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Cabaça & Arte |
Objectivismo e Subjectivismo
Nem o
objectivismo nem o subjectivismo conseguem explicar satisfatoriamente a
maneira de ser dos valores. Estes não se reduzem às vivências do sujeito que
avalia, nem existem em si como um mundo de objectos independentes cujo valor
se determina exclusivamente pelas suas propriedades naturais objectivas. Os
valores existem, para um sujeito, não no sentido de um mero indivíduo, mas de
ser social; exigem também um suporte material, sensível (seja um objecto, uma
acção, um costume ou uma instituição) sem o qual não têm sentido.
É o Homem
- como ser histórico e social e com a sua actividade prática - que cria os
valores e os bens nos quais eles se encarnam, independentemente dos quais só
existem como projectos ou objectos ideais. Os valores são, pois, criações
humanas, e só existem e se realizam no Homem e pelo Homem.
As coisas
não criadas pelo Homem (os seres da natureza) só adquirem um valor, entrando
numa relação especial com ele, integrando-se no seu mundo como coisas humanas
ou humanizadas. Ás suas propriedades naturais, objectivas, só se tornam
valiosas quando servem para fins ou necessidades dos homens e quando
adquirem, portanto, o modo de ser peculiar de um objecto natural humano.
Os
valores, então, possuem uma objectividade especial que se distingue da
objectividade meramente natural ou física dos objectos que existem ou podem
existir independentemente do Homem, com anterioridade à - ou à margem da -
sociedade. É uma objectividade especial - humana, social -, que não se pode
reduzir ao acto psíquico de um sujeito individual nem tão pouco às
propriedades naturais de um objecto real. Trata-se de uma objectividade que
transcende o limite de um indivíduo ou de um grupo social determinado, mas
que não ultrapassa o âmbito do Homem como ser histórico - social. Existem,
assim, objectivamente, isto é, com uma objectividade histórico - social. Os
valores, por conseguinte, existem unicamente num mundo social, isto é, pelo
Homem e para o Homem.
Adotfo Sanches Vázques, Ética,
Ed.
Civilização Brasileira
1. Explique porque motivo, segundo o autor, nem o objectivismo
nem o subjectivismo conseguem explicar de um modo satisfatório o ser dos
valores.
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