Preparação
3ª Ficha de
Avaliação - 11º Ano
(2023
- 2024)
Temas:
A Filosofia da ciência
O Falsificacionismo de
Karl Popper
O Desenvolvimento
da Ciência para Thomas Khun
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção
- Escolha múltipla. (30 pontos).
Grupo II - Itens de
resposta curta - definição de conceitos (60 pontos).
Grupo III - Itens de
resposta restrita. (60 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa - Análise de um texto
filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos de questões serão avaliados os domínios D1, D2 e D5.
Tempo : 50 minutos
(À medida que os
"conteúdos" vão sendo abordados, as questões a VERMELHO vai sendo passadas para PRETO).
Aprendizagens essenciais a avaliar:
1. O que é a Filosofia
da Ciência?
2. Que problemas aborda?
3. O que é a ciência?
4. Quais as características do conhecimento cientifico?
5. O que é o senso comum?
6. Características do senso comum.
7. Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
8. A perspectiva continuista de Karl Popper
9. A perspectiva descontinuista de Gaston Bachelard
10. Comente: "O senso comum é comum sem ser geral".
11. Porque é que o senso comum, mesmo dando informações não rigorosas
acerca do real, continua a ser válido?.
12. Comente. "O senso comum não é um conhecimento mas um
reconhecimento".
13. Que garantias nos dá o conhecimento cientifico?
14. Formular o problema do método
científico.
15. Explicar a perspectiva hipotético
dedutiva do método cientifico.
16. Explicar a perspetiva indutivista
do método científico.
17. Explicar as objeções ao
indutivismo
18. Quem foi KARL POPPER?
19. O que pensa Karl Popper do problema da
indução?
20. Qual a diferença entre perspectiva
verificacionista e perspectiva
falsificacionista?
21. Porque é que, segundo Popper, a ciência não é
indutiva?
22. Qual o método defendido por Karl Popper?
23. Em que consiste o método de Popper?
24.Qual o objectivo dos testes empiricos?
25. Corroboração e verdade são sinónimos?
26. Qual o raciocínio subjacente à falsificação?
27. O que é uma teoria cientifica?
28. Porque razão a Falsificabilidade é uma condição necessária para uma teoria ser considerada cientifica?
29. Qual a distinção entre uma teoria falsificada e uma teoria falsificável?
30. Existem ou não graus de falsificabilidade? Exemplifique.
31. O que distingue uma ciência de uma pseudo ciência?
32.Porque é que, segundo o falsificacionismo, a
psicanálise, a astrologia e outras pseudociências não têm caráter
científico?
33. Qual o objectivo do método de Popper?
34. Em que consiste o problema da demarcação?
35. Como responde o verificacionismo ao problema da
demarcação?
36. Como responde o falsificacionismo ao problema da demarcação?
37.
Que tipos de proposições são verificáveis? Aquelas que forem constituídas por proposições empiricamente verificáveis.
38.
Que tipos de proposições são falsificáveis?
39.
Qual o papel dos cientistas?
40.
Como é que, segundo Karl Popper, evolui a ciência?
41.
Podemos, segundo Popper, falar em progresso na ciência?
42. Será,
segundo Popper, a ciência objetiva?
43.
Quais as objecções ao falsificacionismo de Popper?
37. Quem foi THOMAS KUHN?
38. Qual é o padrão habitual de desenvolvimento de uma ciência, para Thomas Kuhn?
O essencial da concepção kuhniana de ciência consiste na tese de que o desenvolvimento típico de uma disciplina científica se dá ao longo da seguinte estrutura aberta:
Pré-ciência → Paradigma 1 → Ciência normal → Crise do paradigma/Ciência extraordinária → Revolução científica → Paradigma 2→ …
39. O que é a pré ciencia?
39. O que é, segundo Thomas Kuhn, um paradigma?
41.Em que consiste a prática da ciência normal?
42.
Qual a importância do paradigma para a prática da ciência normal?
43.
O que caracteriza o estado de crise?
44.
O que se entende por ciência extraordinária?
45. Qual é a diferença, segundo Kuhn, entre ciência normal
e ciência extraordinária?
46. Como terminam as crises?
40. O que é uma revolução científica?
47.
Quais são as consequências de uma revolução científica?
48.
O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis entre si? 11ºD, 11º A
49. Segundo Kuhn, há ou não evolução na ciência?
Porquê?
50. Podemos falar em objetividade em ciência,
para Kuhn?
51. O
que separa Popper de Kuhn?
52. Existem
objeções a Kuhn? 11º B
VAMOS, ENTÃO, TESTAR OS CONHECIMENTOS!
A. Filosofia
da Ciência
1. O conhecimento
científico caracteriza-se, entre outros aspetos, por ser
A. metódico
e subjetivo.
B. qualitativo e
assistemático.
C. metódico e
explicativo.
D. verdadeiro
e definitivo.
2. O senso comum caracteriza-se, entre outros aspetos, por ser
A. prático e teórico.
B. prático e superficial
C. superficial e teórico
D. teórico e prático
Leia o texto e responda às questões:
A filosofia da ciência é
uma das mais velhas subdivisões da filosofia, remontando pelo menos a
Aristóteles. Está hoje em rápido crescimento, uma vez que os grandes avanços
científicos do último século têm levado os filósofos a pensar mais
cuidadosamente sobre a ciência. Estes filósofos poderão vir a influenciar o
futuro da ciência.
A filosofia da ciência
implica reflexão filosófica sobre a ciência. Os filósofos da ciência não colocam
questões científicas — essa é a tarefa dos cientistas. Em vez disso, os
filósofos da ciência enfrentam questões sobre a ciência. Por exemplo: o que é a ciência? O que distingue a ciência
da não ciência? Qual o papel da observação na ciência? Como progride a ciência? Outras
questões focam-se nos conceitos que a ciência aplica. Por exemplo, o que é uma lei da natureza? Outra
preocupação filosófica é a de se saber até que ponto temos justificação para
acreditar que as entidades inobservadas são reais. Devemos supor que os
electrões existem realmente, ou são apenas “ficções” úteis?
Algumas das questões mais
centrais e importantes colocadas por filósofos da ciência dizem respeito ao
problema da confirmação. Os cientistas constroem teorias que pensar ser confirmadas pelo que
observam. Essa confirmação, no entanto, faz-se por graus. Uma teoria pode ser ligeiramente confirmada por alguma
evidência ou pode ser confirmada mais fortemente. Supomos que
quanto mais fortemente uma teoria científica for confirmada pela evidência
disponível, mais racional se torna nela acreditar. Uma pergunta relativa à
confirmação em que podemos pensar é a seguinte: o que faz uma teoria ser mais fortemente confirmada do que outra? Outra
pergunta, mais fundamental, é a de saber se as nossas
teorias científicas podem ser alguma vez confirmadas.
Stephen Law
1. Qual o tema do texto?
2. Qual a tese do texto?
3. Apresente três questões que sejam abordadas
pela filosofia da Ciência.
4. O que distingue a ciência da não
ciência?
5. Qual a resposta de Karl Popper a esta questão?
6. O que é a ciência? Como responde Thomas Khun a
esta questão?
Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
A.
KARL POPPER
"Ainda que deva ser
criticado, o senso comum tem de ser sempre o nosso ponto de partida.
A teoria do senso comum
é muito simples. Se qualquer um de nós desejar conhecer algo que desconhece
sobre o mundo, não terá mais que abrir os olhos e olhar em volta. Temos de
dirigir as orelhas e ouvir os ruídos. Os diversos sentidos são pois as nossas
fontes de conhecimento - as fontes ou os acessos à nossa mente. Referi-me
muitas vezes a esta teoria, designando-a a teoria da mente, como um balde.
A nossa mente é, em
princípio, um balde, mais ou menos vazio, que se enche através dos sentidos.
No mundo filosófico esta
teoria é designada por teoria da mente como tábua rasa! A nossa mente é um
recipiente vazio em que os sentidos gravam as mensagens. A tese importante da
teoria do balde é que aprendemos a maioria das coisas, senão todas, mediante a
entrada da experiência através das aberturas dos nossos sentidos, de modo que
toda a experiência consta de informação recebida através dos sentidos.
A teoria do senso comum
está errada em vários pontos. É essencialmente uma teoria sobre a génese do
conhecimento: a teoria do balde debruça-se sobre a nossa aquisição de
conhecimentos - em grande medida passiva -, pelo que também constitui uma
teoria do que denominei o aumento de conhecimento, ainda que como teoria do
aumento de conhecimento seja manifestamente falsa. A teoria da tábua rasa é
absurda: em cada estádio da evolução da vida temos de supor a existência de
algum conhecimento sob a forma de disposições e expectativas.
Posto isto, o aumento de
conhecimento consiste na modificação do conhecimento prévio, quer alterando-o,
quer destruindo-o.
O conhecimento não parte
nunca do zero, pressupõe sempre um conhecimento básico - conhecimento que se dá
por suposto num momento determinado - juntamente com algumas dificuldades e
alguns problemas. Regra geral surgem do choque entre as expectativas inerentes
ao nosso conhecimento básico e algumas descobertas novas, como observações ou
hipóteses sugeridas por eles.
A ciência, a filosofia e
o pensamento racional surgem todos do senso comum. O senso comum, contudo, não
é um ponto de partida seguro: o termo senso comum que aqui emprego é muito vago
porque denota algo vago e mutante - os instintos e opiniões das gentes, muitas
vezes adequados e verdadeiros, mas muitas outras inadequados ou falsos. Toda a
ciência é, tal como a filosofia, senso comum ilustrado.
A minha primeira tese é
que partimos do senso comum, sendo a critica o nosso grande instrumento
de progresso."
Karl. Popper,
Conhecimento Objectivo
• Karl
Popper admite que o senso comum é um ponto de partida, ainda que inseguro, para
a ciência e para a filosofia. Sendo a crítica o grande instrumento para
progredir do senso comum para um conhecimento mais profundo do real.
– Prolongamento – Tese contínuista:
• Defende a continuidade entre o senso
comum e a ciência;
• Apesar das diferenças entre eles, têm um
grau de parentesco;
• A ciência é o prolongamento do senso
comum;
• É um acrescimento e um aperfeiçoamento;
• As suas diferenças são apenas de grau (a
ciência é mais desenvolvida);
• Defende que o senso comum é o ponto de
partida para todo o conhecimento do real;
• O senso comum tem, no entanto, um
caráter inseguro;
• O grande instrumento para progredir
(avançar do senso comum para o conhecimento científico) é a crítica.
• Toda a ciência e filosofia são senso
comum esclarecido (nelas tudo é sujeito a crítica).
B.
GASTON BACHELARD
“Quando nós lemos num
livro de química contemporânea que "a estrutura cristalina do gelo é
análoga à da wurtzita", que é um sulfureto de zinco, nós sabemos que
estamos, evidentemente, numa outra perspectiva de pensamentos em relação ao
senso comum. Nós abandonamos a linha das experiências primitivas, dos
interesses cósmicos primitivos, dos interesses estéticos. A nossa consciência
quando é dirigida sobre um objeto natural dá-nos uma objetividade ocasional. E
ao mesmo tempo uma intencionalidade sem grande profundidade, subjetiva e sem
alcance verdadeiramente objetivo. Uma tal intencionalidade vai no máximo
dar-nos uma revelação da consciência ociosa, da consciência livre precisamente
porque ela não encontrou um verdadeiro interesse de conhecimento objetivo, um
verdadeiro envolvimento com a realidade.
Precisamente no simples
exemplo que nós acabamos de evocar, e que comparávamos o gelo e o sulfureto de
zinco, vê-se aparecer a ruptura da intencionalidade do conhecimento científico
e da intencionalidade da consciência comum.
A especialização é um
penhor de intencionalidade estritamente penetrante. Ela remete, do lado do
sujeito, a camadas profundas, onde o racional é mais profundo que o simples
consciencial. Numa experiência que envolve a cultura científica, como o quer a
aproximação gelo-wurtzita, há, pelo menos, consciência desdobrada da observação
e da experimentação.
Mas a vantagem
filosófica do trabalho científico para uma meditação deste aprofundamento
racionalista da consciência, é que este trabalho é produtivo, é que ele é
materialmente inovador: ele determina a criação de matérias novas.
A química moderna
não pode nem deve deixar nada no seu estado natural. Nós dissemos que ela
deve tudo purificar, tudo retificar, tudo recompor.”
Gaston Bachelard, Le Matérialisme rationnel,
• Gaston
Bachelard, pelo contrário, considera o senso comum um obstáculo epistemológico,
algo que impede a produção de conhecimento científico e com o qual é necessário
fazer um corte epistemológico.
– Ruptura – Tese
descontínuista:
• É necessária uma
ruptura epistemológica, ou seja, um corte entre o senso comum e a ciência;
• As opiniões a que os
cientistas aderem são o principal obstáculo (=senso comum) que impede a chegada
a um conhecimento objetivo;
• O conhecimento
científico constrói-se em luta contra os obstáculos;
• A opinião traduz
necessidades em conhecimentos, ou seja, impede que se veja aquilo que realmente
é.
B.
KARL POPPER e o FALSIFICACIONISMO
A.
Escolha a opção correcta:
1. Popper defende que,
quanto mais falsificável for uma dada afirmação, mais interessante ela é para a
ciência.
Qual das afirmações
seguintes é, de acordo com Popper, mais interessante?
A. Não existem
corvos brancos.
B. Todos os
corvos são negros.
C. Alguns corvos
são negros.
D. Existem corvos
brancos.
2. De acordo com a
perspetiva falsificacionista sobre a ciência,
A. todas as
teorias científicas são falsificáveis.
B. todas as
teorias falsificáveis são científicas.
C. todas as
teorias científicas são falsificadas.
D. todas as
teorias falsificáveis são falsificadas.
3. Em filosofia da
ciência, o problema da demarcação diz respeito
A. à
relação entre o método dedutivo e o método indutivo.
B. à
relação entre a ciência normal e a ciência extraordinária.
C. à
distinção entre as ciências humanas e as ciências naturais.
D. à
distinção entre o que é ciência e o que não é ciência.
4.. Segundo Popper, o
método científico começa por
A. problemas.
B. observações.
C. experiências.
D. generalizações.
5. De acordo com
Popper, para testar uma teoria científica é preciso
A. falsificá-la.
B. procurar
falsificá-la.
C. procurar
confirmá-la.
D. confirmá-la.
6. De acordo com
Popper, qual das afirmações seguintes é empiricamente falsificável?
A. Há seres
inteligentes extraterrestres.
B. Alguns
planetas são habitados.
C. Nenhum
planeta extrassolar é habitado.
D. Pode
haver extraterrestres inteligentes.
7. Popper afirma que a
ciência começou com a invenção do método crítico e considera que os cientistas
agem de modo conscientemente crítico sobretudo quando
A. inventam
teorias.
B. formulam
conjeturas.
C. procuram
eliminar erros.
D. tentam
confirmar hipóteses.
8.Segundo Popper, o
método científico começa por
(A) problemas.
(B) observações.
(C) experiências.
(D) generalizações.
9. Segundo Popper, uma
teoria é falsificável se…
(A) tiver sido
falsificada.
(B)
ainda não tiver sido empiricamente testada.
(C) não for científica.
(D) for possível
conceber um teste empírico que a refute.
10. Considere os
seguintes enunciados relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das
teorias científicas.
1. As teorias
científicas são refutáveis e conjeturais. V
2. A função da
experiência consiste em verificar ou em confirmar as teorias científicas.F
3. As teorias
científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações simples.F
4. O critério de
cientificidade de uma teoria é a sua falsificabilidade. V
Deve afirmar-se que
(A) 1, 2 e 3 são
corretos; 4 é incorreto.
(B) 1
e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos.
(C) 2 e 3 são corretos;
1 e 4 são incorretos.
(D) 3 é correto; 1, 2 e
4 são incorretos.
11. Assinale as afirmações V e F. Justifique as
FALSAS.
a) Uma teoria é testável só se for falsificada.
b) Qualquer teoria falsificada é falsificável
c) Algumas teorias cientificas não são falsificáveis
d) Todas as teorias falsificáveis são cientificas.
B.
Responda às seguintes questões:
1. Explique o que, de acordo com Popper, é requerido para que uma teoria
seja aceite pelos cientistas.
Na sua resposta, deve:
• explicitar a conceção indutivista de ciência e a crítica de Karl Popper
a essa conceção;
• apresentar uma
posição crítica fundamentada.
2. Leia o texto.
As repetidas observações e experiências
funcionam como testes das nossas conjeturas ou hipóteses, isto é, como
tentativas de refutação.
K. Popper, Conjeturas e Refutações,
Coimbra, Almedina, 2003, p. 82
2.1 – Apresente uma
crítica à tese de Popper enunciada no texto. Na sua resposta, comece por
explicar essa tese.
Tópicos de resposta:
1. –
Explicitação da conceção indutivista:
•
as hipóteses científicas resultam de generalizações baseadas na experiência;
•
as hipóteses científicas não podem ser objeto de uma verificação conclusiva,
mas podem ser confirmadas.
–
Explicitação da crítica de Karl Popper:
•
o ponto de partida da investigação científica são os problemas e não a
observação de factos;
•
a observação de casos particulares não permite nunca confirmar uma hipótese ou
uma teoria;
•
o único objetivo dos testes empíricos é falsificar as hipóteses ou teorias, e
não verificá-las;
• uma hipótese científica
é aceite/corroborada enquanto não for infirmada. – Avaliação crítica da posição
de Karl Popper e do carácter conjetural das teorias científicas.
2.1 –
Explicação da tese defendida:
–
os testes que as hipóteses científicas têm de enfrentar não servem para
confirmar a sua verdade;
– os testes e as
experiências têm a finalidade de provar que as hipóteses científicas são
falsas.
Apresentação
de uma crítica à tese defendida:
–
a caracterização que Popper faz da atividade científica não corresponde à
prática dos cientistas no seu trabalho diário (a prática dos cientistas mostra
que os testes e as experiências são tentativas de confirmação das
hipóteses/teorias, e não de falsificação); – a perspetiva de Popper acerca da
ciência não é descritiva (não caracteriza a prática científica tal como ela
ocorre), mas é meramente normativa (diz como a prática científica deveria ser);
OU
–
frequentemente, os cientistas interpretam o insucesso dos testes como
insucessos experimentais, e não como falhas das hipóteses/teorias;
–
mesmo após testes mal sucedidos, os cientistas não abandonam as
hipóteses/teorias (e até prosseguem as tentativas experimentais de confirmação
das hipóteses/teorias);
OU
– a nossa confiança na
ciência depende de as previsões decorrentes das hipóteses/teorias serem
frequentemente verificadas e não de não terem sido falsificadas; – previsões
verificadas são o que se espera da ciência.
C.
Questões de Desenvolvimento:
1. Leia o texto
seguinte.
A ciência começa com a observação, afirma Bacon […].
Proponho-me substituir esta fórmula baconiana por outra. A ciência […]
começa por problemas, problemas práticos ou problemas teóricos.
K. Popper, O Mito do
Contexto, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 161
1-1. Concorda com a
perspetiva de Popper expressa no texto? Justifique a sua resposta.
Na sua resposta, deve:
− identificar o problema
discutido;
− apresentar
inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da
sua posição.
2. Leia o texto
seguinte
O destino de uma teoria, a sua aceitação ou rejeição, é decidido pela
observação e pela experiência – pelo resultado dos testes. Enquanto uma
teoria resistir aos mais rigorosos testes que conseguirmos conceber, será
aceite; quando não resistir, será rejeitada. Mas não é nunca inferida, em
nenhum sentido, das provas empíricas. […] Só a falsidade da teoria pode ser
inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente dedutiva.
K. Popper, Conjeturas
e Refutações, Coimbra, Almedina, 2003, p. 83
«Só a falsidade da teoria pode ser inferida das provas empíricas, e essa
inferência é puramente dedutiva.»
2.1 Explique esta afirmação de Popper.
D. Responda às seguintes questões:
2. Como se posiciona Karl Popper face ao problema da indução?
O problema da indução, tal
como foi formulado por Hume, existe e não é solucionável: serão sempre
injustificáveis as nossas tentativas de ir de enunciados singulares ou
particulares para enunciados gerais. Porém, Popper considera que existem
alternativas à indução. Segundo este filósofo, os cientistas devem submeter as
suas teorias a testes que visem falsificá-las (refutá-las), e não verificá-las
(confirmá-las). A lógica subjacente à falsificação de um enunciado universal é
dedutiva e não indutiva. Vejamos porquê. Pensemos no enunciado geral «todos os
peixes têm escamas». É possível verificá-lo? Não, pois isso implicaria observar
todos os peixes, sem exceção. Contudo, sabemos que se todos os peixes têm
escamas, então não existem peixes sem escamas. Imaginemos que somos
confrontados com um peixe sem escamas. Daqui deriva, necessariamente, que é
falso que todos os peixes tenham escamas. Este exemplo mostra que é possível,
recorrendo a inferências puramente dedutivas, concluir acerca da falsidade de
enunciados universais: S implica P; não acontece P; logo, não acontece S.
3. Em que consiste o método de Popper?
Em alternativa ao
verificacionismo e ao indutivismo, Popper propõe um método falsificacionista e
hipotético-dedutivo, o método das conjeturas e refutações. Em primeiro lugar,
para Popper, já vimos, a investigação científica não começa pela observação,
mas pelo problema, que surge quando uma dada observação põe em causa a teoria
estabelecida e as expectativas do cientista. Face ao problema, a imaginação do
cientista cria uma hipótese ou conjetura para explicá-lo. Segue-se a refutação.
A hipótese é sujeita a testes empíricos rigorosos, que têm por objetivo falsificá-la
ou refutá-la, isto é, mostrar que é falsa, e não verificar a sua verdade. Se a
hipótese for refutada, a teoria é substituída por outra, mais forte e mais
resistente. Se a hipótese resistir aos testes, dizemos que se trata de uma
explicação provisoriamente corroborada.
4. Corroboração e verdade são sinónimos?
Não, para Popper as
hipóteses nunca perdem o seu carácter conjetural. Verdade e corroboração não
são a mesma coisa. A corroboração é um indicador temporal. Uma teoria
corroborada é uma teoria que resistiu aos testes a que foi sujeita num
determinado momento, mas isto não faz dela uma verdade, apenas indica que, até
ao momento, é a melhor teoria. Nada garante, porém, que ela não venha a ser
refutada, ou parcialmente refutada num próximo momento de falsificação.
5. Que diferença existe entre uma teoria falsificada e uma teoria
falsificável?
Uma teoria falsificável ou
refutável é uma teoria que tem a propriedade (uma importante propriedade, na
perspetiva de Popper) de poder ser sujeita a testes empíricos que a possam
refutar. Uma teoria falsificada ou refutada é uma teoria que já se provou ser
falsa, isto é, que foi sujeita a testes e não resistiu.
Porque tem o erro, para Popper, um lugar central?
Popper defende que há
progresso em ciência e que o erro é o motor desse progresso. Sempre que
sujeitamos uma teoria a testes e descobrimos que ela inclui erros ou está
efetivamente errada eliminamos os erros e, assim, aproximamo-nos da verdade.
Podemos estar seguros de alguma vez termos alcançado a verdade? Não, mas, de
eliminação de erro em eliminação de erro, caminhamos na sua direção.
6. Existe progresso em ciência, para Popper?
Sim. A ciência progride
por conjeturas e refutações, eliminando erros. O erro é o motor de progresso em
ciência. De cada vez que se eliminam erros, aproximamo-nos da verdade, embora
não tenhamos forma de saber se alguma vez a alcançaremos. Popper estabelece,
neste ponto, uma analogia com o evolucionismo e a ideia de seleção natural.
7. Será a ciência objetiva, para Popper?
Sim, na medida em que se
afasta progressivamente do erro e dado que possuímos um método que nos permite
comparar teorias e afirmar que a teoria X está mais próxima da verdade do que a
teoria Y. A objetividade advém do método utilizado e não, por exemplo, da forma
como são elaboradas as hipóteses.
8. Existem objeções ao falsificacionismo de Popper?
Sim, na medida em que, por
exemplo, se valorizam apenas os resultados negativos da prática científica.
Popper não considera uma dada descoberta, mas sim as fragilidades e fracassos
do trabalho dos cientistas. Por outro lado, na prática, os cientistas não
procedem como Popper diz......
O que se entende por critério de demarcação e qual é o critério proposto
por Popper?
O
critério de demarcação pretende distinguir as ciências das “pseudociências”. Se
todo o nosso conhecimento, tanto o científico como os dogmas religiosos e os
palpites astrológicos, são apenas conjeturas, isto é, hipóteses de explicação e
compreensão do mundo, então qual a diferença entre o conhecimento científico e
os dogmas religiosos ou as “pseudociências”? É que contrariamente a estes
conhecimentos, as teorias científicas estão abertas à refutação e à
falsificação pela experiência podendo, por isso, ser modificadas e corrigidas;
os dogmas, pelo contrário, são tomados como verdades eternas que não são
discutíveis e as teorias astrológicas são tão vagas e imprecisas que seja qual
for a previsão que façam nunca se veem obrigadas a modificar as teorias mesmo
que as previsões se revelem falsas pois encontram sempre forma de as
interpretar à luz das teorias, não podendo, por isso, ser
falsificadas pela experiência.
Que método é aquele que explica melhor a lógica das teorias
científicas?
O
método que se adequa à lógica científica é o de conjeturas e refutações. Cada
teria representa uma tentativa de resolução de um ou vários problemas Conjetura
é uma suposição validada por experiências, não é uma certeza ou verdade. As
teorias científicas são hipóteses explicativas que foram provisoriamente
corroboradas pela experiência, isto é, que ainda não foram falsificadas ou
refutadas. Assim a ciência funciona com um conjunto de conjeturas, que podem
ser futuramente refutadas. Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma
aproximação à verdade na medida em que vai eliminando os erros das teorias,
substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos
observados. A inferência que os cientistas fazem é dedutiva a partir de um caso
de uma previsão falhada. Tipo: Modus Tollens, uma dedução condicional.
Se todos os corpos dilatam com o calor, e o
tungstato de zircônio é um corpo, então dilata com o calor
O tungstato de zircônio não dilatou com o
calor
Então nem todos os corpos dilata com o
calor.
Método das Conjeturas e Refutaçõe ou método crítico.
Quais
as etapas desse método?
– Problema:
– O ponto de partida para a ciência, ao
contrário do que pensavam os indutivistas não pode ser a observação pura e
imparcial dos factos, mas sim um problema levantado por uma observação que
entra em confronto com as teorias e expetativas de que já dispomos.
– Conjetura:
– Depois da formulação do problema compete ao
cientista encontrar uma hipótese que seja uma possível resposta a esse
problema.
– Essa hipótese pode ser uma suposição arrojada,
imaginativa, mas
devidamente fundamentada, concebida para tentar
explicar os factos.
– Popper chama conjeturas a este tipo de
hipóteses.
– Refutação:
– Esta etapa corresponde à fase em que o
cientista testa a hipótese.
– Testar a hipótese consiste em confrontá-la
coma experiência.
– Basta encontrar na experiência um elemento que
contrarie a hipótese para
que esta seja afastada (refutada pela
experiência).
– Este teste refutador deve ser conclusivo.
O que acontece se a hipótese for
refutada?
- Ela terá de ser substituída por outra melhor, mais forte e mais resistente que
responda ao mesmo problema mas que não enfrente as mesmas dificuldades que a anterior.
- Esta nova hipótese terá de ser submetida a testes
severos e, assim sucessivamente, num processo de más teorias por novas e melhores teorias resistentes a testes de
falsificação.
O que
acontece se a hipótese não for refutada?
Segundo Popper terá de se continuar a tentar refutá-la com testes cada vez mais
severos. Se a hipótese resistir aos testes, dizemos que se trata de uma
explicação provisoriamente corroborada.
Apresente
algumas especificidades desse método?
– A especificidade metodológica da ciência não
pode assentar na indução.
– A construção do conhecimento científico faz-se através de conjeturas e refutações
– Rejeita o critério da verificabilidade e da
confirmação das hipóteses e teorias científicas tal como proposto pelo
positivismo lógico.
– O critério que garante a cientificidade das teorias é o da
sua falsificabilidade.
A ciência não é indutiva para Popper. Porquê?
Popper
defende que a indução não é o método que permite a constituição das leis
científicas:
Primeiro
porque nenhuma observação se faz sem antes ter um problema teórico e, segundo;
porque as leis são universais e necessárias, enquanto a conclusão de um
raciocínio indutivo é sempre provável.
Embora seja um
procedimento comum a algumas ciências como a Biologia, o método indutivo não
permite a construção de leis universais e necessárias, só permite leis
probabilísticas. Se há leis universais e necessárias em ciência, então, das
duas uma, ou não são científicas, pois não são resultados de generalizações a
partir de observações particulares, ou são científicas mas não são indutivas,
são antes resultado de um método diferente: Hipotético/Dedutivo.
Qual é a diferença entre a ciência e outras formas de crença?
A
ciência, ao contrário da superstição, pelo menos é falsificável, mesmo que não
possa ser provada.
- As
teorias científicas estão formuladas em termos precisos, e por isso conduzem a
previsões definidas.
- Teorias
como a astrologia, a psicanálise e marxismo auto denominam-se cientificas
mas não o são pois não são falsificáveis – elas apresentam-se como irrefutáveis
e não passam de pseudociências.
-
Uma pseudociência é aquela que, sendo vaga, se mostra irrefutável.
Qual o objectivo
do criterio de Demarcação?
O critério de demarcação pretende distinguir as ciências das “pseudociências”. Se todo o nosso conhecimento, tanto o científico como os dogmas religiosos e os palpites astrológicos, são apenas conjeturas, isto é, hipóteses de explicação e compreensão do mundo, então qual a diferença entre o conhecimento científico e os dogmas religiosos ou as “pseudociências”? É que, contrariamente a estes conhecimentos, as teorias científicas estão abertas à refutação e à falsificação pela experiência podendo, por isso, ser modificadas e corrigidas; os dogmas, pelo contrário, são tomados como verdades eternas que não são discutíveis e as teorias astrológicas são tão vagas e imprecisas que seja qual for a previsão que façam nunca se veem obrigadas a modificar as teorias mesmo que as previsões se revelem falsas pois encontram sempre forma de as interpretar à luz das teorias, não podendo, por isso, ser falsificadas pela experiência.
Que Criticas se podem apresentar à teoria de Karl Popper?
- A perspectiva de Popper não corresponde ao que
realmente se passa na prática pois os cientistas que todos os dias fazem as
suas investigações, não procuram refutar teorias mas tentam encontrar-lhes
novas aplicações.
- Há muitos exemplos de teorias cujas previsões não
se confirmaram e nem por isso foram abandonadas - os cientistas procederam a
alguns ajustes na teoria conservando esta em vez de a considerarem falsificada.
- Mesmo que fosse desejável que os cientistas se
comportassem como diz Popper, a história da ciência mostra-nos
que isso raramente acontece.
- A teoria de Popper limita-se a dizer como é que os
cientistas deveriam proceder - não é uma descritiva, mas sim normativa.
- Popper só dá conta do conhecimento cientifico em
sentido negativo e não daquilo que devemos valorizar na ciência e
que são os seus resultados positivos.
- O conhecimento da ciência tem um carácter
positivo e, por isso mesmo, temos razões praticas para acreditar
na ciência. Tomemos como exemplo a penicilina que funciona porque tem
certos resultados e não porque foi falsificada.
-Segundo Popper não podemos
proferir juízos sobre o futuro que sejam racionalmente justificados o
que nos remete para o problema da indução de que nos falava David Hume.
- Mas nós sabemos que se nos atirarmos do cimo da
Torre dos Clérigos as consequências serão graves e não flutuaremos do
ar.
Popper concorda com Hume de que é errado basear-me na
ideia de que o futuro será igual ao passado.
Tarefa:
Consideremos as quatro afirmações seguintes de acordo com o critério de falsificabilidade:
- Identifique a/ as falsificáveis;
- Ordene por graus de falsificabilidade.
A) A aura de uma pessoa não é afectada
pela gravidade.
B) O corpo de Scarlett Johansson é
afectado pela gravidade.
C) Todos os corpos terrestres são afectados pela gravidade.
D) Todos os corpos do Universo são afectados pela gravidade.
A afirmação A) não é
falsificável, pois não se consegue conceber nenhum teste para avaliá-la nem as
condições em que poderia ser falsa. Não se consegue imaginar o que seria
encontrar um contra-exemplo que a refutasse.
As outras afirmações são
falsificáveis, pois podem ser alvo de testes empíricos e podemos indicar em que
condições poderiam ser falsas. Por exemplo: se se descobrisse noutro planeta
uma rocha que não fosse afectável pela gravidade a afirmação D) seria falsa.
Embora sejam todas
falsificáveis, essas três afirmações têm graus diferentes de falsificabilidade.
A B) é menos falsificável que a C) e esta é menos falsificável que a D). Esta é
de todas a mais falsificável, pois é aquela que se refere a mais objectos e
que, portanto, corre mais riscos de falhar. Por isso mesmo, é de todas a mais
informativa, a que tem mais conteúdo empírico.
Se analisarmos as quatro
afirmações de acordo com o critério de verificabilidade, os resultados
obtidos não serão idênticos.
A afirmação A) não é
verificável, pois não pode ser sujeita a testes empíricos. A afirmação B) é
verificável, pois é possível estabelecer através de testes empíricos a sua
verdade ou falsidade – no caso, a sua verdade.
Todavia, as afirmações C)
e D) não são realmente verificáveis, pois exprimem proposições universais e não
é possível fazer testes empíricos capazes de verificar o que se passa com cada
um dos corpos terrestres ou do Universo. Esses testes podem apenas ser feitos
em relação a alguns casos. Todavia, a generalização dos resultados obtidos não
permite verificar (provar, determinar de um modo conclusivo) a verdade dessas
afirmações.
(Como é sabido, uma
generalização não consegue garantir a verdade da sua conclusão, mas apenas
mostrar a sua – maior ou menor – probabilidade.)
Por isso, se quisermos
perceber porque é as afirmações C) e D) têm carácter científico precisamos de
recorrer ao critério de falsificabilidade.
Tarefa:
Complete os seguintes espaços:
1. O método
sugerido por Popper é o método_________________.
2. O
método crítico parte sempre de _____________a que se responde __________ para
depois ser _________no sentido de a _________/_________.
3. Se a
teoria for _______, terá de ser substituída por outra e submeter-se
a novos ____________de ___________.
4. Se
uma teoria sobreviver aos ________de ________, não é verificada, mas
sim ________________________________. (é uma teoria que passa ou resiste aos testes de
falsificação)
5. O
papel da _________e da_________é, segundo Popper, o de testar ou
por à prova as ___________,e não de apoia-las.
Indique os exemplos FALSIFICAVEIS e NÃO FALSIFICÁVEIS.
Apresente um dos casos de maior grau de falsificabilidade.
1. As pessoas agem sempre motivadas por sentimentos obscuros e inconfessáveis
2. Um português de Arouca irá ganhar o primeiro prémio do euromilhões da próxima semana
3. Ninguém irá ganhar o primeiro premio do euromilhoes na próximas semana.
4. Ninguém ira ganhar o primeiro premio do euromilhoes nas próximas semanas
5. As pessoas que acreditam realmente na vitória, acabam sempre por vencer.
6. Todos os gatos miam.
7. As aves têm asas
8. Os pardais têm asas
9. Os rubis são vermelhos ou não são vermelhos
10. Há rubis vermelhos.
C - O Desenvolvimento da Ciência para Thomas Khun
1. Há grandes
diferenças entre a teoria newtoniana da gravitação e a teoria einsteiniana da
gravitação. No entanto, a teoria newtoniana da gravitação pode ser traduzida em
linguagem einsteiniana. Tal tradução foi feita, por exemplo, pelo professor de
Física Peter Havas.
Este facto contraria a
ideia, defendida por Kuhn, de que
A. há ciência
extraordinária.
B. os cientistas
resistem à crítica.
C. os paradigmas
são incomensuráveis.
D. a escolha
entre teorias rivais é subjetiva.
2. Leia o texto
seguinte.
"Uma coisa
requerida para uma nova teoria ser um avanço claro em relação a uma teoria
prevalecente até então é que a nova teoria tenha mais conteúdo testável do que
a teoria anterior. Mas Kuhn [...] nega que uma revolução científica resulte
alguma vez nesta espécie de superioridade nítida. A ideia subjacente é que numa
revolução científica há ganhos mas também perdas, de modo que as duas teorias
são incomparáveis quanto ao conteúdo."
[J. Watkins, Ciência e Cepticismo, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian, 1990, p. 189 (texto adaptado)].
Que crítica a Kuhn
pode ser extraída do texto anterior?*
A. Numa revolução
científica, os ganhos são sempre inferiores às perdas.
B. Se as novas teorias
constituem avanços claros, a incomensurabilidade é falsa.
C. Nenhum
cientista admite que alguma teoria empírica seja preferível a outra.
D.O conteúdo testável
de uma teoria não é relevante para a sua avaliação.
3. Segundo Kuhn,
quando uma comunidade científica se dedica sobretudo à resolução de enigmas, a
ciência encontra-se num período
A. revolucionário.
B. não
paradigmático.
C. de ciência
extraordinária.
D. de
ciência normal.
4. Leia o texto.
"Considere-se,
para usar outro exemplo, os homens que chamaram louco a Copérnico por este
proclamar que a Terra se movia. Eles não estavam simplesmente errados, nem
completamente errados. Para eles, a ideia de posição fixa fazia parte do
significado de «Terra». [...] De modo correspondente, a inovação de Copérnico
não se limitava a mover a Terra. Era, em vez disso,todo um novo modo de olhar
para os problemas da física e da astronomia, um modo de olhar que mudava
necessariamente o significado quer de «Terra», quer de «movimento»."
[T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Lisboa, Guerra & Paz,
2009, p. 205 (adaptado)]
Para Kuhn, exemplos
como o do texto anterior apoiam a ideia de que paradigmas diferentes são
A.
extraordinários.
B. comparáveis.
C.
incomensuráveis.
D.
revolucionários.
5. Leia o texto
seguinte.
"Em 1900, num
notável momento de arrogância, o célebre físico britânico Lord Kelvin declarou:
«Já não há nada de novo para se descobrir na física. Restam apenas medições
cada vez mais precisas.»"
(B. Dupré, 50 Ideias de Filosofia que precisa mesmo de saber, Alfragide,
Publicações D. Quixote, 2011, p. 138.)
De acordo com a
perspetiva de Kuhn acerca da ciência, a declaração de Lord Kelvin exemplifica a
maneira de encarar a atividade científica nos períodos
A. de ciência normal.
B. de ciência
extraordinária.
C. de crise
da ciência.
D. de revolução
na ciência.
6. Kuhn defende que
A. não existe qualquer
forma de progresso científico.
B. a ciência permite
descobrir como é realmente a natureza.
C. cada teoria
representa melhor a realidade do que as teorias anteriores.
D. o desenvolvimento
da ciência não é uma aproximação à verdade objetiva.
7. Segundo Kuhn,
existem períodos de ciência normal, durante os quais
A. nunca se
descobrem anomalias.
B. os cientistas
procuram a falsificação de teorias.
C. diversos
paradigmas competem entre si.
D. se
registam progressos cumulativos.
8. . Kuhn considera
que, nos períodos de ciência normal,
A. o progresso
científico é inexistente.
B. os
cientistas aderem a diferentes paradigmas.
C. as
anomalias do paradigma são resolvidas.
D. o
progresso da ciência é cumulativo.
9. A perspetiva de
Kuhn acerca do desenvolvimento da ciência é frequentemente criticada por
A. ser
incompatível com a ideia de progresso científico.
B. aceitar
a existência de uma verdade objetiva.
C. afirmar
que a atividade científica é predominantemente crítica.
D. negar
a tese da incomensurabilidade dos paradigmas.
10. Segundo Thomas
Kuhn,
A. as revoluções
científicas são frequentes na história da ciência.
B. um excesso de
anomalias pode originar um período de crise da ciência.
C. uma simples
anomalia é suficiente para derrubar um paradigma.
D. a «ciência normal»
desenvolve-se à margem de qualquer paradigma.
11. Leia o texto
seguinte.
"Barry Marshall,
médico [...] na Austrália, descobriu que muitos cancros do estômago [...] são
causados por uma bactéria chamada Helicobacter pylori. Embora as suas
descobertas fossem fáceis de comprovar, o conceito era tão radical que iria
passar mais de uma década até ser aceite entre a comunidade médica. Os
institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos, por exemplo, só subscreveram
oficialmente a ideia em 1994. «Devem ter morrido sem necessidade centenas,mesmo
milhares de pessoas com úlceras», disse Marshall [...] em 1999."
[B. Bryson, Breve História de Quase Tudo,
Lisboa, Bertrand, 2010, p. 475 (adaptado)]
O caso apresentado no
texto anterior corresponde à descrição feita por Kuhn da comunidade científica
num período de ciência normal, uma vez que
A. a atitude da comunidade médica foi de conservadorismo e de resistência à
mudança.
B.a comunidade médica mostrou que procura comprovar cuidadosamente teorias
radicais.
C. a corroboração das teorias através de testes é suficiente para
produzir mudanças paradigmáticas.
D. as teorias radicais, ainda que a comunidade científica as
considere atraentes, são difíceis de comprovar.
12. Kuhn considera que
há períodos de consenso e períodos de divergência na comunidade científica. O
fim de um período de consenso e a consequente entrada num período de
divergência devem-se
A. à atitude crítica própria da ciência normal.
B. ao aprofundamento do paradigma.
C. à resolução de enigmas.
D. à acumulação de anomalias.
13. Kuhn considera que
há períodos de consenso e períodos de divergência na comunidade científica. O
fim de um período de consenso e a consequente entrada num período de
divergência devem-se:
(A) ao aprofundamento do paradigma.
(B) à acumulação de anomalias.
(C) à resolução de enigmas.
(D) à atitude crítica
própria da ciência normal.
Leia o texto:
Considere-se, para usar outro exemplo, os homens que chamaram louco a
Copérnico por este proclamar que a Terra se movia. Eles não estavam
simplesmente errados, nem completamente errados. Para eles, a ideia de posição
fixa fazia parte do significado de «Terra». […] De modo correspondente, a
inovação de Copérnico não se limitava a mover a Terra. Era, em vez disso, todo
um novo modo de olhar para os problemas da física e da astronomia, um modo de
olhar que mudava necessariamente o significado quer de «Terra», quer de
«movimento».
T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Lisboa, Guerra & Paz,
2009, p. 205
14. Para Kuhn,
exemplos como o do texto anterior apoiam a ideia de que paradigmas diferentes
são:
(A) extraordinários.
(B) comparáveis.
(C) incomensuráveis.
(D) revolucionários.
15. Segundo Kuhn,
quando uma comunidade científica se dedica sobretudo à resolução de enigmas, a
ciência encontra-se num período:
(A) revolucionário.
(B) não paradigmático.
(C) de ciência extraordinária.
(D) de ciência normal.
B.
Questão de Desenvolvimento:
Leia o texto.
Nenhum empreendimento de solução de
enigmas pode existir a menos que os seus praticantes partilhem critérios que,
para esse grupo e para essa época, determinem quando é que um enigma particular
foi resolvido. Os mesmos critérios determinam necessariamente o fracasso em
obter uma solução, e quem quer que tenha de escolher poderá ver nesse fracasso
o fiasco de uma teoria submetida à prova. [Mas] normalmente […] não se vê assim
o assunto. Só o praticante é censurado, não os seus instrumentos. Mas em
circunstâncias especiais que provocam uma crise na profissão (por exemplo, um
grande fracasso, ou fracassos repetidos dos profissionais mais brilhantes), a
opinião do grupo pode mudar. Um fiasco que anteriormente fora pessoal pode
então acabar por parecer o insucesso de uma teoria submetida a testes.
T. Kuhn, A Tensão Essencial, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 331-332
1. De acordo com Kuhn, como se explica a passagem da ciência normal para a
ciência extraordinária?
Na sua resposta:
– esclareça as noções de ciência normal e de ciência extraordinária.
– integre
adequadamente a informação do texto.
2. Apresente uma crítica à perspetiva de Kuhn acerca do desenvolvimento da
ciência.
Na sua resposta,
comece por explicitar o aspeto da perspetiva de Kuhn a que a crítica
apresentada diz respeito.
C.
Leia o texto de Thomas Khun e responda às questões:
[...A] «ciência normal» refere-se à
investigação firmemente baseada numa ou mais realizações científicas passadas,
realizações essas que uma certa comunidade científica reconhece por um tempo
como base do trabalho que realiza. Essas realizações aparecem hoje em dia
descritas nos manuais científicos, sejam eles elementares ou avançados, embora
raramente na sua forma original. Estes manuais expõem o corpo teórico aceite,
exemplificam muitas ou todas as suas aplicações bem-sucedidas e comparam estas
aplicações com observações e experiências científicas exemplares. Antes de
estes livros se tornarem populares no início do século XIX (e mais recentemente
nas ciências que atingiram a maturidade mais tarde), muitos dos clássicos
famosos da ciência desempenhavam uma função semelhante. A Física de
Aristóteles, o Almagesto de Ptolomeu, os Principia e
a Óptica de Newton, a Electricidade de Franklin,
a Química de Lavoisier e a Geologia de Lyell – estas e
muitas outras obras serviram durante um tempo para definir implicitamente os
problemas e métodos legítimos dentro de um campo de pesquisa para as gerações
subsequentes de investigadores. Estas obras desempenharam este papel porque
tinham em comum duas características essenciais. A realização científica que
representavam era suficientemente inovadora para atrair um grupo de aderentes
estável, afastando-os de formas rivais de actividade científica.
Simultaneamente, eram de tal modo indefinidas que uma grande variedade de
problemas eram deixados em aberto, ficando o grupo de investigadores que
entretanto se reorganizara com a tarefa de procurar resolvê-los.
Referir-me-ei daqui em diante às
realizações científicas que partilham estas duas características como
«paradigmas», um termo muito próximo de «ciência normal». Ao escolhê-lo, quis
sugerir que alguns exemplos aceites de prática científica concreta – exemplos
que reúnem leis, teorias, aplicações e instrumentos – fornecem modelos que dão
lugar a uma determinada tradição de investigação científica coerente. Falo das
tradições que os historiadores descrevem sob rubricas como «astronomia
ptolomaica» (ou «coperniciana»), «dinâmica aristotélica» (ou «newtoniana»),
«óptica corpuscular» (ou «óptica ondulatória»), e assim por diante. O estudo
dos paradigmas, incluindo muitos que são bastante menos especializados do que
aqueles a que me referi acima, é aquilo que prepara fundamentalmente o
estudante para se tornar membro da comunidade científica no seio da qual
exercerá a sua prática. Pelo facto de se associar a homens que aprenderam as
bases do seu campo de trabalho com os mesmos modelos, a sua prática subsequente
dificilmente suscitará discordância aberta sobre questões fundamentais. Os
homens cuja investigação se baseia em paradigmas partilhados empenham-se em
seguir as mesmas regras e critérios de prática científica. Esse comprometimento
e o consenso aparente que ele produz são requisitos da ciência normal, isto é,
do nascimento e continuação de uma determinada tradição de estudo científico.
Thomas S. Khun, A estrutura das
revoluções científicas (1963)(Lisboa, Guerra e Paz, 2009), pp. 31-32.
1. O que é e como funcionam os cientistas no período de "Ciência
normal"?
2. Quais os critérios pelos quais determinadas obras teóricas constituem
paradigmas de investigação?
3. O que é um Paradigma? Dê exemplos.
4. Qual a função destes Paradigmas?
5. A ciência evolui, então, de forma descontínua. Explique.
D.
Responda às seguintes questões:
Como se desenvolve a ciência?
Para Thomas Kuhn, as
transições em ciência acontecem segundo um processo cíclico, em que se alternam
três fases sucessivas: fase normal, fase crítica e fase revolucionária.
Podemos afirmar que,
segundo Kuhn, o desenvolvimento da ciência processa-se do seguinte modo:
Pré-ciência → Paradigma →
Ciência normal → Crise do paradigma/Ciência extraordinária → Revolução
científica → Paradigma → …
O que é uma
revolução científica, para Thomas Khun?
A
revolução científica corresponde a uma mudança profunda nas convicções e no
trabalho dos cientistas. Trata-se de um episódio não cumulativo, no qual a
comunidade científica abandona o caminho até então seguido a favor de
outra abordagem da sua disciplina, em geral incompatível com a anterior,
alterando-se a forma como olha para o mundo e pratica ciência.
As
grandes mudanças no desenvolvimento científico associadas a nomes como
Copérnico, Newton, Lavoisier ou Einstein são episódios que espelham revoluções
científicas. As alterações revolucionárias de uma dada tradição científica são
relativamente raras.
Em que consiste a prática da ciência normal?
Ciência
normal é a ciência que a maioria dos cientistas pratica no seu dia a dia. É a
ciência em que o paradigma é encarado como um dado adquirido, que não deve ser
desafiado. A ciência normal articula e desenvolve o paradigma. Kuhn descreve a
ciência normal como a atividade de resolver enigmas, dirigida pelas regras do
paradigma. Durante a atividade científica normal, a comunidade científica
procede a reajustamentos e ao aumento da abrangência e precisão do paradigma.
Trata-se, por esta razão, de uma atividade essencialmente cumulativa,
conservadora e, por conseguinte, pouca dada à inovação.
Qual a importância do paradigma para a prática da ciência normal?
Desde
logo, a existência de um paradigma é o que distingue a ciência da não ciência.
É o paradigma que dá os suportes teóricos e práticos gerais da atividade da
ciência normal.
Do
mesmo modo, o paradigma estabelece as normas necessárias para tornar legítimo o
trabalho dentro dessa ciência e forja a comunidade científica. Por fim, ele é
também fundamental, pois coordena e dirige a atividade de resolver os problemas
com que os cientistas se deparam na fase de ciência normal, fornecendo um
critério para escolher aqueles que sejam solucionáveis. Em boa medida, como diz
Kuhn, estes são os únicos problemas que a comunidade considerará científicos ou
merecedores de atenção.
O que caracteriza o estado de crise?
As
crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e
paradigmas. Começam a formar-se quando se dá um acumular de anomalias que, pela
sua quantidade e grau, põem em causa os fundamentos do paradigma. As anomalias
levam a um esforço suplementar, por parte da comunidade científica, para tentar
preservar a visão do mundo que o paradigma lhes garante.
O que se
entende por ciência extraordinária?
A
crise provocada pela acumulação de anomalias pode originar alterações na
prática científica, entrandose num período de ciência extraordinária. Aqui, os cientistas
procuram encontrar soluções para as anomalias, uns dentro do paradigma vigente
(ciência normal), outros fora desse modelo (ciência extraordinária). A ciência
extraordinária é, portanto, a prática científica que acontece à margem do
paradigma dominante.
Como terminam as crises?
Todas
as crises terminam, segundo Kuhn, de uma de três maneiras: - A ciência normal
acaba por ser capaz de lidar com o problema que gerou a crise. - O problema é
etiquetado, mas abandonado e deixado para uma geração futura. - Emerge um novo
candidato a paradigma e batalha-se pela sua aceitação.
Quais são as consequências de uma revolução científica?
A
principal consequência de uma revolução científica é a mudança de paradigma,
com tudo o que isso implica: novas práticas da ciência normal, porque novos
serão os problemas e as soluções avançadas, novos pressupostos, novas teorias,
etc. O novo paradigma será muito diferente do velho e incompatível com ele. No
fundo, o que a revolução científica impõe é uma nova visão do mundo.
O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis entre si?
Ao
dizer que são incomensuráveis, Kuhn pretende dizer que eles não são
comparáveis, nem tão-pouco podem servir de medida um para o outro, pois o novo
paradigma não é melhor do que o anterior, é apenas diferente. Os proponentes de
paradigmas rivais praticam a sua atividade em mundos completamente distintos,
discordam sobre a lista de problemas a resolver e sobre os critérios a adotar e
comunicam de forma forçosamente parcial: termos idênticos ganham novos
significados e novos termos são adotados. A nova representação do real que o
novo paradigma traz consigo não se acrescenta à precedente, pelo contrário,
substitui-a. O que antes se via como um coelho passa a ser visto como um pato.
Podemos falar em objetividade em ciência, para Kuhn?
Os
critérios que Kuhn considera para avaliar uma teoria são de dois tipos:
objetivos e subjetivos. Os critérios objetivos são partilhados por toda a
comunidade científica e são os seguintes: exatidão, consistência, alcance,
simplicidade e fecundidade. Os critérios subjetivos, dada a natureza humana dos
cientistas, também existem e devem ser considerados, pois, perante uma mesma
realidade, a interpretação e as convicções podem fazer dois cientistas
trabalharem de maneira diversa e adotarem paradigmas diferentes. Pelo facto de
a escolha entre paradigmas estar sujeita a critérios subjetivos relevantes, não
é possível falar em objetividade em ciência. Esta posição foi alvo de duras
críticas, tendo sido frequentemente classificada como sendo, além do mais,
contraditória.
Existem objeções a Kuhn?
Sim. Kuhn
foi frequentemente acusado de defender uma posição
relativista. Kunh rejeitou a crítica, considerando-a injusta e
redutora. Todavia, não há dúvida de que algumas das suas afirmações a propósito
do progresso científico parecem aproximar Kuhn da tentação relativista. Se os
paradigmas são incomensuráveis, se não podemos comparar paradigmas nem concluir
que um é superior ao outro, se não podemos estar certos de que nos aproximamos
da verdade, o que nos resta? Para alguns, apenas o relativismo.
Comparação
entre as teorias da Ciência para
Karl
Popper e Thomas Khun
Temas/Problemas |
|
|
Como entende a
ciência? |
Processo contínuo |
Processo descontínuo |
|
Qualquer conclusão obtida por
indução pode sempre revelar-se falsa; A melhoria das teorias dá-se por
eliminação de erros; Uma teoria é tanto melhor quanto
mais suscetível for de falsificação; O erro é o motor de progresso em
ciência; A ciência é uma aproximação
sucessiva à verdade; Não temos forma de saber se alguma
vez alcançaremos a verdade; A verdade é um ideal regulador da
ciência; O conhecimento é possível através
de um método de falsificação de teorias (Falsificacionismo);
As teorias que melhor resistirem
ao erro são as que se mantêm. |
O desenvolvimento da ciência não é
uma aproximação à verdade; O conhecimento científico evolui
através de revoluções científicas; 1º-Período de pré- ciência-
período antes de o paradigma estar devidamente constituído; 2º- Período da ciência normal- Surge o paradigma
como um modelo de investigação através do qual os cientistas desenvolvem
a sua atividade. 3º- Período de crise -
surgem demasiadas anomalias e problemas e o paradigma torna-se incapaz de os
solucionar, diminuindo a confiança no mesmo. 4º-Ciência
extraordinária- Corresponde ao fim de uma crise e só poderá ocorrer
quando surgir um novo paradigma. O paradigma é a base da teoria de
Kuhn e funciona como um dado adquirido, que não deve ser desafiado; Os paradigmas são incomensuráveis; Não há critérios objetivos que permitam comparar
paradigmas e considerar um paradigma melhor que o outro - são incompatíveis,
rivais, ruptura, não aperfeiçoamento, revelam uma nova visão do mundo. |
|
Não. Uma teoria não corresponde à
verdade absoluta; A teoria científica é apenas uma
conjetura temporária; Só sobrevive enquanto for
corroborada e resista aos testes de falsificação; Uma teoria, mesmo quando
corroborada, deve ser sempre posta à prova pela comunidade científica. |
Não. A ciência não é imune à
subjetividade; O consenso entre cientistas e a
partilha de crenças e ideias definem a verdade de uma teoria num determinado
período; Os cientistas não se libertam da
realidade criada pelo paradigma; Uma mesma realidade pode fazer
cientistas trabalharem de maneira diferente e adotar paradigmas diferentes; A subjetividade está presente na
escolha dos paradigmas; Os paradigmas não são comparáveis, só se substituem
e só podemos afirmar que são distintos um do outro. |
O que separa
Popper de Kuhn?
Popper e Kuhn respondem de
forma divergente ao problema do progresso em ciência. Popper crê que a
eliminação de erros conduz, por aproximação, à verdade. O autor estabelece,
neste ponto, uma analogia com o evolucionismo e a ideia de seleção natural: as
teorias que melhor resistirem ao erro são as que se mantêm. Já para Kuhn, não
existe progresso em ciência, nem por acumulação, nem por eliminação de erros. A
transição sucessiva de um paradigma para outro ocorre por meio de revoluções
científicas, nada garantindo que o novo paradigma seja mais verdadeiro que o
anterior. Popper e Kuhn respondem também de forma relativamente distinta ao
problema da objetividade em ciência. Popper crê que a ciência é objetiva, na
medida em que se afasta progressivamente do erro e dado que existe um método
que nos permite comparar teorias e afirmar que a teoria X está mais próxima da
verdade do que a teoria Y. Para Kuhn, embora existam critérios objetivos na
escolha de teorias, a ciência não é imune à subjetividade, já que esta
desempenha um papel decisivo na escolha de um determinado modelo em detrimento
de outro.
E como
entendem os dois epistemólogos o avanço da ciência?
Popper
entendia o avanço da ciência através de conjecturas ou formulação de hipóteses
para serem refutadas - é um crescimento continuo e constante das ciências.
Para
Kuhn o avanço da ciência é descontinuo e avança por rupturas.
Que concepção de verdade defendem Karl Popper e Thomas Khun?
Embora
o falsificacionismo de Popper pareça ter como preocupação de atingir a verdade,
no entanto, o autor afirma a impossibilidade de formular um critério de verdade
- a verdade é uma espécie de real revelado;
Para
atingir a verdade tem de se eliminar os erros, a ciência é verosímil pois chega
a verdades aproximadas e nunca absolutas.
A
verdade não é o objectivo da ciência, só há verdade no interior do paradigma;
Ao
contrário da ciência moderna baseada no método indutivo e no progresso
cumulativo, em Kuhn o progresso cientifico significa revolução cientifica!
Karl Popper
A ciência é um processo
contínuo e progressivo
As conjeturas e refutações
são os pilares da evolução da ciência
As teorias são melhoradas
a partir da eliminação de erros
Para Popper, uma teoria é
tanto melhor quanto mais suscetível for de falsificação, ou seja, a melhor
teoria é aquela que, tendo maior conteúdo empírico, pode ser testada e
falsificada
A ciência é uma
aproximação sucessiva à verdade (a meta a atingir)
A verdade é um ideal
regulador da ciência
O Falsificacionismo
(método que permite falsificar teorias e eleger as que mais se adequam à
realidade) faz com que seja possível a objetividade da ciência
Thomas Kuhn
A ciência é um processo
descontínuo
O conhecimento não evolui
de forma contínua
Os paradigmas são
incomensuráveis, ou seja, não são comparáveis entre si e não possuem uma medida
comum
As teorias não evoluem com
o propósito de se aproximarem da verdade
O consenso entre
cientistas e a consequente partilha de crenças e ideais definem a verdade de
uma teoria num determinado período
O cientista é sempre
influenciado pela visão do mundo fornecida pelo paradigma e não se consegue
libertar dela. Assim, o conhecimento científico não é objetivo.
Karl Popper e Thomas Kuhn
SINTESE
·
Karl Popper critica o método indutivo e propõe o método hipotético dedutivo - os
cientistas não devem começar pela observação e chegar a teorias gerais:
generalização;
·
Segundo Popper a ciência começa por uma teoria, ou
seja, uma conjectura que posteriormente vai ser comparada com observações para
ver se ela resiste aos testes;
·
Se os testes estiverem de acordo copm a teoria, a
conjectura não é refutada. Se os testes não estiverem de acordo com a teoria,
os cientistas têm de procurar outra alternativa;
·
O raciocínio que interessa à ciência são as
refutações - a ciência não precisa da indução;
·
Um único exemplo contrario basta para uma refutação
e um numero de verificações elevado não basta para tornar a prova conclusiva;
·
Sete mil gansos brancos não prova que todos os
gansos são brancos, mas um único ganso preto prova que nem todos os gansos são
brancos!
·
A ciência é uma sequência de conjecturas e
refutações;
·
Em vez do método indutivo, Popper propõe o método
hipotético dedutivo: as teorias científicas são hipóteses e são substituíveis
por outras quando são falsificadas;
·
As teorias científicas são sempre conjecturas ou
hipóteses;
·
As teorias científicas não são provadas pela observação-
quanto mais uma teoria resistir à falsificação, mais científica é;
·
Popper chama demarcação à diferença entre a ciência
e outras crenças - a ciência é falsificável, as superstições, não;
·
Uma crença como a astrologia é vaga e é impossível
afirmar que está errada pois é imprecisa;
·
O critério de falsificabilidade distingue ciência de
pseudociência - as pseudociências (astrologia, marxismo e psicanálise) são irrefutáveis;
·
Thomas Khun não concorda com o indutivismo nem com o falsificacionismo de
Popper;
·
A ciência avança por saltos e revoluções;
·
Um paradigma é uma teoria mental que classifica a
realidade antes de qualquer investigação mais profunda.
·
No momento em que o fenómeno é explicado pelo
paradigma vive-se um período de ciência normal;
·
Por vezes surgem anomalias que o paradigma não
consegue explicar, a ciência entra num período de crise o que vai originar ao
surgimento de um novo paradigma;
·
A isto dá-se o nome de Revolução Cientifica: mudança
de paradigma porque o anterior é insuficiente para explicar o real;
·
Um paradigma tem de ser aceite pela comunidade
cientifica e este inclui leis, suposições teóricas, forma de aplicar as leis e
os instrumentos necessários para explicar o real;
·
Segundo Thomas Kuhn, o paradigma tem aspectos de
ordem metafisica e cientifica;
·
Kuhn designa ciência normal um período de tempo em
que uma comunidade científica adopta um determinado paradigma que permite
explicar problemas;
·
Neste período poderemos afirmar que a ciência tem um
carácter cumulativo, constrói instrumentos mais potentes e eficazes para medir
com exactidão e precisão - vive-se um período de calma em que não há novidades;
·
Quanto maior for o conteúdo informativo de um
paradigma mais facilmente ele poderá ser desmentido;
·
Não é qualquer anomalia que leva a uma crise na
ciência;
·
A ciência entra em crise quando as falhas são tão
sérias que o paradigma tem de ser substituído por outro, os cientistas tentam
adaptar o seu paradigma às anomalias quando este resiste, a comunidade científica
tem de remover.
·
Se surgem muitas anomalias a ciência vive um período
de crise pois já não há confiança no velho paradigma.
·
Então o novo paradigma será muito diferente e até
incompatível com o velho paradigma;
·
Revolução científica significa a substituição de um
velho paradigma por um novo;
·
O período de revolução científica é, assim, um período
de mudança de paradigmas - uma nova maneira de olhar o mundo.
·
Os paradigmas são incompatíveis;
· Há critérios para a alteração do paradigma: a
exactidão e a previsão quantitativa;
·
A ciência desenvolve-se por revoluções científicas,
ou seja, o abandono por parte da comunidade cientifica de um velho paradigma e
o aparecimento de um novo paradigma;
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