sexta-feira, 3 de março de 2023

Subjectivismo, Objectivismo e Relativismo moral cultural

 


Muwaji  segura sua filha que nasceu com paralisia cerebral em cena do documentário “Hakani” do cineasta norte-americano David Cunningham, sobre o infanticídio indígena no Brasil; a luta da índia Muwaji contra a sua tribo inspirou a criação da Lei Muwaji, que tramita na Câmara, que visa combater “práticas tradicionais que atentem contra a vida”


Subjectivismo , Objectivismo e Relativismo moral



Que questões se poderão levantar quando abordamos o problema da natureza dos juízos morais?

Serão os juizos morais relativos?

Há juízos morais universalmente válidos

Há verdades morais objectivas? 

Há princípios e normas morais verdadeiras e falsas?

 

Há várias teorias que respondem a este problema: 

1. O Subjectivismo Moral 

2. O Objectivismo Moral 

3. O Relativismo Moral/Cultural 

 

SUBJECTIVISMO MORAL: 

·  Cada um de nós possui a sua verdade em assuntos morais

· Há verdades morais, mas não são objectivas

· Cada indivíduo responde às questões morais baseado no seu código moral pessoal e, por isso,  não pode estar errado pois  os seus juízos correspondem aos seus sentimentos.

· Como os sentimentos são subjectivos nenhum juízo moral é objectivamente certo ou errado.

· «É moralmente errado matar crianças à nascença» e «É moralmente correcto matar crianças à nascença» - qual a posição do subjectivismo moral?

·  Segundo o subjectivismo ambos os juízos morais são verdadeiros porque cada um está em conformidade com os princípios em que cada um dos indivíduos acredita.

· Uma vez que X aceita o princípio de que matar crianças à nascença não é incorrecto, o seu juízo é verdadeiro para ele.

· Como Y tem como princípio moral pessoal que é errado matar acrianças à nascença, o seu juízo também é verdadeiro. 

·  Para o subjectivismo moral não tem sentido perguntar quem está errado acerca da correcção ou incorrecção moral de matar crianças à nascença.

·  A cada qual a sua opinião de acordo com aquilo em que acredita e em nenhum caso o juízo moral de uma pessoa é mais correcto ou razoável do que o de outra.

·  O subjectivismo ético, a que podemos chamar relativismo individual, afirma que todas as posições acerca de assuntos devem ser consideradas igualmente aceites.

·   A tolerância parece ser um elemento central do subjectivismo moral.

·  Rejeita a subordinação do indivíduo ao modo de pensar de qualquer principio universal

·   Não acredita em verdades morais absolutas e objectivas.

·   A verdade moral é o que parece a cada um.

·  Moralmente verdadeiro é o que depende do que uma sociedade ou um indivíduo acreditam ser verdadeiro.

 

Criticas

 · Pode ser considerado um  relativismo ético.

· O subjectivismo moral torna inviável a discussão de questões morais.

· O subjectivismo moral parece sugerir que não podemos dizer que as opiniões e juízos morais dos outros estão errados.

·Se as verdades morais dependem dos sentimentos de aprovação ou de desaprovação de cada indivíduo basta que os nossos juízos morais estejam de acordo com os nossos sentimentos para serem verdadeiros.

· Um genuíno debate moral em que cada interlocutor tente convencer o outro das suas razões acerca de algo em que acredita perde qualquer sentido.

· O subjectivismo ético acredita que não há juízos morais objectivos porque os assuntos morais são objecto de discórdia generalizada mas isso não prova que não haja uma resposta correcta ou verdades objectivas.


OBJECTIVISMO MORAL.

Alguns juízos morais são objectivos

· Havendo verdades objectivas podemos considerar como certas ou erradas certas práticas morais de certas culturas ou de indivíduos.

· A moral é a mesma para todos e não depende de crenças culturais, de sentimentos individuais.

·  Este juízo é verdadeiro se estiver sociedade ou cultura o de acordo com os sentimentos, considerarem moralmente gostos e crenças de um indivíduo. verdadeiro.

·  Moralmente verdadeiro é o que depende do que uma sociedade ou um indivíduo acreditam ser verdadeiro.

·  Há verdades morais que valem por si, são independentes daquilo que cada cultura pensa e do que cada indivíduo sente. 

·  No que respeita aos valores e práticas morais é errado pensar que ninguém está objectivamente certo ou objectivamente errado.

Estes valores absolutos (princípios universais) que estão acima das culturas e dos homens são os critérios trans-subjectivos de valoração.

 

Um exemplo.

 

Por exemplo, dizer sempre a verdade, independentemente das circunstâncias e das consequências – a verdade É UM VALOR OBJECTIVO.

Criticas

- Parece negar a capacidade do livre-arbítrio (disse a Joana, na sala de aula….)

- Por exemplo na questão do “aborto ser correcto ou não”, será que uma destas posições é verdadeira e a outra falsa? Qual a verdade objectiva, neste caso?

- Os defensores do objectivismo moral defendem que esta posição, ao contrário do subjectivismo, permite implementar a TOLERÂNCIA e o debate. Será mesmo assim?

- Há questões morais, como por exemplo a eutanásia,  que suscitam muitas divergências éticas – o que prova que nenhum juízo moral é objectivo  e que o objectivismo não é uma teoria muito aceitável.

- As questões éticas e os juízos morais não têm, ao contrário da ciência qualquer possibilidade de prova  e daí os desacordos e divergências éticas.


RELATIVISMO CULTURAL: 

 

·     Não há verdades morais objectivas e absolutas.

· Moralmente verdadeiro é o que depende do que uma sociedade acredita ser verdadeiro.

· Um juízo é verdadeiro se estiver sociedade ou cultura o de acordo com os sentimentos, considerarem moralmente gostos e crenças de um indivíduo. verdadeiro.

·  Moralmente verdadeiro é o que depende do que uma sociedade ou um indivíduo acreditam ser verdadeiro.

·  As verdades morais dependem do que dependem do que cada sociedade pensa. cada indivíduo sente e aprova ou desaprova.

· Há verdades morais mas não são objectivas. 

· O relativismo cultural afirma que aqueles juízos são verdadeiros mas não em todo o lado e para todas as pessoas. 

· A verdade dos juízos morais é relativa à sociedade.

. Moralmente verdadeiro é o que cada sociedade - ou a maioria dos seus membros acredita ser verdadeiro. 

· Moralmente verdadeiro é igual a socialmente aprovado e moralmente errado é igual a socialmente desaprovado.

· Um juízo moral é falso quando os membros – a maioria – de uma sociedade o consideram falso e verdadeiro quando o consideram verdadeiro. 

· Assim, afirmar que «Matar é errado» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente incorrecto». Afirmar que «Matar é moralmente correcto» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente correcto».

· As convicções da maioria dos membros de uma sociedade são a autoridade suprema em questões morais. 

· O relativismo cultural acerca de assuntos morais afirma que o código moral de cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade em que vive e foi educado. 

· Os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera verdadeiro.

 

 ARGUMENTO DO RELATIVISMO MORAL CULTURAL

 

PREMISSA 

O que é considerado moramente correcto ou incorrecto varia de sociedade para sociedade

PREMISSA 

O que é moralmente correcto ou incorrecto depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correcto ou incorrecto.

CONCLUSÃO 

Logo, não há nenhuma resposta objectivamente verdadeira a essas questões

 

 

Criticas

 . «Matar é errado», «Roubar é incorrecto» e «Mentir é imoral». Será que estes juízos são verdadeiros? Será que são objectivos e universais? «Há verdade e falsidade em assuntos morais?», «Faz sentido dizer que uma crença moral é correcta e que outra é errada?» 

· Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correcto e algo ser moralmente correcto. 

·   O relativismo moral cultural transforma a diversidade de opiniões e de crenças morais em ausência de verdades objectivas. 

· Mas isso pode ser sinal de que há pessoas e sociedades que estão erradas e não de que ninguém está errado. 

· Se duas sociedades têm diferentes crenças acerca de uma questão moral, o relativista conclui que então ambas as crenças são verdadeiras. 

·  Esta teoria reduz a verdade àquilo que a maioria julga ser verdadeiro. 

· Desde quando o que maioria pensa é verdadeiro e moralmente aceitável? Os nazis acreditavam e fizeram com que a maioria dos alemães acreditassem que os judeus eram sub-humanos e que exterminá-los era uma atitude positiva. Isso é claramente falso.

· Esta teoria parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da coesão social, as crenças dominantes. 

·  Algumas pessoas ao longo da história quiseram e conseguiram mudar a nossa maneira de pensar acerca de certos problemas morais. 

· O relativismo moral torna incompreensível o progresso moral. Quem lutou contra o apartheid na África do Sul( Nelson Mandela) e contra a segregação racial nos EUA (Martin Luther King). Essas pessoas fizeram bem à humanidade, combateram injustiças e devemos–lhes grande progresso moral. Ora, o relativismo moral cultural parece indicar que a acção dos reformadores morais é sempre incorrecta.

·  É verdade ou pelo menos parece que não há acordo entre os seres humanos sobre muitas questões morais. Mas também é verdade que a humanidade tem realizado progressos no plano moral. A abolição da escravatura, o reconhecimento dos direitos das mulheres, a condenação e a luta contra a discriminação racial são exemplos. Falar de progresso moral parece implicar que haja um padrão objectivo com o qual confrontamos as nossas acções. 

. Se esse padrão objectivo não existir não temos fundamento para dizer que em termos morais estamos melhor agora do que antes. 

. No passado, muitas sociedades praticaram a escravatura mas actualmente quase nenhuma a considera moralmente admissível -  esta mudança de comportamento e de atitude poderá ser entendida como um sinal de progresso moral. 

. Se, como defende o relativismo moral cultural. nenhuma sociedade esteve ou está errada nas suas crenças e práticas morais torna-se difícil compreender a ideia de progresso moral. 



O infanticídio indígena é um ato sem testemunha. As mulheres vão sozinhas para a floresta. Lá, depois do parto, examinam a criança. Se ela tiver alguma deficiência, a mãe volta sozinha para a aldeia.

LOLA

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