Descartes e David Hume
"Hume aceita a perspectiva de que o nosso sistema de convicções precisa de um tipo qualquer de fundamento. No entanto, nega que esse fundamento possa ter o tipo de estatuto racional que Descartes queria".
Simon Blackburn
Tema
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DESCARTES
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DAVID HUME
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Posição
acerca do conhecimento
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Há
conhecimento a priori acerca do mundo. Esse é o fundamento do conhecimento a
posteriori.
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Todo o
conhecimento substancial (acerca do mundo) é a posteriori. Há
conhecimento a priori mas não é substancial (apenas relaciona ideias ou
conceitos)
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Fonte do
conhecimento
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Pensamento ou
razão
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Os sentidos
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Fundamento do
conhecimento
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Racional
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Empírico
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Tipo de
raciocínio para o conhecimento
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Raciocínio
Dedutivo
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Raciocínio
Indutivo
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Validade do
conhecimento
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O
conhecimento dedutivo é certo e infalível desde que se parta de premissas
verdadeiras
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O raciocínio
indutivo não é absolutamente certo, mesmo que se parta de premissas
verdadeiras.
(Problema da
indução)
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O que podemos
conhecer
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Somos seres
pensantes, Deus existe, Temos corpo e o mundo existe
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- Só podemos saber o que tem origem nas impressões
sensíveis.
- Quando ultrapassamos o testemunho dos sentidos e da memória,
apoiamo-nos em suposições que não podemos justificar.
- Não podemos conhecer as
relações de causa e efeito (não podemos justificar a crença na uniformidade
da natureza)
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Modelo de conhecimento
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Matemáticas
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Ciências da Natureza
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Posição em
relação aos cepticismo
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Os céticos foram refutados (recorrendo à própria dúvida cética).
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O cepticismo sistemático é
impraticável.
Temos que moderar as nossas
pretensões ao conhecimento. (ceticismo moderado).
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Tarefa:
Leia o texto e responda à questão.
"Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[…] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores, nem um surdo dos sons. Restitua se a qualquer um deles aquele sentido em que é deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses objetos".
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, pp. 35-36 (adaptado)
1. Concordaria Descartes com a tese segundo a qual «todas as nossas ideias […] são cópias das nossas impressões»?
Justifique a sua resposta.
– Descartes não concordaria com a tese apresentada.
Justificação:
– temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos, como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode ser o próprio ato de pensar;
– temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos sentidos
Justificação:
– temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos, como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode ser o próprio ato de pensar;
– temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos sentidos
"Descartes parece dizer que o melhor das ideias claras e distintas é que, quando as temos, não podemos duvidar delas. Isto não é, propriamente, uma certificação pela razão, mas antes o mesmo tipo de poder natural que Hume atribui às convicções empíricas básicas".
Simon Blackburn
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