Preparação 1ª Ficha de Avaliação
11º Ano
2023/2024
Temas: Filosofia do Conhecimento, Definição Tradicional de Conhecimento,
O Desafio Céptico,
O racionalismo de Descartes
Páginas do Manual "Dúvida Metódica":
da 6 à 44.
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção - Escolha múltipla. (30 pontos).
Grupo II - Itens de resposta curta. (60 pontos).
Grupo III - Itens de resposta restrita. (60 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa
- Análise de um texto filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos
de questões serão avaliados todos os domínios.
Tempo : 60 minutos
Aprendizagens essenciais a avaliar:
A- Filosofia do
Conhecimento
1. Como se caracteriza, genericamente, o conhecimento?
2. Que tipos de conhecimento conhece?
3. Qual o tipo de conhecimento que interessa à Filosofia?
Justifique.
4. Como se distingue o conhecimento a priori do conhecimento a
posteriori?
B- Definição Tradicional de Conhecimento
1. Qual a definição tradicional de conhecimento?
2. Que problemas levanta a definição tradicional de conhecimento?
3. Que criticas se poderão apresentar?
C- O Desafio Céptico
1. Explicar
o que é o ceticismo.
2. Explicar
o problema da justificação tal como é entendido pelos céticos.
3. Discutir
se o ceticismo radical se autorrefuta ou não.
4. Explicar
o argumento cético da divergência de opiniões.
5. Explicar
duas objeções ao argumento da divergência de opiniões.
6. Explicar
o argumento cético da regressão infinita na justificação.
7. Explicar
uma objeção ao argumento da regressão infinita na justificação.
8. Explicar
o argumento cético dos erros percetivos.
9. Explicar
uma objeção ao argumento dos erros percetivos.
10. Discutir se as objeções
aos argumentos céticos os refutam ou não.
11. Mostrar em que medida o ceticismo lança um desafio a quem se afirma
detentor conhecimento.
C- O Racionalismo de Descartes
1. Qual o objectivo da sua Filosofia?
2. Como entende a razão ou bom senso?
3. O que é o método cartesiano?
4. Explique as suas regras?
5. Relacione as regras do método com as
operações da razão.
6. O que é a dúvida cartesiana?
7. Que razões levam Descartes a duvidar?
8. Que características tem a dúvida?
9. Quando termina a dúvida?
10. Relacione dúvida e cogito.
11. O que é o cogito?
12. Justifique que o cogito é uma intuição.
13. Qual o critério de verdade, para Descartes.
14. Porque se pode afirmar o solipsismo do cogito?
16. Como chega Descartes a Deus?
17. Que tipos de ideias defende Descartes?
18. Apresente as provas da existência de Deus.
19. Critique o argumento ontológico.
20. Qual o papel de Deus na filosofia cartesiana
21. Como
chega Descartes à existência dos corpos/extensão?
22. Apresente
as substâncias cartesianas.
23. Como é
que Descartes explica a teoria do erro?
24. Porque se pode afirmar que Descartes é um racionalista dogmático?
25. Apesente criticas à Filosofia de Descartes.
VAMOS, ENTÃO, TESTAR
OS CONHECIMENTOS!
A- Filosofia do Conhecimento
1. Distinga conhecimento a priori e conhecimento a posteriori.
O conhecimento “a priori “ é independente da experiência para ser verdadeiro, enquanto o conhecimento “ a posteriori” depende da experiência para ser demonstrado como verdadeiro.
2. Dê um exemplo de cada um:
- A priori: “ O casado não é solteiro”
- A posteriori: “ A ponte 25 de Abril situa-se em Lisboa”
Distinga os tipos de
conhecimento expressos nas seguintes proposições:
1. Eu conheço o George Michael.
2. Sei andar de bicicleta.
3. Sei que a massa tem 10m de cozedura.
4. Sei que Montreal fica no Canadá.
5. Conheço a música de Amália Rodrigues.
B- Definição
Tradicional de Conhecimento
1. A crença é…
A. Uma condição suficiente mas não necessária para o conhecimento
B. Uma condição necessária e suficiente para o conhecimento
C. Uma condição necessária mas não suficiente para o conhecimento
D. Uma condição suficiente para o conhecimento
2. O que torna uma crença verdadeira é…
A. a força da nossa convicção nessa crença
B. pensar que sabemos algo
C. corresponder corretamente um estado de coisas no mundo
D. exprimir o que pensamos ser verdadeiro
3. Analise as afirmações e indique a opção correta:
1. O facto de alguém ter uma crença verdadeira não significa que
tenha conhecimento V
2. A justificação é uma condição suficiente para o conhecimento F
3. Uma crença está justificada quando há boas razões a favor da sua verdade V
4. A crença verdadeira é condição suficiente para o conhecimento F
A. 1,2 e 3 são verdadeiras; 4 é falsa
B. 1 e 3 são verdadeiras; 2 e 4 são falsas
C. 1 e 2 são falsas; 3 e 4 são verdadeiras
D. 1,3 e 4 são falsas; 2 é verdadeira
4. Um sujeito sabe que P é a priori se …
a. sabe que P através da experiência
b. e só se sabe que P através da experiência
c. sabe que P independentemente da experiência
d. e só se sabe que P pelo pensamento apenas
Assinale as afirmações VERDADEIRAS e
FALSAS
1. Para
Platão o conhecimento exige três condições necessárias. V
2.
Segundo Platão, a crença é uma condição suficiente para o conhecimento. F
3.
Segundo Platão, a verdade é uma condição necessária para o conhecimento. V
4.
Segundo Platão CRENÇA, VERDADE e JUSTIFICAÇÃO são condições necessárias e
suficientes para haver conhecimento. V
5. A
concepção tradicional de conhecimento de Platão não suscita críticas. F
Responda às seguintes
questões:
1. Segundo a teoria tripartida para definir o conhecimento há três
condições que têm de ser satisfeitas. Identifique-as.
a.
S acredita que P – S tem uma crença
b.
P é verdadeira – Esta crença é verdadeira
c.
P tem de estar justificada.
2. Explique porque é que cada uma delas é necessária para o conhecimento.
Porque
seria contraditório afirmar que S sabe que P, e ao mesmo tempo não acredita no
que sabe. Exemplo: Sei que o mar tem ondas, mas não acredito nisso. Portanto
saber P, implica uma crença, S acredita em P. Também é necessário que essa
crença seja verdadeira, porque o conhecimento não depende da convicção com que
o sujeito acredita em P (sendo P uma qualquer proposição) P tem que ser do
mesmo modo como S acredita, o conhecimento é factivo, por outro lado, se esta
crença em P não tem qualquer justificação, boas razões para acreditar que p é
verdadeira, então também não há conhecimento, há apenas um palpite, uma
suposição ao acaso.
3. Explique porque cada uma das condições por si não é suficiente para o
conhecimento.
Nem
todas as crenças são conhecimento, logo, não basta ter uma crença qualquer como
por exemplo “Acredito que existem Extra-terrestres”, mas não posso saber se
essa crença é verdadeira. Também não é suficiente ter uma crença verdadeira
para ter conhecimento porque é por mero acaso, e o conhecimento não pode ser
por acaso, e por outro lado não é suficiente ter uma boa justificação, podemos
ter boas justificações para acreditar em falsidades, depende dos nossos estados
cognitivos. Aristóteles tinha razões para acreditar que a Terra era plana, e a
Terra não é plana.
4. Esta teoria tripartida tem objecções?
Sim
5. De que modo são
colocadas as objecções?
Através de exemplos que
contrariam a definição. Casos concretos de Sujeitos com uma crença verdadeira e
justificada mas que não podemos afirmar que tenham conhecimento.
6. O que pretendem demonstrar?
Que
podemos ter satisfeitas as três condições exigidas para ter conhecimento e
mesmo assim não o ter, o que demonstra que a teoria tripartida está incompleta
e necessitaria de outra condição (4ª) para poder ser válida para todos os
casos, só que essa quarta condição (a relação de causalidade entre a
justificação e a crença) também sofrer objecções.
“O relógio da igreja da
tua terra é bastante fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta
manhã, quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que ele
marcava exactamente 8h e 20m. Por isso, formaste a crença de que eram 8h e 20m.
O facto de o relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença.
Contudo, sem que o soubesses, o relógio tinha avariado no dia anterior
exactamente quando marcava 8h e 20m.
7. O que prova este exemplo?
Prova
que apesar de ter justificação para pensar que são oito e vinte devido ao
relógio, sempre anteriormente fiável, apesar deste facto ser verdadeiro, isto
é, serem mesmo oito e vinte, há um saber que resulta de um acaso, o relógio ter
parado exactamente na hora em que posteriormente o consultei. Como o conhecimento
não pode ser por acaso, então não há conhecimento, apesar das condições
necessárias estarem satisfeitas.
8. Todas as justificações são igualmente fiáveis?
Não,
podemos ter justificações que julgamos fiáveis mas que não são, devido ao nosso
estado cognitivo não permitir encontrar melhores justificações.
9. Poderemos ter uma boa justificação para uma crença falsa e não sabemos
que a crença é falsa?
Sim.
Dê um exemplo:
Durante
anos acreditou-se que a lobotomia era a cura para as doenças mentais. Havia
estudos que o legitimavam. Hoje essa prática foi desconsiderada por novos
conhecimentos que provaram que a teoria que a explicava era falsa.
9. O contrário também se verifica?
Sim.
Poderemos não ter razões para acreditar numa crença verdadeira? Como?
Por exemplo: A crença no universo
infinito foi defendida por Giordano Bruno mas ninguém lhe deu razão, pois as
investigações não eram ainda possíveis devido a não haver instrumentos
adequados.
Considere
os seguintes casos e responda às questões.
a) João não sabe nada
de futebol, mas gosta de falar sobre tudo e mais alguma coisa. Certo dia, na
véspera de um jogo entre o Benfica e o Sporting, afirma que o Benfica vai
ganhar. Quando lhe perguntam por que razão acredita nisso, responde: Porque
sim!
Acontece que o Benfica
ganha ao Sporting. João teve por conseguinte uma crença verdadeira. Será que
podemos dizer que possuía um conhecimento desse facto, que sabia que o Benfica
ia ganhar?
R: Uma crença verdadeira
não é sinónimo de conhecimento. Com efeito, haveria conhecimento ou crença
verdadeira justificada se argumentasse dizendo que em 20 jogos do campeonato o
Benfica empatou 4 e não perdeu nenhum, que o Sporting vai jogar sem alguns
titulares importantes, que uma vitória dá um avanço importante na disputa do
título, etc. O caso de João ilustra que o conhecimento não se pode confundir
com a simples opinião ou com palpites, mesmo que correctos.
b) João acredita que
vai passar de ano. E, na realidade, essa crença é verdadeira. O seu professor
ainda não lhe disse, mas vai aprová-lo. João acredita que vai passar mais por
desejo de passar do que por uma crença justificada.
Será que podemos dizer
que João sabe que vai passar?
R: Não, porque uma crença,
apesar de verdadeira, não é por isso necessariamente um conhecimento. É preciso
que haja boas razões para acreditar na verdade da proposição «Vou passar». Se
João argumentasse que teve boas notas e boas participações nas aulas ao longo
do ano e que a nota mais fraca que teve foi 15, então estaria plenamente
justificado em acreditar na verdade da proposição «Vou passar de ano». A
justificação é uma condição necessária para haver conhecimento proposicional.
c) João está a
escolher os números do boletim do Euromilhões. Escolhe um certo conjunto de
números. Dias depois, vem a saber que acertou em cheio. Podemos dizer que sabia
que ia acertar na chave afortunada?
R: Não podemos dizer que
João sabia que seriam esses os números premiados porque não podia haver nenhuma
razão para julgar que seriam esses os números da sorte. É disso mesmo que se
trata, de números da sorte. A escolha de João foi arbitrária e afortunada. Um
palpite feliz que se revela correcto não é por isso conhecimento. João até
poderia dizer que teve essa intuição da chave afortunada em sonhos, mas, apesar
de o conhecimento ser crença verdadeira justificada, nem toda a justificação
serve.
d) Joana acredita que
Londres é a capital de Itália. Por que razão não se pode dizer que possui um
conhecimento?
R: A crença é condição
necessária do conhecimento porque não faz sentido dizer que P é verdade e não
acreditar que P é verdade. A crença é condição necessária, mas não suficiente,
pela simples razão de que as crenças podem ser verdadeiras ou falsas. A verdade
exige a crença, mas a crença não implica a verdade. Neste caso, João tem uma
crença falsa, ou seja, uma crença que não corresponde a qualquer conhecimento
porque na realidade Londres é capital de Inglaterra.
e) Manuel sabe que Joana
está no café. Logo, Joana está no café.
R: Verdadeiro. Não há
conhecimento de falsidades, ou seja, o conhecimento é factivo. Se sei que a
Joana está no café, então é um facto que Joana está no café, tal como, se sei
queCavaco Silva é o presidente da nossa República, é um facto que Cavaco
Silva é o presidente da República Portuguesa. Podemos saber que algo é
falso – sei que é falsa a proposição A Terra é plana –, mas não
podemos conhecer falsidades. A proposição João sabe que a Terra é plana não
é conhecimento porque nenhuma crença falsa pode ser conhecimento.
f) Miguel acredita que
o seu pai está em casa e espera encontrá-lo quando regressar porque o seu pai
lhe disse que ficaria todo o dia em casa a preparar uma conferência sobre a
semântica estrutural do silêncio para o congresso sobre dialéctica da
narrativa. Contudo, teve de se ausentar para ir à biblioteca do município
consultar um livro intitulado As Aventuras da Narrativa. Ao
chegar a casa, não encontra o pai, apesar de ter boas razões para pensar que
ele lá estaria.
O que nos diz esta história
sobre as relações entre crença e justificação?
R: Este episódio
mostra-nos que ter boas razões ou uma boa justificação para acreditar em algo
não garante que a crença seja verdadeira e que constitua conhecimento.
A julgar pelas impressões
dos sentidos, os nossos antepassados tinham boas razões para julgar que a Terra
era imóvel. Mas essa era uma crença falsa. A crença de João estava bem
justificada, era racional acreditar que a proposição «O meu pai está em casa»
era verdadeira mas revelou-se falsa. A crença justificada não é suficiente para
haver conhecimento. Assim, é verdade que o Inter é campeão de Itália e eu não o
sei por não estar informado (A verdade tem de ser acompanhada pela crença);
posso acreditar que o Sol é um planeta, mas isso é falso (acreditar não garante
conhecimento) e posso acreditar justificadamente que a Mariana não vai faltar
ao encontro e, contudo, ela ter um acidente que a impossibilita (crença
justificada não garante conhecimento porque pode revelar-se falsa).
a) Que tese defende
Gettier?
R: Gettier defende a tese
de que a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada não é
correcta.
b) Qual é o argumento
que Gettier apresenta?
R: A definição de
conhecimento como crença verdadeira justificada não é correcta porque alguém
pode acreditar justificadamente que determinada proposição é verdadeira e,
contudo, não saber que essa proposição é verdadeira. S pode ter a crença
verdadeira justificada de que P e, em simultâneo, não saber que P. Gettier
afirma que não há uma relação de implicação entre ter uma crença verdadeira
justificada e ter conhecimento. A CVJ não garante que haja conhecimento, não é
condição suficiente para que haja conhecimento.
c) Como defende
Gettier a sua tese?
R: Gettier recorre a um
exemplo: Dois homens, Smith e Jones, são candidatos a um lugar numa empresa.
Smith não acredita que o lugar venha a ser seu porque o gerente da empresa deu
sinais de que o escolhido seria Jones. Smith repara que Jones tem dez moedas no
bolso porque teve ocasião de o ver contá-las. Smith tem então razão para pensar
que a pessoa que vai obter o emprego é uma pessoa que tem dez moedas no bolso.
Smith tem uma crença verdadeira justificada porque 1 – é verdade que o gerente
disse que Jones teria o emprego; 2 – acredita que é verdade o que o gerente
disse; e 3 – tem razões para acreditar que Jones (a pessoa que tem 10 moedas no
bolso) vai ser o eleito, dado que o gerente não é dado a enganos e é uma fonte
de informação credível.
Temos assim que Smith tem
uma CVJ na proposição seguinte:
O homem que vai conseguir
o emprego é uma pessoa que tem 10 moedas no bolso.
Agora suponha-se que sem
Smith o saber tem também 10 moedas no bolso e descobre que o gerente o escolheu
a ele e não a Jones. Smith continua ter uma crença verdadeira de que a pessoa
escolhida tem dez moedas no bolso porque, embora não o sabendo, ele tem 10
moedas no bolso. Essa crença verdadeira continua a ser justificada porque a
fonte informativa (o gerente), apesar de tudo, continua a ser credível – um
lapso todos temos.
Perguntemos agora: Apesar
de Smith ter uma justificação razoável para acreditar em algo verdadeiro – a
pessoa que vai obter o emprego tem 10 moedas no bolso –, será que podemos dizer
que tal crença é conhecimento? Não. Na realidade a crença resulta verdadeira
por acaso. Smith não sabia, por não saber que tinha 10 moedas no bolso, que
seria ele o escolhido. Tratou-se de uma coincidência feliz. Uma crença
verdadeira justificada não é garantia de que haja conhecimento. É verdade que é
a pessoa que tem 10 moedas que é eleita, mas Smith não sabia que tinha essa
quantidade no bolso. Pensava que era Jones. Afinal, sem o saber, acertou.
Palpite correcto. Nada mais.
d) Apresente um
exemplo que mostre que uma CVJ pode não ser suficiente para haver conhecimento.
Rute vê Hélia com a mãe
numa loja de roupa. Vê também que Hélia compra um fato de banho cor-de-rosa.
Infere que Hélia vai aparecer na praia no fim-de-semana com esse fato. Acredita
com boas razões que Hélia vai aparecer com esse fato porque gosta de fatos de
banho dessa cor. Proposição formulada por Rute:
Hélia vai aparecer no
fim-de-semana na praia com um fato de banho cor-de-rosa.
Rute tem uma crença
verdadeira. Essa crença é justificada porque basta ver que Hélia traz esse fato
vestido e que o comprou para ir à praia. Mas suponhamos agora que Hélia não
gosta de fatos daquela cor e que foi a mãe que a obrigou a comprá-lo sob pena
de não ir à praia no fim-de-semana. A crença de Rute continua a ser uma crença
verdadeira justificada – verdadeira porque era sua crença que Hélia iria à
praia e na verdade, de facto, foi; justificada porque comprou o fato para poder
ir à praia. Mas podemos dizer que Rute sabia que Hélia iria à praia com o referido
fato de banho? Não. A verdade da crença é o resultado de uma coincidência. A
razão que a leva a pensar que Hélia aparecerá na praia é diferente da razão
pela qual Hélia foi à praia. Rute poderia ter pensado que Hélia queria aparecer
com um novo fato de banho, mas na verdade foi a mãe que quis, provavelmente
farta de ver a filha a usar sempre o mesmo fato de banho.
e) Leia o texto seguinte,
identifique nas suas diversas passagens as condições que, segundo a definição
tradicional de conhecimento, são condições necessárias deste e verifique se a
crença verdadeira justificada de Tiago corresponde a um conhecimento
Fátima – Hoje à tarde,
quando for ao café, vou mostrar-te o meu novo leitor multimédia ultraportátil.
Tiago – Lá estarei para
experimentar essa tua nova aquisição.
Condição 1 – Crença –
Tiago acredita que Fátima vai levar o leitor multimédia ao café.
Tiago – Pensando bem,
vais mesmo levá-lo. Podem roubar-to?
Fátima – Claro, estou
ansiosa por mostrar aquela maravilha.
Tiago – OK, já não está
cá quem falou.
Condição 2 – Crença:
Tiago acredita justificadamente que Fátima vai levar o leitor multimédia ao
café.
Encontram-se no café.
Depois de alguma conversa, Tiago pergunta pelo leitor. Fátima diz que não o
trouxe porque ficou a carregar a bateria. Ao levantar-se para ir comprar uma
garrafa de água, a sua bolsa abre-se e o leitor desliza para cima da
mesa.
Condição 3 – A crença do
Tiago de que a Fátima iria levar o leitor é uma crença verdadeira.
Contudo, suponhamos que o
irmão de Fátima, por traquinice, colocou o leitor na bolsa da irmã. Será que
podemos dizer que Tiago, apesar de ter uma crença verdadeira justificada –
Fátima levou o leitor –, sabe que Fátima tem esse objecto na bolsa?
Não. Afinal Fátima não
tencionava levar o leitor e é sem saber que o transporta consigo que aparece no
café. A crença de Tiago é verdadeira por sorte. Ora, acertar por sorte não é
conhecimento.
Leia atentamente o texto seguinte e responda às questões.
Henry está a ver televisão numa
tarde de Junho. Assiste à final masculina de Wimbledon e, na
televisão, McEnroe vence Connors; o resultado é de dois a zero e "match
point" para McEnroe no terceiro "set". McEnroe ganha o ponto.
Henry crê justificadamente que:
1. Acabei de ver McEnroe ganhar a
final de Wimbledon deste ano, e infere sensatamente que
2. McEnroe é ó campeão de Wimbledon
deste ano.
No entanto, as câmaras que estavam
em Wimbledon deixaram na realidade de funcionar, e a televisão está a passar
uma gravação da competição do ano passado. Mas enquanto isto acontece, McEnroe
está prestes a repetir a retumbante vitória do ano passado. Portanto a crença
2 de Henry éverdadeira, ele tem decerto justificação para nela crer.
Contudo, dificilmente aceitaríamos que Henry conhece 2.»
Jonathan Dancy (1990), Epistemologia
Contemporânea, Lisboa, Edições 70, pp. 41-42.
a) Que
passagem do texto exprime uma crença verdadeira?
A passagem é esta: McEnroe
é o campeão de Wimbledon deste ano. O triunfo do tenista americano foi
um facto.
b) Por que razão é
essa crença verdadeira também uma crença justificada?
A crença verdadeira é
justificada pelo facto de Henry acabar de assistir pela televisão ao triunfo
de McEnroe. De acordo com a definição tradicional de conhecimento, Henry
sabe que a proposição McEnroe é o campeão de Wimbledon deste ano é
verdadeira.
c) Como mostra o autor
do texto que a teoria que identifica conhecimento e crença verdadeira
justificada é falsa?
Recorrendo ao seguinte
contra-exemplo:
Na televisão transmite-se
em directo a final que opõe dois tenistas americanos.McEnroe está prestes a
ganhar. Suponhamos que Henry se afasta por momentos do televisor para ir
buscar uma cerveja e que, quando volta, não se apercebe que, por avaria
técnica, o canal transmissor está a transmitir, não os momentos finais da
partida deste ano, mas os momentos finais da partida do ano passado. Nesse ano,
a final foi igualmente renhida, com os mesmos protagonistas, e terminou com a
vitória de McEnroe. Henry está a ver os momentos finais do confronto
do ano passado e não o presente. Mas como o resultado foi o mesmo e Henry não
se apercebe de que está iludido, a sua crença continua ser verdadeira e está
justificada pelo que vê – vitória deMcEnroe. Podemos dizer que sabe que
McEnroe ganhou este ano? Não. A sua crença, apesar de verdadeira – na
realidade, McEnroe voltou a ganhar – e justificada – vê-o ganhar – não é
conhecimento porque é verdadeira por mera coincidência. O presente foi igual ao
passado por acaso. Uma convergência feliz de circunstâncias não permitiu a
Henry aperceber-se de que estava a ser iludido.
C- O desafio céptico
1. Em termos gerais, o
cepticismo pode ser caracterizado como a perspectiva segundo a qual...
A. é impossível ter a
certeza seja do que for.
B. todas as nossas
crenças são falsas.
C. somos enganados pelos
sentidos.
D. o conhecimento não precisa de justificação.
3. Assinale as afirmações
VERDADEIRAS e FALSAS
a) O conhecimento distingue-se da mera opinião. Verdadeiro.
b) Não pode haver conhecimento sem crença. Verdadeiro.
c) A crença não é condição suficiente do conhecimento. Verdadeiro.
d) Não podemos conhecer uma determinada proposição se esta não for
verdadeira. Verdadeiro.
e) A crença verdadeira não é condição suficiente do conhecimento. Verdadeiro.
f) Não pode haver conhecimento sem justificação do que acreditamos ser
verdadeiro.Verdadeiro.
g) O conhecimento é um palpite correcto. Falso.
h) Os elementos constitutivos – as suas condições necessárias – do
conhecimento são a crença, a verdade e a justificação. Verdadeiro.
i) As condições sem as quais não há conhecimento são as seguintes:
1 – Crença – S acredita que P.
2 – Verdade – P é verdadeira.
3 – Justificação – S tem boas razões ou evidências a favor da crença de que
P é verdadeira.
Verdadeiro.
J) «Acredito que Mourinho é treinador do Roma. Logo, sei que Mourinho é
treinador do Roma.»
Falso.
«Sei que Mourinho é treinador do Roma. Logo, acredito que Mourinho é treinador
do Roma» é que estaria correcto porque a crença é condição necessária do
conhecimento, mas não suficiente.
k) A proposição «Mourinho é treinador do Roma» é verdadeira. Logo, Miguel
sabe que é verdade que «Mourinho é treinador do Roma».
R:
Falso. Uma proposição pode ser verdadeira e, contudo, não ser conhecida por um
sujeito.
l) «Acredito, tenho a forte convicção de que é verdade que amanhã o Sol vai
nascer. Logo, é verdade que o Sol vai nascer.»
Falso.
Não é a força da nossa convicção que torna uma crença verdadeira ou falsa. O que torna a crença
verdadeira é o facto de o Sol nascer. Não é a qualidade intrínseca da minha
crença que a torna verdadeira. Caso contrário, acreditar fortemente que os
extraterrestres existem tornaria essa crença factiva ou verdadeira.
D- O Racionalismo de Descartes
1. Os racionalistas
defendem que:
A. Os sentidos são a
única fonte de conhecimento universal e necessário
B. O conhecimento
fundamenta-se a posteriori
C. Não há conhecimento a
priori
D. A razão é a única
fonte do conhecimento universal e necessário.
2. O cogito é:
1. O primeiro princípio
do sistema do conhecimento
2. Uma verdade que se
deduz de outras verdades
3. Uma verdade
descoberta com o apoio dos sentidos
4. Uma verdade puramente
racional.
Deve afirmar-se que:
A. 2 é correto; 1,3 e 4
são incorretos
B. 2 e 3 são corretos; 1
e 4 são incorretos
C. 1, 2 e 3 são
corretos; 4 é incorreto
D. 1 e 4 são corretos;2 e 3 são
incorretos.
3. Ao analisar a
afirmação “penso, logo existo”, de René Descartes, poderemos concluir que:
A. A
existência da mente, do eu pensante, é uma verdade clara e distinta.
B. Descartes
conclui que existe a partir da observação empírica do pensamento de outras
pessoas.
C. a
própria existência do sujeito que pensa é considerada uma verdade óbvia para o
filósofo, sobre a qual não é necessário refletir ou questionar.
D. Descartes
consegue demonstrar com isso que o mundo exterior não existe, apenas o eu
pensante.
4. Acerca
do conhecimento, Descartes:
· A. Não utiliza um método
ou uma estratégia para estabelecer algo de firme e certo no conhecimento, já
que suas opiniões antigas eram incertas.
B. Considera
que não é possível encontrar algo de firme e certo nas ciências, pois até então
esse objetivo não foi atingido.
C. Ao
rejeitar o que a tradição filosófica considerou como conhecimento, busca
fundamentar nos sentidos uma base segura para as ciências.
D. Ao
investigar uma base firme e indestrutível para o conhecimento, Descartes inicia
rejeitando suas antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo
de firme e certo.
· 5. Assinale a alternativa que
contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese.
· A. A regra da análise orienta
a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta decompor o
problema em seus elementos últimos, ou mais simples.
B. A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos
últimos ou mais simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples
aos mais complexos.
C. A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até
os mais complexos; a regra da síntese orienta prosseguir dos objetos mais
complexos aos mais simples.
D. A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo
que é evidente; a regra da análise orienta descartar o que é evidente e só
orientar-se, firmemente, pela opinião.
· 6.
Segundo Descartes, o critério de verdade é:
A. A delicadeza e a exatidão;
B. a clareza e a distinção;
C. a delicadeza e a distinção;
D. a clareza e a não contradição.
7. A dúvida cartesiana é hiperbólica porque:
A. Só se aplica aos objectos da experiência;
B. Aplica-se a todas as nossas crenças em que haja a mais pequena dúvida;
C. Aplica-se a todas as ideias factícias:
D. Aplica-se só aos objectos da razão.
8. O cogito é:
A. A base da dúvida metódica;
B. Alcançado através da experiência;
C. A prova de que a verdade não existe;
D. A primeira verdade alcançada através da dúvida.
9. Identifique a afirmação verdadeira:
A. Descartes é céptico porque parte da dúvida.
B. Descartes não é céptico porque a dúvida é metódica.
C. Descartes é céptico porque não procura a verdade e a encontra por acaso.
D. Descartes é céptico porque consegue duvidar de tudo.
10. Identifique a afirmação errada:
A. O principal problema de Descartes é o de encontrar a garantia de que o nosso
conhecimento é absolutamente seguro.
B. A condição necessária para que algo seja declarado conhecimento
absolutamente seguro é resistir completamente à dúvida.
C. Descartes consegue provar que os sentidos não nos enganam.
D. O primeiro conhecimento absolutamente seguro é a existência do sujeito que
tem consciência de que os sentidos e o entendimento o podem enganar.
11. Ao recorrer à dúvida metódica, Descartes pretende:
A. Mostrar que os sentidos raras vezes nos enganam;
B. rejeitar definitivamente tudo o que não seja indubitável;
C. encontrar um fundamento seguro para o conhecimento.
D. Nenhuma das respostas anteriores é correta.
12.
Segundo Descartes, o cogito é uma verdade indubitável porque:
A. A existência do nosso corpo pode ser uma ilusão;
B. podemos provar que Deus existe;
C. somos um sujeito pensante;
D. compreendemo-lo com toda a clareza e distinção.
13. Descartes, no percurso que faz da dúvida até ao
primeiro princípio indubitável, considera que:
A. Não pode atribuir
qualquer importância aos dados empíricos na aquisição do conhecimento
verdadeiro;
B. pode atribuir alguma importância aos dados empíricos na aquisição do
conhecimento verdadeiro;
C. tem de atribuir alguma importância aos dados empíricos na aquisição do
conhecimento verdadeiro;
D. tem de atribuir uma importância fundamental aos dados empíricos na aquisição
do conhecimento verdadeiro.
14. Assinale as
afirmações VERDADEIRAS e FALSAS:
A. Para Descartes,
o cogito é uma verdade justificada racionalmente
B. A dúvida é,
segundo Descartes, o método para atingir o conhecimento claro e distinto
C. A dúvida
cartesiana é provisória e universal
D. O génio maligno
é uma criação de Deus para enganar Descartes
E. Clareza e
distinção é o critério de verdade, para Descartes
F. O penso,
logo existo cartesiano é uma intuição racional
G. Deus garante a
Descartes apenas e só o conhecimento claro e distinto do cogito
H. Para Descartes, a única forma de atingir o
conhecimento é duvidar das crenças populares e conservar somente as crenças
essenciais da cultura ocidental.
I. Descartes
decide que, para fundamentar as ciências, tem de demolir todas as suas crenças
duvidosas e começar a partir dos alicerces.
J. A
dúvida metódica prova que todas as ideias duvidosas são falsas.
K. O
exercício da dúvida metódica acaba por revelar uma crença indubitável.
L. A
simples suposição de que um «génio maligno» possa manipular os nossos
pensamentos, sem nós o sabermos, arruína a certeza do cogito.
M.
No início da sua investigação, Descartes declara que não há uma única das suas
opiniões acerca da qual não se possa levantar alguma dúvida.
N.
Descartes, esmagado pelas suas dúvidas, afirma que só Deus o pode ajudar.
O. Se
eu penso que sou algo, nenhum «génio» enganador pode fazer com que não seja
indubitável que eu existo.
P. Posso
pensar que estou em casa quando estou na escola, mas não posso pensar que não
estou a pensar quando penso que estou em casa, embora esteja na escola.
Q.
É indubitável que eu existo se, e só se, estou a pensar.
R.
Se eu existo, é indubitável que estou a pensar.
15.
Assinale as afirmações VERDADEIRAS e FALSAS. Justifique as FALSAS.
1. Para
Descartes a Razão é capacidade de distinguir o verdadeiro
do falso. |
2. Para Descartes possuir
razão não significa que todos conhecemos bem. |
3. O
método é de inspiração metafísica |
4. O
método é um conjunto de quatro regras que permitem guiar a razão para
conhecer. |
4. A Evidência diz: ”só aceitar como
verdadeiro o que se apresentar ao espírito
clara e distintamente.” |
5. Deus e o génio Maligno são sinónimos
segundo Descartes. |
6. Intuição
e a dedução são duas operações dos sentidos. |
7. Por intuição Descartes chegou ao cogito. |
8. Dedução significa
partir de proposições que conhecemos por intuição inferindo uma outra proposição |
9. A
dúvida é uma atitude involuntária para construir o saber com fundamentos sólidos |
10. Descartes valoriza o conhecimento dos sentidos |
11. O Génio Maligno reforça a atitude de dúvida |
12. A dúvida cartesiana é hiperbólica, particular e
radical. |
13. O
cogito é a primeira verdade indubitável da filosofia cartesiana. |
14. O cogito mostra que o homem é corpo e alma. |
15. O
cogito garante a existência do Mundo |
16. Descartes é um filósofo que defende o Racionalismo. |
Responda às seguintes questões:
1.
Quem é o Génio Maligno?
O génio
maligno é um ser extremamente poderoso e astuto, uma espécie de deus
enganador; é génio, porque os seus poderes são, supostamente, superiores aos
poderes humanos; mas é maligno porque a sua função é enganar-nos.
2.
Qual o seu papel na Filosofia de Descartes?
Este
génio maligno tem uma obsessão: enganar-me. É ele que me induz a acreditar que
tenho duas mãos, que tenho um corpo, que há uma realidade exterior a mim, ou
que 2 + 3 são 5. Mas tudo isto pode ser falso. Todos os meus pensamentos podem
ser mero produto da ação maligna deste génio, pois nem as verdades de razão, em
particular os conhecimentos da matemática, são imunes à dúvida.
3. Qual
o primeiro principio que resiste à dúvida?
Existe
pelo menos uma coisa de que podemos estar certos: o cogito. Segundo Descartes o
cogito ("Eu sou (penso), eu existo)" é uma crença básica: uma crença
que não se infere de coisa alguma. As crenças básicas ou fundacionais são de
tal modo evidentes que não precisam de ser justificadas por outras crenças,
justificam-se por si mesmas, são autoevidentes. Ora o cogito é uma intuição
racional, uma evidência. Se não é possível duvidar dele, então é o tipo de
conhecimento que procuramos: resistente à dúvida.
4.
Compare a dúvida céptica e a dúvida cartesiana.
Afinal,
contrariamente ao que pensavam os céticos nem todas as nossas crenças são
justificadas com outras crenças; isto porque encontrámos uma que não tem
necessidade de qualquer outra que a justifique. Contrariamente à dúvida cética,
a dúvida cartesiana não é um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida. não
é uma suspensão permanente do juízo, mas sim uma decisão de considerar
provisoriamente falsas as crenças. Como o cético, Descartes parte da dúvida,
mas, ao contrário do cético, não permanece nela.
5. Qual
o papel da dúvida na filosofia de Descartes?
Descartes
não duvida por duvidar: ele duvida porque procura um conhecimento que resista à
dúvida, um conhecimento do qual não haja razões para duvidar. Por isso se diz
que a dúvida cartesiana é metódica: é um método para encontrar o conhecimento
absolutamente seguro que Descartes procura. A dúvida cética tem por objetivo
mostrar que o conhecimento não é possível.
6. O
que nos diz o argumento céptico da regressão infinita?
Argumento
cético da regressão infinita Todas as nossas crenças são justificadas com
outras crenças. (FALSO) Se todas as nossas crenças são justificadas com outras
crenças, então há uma regressão infinita; se há uma regressão infinita, então
as nossas crenças não estão justificadas. Se as nossas crenças não estão
justificadas, então não há conhecimento. Logo, não há conhecimento.
7.Como
responde Descartes ao argumento céptico da regressão infinita?
A dúvida
cartesiana tem o objetivo oposto, mostrar que há conhecimento, isto é, verdades
indubitáveis. Descartes procura responder ao argumento cético da regressão
infinita mostrando que a sua primeira premissa é falsa; isto é, mostrando que não
é verdade que todas as nossas crenças são justificadas com outras crenças. O
cogito é uma crença básica, que não precisa de ser justificada com base
noutras crenças; surge ao espirito de modo claro e distinto, constitui-se como
primeira evidência, fornecendo os alicerces seguros que Descartes procurava
para edificar o conhecimento.
Por
conseguinte Descartes afirma que os céticos não conseguem demonstrar que não há
conhecimento. Porquê? Porque há pelo menos uma verdade, «penso, logo, existo»,
que resiste a todas as dúvidas, mesmo as mais radicais. Essa verdade é
justificada pela própria dúvida. Quando duvidamos, estamos a pensar e, se
pensamos, somos necessariamente alguma coisa. Este é um conhecimento que nenhum
cético consegue abalar.
8. Em
que medida se poderá afirmar que o cogito derrota o cepticismo radical?
O cogito
representa o triunfo sobre o ceticismo na medida em que é uma crença básica,
que não precisa de ser justificada com base noutras crenças; constitui-se como
primeira evidência, fornecendo os alicerces seguros que Descartes procurava
para edificar o conhecimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário