Filosofia da Arte:
Exercícios
GRUPO I
Assinale a opção correcta.
1. A teoria da arte como forma significante centra a sua definição de arte:
(A) No espectador.
(B) No artista.
(C) Na obra.
(D) Na natureza.
2. Lev Tolstoi defende que uma obra só é arte se:
(A) Imitar claramente uma sensação vivida pelo artista.
(B) Contagiar o espectador com as emoções e sentimentos do artista.
(C) Recriar novos sentimentos no espectador.
(D) Transmitir claramente uma mensagem.
3. Para Clive Bell, a emoção estética resulta:
(A) Da capacidade de o recetor captar a emoção estética.
(B) Da maior ou menor capacidade criadora do artista.
(C) Da clareza com que a obra de arte exprime essa emoção.
(D) De uma particular combinação de linhas e cores, certas formas e relação entre formas.
4. A obra de arte é, por natureza, uma obra aberta. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira. A obra de arte é sempre comunicação de vivências.
(B) Falsa. A obra de arte é produto de uma cultura.
(C) Verdadeira. A partir do momento em que é dada a conhecer, a obra de arte ganha novas significações.
(D) Falsa. Um objeto só é uma obra de arte se não permitir a recriação por parte do espectador.
5. Qual das seguintes afirmações pode ser considerada uma crítica à teoria institucional da arte?
(A) Incapacidade em distinguir a boa da má arte, uma vez que não avalia o objeto, apenas o classifica.
(B) A qualidade de uma obra depende da sua capacidade de suscitar emoção no fruidor.
(C) A história da arte é o elemento que interliga todas as obras ou longo dos tempos.
(D) A arte resulta de uma sucessão de eventos apresentados em contextos específicos.
6. A expressão “mundo da arte” apresentada pela teoria institucional designa:
(A) O conjunto de pessoas (críticos, produtores, galeristas…) a quem é formalmente reconhecida autoridade para avaliar as obras como arte.
(B) Os críticos e estudiosos de arte que, por serem dotados de umaespecial sensibilidade,
selecionam o que deve ou não ser apreciado pelo público.
(C) As obras e artefactos que, por serem colocados em galerias, publicados, representados ou produzidos, permitem a sua apreciação.
(D) A natureza da arte e o contexto institucional em que as práticas artísticas se desenvolvem e preparam para a apresentação ao público.
7. De acordo com a teoria histórica da arte, O Nascimento de Vénus, de Sandro Botticelli, poderia ser reconhecida como arte?
(A) Não, porque Botticelli não deveria, em nome da arte, ter colocado para apreciação uma obra que insinua corpos nus.
(B) Sim, porque Botticelli recorreu a técnicas antigas de pintura.
(C) Não, porque Botticelli não era proprietário dos materiais com que criou a obra.
(D) Sim, porque a obra desperta emoção estética.
8. Qual das seguintes afirmações poderia ser da autoria de George Dickie?
(A) É essencial que um artista conheça as obras que têm sido consideradas obras-primas.
(B) As obras de arte são artefactos dignos de apreciação num dado contexto cultural.
(C) Sem intuição estética, é impossível apreciar uma obra de arte.
(D) A finalidade da arte é a comunicação dos estados emocionais do artista.
9. Qual das seguintes afirmações poderia ser da autoria de Jerrold Levinson?
(A) A qualidade de uma obra depende da sua capacidade de suscitar emoção no fruidor.
(B) O objetivo de um artista é experienciar as mesmas emoções que os seus antecessores.
(C) Artista é aquele que é reconhecido como tal pelos seus pares.
(D) Um artista não pode transformar em arte objetos que não lhe pertençam ou em relação aos quais não esteja devidamente autorizado pelos seus proprietários.
10. Qual das seguintes afirmações pode ser considerada uma crítica à teoria histórica da arte?
(A) Não há qualquer garantia de que aquilo que sentimos perante uma obra de arte corresponda ao sentimento do seu criador.
(B) Há quem não sinta nenhuma emoção perante obras que são consideradas arte.
(C) O direito de propriedade não pode servir como condição necessária para haver arte, pois podemos imaginar contraexemplos que mostram o contrário do que a teoria propõe.
(D) Há obras que não exprimem qualquer emoção ou sentimento
Cenários de resposta
1. (A); 2. (B); 3. (D); 4. (C); 5. (A); 6. (D); 7. (C); 8. (B); 9. (D); 10. (C).
GRUPO II
I. Das seguintes afirmações,
indique as que são VERDADEIRAS.
1. A arte é,
para Platão, ilusão da verdade.
2. A arte, para
Aristóteles, é também imitação.
3. Aristóteles
considera que a arte é purificadora.
4. Na Idade
Média a regra é a procura do belo.
5. Na
Antiguidade Clássica arte e técnica estão bem separadas.
6. Na Idade
Média arte e técnica confundem-se.
7. No
Renascimento o belo é considerado um valor.
8. Na arte
contemporânea os princípios estéticos diluem-se.
9. A obra de
arte é uma obra fechada onde só é possível uma interpretação, a do artista.
10. A arte contemporânea perdeu a sua polissemia, pois, devido à sua multidimensionalidade, torna-se difícil falar em sentido.
II.
Tendo em conta as teorias da arte que estudou, faça corresponder as
afirmações que se seguem a essas teorias.
1. O objeto
artístico é aquele que provoca emoções estéticas no seu público.
2. As obras de
arte são imitação.
3. Uma obra é
arte quando expressa e comunica intencionalmente uma emoção vivida pelo
artista.
4. A forma
significante é uma caraterística da estrutura da obra de arte.
5. A imitação é
natural ao ser humano.
6. A atividade artística é baseada no facto de o ser humano, ao receber as expressões dos artistas, ser capaz de experimentar os mesmos sentimentos.
7. A atividade da arte baseia-se nessa capacidade que as pessoas têm de ser contagiadas pelos sentimentos de outras pessoas.
8. O ponto de partida de todos os sistemas estéticos tem de ser a experiência pessoal de uma emoção estética.
9. Todas as emoções podem ser identificadas e sentidas, desde que o artista as transmita com sinceridade.
10. É uma combinação particular de linhas e cores, certas formas e relações entre formas, o que distingue um objeto artístico de um outro qualquer objeto.
Cenários de resposta
I. 1; 2; 3; 6; 7; 8
II. 1. Teoria da arte como forma
2. Teoria da arte como imitação
3. Teoria da arte como expressão
4. Teoria da arte como forma
5.Teoria da arte como imitação
6. Teoria da arte como expressão
7. Teoria da arte como expressão
8. Teoria da arte como forma
9.Teoria da arte como expressão
10. Teoria da arte como forma.
Responda ás seguintes questões
Para a teoria institucional da arte, que artefactos podem ser considerados arte?
Todo e qualquer artefacto que, no interior de um dado enquadramento institucional, beneficie do estatuto de candidato à apreciação.
Para Dickie, será possivel que um artefacto, sem qualquer valor estético associado possa ser considerado arte?
Sim, para Dickie, arte é um
conceito apenas classificativo, o que torna possível que um objeto sem qualquer
valor estético associado possa ser considerado arte.
Quem atribui a classificação de
arte a um objeto?
A designação arte é atribuída pelo
“mundo da arte”, no qual se incluem artistas, galeristas, produtores, editores,
entre outros agentes culturais. Todavia, “mundo da arte” não deve ser entendido
como uma espécie de elite iluminada, uma vez que o conceito é usado para se
referir à natureza da arte e ao contexto institucional em que as práticas
artísticas se desenvolvem e preparam para a apresentação ao público.
Que limitações são atribuídas à
teoria da arte institucional?
A sua incapacidade em distinguir a boa da má arte, uma vez que não avalia o objeto, apenas o classifica como sendo (ou não) arte, e o não reconhecimento daqueles que criam as suas obras fora dos circuitos institucionais como artistas.
Que características tem de ter uma obra para ser considerada arte pela teoria histórica?
Para a teoria histórica, a arte é
necessariamente retrospetiva. O que distingue um objeto comum de um objeto
artístico é a ligação específica que este estabelece com outras obras do
passado.
Para Levinson, que capacidades nos dá o conhecimento da história
da arte?
Torna-nos sensíveis a determinados
detalhes (cor, luminosidade, textura), à estrutura formal de uma obra ou
ao enquadramento histórico,
ideológico ou cultural
de uma composição,
condições que possibilitam
classificar um objeto como arte.
Que condições são requeridas ao artista pela teoria histórica para que o seu trabalho seja considerado arte?
De
acordo com a teoria histórica,
só há arte
se o seu
criador detiver o
direito de propriedade (ou autorização) sobre os objetos que vai
transformar e se houver, da sua parte, intenção não passageira de relacionar a
sua produção com o passado, isto é, de a perspetivar historicamente como a
arte.
Que críticas são apontadas à
teoria histórica da arte?
Levinson não esclarece o que muda
num objeto quando este se transforma em arte. A sua teoria supõe que o direito
de propriedade ou
a existência de uma
intenção explícita por
parte de um autor
são condições necessárias para que haja arte. Porém, a história da arte
é prenhe em exemplos de obras que não deixaram de ser arte apesar de não
satisfazerem essas condições. Levinson não clarificou de que modo se terão
afirmado como arte as primeiras obras, não esclarecendo como se transformaram
em arte as obras primordiais. Por fim, supôs como condição para ser arte a
existência de uma intenção por parte de um autor. Contudo, há obras que foram
tornadas públicas sem que tenha havido intenção do seu autor para que tal
sucedesse
Classifique as afirmações como
verdadeiras ou falsas.
1. O ato criativo pode desencadear uma experiência estética, tal como a contemplação de uma obra de arte.
2. Para os defensores das teorias essencialistas, não se pode definir o conceito de arte, pois é um conceito aberto.
3. A experiência
estética é provocada, entre outras coisas, pela contemplação de objetos
estéticos, naturais ou artísticos.
4. Na Antiguidade, o critério de aferição do valor da arte era o seu grau de aproximação ao objeto e, por isso, se considerava o artista alguém dotado de um dom especial.
5. De acordo com a teoria da arte como imitação, se a arte é imitação, então, toda a imitação é arte.
6. Para a teoria institucional, é arte qualquer artefacto que, desde que enquadrado institucionalmente, possa ser candidato à apreciação.
7. Para a teoria formalista, é o sujeito que tem capacidade de descobrir a obra de arte, pelo que o seu valor em nada depende do objeto.
8. Para Dickie, classificar um artefacto como “obra de arte” é uma condição necessária, mas não suficiente para algo ser arte.
9. Para Levinson, não há arte sem história da arte, pois é com a referência das obras do passado que se classificam as do presente.
Moreira, Lina e Dias, Idalina (2020).
Preparar o Exame Nacional de Filosofia.
Porto: Areal Editores.
Cenários de resposta
1. V; 2. F; 3. V; 4.
F; 5. F; 6. V; 7. F; 8. V; 9.
V.
GRUPO V
Considere as imagens e respetivas legendas.
1. Que dificuldades colocam as
diferentes representações de Mona Lisa a um defensor da arte como imitação?
2. Considere a imagem e respetiva legenda.
Edvard Munch, O Grito, 1893. A obra
representa uma figura distorcida
num momento de profunda angústia
existencial. O cenário é a doca de
Oslofjord, em Oslo. Munch, cuja
existência foi mergulhada em tragédias
pessoais, dá-nos conta de como
surgiu a obra: «Passeava com dois
amigos ao pôr do sol – o céu ficou
de súbito vermelho-sangue – eu
parei, exausto, e inclinei-me sobre
o muro – havia sangue e línguas de
fogo sobre o azul-escuro do fiorde
e sobre a cidade –, os meus amigos
continuaram, mas eu fiquei ali a
tremer de ansiedade – e senti o grito
infinito da natureza».
2.1. Que aspetos desta obra e da sua criação parecem dar razão aos defensores da teoria expressivista da arte?
A tese defendida pela teoria da arte como expressão, ou teoria expressivista, é a de que uma obra é arte quando expressa e comunica intencionalmente uma emoção ou sentimento vivido pelo artista e quando provoca no público essa mesma emoção ou sentimento. Parece ser um facto que Munch – à semelhança do que acontece com muitos artistas – procurou expressar nesta tela um conjunto de emoções muito fortes que vivenciou nesse final de tarde na doca de Oslofjord. É também um facto que muitas pessoas que observam O Grito são capazes de partilhar com o artista as sensações de ansiedade e angústia que o conduziram à elaboração do quadro. Estes factos parecem dar razão, pelo menos em parte, aos defensores da teoria expressivista. Resta saber se essas razões são suficientes.
2.2. Considerando a obra O Grito, de Munch, analise criticamente a
teoria expressivista da arte.
Se parece óbvio que Munch expressou intencionalmente, através de O Grito, emoções e sentimentos pessoais e que os procurou partilhar com os observadores, já não será tão evidente que todas as pessoas que se confrontem com a tela se sintam assaltadas por emoções semelhantes às do artista. Por outro lado, como saber se Munch conseguiu, de facto, os seus intentos ao procurar expressar na tela as suas emoções?
GRUPO VI
Leia o texto atentamente e responda às questões de
seguida colocadas.
Os artistas são pessoas inspiradas por uma experiência de profunda emoção e usam a sua aptidão com palavras ou desenho, ou música, ou mármore, ou movimento, para dar corpo a essa emoção numa obra de arte. A marca do sucesso neste esforço é o estímulo da mesma sensação no seu público. É assim que se pode dizer que os artistas comunicam experiência emocional.
G. Graham, Filosofia das Artes,
Edições 70, 2001, p. 44.
a) Qual a teoria da arte a que se refere o texto?
Teoria da arte como expressão.
b) Quais as condições necessárias, segundo essa teoria,
para que uma obra seja considerada arte?
As condições necessárias são: a obra exprimir os sentimentos e as emoções do artista e este, com a sua obra, ter a capacidade de contagiar com os mesmos sentimentos e emoções o público.
GRUPO VII
Responda às seguintes questões
1.
O que é o “mundo da arte” e quais as suas atribuições, segundo a teoria
institucional?
A designação arte é atribuída pelo “mundo da arte”, no qual se incluem artistas, galerista, produtores, editores, entre outros agentes culturais. Todavia, “mundo da arte” não deve ser entendido como uma espécie de elite iluminada, uma vez que o conceito é usado para se referir à natureza da arte e ao contexto institucional em que as práticas artísticas se desenvolvem e preparam para a apresentação ao público.
2. Segundo a teoria histórica da
arte, que condições precisam de estar reunidas para que um objeto possa ser
considerado arte
De acordo com a teoria histórica, só há arte se o seu criador detiver o direito de propriedade (ou autorização) sobre os objetos que vai transformar e se houver, da sua parte, intenção não passageira de relacionar a sua produção com o passado, isto é, de a perspetivar historicamente como a arte.
Clive Bell é o principal teorizador da teoria da arte como forma significante. Bell defende que não há uma característica comum a todas as formas de arte, mas que nelas existe uma caraterística que marca todas as experiências estéticas: a emoção estética, que resulta da forma significante. Assim, para Bell, não se deve procurar aquilo que define uma obra de arte na própria arte mas no sujeito que a aprecia. Bell afirma que a emoção estética é provocada pela apreciação das obras de arte mas não expressa por elas, o que o afasta da teoria da arte como expressão.
4. Que criticas são dirigidas à teoria formalista da Arte?
A teoria de Bell é criticada pelas seguintes razões: há quem não sinta nada perante obras que são consideradas arte; o critério da forma significante não é claramente explicado; é acusada de ser uma teoria circular, pois a emoção estética é provocada pela forma significante e esta é o resultado da emoção estética; é também acusada de ser uma teoria elitista, em virtude de insinuar que só alguns afortunados são capazes de sentir a emoção estética perante uma obra de arte.
5. Que teorias defenderiam que esta é uma obra de arte?
Relativamente a esta obra de António Palolo, das três teorias estudadas só a teoria da arte como forma diria que é uma obra de arte, pois as suas linhas e cores e a sua estrutura de formas, isto é, a sua forma significante, provoca emoção estética nos observadores (pelo menos em alguns deles, os mais sensíveis, diria Bell).
- As outras duas responderiam que não é uma obra de arte, pois, de acordo com a teoria da arte como imitação, esta obra parece nada imitar, logo não possui a condição necessária para o ser.
- A teoria defendida por Tolstoi, a da arte como expressão, responderia também negativamente, em virtude desta obra não expressar claramente qualquer sentimento ou emoção do artista durante o processo criativo.
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