Falácias: Formais e Informais
Um argumento é falacioso quando parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas na realidade não sustentam. Da mesma maneira que há padrões típicos, largamente usados, de argumentação correcta, também há padrões típicos de argumentos falaciosos.
O que são Falácias?
Falácia – São argumentos não válidos, ou seja. aqueles cujos premissas são erradamente consideradas como
prova de uma determinada conclusão. O defeito no raciocínio pode ser
intencional ou não, consciente ou inconsciente.
1. Falácias formais –
raciocínios inválidos quanto à sua forma ou estrutura: as premissas não
sustentam a conclusão em virtude de um erro na forma como se infere.
2. Falácias informais – argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão em virtude de deficiências no conteúdo.
Como se distinguem?
As falácias formais:
- Relacionam-se com a estrutura formal dos argumentos.
- O modo como os argumentos são organizados.
- Privilegia a forma ou estrutura dos argumentos.
Quais são as falácias formais?
- Negação do Antecedente
- Afirmação do consequente.
As falácias informais:
- Relacionam-se com o conteúdo material dos argumentos.
- Tem a ver com o contexto.
- Depende das intenções argumentativas de quem os apresenta.
- Tem a ver com o conteúdo expresso por uma linguagem com deficiências.
- São argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão devido sobretudo a deficiências no conteúdo.
- Falsa analogia,
- Apelo à autoridade,
- Amostra não representativa,
- Petição de princípio,
- Falso dilema,
- Falsa relação causal,
- Ad hominem,
- Ad populum,
- Apelo à ignorância,
- Boneco de palha
- Derrapagem.
Estas são algumas das Falácias Informais:
FALÁCIA |
DESCRIÇÃO |
EXEMPLO |
Generalização precipitada |
Esta
falácia ocorre quando uma generalização se baseia num número muito limitado
de casos. |
Uma romena
roubou-me a carteira no metro de Paris. Portanto, todos os romenos são
ladrões. |
Falsa analogia |
Comete-se
esta falácia por várias razões: 1. o número de objetos comparados é reduzido;
2. o número de semelhanças entre os objetos é escasso; e 3. as semelhanças
apresentadas são pouco ou nada relevantes.
|
Os empregados são
como pregos. Temos de martelar a cabeça dos pregos para estes desempenharem a
sua função. O mesmo deve acontece com os empregados. |
Falsa Autoridade |
Esta
falácia ocorre quando: 1. A
pessoa não está qualificada para ter uma opinião de perito no assunto; 2.
Não há acordo entre os peritos do campo em questão; 3. A autoridade não pode, por algum motivo ser levada a sério — porque estava a brincar, estava ébria ou por qualquer outro motivo. |
Garanto-te que é verdade que o alho faz bem ao fígado porque a minha irmã, que é economista, me disse. |
Amostra não
representativa |
Esta
falácia ocorre quando a amostra é escassa e pouco diversificada e há uma
referência temporal.
|
Um inquérito
feito em Arouca revela que o SNS funciona mal, logo, todos os portugueses
acham que o SNS funciona mal.
|
Petição de princípio |
Esta
falácia consiste em pretender provar uma conclusão tendo, como premissa, a
própria conclusão, isto é, usa-se como prova o que se quer. |
. O Marcolino
odeia pessoas de outras raças porque é racista. |
Falso dilema
|
Esta falácia ocorre quando é dado um limitado número de
opções (na maioria dos casos apenas duas), quando de facto há mais. |
Ou concordas
comigo ou não. (Porque se pode concordar parcialmente.)
|
Falsa relação causal
|
Trata-se
de um argumento segundo o qual apenas por um facto se seguir a outro se
conclui que o primeiro é causa do segundo. |
O gato miou quando eu abri a
porta. Logo, o gato miou porque eu abri a porta. |
Falácia Ad Hominen (Contra o Homem) |
Esta
falácia ocorre quando se ataca a pessoa (o carácter, a condição social, a
etnia, a religião, a ideologia, etc.) que apresentou um argumento e não o
argumento. Ataques pessoais. |
Os ecologistas
dizem que consumimos demasiada energia; mas não ligues porque eles têm são
muito disparatados. |
Ad Populum (Apelo ao Povo) |
Esta
falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os apelos
emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população como um
todo. Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por
ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da
população. |
Toda a gente sabe
que a as minhas políticas são as melhores para vós e para os vossos filhos.
|
Apelo à Ignorância
|
Esta
falácia ocorre quando se argumenta que uma proposição é verdadeira porque não
foi provado que é falsa ou falsa porque não foi provado que é
verdadeira. |
Ninguém provou
que Deus existe. Logo, Deus não existe (é falso que Deus exista). |
Boneco de Palha ou Espantalho |
Esta
falácia ocorre quando a tese dos adversários é distorcida e deturpada para
ser atacada, mas isso significa que se falha o alvo. |
As pessoas que
querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas
nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser
legalizado. |
Derrapagem ou Bola de Neve |
Esta
falácia ocorre quando a conclusão resulta de uma série de consequências cujo
encadeamento é muito improvável. Para se mostrar que uma proposição é
inaceitável, extrai-se uma série de consequências inaceitáveis. |
Se beberes um
copo de vinho, vais beber dois. Se beberes dois copos de vinho, vais beber
três. Logo, se beberes um copo de vinho, vais tornar-te alcoólico. |
EXERCÍCIOS
I - Selecione a opção correcta:
1. As verdades são absolutas ou relativas. Dado que é evidente que não são absolutas, então são relativas.
A. Falácia do Falso Dilema
B. Falácia de Apelo à Ignorância
C. Falácia da Derrapagem ou Bola de Neve
D. Falácia Ad Hominem
2. Um padre não queria dar a absolvição a um paroquiano que abusava do vinho. Dizia este ao padre: "O bom vinho faz bom sangue", bom sangue dá bom humor", bom humor faz nascer bons pensamentos", bons pensamentos produzem boas obras e boas obras levam o homem para o céu; assim sendo " o bom vinho vai conduzir-me ao céu".
A. Falácia do Falso Dilema
B. Falácia da Derrapagem ou Bola de Neve
C. Falácia do Boneco de Palha ou Espantalho.
D. Falácia do Apelo à Ignorância.
3. Dado que os médicos não conseguiram explicar como António saiu do estado de coma ao fim de três anos, esse acontecimento é um milagre.
A. Falácia do Falso Dilema
B. Falácia da Derrapagem ou Bola de Neve
C. Falácia da Petição de Princípio
D. Falácia do Apelo à Ignorância.
4. Não devemos dar importância ao que Karl Marx escreveu sobre o capitalismo. Todos sabemos que falou muito de capital, mas viveu quase sempre à custa do seu amigo Engels para sustentar a família e mesmo assim passaram muita fome.
A. Falácia do Boneco de Palha
B. Falácia Ad Hominem
C. Falácia de Apelo à Ignorância
D. Falácia de Petição de Princípio.
5. Ou és crente ou és ateu. Se não acreditas na existência de Deus, só posso concluir que és ateu.
A. Falácia Ad Hominem
B. Falácia da Derrapagem.
C. Falácia do Falso Dilema. (Podia ser agnóstico)
D. Falácia do Apelo à Ignorância.
6. Não se provou ainda que existe vida em Mercúrio, logo não existe vida em Mercúrio.
A. Falácia de Apelo à Ignorância
B. Falácia da Derrapagem ou Bola de Neve.
C. Falácia da Petição de Princípio
D. Falácia Ad Hominem.
7. Identifique a falácia presente na imagem:
A. Falácia de Apelo à Ignorância
B. Falácia de Petição de Princípio.
C. Falácia da Derrapagem.
D. Falácia Ad Hominem.
II - Identifique as seguintes falácias:
A. “Você diz que o futebol português está mal, mas eu digo-lhe que a sua opinião não merece crédito, porque você está é mal disposto e desiludido com os resultados do seu clube.” Ad Hominen
B. “Nunca ninguém provou que há extraterrestres. Logo, não há extraterrestres.” Apelo à Ignorância.
C. “É falacioso defender a boa qualidade de uma marca de computadores, afirmando que o futebolista X ou o ministro Y compraram um computador dessa marca.” Falsa Autoridade.
D. “Deus existe. Logo, Deus existe” e “Uma pessoa odeia as pessoas de outra raça, porque é racista.” Petição de Principio.
III - Defina as seguintes falácias:
A. Falácia ad hominem ou contra a pessoa – argumento que pretende mostrar que uma
afirmação é falsa atacando e desacreditando a pessoa que a emite.
B. Falácia de apelo à ignorância – argumento que consiste em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso.
C. Falácia da Falsa Autoridade – argumento que pretende sustentar uma tese unicamente apelando a uma autoridade (instituição ou pessoa) não reconhecida na área.
D. Falácia da petição de princípio – forma de inferência que consiste em adoptar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar. Ocorre sempre que se admite nas premissas o que se deseja concluir. O caso mais óbvio é a mera repetição.
IV. Identifique as falácias, justificando.
A. Os comerciantes
não devem enganar os seus clientes porque não devem ser desonestos.
B. Muitos
cientistas têm afirmado que Deus não existe. Logo, Deus não existe.
C. O professor
devia passar o Tomás porque é um aluno que se esforça muito e é bem comportado.
D. Ou gostas de
mim ou me odeias Não gostas de mim Logo, odeias-me
V. Qual das seguintes opções é um argumento por analogia?
A. Conservar a saúde
é importante. Ora, o controlo do peso é indispensável para conservar a saúde.
Além disso, é falso que “a gordura é formosura”.
B. Conservar a saúde
é importante. Como o controlo do peso é indispensável para conservar a saúde,
deves controlar o teu peso.
C. Um edifício tem de
ser conservado pelos seus proprietários. Como o teu corpo é um edifício, tu és
o proprietário do teu corpo.
D. Um edifício, para não cair na ruína, tem de
ser conservado pelos seus proprietários. O teu corpo é como um edifício. Por
isso, se não o conservares, ele arruinar-se-á.
VI. Identifique as falácias cometidas e justifique a sua resposta.
A. Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então por que razão insistes nas
tuas excêntricas teorias?
B. As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento,
também deves votar neles. Ad Populum
C. Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três
meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
D. Perguntei a quatro dos meus amigos o que eles pensavam das novas
restrições ao consumo e eles concordaram em que se trata de uma boa ideia.
Portanto as novas restrições são populares.
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