Tipos de Argumentos
Ao definir os
argumentos válidos como aqueles em que é impossível a conclusão ser falsa no
caso de as premissas serem verdadeiras, está-se a falar apenas de um tipo de
argumentos: os argumentos dedutivos.
Argumentos dedutivos e não-dedutivos.
Os
argumentos não-dedutivos:
– Indução
por generalização
–
Indução por previsão.
– Por
analogia
– De
autoridade.
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Como
avaliar argumentos não dedutivos?
A
validade da maioria dos argumentos dedutivos depende, como se viu,
exclusivamente da sua forma lógica e não do seu conteúdo. Por isso se diz
que o estudo do raciocínio dedutivo faz parte da lógica formal.
Contudo,
muitos dos nossos raciocínios são não-dedutivos (por vezes também
chamados indutivos). A principal diferença entre os dedutivos e
os não-dedutivos é que a verdade das premissas destes nunca
garante logicamente a verdade da conclusão. Ao passo que é impossível um
argumento dedutivamente válido ter conclusão falsa com as premissas todas
verdadeiras, nos melhores argumentos não-dedutivos é apenas improvável,
mas não logicamente impossível, ter conclusão falsa com as premissas todas
verdadeiras. Por isso se costuma classificar os argumentos dedutivos como
fortes ou fracos em vez de válidos ou inválidos. A forma lógica dos
argumentos não-dedutivos não tem a mesma relevância que a dos
dedutivos, pois com exatamente a mesma forma tanto pode haver
argumentos não-dedutivos fortes como fracos. Por isso, nos
argumentos não-dedutivos temos de dispor de informação de fundo, além
das condições de verdade, para determinarmos a sua força.
Assim, um
argumento é indutivamente forte quando a verdade das suas premissas
torna improvável, mas não impossível, que a conclusão seja falsa; caso
contrário, o argumento é fraco. As noções
de «forte» e «fraco», tal como como a noção
de «probabilidade», admitem graus: do mesmo modo que
há acontecimentos mais prováveis e outros menos prováveis, também
há argumentos mais fortes e outros menos fortes. Por sua vez, as noções
de «validade» e «invalidade», tal como a noção
de «possibilidade», não admitem graus: do mesmo modo que não
há coisas mais ou menos possíveis, também não há argumentos mais ou
menos válidos.
Os
tipos de argumentos não-dedutivos são os seguintes.
INDUTIVO POR GENERALIZAÇÃO
É um
tipo de argumento indutivo em que se parte da observação de certas
características comuns a vários membros de um dado grupo ou classe de coisas
(uma parte ou amostra do universo em causa) para concluir que todos os membros
desse grupo ou classe de coisas têm também tal característica. Concluir que
todos os indivíduos de uma dada classe têm as características
já observadas numa parte deles é levar a cabo um processo de
generalização. Eis um exemplo:
Todos as pessoas que assistem à missa nesta
igreja são contra a eutanásia.
Logo, todas as pessoas que vão à missa são
contra a eutanásia.
Muitas
das opiniões das pessoas resultam de generalizações, grande parte das quais
muito fracas. Mas como distinguir as fracas das fortes? Há três critérios
principais para identificar uma generalização forte:
a) os casos observados serem representativos do
universo em causa;
b) o número de casos observados ser relevante e não
se encontrarem contraexemplos (casos que contradigam a conclusão), depois
de ativamente procurados;
c) a informação de fundo disponível não cancelar o
apoio indutivo dado pelas premissas.
Mesmo
admitido que a premissa do argumento anterior é verdadeira, ele viola
os critérios a e b,
pelo que é indutivamente fraco. A violação do critério a constitui
uma falácia informal, a falácia da amostra não representativa. Por
sua vez a violação do critério b resulta numa falácia da
generalização precipitada.
INDUTIVO POR PREVISÃO
É
também um tipo de argumento indutivo. Só que, ao contrário da
generalização, a conclusão é menos geral do que as
premissas. Eis um exemplo:
Todas as pessoas que assistem à missa nesta
igreja são contra a eutanásia.
Logo, a próxima pessoa que assistir à missa
nesta igreja é contra a eutanásia.
Grande
parte das nossas previsões também são fracas. Os critérios para decidir
se se trata de uma previsão forte ou fraca são os mesmos que para o
caso da generalização. Assim, mesmo admitindo que a premissa do argumento
anterior é verdadeira, ele viola o critério c,
pelo que é indutivamente fraco.
ARGUMENTO POR ANALOGIA
É aquele
tipo de argumento em que se usa uma ou mais premissas nas quais se
apresenta alguma semelhança, ou analogia, entre coisas diferentes. Presume-se
que se coisas diferentes são semelhantes em
alguns aspetos relevantes, então também deverão ser semelhantes
noutros aspetos ainda não considerados. Eis um exemplo.
Alguns computadores fazem inferências, jogam xadrez e
até conseguem
responder a perguntas das pessoas, como qualquer ser humano.
Ora, os seres humanos pensam.
Logo, alguns computadores também pensam.
A
palavra «como», na primeira premissa, visa precisamente estabelecer uma
semelhança, ou analogia, entre alguns computadores e os seres humanos. E, mais
uma vez, também há analogias fortes e fracas. São também três os critérios
principais para apurar se um argumento por analogia é forte:
a) as semelhanças referidas têm de ser relevantes
para o que é afirmado na conclusão;
b) a quantidade de semelhanças referidas tem de ser
suficiente;
c) não deve haver diferenças relevantes quanto ao
que se afirma na conclusão
Ainda que
as premissas do argumento anterior sejam verdadeiras, ele parece violar o
critério c, pelo que pode ser considerado fraco.
Trata-se, mais precisamente, da falácia da falsa analogia.
ARGUMENTO DE AUTORIDADE
Neste
tipo de argumento procura-se concluir algo com base no que é afirmado
por algum especialista, ou autoridade, na matéria em causa. Um exemplo
disso é:
O filósofo Platão afirma que temos uma alma
imortal.
Logo, temos uma alma imortal.
A
ideia é que não podemos saber tudo diretamente apenas pelos
nossos próprios meios, pelo que, em certos casos, precisamos de confiar nos
especialistas que investigaram o assunto. Mas também há argumentos de
autoridade fortes e fracos. Os critérios para que um argumento destes seja
forte são os seguintes:
a) a autoridade referida tem de ser reconhecida como
especialista na área;
b) deve ser indicada a fonte em
que a autoridade referida afirmou tal coisa;
c) o que essa autoridade afirma
deve ser largamente consensual entre os especialistas da área.
d) autoridade referida não deve
ter fortes interesses pessoais ou de classe em afirmar tal coisa.
Assim, o argumento anterior é fraco porque viola os critérios b e sobretudo c. Trata-se, mais precisamente, de um apelo falacioso à autoridade.
EM RESUMO:
- Os argumentos não-dedutivos são fracos ou fortes. São fortes quando a verdade das premissas torna improvável, mas não impossível, que a conclusão seja falsa.
- Os argumentos não-dedutivos dividem-se nos seguintes subtipos: generalizações, previsões indutivas, argumentos por analogia e argumentos de autoridade.
- Os critérios para avaliar argumentos não-dedutivos não dizem respeito à sua forma lógica mas a aspetos não formais.
- AUTORIA: Aires de Almeida
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