Negação
de Proposições
A. NEGAÇÃO DAS
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Quadrado
da oposição e negação de proposições
Como
sabemos os filósofos discordam entre si e defendem, muitas vezes, teses
opostas. Será então importante saber como se nega uma tese ou
proposição.
Há
várias maneiras de classificar proposições - pelos quantificadores (universais
e particulares) e pela qualidade (afirmativas e negativas).
Se duas
afirmações forem a negação uma da outra, não podem ter o mesmo valor de verdade
- a verdade de uma implica a falsidade de outra e vice-versa.
Por
exemplo: "Alguns livros não são agradáveis" não é a negação de
"Alguns livros são agradáveis".
As
relações entre os tipos de proposições categóricas.
O que mais nos interessa no quadrado da oposição é a relação de contraditoriedade. É
essa a relação entre proposições que se negam umas a outras.
Para uma proposição negar outra é necessário inverter o seu valor de
verdade. Ou seja, se uma é verdadeira a outra é falsa e vice-versa. Isto
acontece porque uma é o inverso da outra tanto em qualidade (negação-afirmação)
como em quantidade (universal-particular).
Mas o
que são proposições contrárias, subcontrárias e contraditórias?
Que
relação mantêm entre si?
Tipos de relação |
Descrição da relação |
Implicações |
Observações |
Contraditoriedade (contraditórias) |
Duas proposições
contraditórias não podem ter o mesmo valor de verdade. |
A verdade de uma implica a
falsidade de outra e vice-versa. |
São a negação uma
da outra |
Contrariedade (contrárias) |
Duas proposições
contrárias não podem ser ambas verdadeiras. |
A verdade de uma implica a
falsidade de outra, mas a falsidade de uma não implica a verdade da outra. |
Podem ser ambas falsas e, por
isso, não são a negação uma da outra. |
Subcontrariedade |
Duas proposições
subcontrárias não podem ser ambas falsas. |
A falsidade de uma implica a
verdade da outra, mas a verdade de uma não implica a falsidade da outra. |
Podem ser ambas verdadeiras e, por
isso, não são a negação uma da outra nem há entre elas uma
relação de oposição. |
Assim:
- A negação de "Todos os professores são altos" é "Alguns
professores não são altos" (e não "Nenhum professor é alto").
A e O têm sempre valores de verdade opostos: se A for
verdadeira, O será falsa e vice-versa
- A negação de "Nenhum professor é alto" é
"Alguns professores são altos".
E e I têm sempre valores de verdade opostos: se E for
verdadeira, I será falsa e vice-versa;
- A negação de "Nenhum professor é alto" é
"Alguns professores são altos".
A negação de uma dada
proposição quantificada será uma proposição com os mesmos termos ( se a proposição refere
“altos” não pode aparecer na outra proposição “baixos”)mas com diferente
quantidade e qualidade. Se uma é verdadeira a outra é falsa. Qualquer
proposição é inconsistente com a sua negação.
EXERCICIOS
1. Negue
as seguintes proposições:
Proposição inicial |
Negação |
Todos os alunos são inteligentes |
Alguns alunos não são
inteligentes. |
Certos gatos são medrosos |
Nenhum gato é medroso. |
Se chove, não faz frio. |
Chove e faz frio. |
Todas as pessoas são egoístas |
Algumas pessoas não são
egoístas |
Certos políticos valorizam a
educação. |
Nenhum político valoriza
a educação |
Os poetas gregos eram
interessantes |
Alguns poetas gregos não eram interessantes |
Não existem vestidos com o meu tamanho. |
Alguns vestidos têm o
meu tamanho. |
Vamos cancelar o teste, se chover |
Chove mas o teste não
foi cancelado. |
Existem jogadores talentosos |
Nenhum jogador é
talentoso. |
Se não existem provas, eu
acredito. |
Não existem provas e eu
não acredito. |
2.
A. Coloque
as seguintes proposições na sua forma canónica (Todos, Nenhum, Alguns,
Alguns…não);
B.
Indique o seu tipo (A, E, I, O);
C.
Apresente a sua negação.
1. Há quem goste de sardinhas.
2. Muita gente quer voltar ao confinamento.
3. Nem todos querem usar máscara.
4. Todos os gatos não gostam de cães.
5. Há quem não seja meigo.
6. Certos alunos são elegantes.
7. Proibida a entrada a gansos.
8. Se é aluno de Filosofia, gosta de lógica.
FORMA CANÓNICA |
TIPO |
NEGAÇÃO |
Alguns gostam de sardinhas. |
I |
|
Algumas pessoas querem voltar ao confinamento. |
I |
|
Alguns querem usar máscara. |
I |
|
Nenhum gato gosta de cães |
E |
|
Algumas pessoas não são meigas. |
O |
|
Alguns alunos são elegantes. |
I |
|
Nenhum ganso entra |
E |
|
Todos os alunos de Filosofia, gostam de lógica. |
A |
|
3.A negação da proposiçãoseguinte, é:
“Se não arranjar emprego, então não poderei comprar um carro”
A.Se arranjar emprego, então poderei comprar um carro
B. Se arranjar emprego, então não poderei comprar um carro
C. Se não arranjar um emprego, então poderei comprar um carro
D. Se não comprar um carro, então é porque não arranjei emprego
B. NEGAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CONDICIONAIS
A frase “Se a
Yolanda estuda, então passa de ano” exprime uma proposição
condicional. Esta é uma proposição composta de duas proposições mais simples
ligadas pelo conector “Se… então” (ou outros equivalentes,
como por exemplo “Caso”). Costuma chamar-se a estas “antecedente” e
“consequente”. O que é dito na antecedente constitui uma condição suficiente
relativamente àquilo que é dito na consequente. No caso do exemplo, a expressão
“condição suficiente” significa que basta (= é suficiente) a Yolanda estudar
para conseguir passar de ano. Pode-se também dizer que a antecedente implica a
consequente.
Nega-se uma proposição
condicional afirmando a antecedente e negando a consequente: “Yolanda
estuda, mas não passa de ano”.
A negação de uma
condicional não é outra proposição condicional, mas sim uma conjunção. Em vez
de “mas” também se pode usar o conector “e”.
Ao negar uma proposição
condicional afirmamos a antecedente e negamos a consequente, pois isso equivale
a dizer que a antecedente é verdadeira e a consequente é falsa – que é a única
circunstância em que uma proposição condicional é falsa.
Se
tentássemos negar a condicional de outro modo não conseguiríamos obter uma
proposição contraditória com ela e por isso não se trataria de uma autêntica
negação. Por exemplo: “Se a Yolanda estuda, então passa de ano” e
“Yolanda não estuda e não passa de ano” podem ser, em certas
circunstâncias, ambas verdadeiras ou ambas falsas.
EXERCÍCIOS
Negue
corretamente as seguintes proposições:
a) Nenhum dever é
absoluto. Alguns deveres são absolutos.
b) Todo o conhecimento
provém da experiência. Algum conhecimento não provém
da experiência.
c) Se todo o
conhecimento provém da experiência, Descartes estava enganado. Todo
o conhecimento provém da experiência, mas Descartes não estava enganado.
d) Se Deus não existe,
a vida não faz sentido.
Se Deus não existe a
vida faz sentido.
Não esquecer….
Nega-se uma proposição condicional afirmando a
antecedente e negando a consequente.
A negação de uma condicional não é outra proposição condicional, mas sim uma conjunção. Em vez de “mas” também se pode usar o conector “e”.
Como se nega a seguinte proposição condicional:
Se comprar bilhete, vou
ao concerto do António Zambujo.
Nega-se uma proposição condicional
afirmando a antecedente e negando a consequente: “Compro bilhete mas não vou ao concerto do António Zambujo”.
A negação de uma condicional não é outra proposição condicional, mas sim uma conjunção. Em vez de “mas” também se pode usar o conector “e”.
Lola
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