quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Tipos de Argumentos



Tipos de Argumentos

Ao definir os argumentos válidos como aqueles em que é impossível a conclusão ser falsa no caso de as premissas serem verdadeiras, está-se a falar apenas de um tipo de argumentos: os argumentos dedutivos.

Argumentos dedutivos e não-dedutivos.

Os argumentos não-dedutivos:

– Indução por generalização

– Indução por previsão.

– Por analogia

– De autoridade.

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Como avaliar argumentos não dedutivos?

A validade da maioria dos argumentos dedutivos depende, como se viu, exclusivamente da sua forma lógica e não do seu conteúdo. Por isso se diz que o estudo do raciocínio dedutivo faz parte da lógica formal.

Contudo, muitos dos nossos raciocínios são não-dedutivos (por vezes também chamados indutivos). A principal diferença entre os dedutivos e os não-dedutivos é que a verdade das premissas destes nunca garante logicamente a verdade da conclusão. Ao passo que é impossível um argumento dedutivamente válido ter conclusão falsa com as premissas todas verdadeiras, nos melhores argumentos não-dedutivos é apenas improvável, mas não logicamente impossível, ter conclusão falsa com as premissas todas verdadeiras. Por isso se costuma classificar os argumentos dedutivos como fortes ou fracos em vez de válidos ou inválidos. A forma lógica dos argumentos não-dedutivos não tem a mesma relevância que a dos dedutivos, pois com exatamente a mesma forma tanto pode haver argumentos não-dedutivos fortes como fracos. Por isso, nos argumentos não-dedutivos temos de dispor de informação de fundo, além das condições de verdade, para determinarmos a sua força.

Assim, um argumento é indutivamente forte quando a verdade das suas premissas torna improvável, mas não impossível, que a conclusão seja falsa; caso contrário, o argumento é fraco. As noções de «forte» e «fraco», tal como como a noção de «probabilidade», admitem graus: do mesmo modo que há acontecimentos mais prováveis e outros menos prováveis, também há argumentos mais fortes e outros menos fortes. Por sua vez, as noções de «validade» e «invalidade», tal como a noção de «possibilidade», não admitem graus: do mesmo modo que não há coisas mais ou menos possíveis, também não há argumentos mais ou menos válidos.

Os tipos de argumentos não-dedutivos são os seguintes.

INDUTIVO POR GENERALIZAÇÃO

É um tipo de argumento indutivo em que se parte da observação de certas características comuns a vários membros de um dado grupo ou classe de coisas (uma parte ou amostra do universo em causa) para concluir que todos os membros desse grupo ou classe de coisas têm também tal característica. Concluir que todos os indivíduos de uma dada classe têm as características já observadas numa parte deles é levar a cabo um processo de generalização. Eis um exemplo:

Todos as pessoas que assistem à missa nesta igreja são contra a eutanásia.

Logo, todas as pessoas que vão à missa são contra a eutanásia.

Muitas das opiniões das pessoas resultam de generalizações, grande parte das quais muito fracas. Mas como distinguir as fracas das fortes? Há três critérios principais para identificar uma generalização forte:

a) os casos observados serem representativos do universo em causa; 

b) o número de casos observados ser relevante e não se encontrarem contraexemplos (casos que contradigam a conclusão), depois de ativamente procurados; 

c) a informação de fundo disponível não cancelar o apoio indutivo dado pelas premissas.

Mesmo admitido que a premissa do argumento anterior é verdadeira, ele viola os critérios a e b, pelo que é indutivamente fraco. A violação do critério a constitui uma falácia informal, a falácia da amostra não representativa. Por sua vez a violação do critério b resulta numa falácia da generalização precipitada.

INDUTIVO POR PREVISÃO 

É também um tipo de argumento indutivo. Só que, ao contrário da generalização, a conclusão é menos geral do que as premissas. Eis um exemplo:

Todas as pessoas que assistem à missa nesta igreja são contra a eutanásia.

Logo, a próxima pessoa que assistir à missa nesta igreja é contra a eutanásia.

Grande parte das nossas previsões também são fracas. Os critérios para decidir se se trata de uma previsão forte ou fraca são os mesmos que para o caso da generalização.  Assim, mesmo admitindo que a premissa do argumento anterior é verdadeira, ele viola o critério c, pelo que é indutivamente fraco.

ARGUMENTO POR ANALOGIA

É aquele tipo de argumento em que se usa uma ou mais premissas nas quais se apresenta alguma semelhança, ou analogia, entre coisas diferentes. Presume-se que se coisas diferentes são semelhantes em alguns aspetos relevantes, então também deverão ser semelhantes noutros aspetos ainda não considerados. Eis um exemplo.

Alguns computadores fazem inferências, jogam xadrez e até conseguem       responder a perguntas das pessoas, como qualquer ser humano.

Ora, os seres humanos pensam.

Logo, alguns computadores também pensam.

A palavra «como», na primeira premissa, visa precisamente estabelecer uma semelhança, ou analogia, entre alguns computadores e os seres humanos. E, mais uma vez, também há analogias fortes e fracas. São também três os critérios principais para  apurar se um argumento por analogia é forte:

aas semelhanças referidas têm de ser relevantes para o que é afirmado na conclusão; 

b) a quantidade de semelhanças referidas tem de ser suficiente; 

c) não deve haver diferenças relevantes quanto ao que se afirma na conclusão

Ainda que as premissas do argumento anterior sejam verdadeiras, ele parece violar o critério c, pelo que pode ser considerado fraco. Trata-se, mais precisamente, da falácia da falsa analogia.

ARGUMENTO DE AUTORIDADE

Neste tipo de argumento procura-se concluir algo com base no que é afirmado por algum especialista, ou autoridade, na matéria em causa. Um exemplo disso é:

O filósofo Platão afirma que temos uma alma imortal.

Logo, temos uma alma imortal.

A ideia é que não podemos saber tudo diretamente apenas pelos nossos próprios meios, pelo que, em certos casos, precisamos de confiar nos especialistas que investigaram o assunto. Mas também há argumentos de autoridade fortes e fracos. Os critérios para que um argumento destes seja forte são os seguintes:

a) a autoridade referida tem de ser reconhecida como especialista na área;

b) deve ser indicada a fonte em que a autoridade referida afirmou tal coisa;

c) o que essa autoridade afirma deve ser largamente consensual entre os especialistas da área.

d) autoridade referida não deve ter fortes interesses pessoais ou de classe em afirmar tal coisa.

Assim, o argumento anterior é fraco porque viola os critérios b e sobretudo c. Trata-se, mais precisamente, de um apelo falacioso à autoridade.

EM RESUMO:

  • Os argumentos não-dedutivos são fracos ou fortes. São fortes quando a verdade das premissas torna improvável, mas não impossível, que a conclusão seja falsa.
  • Os argumentos não-dedutivos dividem-se nos seguintes subtipos: generalizações, previsões indutivas, argumentos por analogia e argumentos de autoridade.
  • Os critérios para avaliar argumentos não-dedutivos não dizem respeito à sua forma lógica mas a aspetos não formais.

  • AUTORIA: Aires de Almeida
  • LOLA

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