Argumentos: Exercícios
Exercício 1: questões de preenchimento de espaços
A LÓGICA é a disciplina que estuda a validade ou invalidade dos argumentos. Quando argumentamos estamos a tecer considerações destinadas a apoiar uma TESE. Os argumentos podem ser dedutivamente válidos, caso em que a conclusão se segue das premissas, mas também podem ser persuasivos, ainda que __________não sejam VÁLIDOS.
Um argumento é
um conjunto de PROPOSIÇÕES. Nem
todas as PROPOSIÇÕES são iguais no interior de um argumento: existem aquelas
que chamamos PREMISSAS, e existe uma PROPOSIÇÂO a que chamamos CONCLUSÃO. Frequentemente, existe ainda uma expressão que estabelece a relação entre as premissas e a conclusão, como, por exemplo, a expressão “logo” (em latim, ergo).
A VALIDADE dos
argumentos dedutivos foi estudada na lógica formal, mas nem todos os argumentos
são dedutivos. Devemos distinguir dois tipos de argumentos: e não
dedutivos.
Entre os argumentos temos
o argumento de autoridade e os argumentos indutivos. encontramos a analogia,
o _____________________
Nos ARGUMENTOS INDUTIVOS passamos de certas proposições (PREMISSAS) acerca de casos particulares, para outra (CONCLUSÃO ) de caráter geral ou sobre algum caso posterior.
A indução designa qualquer
processo de raciocínio em que a conclusão,
apesar de apoiada
pelas premissas, não é derivável
delas.
Isto é, a caraterística fundamental dos argumentos consiste
no facto de serem um género de argumento ampliativo: a conclusão está para além
do conteúdo das premissas, que a apoiam como .
Estes argumentos podem, portanto, produzir conclusões credíveis em alguns casos.
Um argumento indutivo é um argumento em que se as premissas forem assumidas como verdadeiras então é provável que a conclusão também o seja. Um argumento indutivo é um argumento tal que, ainda que as premissas sejam assumidas como verdadeiras, não é provável, mesmo assim, que a conclusão o seja. Assim, um argumento indutivo será considerado convincente se as suas premissas também o forem, mas isso depende da verdade ou falsidade das PROPOSIÇÕES.
Existem outros argumentos que também não são
,
como é o caso dos argumentos
por analogia. Um termo pode abranger coisas semelhantes, ainda que sejam
diferentes: mesas, cadeiras, centopeias e humanos têm pernas, mas a relação que
existe entre todos eles é meramente analógica. A é
um tipo de argumento através do qual passamos para lá do significado literal
das palavras, mas não se deve confundir com a metáfora, que é uma figura de
linguagem que estabelece comparações implícitas. Portanto, argumentar por
analogia consiste em estabelecer um raciocínio através do qual defendemos que,
uma vez que as coisas são parecidas em alguns aspetos, são provavelmente
parecidas noutros.
Mas nem sempre as analogias são apropriadas. Se argumentarmos que determinadas
coisas são semelhantes, ignorando as diferenças importantes que possam existir
entre essas mesmas coisas, estamos perante uma FALSA ANALOGIA,
ou seja, uma falácia.
Mas o que são falácias?
Existem várias falácias.
Uma é um defeito de raciocínio que nos passa
despercebido, isto é, criando em nós a ilusão de se tratar de um raciocínio correto. As
falácias podem ser encontradas nos raciocínios dedutivos e nos não dedutivos.
As falácias podem ser categorizadas ou divididas em _,
nas quais algo pretende ser um raciocínio dedutivamente válido quando não o é, e , nas quais se comete um outro erro qualquer. As falácias informais só podem ser detetadas
através de uma análise do conteúdo do .
Por exemplo, o argumento de autoridade consiste em invocar um especialista num certo assunto para assegurar que a posição que se defende está correta. A competência de alguns especialistas é credível – por exemplo, não questionamos a competência da professora que, na escola básica, nos ensina a tabuada, mas existem situações em que o “especialista” invocado pode não entender nada do assunto que está em discussão. Nesse caso, estamos perante um uso falacioso do _______________
Da mesma forma, quando se extrai uma conclusão de uma amostra atípica, estamos perante a falácia da .
Existem muitas outras falácias informais. Numa
discussão, é vulgar presumir como verdadeiro aquilo que estamos a discutir. Um
argumento como esse é uma :
é uma falácia na qual aquilo que devia ser provado pelo argumento é já suposto
nas premissa.
Um dilema é um argumento com a forma “A ou B. Não-A. Logo, B.” Chamamos falácia do quando
se constrói uma alternativa como se não houvesse possibilidade de existir uma
terceira via, quando, na verdade, essa terceira via seria igualmente (ou mais!) aceitável.
Por vezes estabelecemos uma ligação entre as premissas e a conclusão através de uma causa que não existe: “Sempre que entro em campo com o pé direito, a minha equipa ganha. Por isso, se amanhã entrar em campo com o pé direito, venceremos o jogo”.
Neste caso, estamos perante uma falácia da FALSA CAUSA.
Cometemos uma falácia AD HOMINEN quando nos referimos a alguém apresentando-o como um hipócrita, em vez de
discutir os seus argumentos.
O argumento AD HOMINEN consiste em atacar uma
pessoa para refutar o que ela defende.
Quando se procura
persuadir alguém invocando a maioria, ou apelando aos sentimentos que
supostamente todas as pessoas nutrem, estamos a incorrer na falácia .
Argumentar que os
extraterrestres não existem porque não se consegue demonstrar que
existem é uma falácia por .
Esta falácia consiste em argumentar que algo é verdade porque não se provou que
não o é, ou vice-versa.
A falácia do consiste
em interpretar a posição de alguém de uma forma injustamente fraca,
argumentando contra uma posição que o interlocutor, na verdade, não defende (e
talvez ninguém defenda!). Assim, a falácia consiste em distorcer o
ponto de vista do oponente e atacar o distorcido,
que é indefensável.
A consiste
em extrair consequências consecutivamente, de tal forma que o argumento se
torna falacioso quando pelo menos um dos seus passos é falso ou duvidoso.
Exercício 2: questões de correspondência
Tipo de argumento cuja validade ou invalidade não
depende exclusivamente da sua forma lógica. |
argumentos indutivos |
falácias informais |
Argumento em que se assume que, se certos objetos ou entidades possuem algumas propriedades em comum,
então deverão ter outras caraterísticas comuns. |
|
generalização
precipitada |
Argumento através do qual recorremos a supostos
especialistas em determinada matéria. |
Argumento por autoridade |
falsa analogia |
Erro de raciocínio que só pode ser percebido pela
análise do conteúdo das suas proposições. |
falácias informais |
Argumento por
analogia |
A amostra é demasiado limitada e é usada apenas para apoiar uma conclusão tendenciosa. |
|
Falácia da falsa relação causal |
Argumento em que se mostra que dois objetos são
semelhantes em algumas das suas propriedades, mas sem ter em conta diferenças
relevantes. |
|
Argumento por
indução |
Erro de raciocínio que ocorre quando aquilo que
devia ser provado pelo argumento é já suposto nas premissas |
|
Argumentum ad hominem |
Raciocínio que consiste em levar o interlocutor a
acreditar que existem apenas duas soluções para um problema, quando na
verdade existe uma terceira alternativa. |
falso dilema |
Argumento por
autoridade |
Falácia que ocorre
quando se conclui
que uma coisa é a causa de outra apenas por elas
andarem normalmente associadas. |
Falácia da falsa relação causal |
petição de
princípio |
Argumento através do qual procuramos diminuir ou ridicularizar o interlocutor em vez de discutir os seus argumentos. |
|
Falácia do apelo à ignorância |
Falácia que consiste em invocar a vontade ou os conhecimentos que se
atribuem à maioria das pessoas, ainda que tal não seja correto. |
|
Argumentum ad populum |
Argumentar que uma afirmação é verdadeira só porque
não se mostrou ser falsa |
|
Falácia do boneco
de palha |
Falácia através da qual se ridiculariza os argumentos do interlocutor,
atribuindo-lhe afirmações que não correspondem ao que foi por ele defendido. |
|
falso dilema |
Argumento falacioso em que se recorre a uma cadeia de implicações, mais ou menos extensa, para ocultar a falsidade de um dos seus elos, ou a improbabilidade da cadeia no seu todo. |
|
falácia da
derrapagem |
Exercício 3: questões de aplicação (identificação de falácias)
O
texto abaixo reproduzido é uma adaptação de “A arte de detetar disparates”,
publicada em “Um mundo infestado de demónios”, de Carl Sagan. Neste texto Sagan apresenta um
conjunto de falácias. Identifique a falácia presente em cada afirmação
numerada:
Além de nos ensinar o que fazer quando avaliamos uma afirmação, qualquer
bom kit de deteção de mentiras tem também de nos ensinar o que não
devemos fazer. Ele ajuda- nos a reconhecer as falácias mais comuns e mais
perigosas da lógica e da retórica. Encontram-se muitos bons exemplos na
religião e na política, pois os seus profissionais são frequentemente obrigados
a justificar duas proposições contraditórias. Entre essas falácias estão:
1. Expressão latina
que significa “ao homem”, quando
atacamos o argumentador e não o
argumento (por exemplo: o reverendo Sr. Smith é um conhecido fundamentalista
bíblico, e por isso não devemos levar a sério as suas objeções à teoria da evolução).
2. Argumento falacioso que consiste em
apresentar alguém como especialista num assunto, quando
na verdade não o é. Por exemplo,
“O presidente Richard
Nixon deve ser reeleito porque tem um plano
secreto para pôr fim à guerra no sudeste asiático – mas, como o plano
era secreto, o eleitorado não tinha meios
para avaliar os seus méritos”. O argumento resumia-se a confiar em Nixon porque
ele era o presidente, o que se revelaria
um erro.
3. A afirmação de que qualquer coisa que
não se provou ser falsa deve ser verdade, e vice-versa (por exemplo: "não
há qualquer evidência convincente de que os OVNI não tenham já visitado a
Terra; portanto, os OVNI existem e há vida inteligente em outros lugares no
Universo". Ou: "talvez haja um número infinito de outros mundos, mas
não se conhece nenhum que tenha o progresso moral da Terra, portanto ainda
somos o centro do Universo). Esta impaciência com a ambiguidade pode ser
criticada pela expressão: “a ausência
de prova não é prova de ausência.
4. Pressuposição da resposta (por exemplo:
"Devemos instituir a pena de morte para desencorajar o crime
violento". Mas será verdade que a taxa de crimes violentos cai quando é imposta a pena de morte? Ou: "A bolsa de valores
caiu ontem por causa de um
ajuste técnico e da realização de lucros por parte dos investidores". Mas
há alguma evidência independente do papel causal do “ajuste” e da realização de
lucros? Aprendemos realmente alguma coisa com essa pretensa explicação?
5. “Aconteceu a seguir, logo
foi causado por". Por exemplo, Jaime
Cardinal Sin, arcebispo de Manila: “Conheço [...]
uma mulher de 26 anos que aparenta
sessenta porque toma a
pílula”. Ou: "Antes de as mulheres
terem o direito de votar não havia armas nucleares.
6. Argumento que consiste em considerar
apenas os dois extremos num continuum de possibilidades intermédias. Por exemplo:
“Se você não é parte
da solução, é parte do problema”.
7. “Se permitirmos o aborto nas primeiras semanas
da gravidez, será impossível evitar o assassinato de um bebé
no final da gravidez”. Ou,
inversamente: “Se o Estado proíbe
o aborto até no nono mês, não tarda e estará
a dizer-nos o que fazer com os nossos corpos no momento da conceção.
8. Caricaturar uma posição para tornar mais
fácil o ataque.
Por exemplo: “Os cientistas
imaginam que os seres
vivos se limitaram a surgir por
acaso” – uma formulação que ignora propositadamente a ideia
darwiniana central, segundo a qual a natureza se constrói progressivamente
mantendo o que funciona e eliminando o que não
funciona.
Conhecer a existência dessas falácias lógicas e retóricas completa o nosso kit de deteção de disparates. Tal como todos os instrumentos, o kit de deteção de disparates pode ser mal utilizado, aplicado fora do contexto, ou mesmo usado como uma alternativa que nos dispensa de pensar. Mas, aplicado judiciosamente, pode ter muitas vantagens – principalmente para avaliar os nossos próprios argumentos antes de os apresentarmos aos outros.
Carl Sagan, Um mundo infestado de
demónios
Exercício 4: questões VERDADEIRO e FALSO
Indique
se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas, corrigindo as falsas:
1. De uma lata com 1000 feijões, retiramos
aleatoriamente uma amostra
de 50 feijões brancos e 50 feijões pretos, o que nos permite inferir
dedutivamente que os feijões brancos e pretos estão em igual número dentro da lata.
2.Os argumentos por indução argumentam a partir de um caso ou exemplo
específico para provarem que outro caso, semelhante ao primeiro em muitos aspetos,
é também semelhante num outro
aspeto determinado.
3. Ainda que às vezes seja apropriado citar uma
autoridade para suportar uma opinião, a maioria
das vezes não o é. O apelo
à autoridade é especialmente impróprio se a pessoa não está
qualificada para ter uma opinião de perito no assunto ou se não há acordo entre
os peritos do campo em questão.
4. As falácias formais são aquelas que só podem ser detetadas através de uma análise do conteúdo do raciocínio. FALSO - através da forma ou estrutura do argumento.
5. Quando um navio desaparece no triângulo das Bermudas, os jornais sensacionalistas concluem que o triângulo das Bermudas está assombrado, cometendo a falácia da falsa analogia.
6. Quando afirmamos “Einstein era um pacifista;
logo, o pacifismo tem de ser uma posição correta”, estamos a cometer uma
falácia ad hominem.
7. Eis uma falácia da falsa relação causal: Dado
que não estou a mentir, segue-se que estou a dizer a verdade.
8. A petição de princípio é um uso ilegítimo do operador “ou”. Pôr as questões ou opiniões em termos de “ou sim ou sopas” gera, com frequência (mas nem sempre), esta falácia.
9. “Mas toda a gente o faz!”: a falácia Ad hominem é um bom exemplo de um mau argumento de autoridade, pois não se oferecem razões para mostrar que «toda a gente» é uma fonte informada e imparcial.
10. A falácia da derrapagem é um argumento falacioso porque pelo menos um dos seus passos é falso ou duvidoso. Mas a falsidade de uma ou mais premissas é ocultada pelos vários passos “se... então..”. que constituem o todo do argumento.
Exercício 5: questões de ESCOLHA MÚLTIPLA
1.
Selecione
a opção ERRADA
Além dos argumentos cuja
conclusão decorre necessariamente das premissas, existem outros tipos de
argumentos, tais como:
A. generalizações
B. Analogias
C. Argumentos de autoridade
D. Argumentos dedutivos
2. Em qual das seguintes opções se descreve de forma correta o que são falácias informais?
A. Erros de raciocínio
que não decorrem da sua estrutura lógica.
B. Argumentos que
infringem regras de inferência válida.
C. Argumentos em que se
parte do geral para o particular.
D. Erros de raciocínio
em que se parte do particular para o geral.
A. Falso dilema
B. Argumento ad hominem
C. Falsa analogia
D. apelo á ignorância
4. Selecione a alternativa que corresponde ao
argumento presente no caso seguinte:
A. por analogia
B. dedutivo
C. generalização
D. de autoridade
5.
![]() |
Atente no seguinte caso e selecione a alternativa correta.
A. Argumento de autoridade
B. Generalização precipitada
C. Petição de princípio
D. Argumento ad populum
6.
![]() |
Selecione a alternativa que corresponde à falácia presente no caso seguinte.
A. Argumento de autoridade FALSA AUTORIDADE
B. Argumento ad hominem
C. Apelo á ignorância
D. Boneco de palha
7. Selecione
a alternativa que corresponde à falácia presente no caso seguinte.
![]() |
A.
Argumento ad hominem
B.
Generalização precipitada
C.
Argumento ad populum
D.
boneco
de palha
8.
![]() |
Selecione a alternativa que corresponde à falácia presente no caso seguinte.
Este
argumento é uma petição de princípio porque usa implicitamente a sua conclusão
como premissa. Esta afirmação é:
A. Falsa,
pois a verdade das premissas é comprovada na
conclusão.
B. Verdadeira,
pois a verdade da conclusão é pressuposta pelas premissas.
C. Falsa, porque nos argumentos dedutivamente
válidos a conclusão segue-se necessariamente das premissas.
D. Verdadeira, porque nos argumentos não
dedutivos a veracidade da conclusão não é garantida pelas premissas, mas apenas
apoiada probabilisticamente.
9. Analise as falácias que se seguem. Selecione,
depois, a alternativa que as identifica corretamente.
A. 1
– falso dilema; 2 – apelo à autoridade; 3 –
apelo à autoridade
B.1 – petição de princípio; 2 – ad hominem; 3 – generalização precipitada
C. 1 – apelo á ignorância; 2 – generalização precipitada; 3 – ad populum
D. 1 - falso dilema; 2 – ad
hominem; 3 – ad populum
10. Analise as afirmações que se seguem, sobre
tipos de motivação. Selecione, depois, a alternativa que as avalia corretamente.
![]() |
A.
1
e 3 são falsas; 2 é verdadeira.
B.
1
e 2 são verdadeiras; 3 é falsa.
C.
2
e 3 são falsas; 1 é verdadeira.
D. 1 e 2 são falsas; 3 é verdadeira.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Branquinho, J & Murcho, D. (orgs.)
(2001). Enciclopédia de termos
lógico-filosóficos.
Lisboa: Gradiva.
Kneale,
W & Kneale, M. (1980). O
desenvolvimento da lógica. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Murcho,
Desidério (2003). O Lugar da lógica na
filosofia. Lisboa: Plátano Editora. Newton-Smith, W. H. (1998). Lógica. Um curso introdutório. Lisboa:
Gradiva.
Santos, Ricardo (2014). “Lógica”, in Galvão, Pedro (ed). A Filosofia por disciplinas. Lisboa, Edições 70.
Warburton, Nigel (2012). Pensar de A a Z. Lisboa: Bizâncio. Weston, Anthony (1996). A arte de argumentar.
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