podem até usar argumentos válidos, mas que são patetas por outros motivos.

A lógica só tem uma preocupação: saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.

                            Simon Blackburn, Pense,

Uma Introdução à Filosofia

 

 


LOLA

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